O brasileiro Assis e o português Queiroz teriam dificuldade para seguir as novas regras.
Este blog desde seu início, em 23 de julho de 2007, defende a reforma ortográfica e mais do que reforma, defende a unificação da língua portuguesa nos 8 países que a adotam como idioma oficial.
Está nos arquivos deste blog, toda a reforma, item por item... Basta pesquisar no arquivo ao lado (A partir do dia 15 de agosto de 2007). E por que esta defesa? Porque já não é mais possível continuar discutindo aqui na Polônia, com estudantes polacos, ou portugueses eventuais destas paragens, se "kielbasa", perdão - linguiça tem trema no U, ou não. Se é correto falar assim ou assado. Se é preferível usar o sotaque de Lisboa, ou o de Curitiba.
Creio, que os portugueses serão os mais resistentes as mudanças, pelo menos aqui em Cracóvia, polacos com sotaque português e estudantes e professores vindos de Portugal, torcem o nariz para o nosso modo brasileiro de escrever e falar.
É claro que ainda deixarei escapar erros aqui e ali. Mas a promessa de seguir as novas regras está feita e aprovada.
Como resumo desta nova forma de escrever o português repito aqui, neste espaço, o que já está nos arquivos.
As mudanças mais significativas alteram a acentuação de algumas palavras, extingue o uso do trema e sistematiza a utilização do hífen. No Brasil, as alterações atingem aproximadamente 0,5% das palavras. Nos demais países, o percentual é de 1,6%. Entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, já ratificaram o acordo Brasil, Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. O Presidente Lula fez isto meses atrás.
Começando pelo uso do trema, já mencionado acima, ele desaparece de vez no Brasil. Palavras como "lingüiça" e "tranqüilo" passarão a ser grafadas sem o sinal gráfico sobre a letra "u". A exceção fica por conta de nomes estrangeiros, como "Müller". Seguindo o exemplo de Portugal, paroxítonas com ditongos abertos "ei" e "oi" —como "idéia", "heróico" e "assembléia"— deixam de levar o acento agudo. O mesmo ocorre com o "i" e o "u" precedidos de ditongos abertos, como em "feiúra". Deixa de existir o acento circunflexo em paroxítonas com duplos "e" ou "o", em formas verbais como "vôo", "dêem" e "vêem". Os portugueses não tiveram mudanças na forma como acentuam as palavras, mas na forma que escrevem algumas delas. As chamadas consoantes mudas, que não são pronunciadas na fala, serão abolidas da escrita. É o exemplo de palavras como "objecto" e "adopção", nas quais as letras "c" e "p" não são pronunciadas. (Até que enfim! Difícil será os portugueses escreverem apenas fato e não facto para diferenciar de fato - sabe que não sei mais o que é paletó e o que é notícia?)
O alfabeto passa a ter 26 letras, com a inclusão de "k", "y" e "w". A utilização dessas letras permanece restrita a palavras de origem estrangeira e seus derivados, como "kafka" e "kafkiano".
Infelizmente a unificação ainda não será total. Como privilegiou mais critérios fonéticos (pronúncia) em lugar de etimológicos (origem), para algumas palavras será permitida a dupla grafia. Isso ocorre principalmente em paroxítonas cuja entonação entre brasileiros e portugueses é diferente, com inflexão mais aberta ou fechada. Enquanto no Brasil, as palavras são acentuadas com o acento circunflexo, em Portugal, utiliza-se o acento agudo. Ambas as grafias serão aceitas, como em "fenômeno" ou "fenómeno", "tênis" e "ténis". Polônia no Brasil continuará com "chapeuzinho", enquanto os portugueses continuarão falando o O aberto e colocando um "grampinho" no segundo O. A regra valerá ainda para algumas oxítonas. Palavras como "caratê" e "crochê" também poderão ser escritas "caraté" e "croché". O hífen também ganha nova utilização. O objetivo (e não objectivo) das mudanças é simplificar a utilização do sinal gráfico, cujas regras estão entre as mais complexas da norma ortográfica. O sinal será abolido em palavras compostas em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento também começa com outra vogal, como em aeroespacial (aero + espacial) e extraescolar (extra + escolar). Já quando o primeiro elemento finalizar com uma vogal igual à do segundo elemento, o hífen deverá ser utilizado, como nas palavras "micro-ondas" e "anti-inflamatório". Essa regra acaba modificando a grafia dessas palavras no Brasil, onde essas palavras eram escritas unidas, pois a regra de utilização do hífen era determinada pelo prefixo. A partir da reforma, nos casos em que a primeira palavra terminar em vogal e a segunda começar por "r" ou "s", essas letras deverão ser duplicadas, como na conjunção "anti" + "semita": "antissemita". A exceção é quando o primeiro elemento terminar e "r" e o segundo elemento começar com a mesma letra. Nesse casso, a palavra deverá ser grafada com hífen, como em "hiper-requintado" e "inter-racial".
Bem, nos demais países as alterações serão maiores, esperemos que eles mudem também.