sexta-feira, 29 de novembro de 2024

A morte do maior poeta polaco

 
Foto: Acervo do Museu Nacional em Varsóvia

 Em 26 de novembro de 1855, Adam Mickiewicz morreu em Istambul. O poeta estava na Turquia há semanas, tentando organizar tropas polacas e judaicas para lutar na guerra russo-turca em curso.
 
Mickiewicz, que está se aproximando dos sessenta anos, até agora gozava de boa saúde, mas viagens frequentes, falta de sono e alimentação insuficiente afetaram seu corpo. A morte de sua esposa, em março daquele ano, causou-lhe preocupações adicionais. Apesar disso, não havia indicação de que esse homem não tão velho estivesse prestes a se despedir deste mundo.
 
Naquele dia, Mickiewicz acordou de manhã, pediu um chá e adormeceu novamente. Quando acordou, provavelmente estava vomitando, mas se sentia muito bem. Ele foi visitado por várias pessoas, incluindo o coronel Emil Bednarczyk, o suposto líder do regimento judeu.
 
Por volta do meio-dia, o poeta tomou café com creme e comeu um pedaço de pão, depois tirou uma soneca de uma hora. Inesperadamente, ele se sentiu muito pior, mal conseguia ficar de pé, mas não queria voltar para a cama.
 
Um total de quatro médicos foram trazidos, mas a condição do paciente piorava rapidamente. Ele recebeu láudano, o que aliviou um pouco sua dor. Ele ordenou chamar um padre que administrou a extrema-unção ao moribundo.
 
O poeta dirigiu as suas últimas palavras ao Coronel Bednarczyk: “Diga apenas às crianças, deixe-as amarem-se umas às outras. Sempre." 
 
Na certidão de óbito, o médico local Jan Gembicki registrou a causa da morte como hemorragia cerebral. Henryk Służalski, um dos companheiros de Mickiewicz, afirmou que o poeta foi morto por cólera, mas se esta doença tivesse sido mencionada na certidão de óbito, o corpo de Adam não teria sido transportado para França.
 
Rumores de envenenamento surgiram rapidamente; foi apontado que ninguém na comitiva do poeta estava infectado e que não havia epidemia em Constantinopla naquela época. A causa da morte de Mickiewicz continua a ser uma questão controversa até hoje.
 
Versos do poema "Polonaise" de Adam Mickiewicz traduzidos pelo poeta curitibano Paulo Leminski:
 
Choveram-me lágrimas limpas, ininterruptas,
Na minha infância campestre, celeste,
Na mocidade de alturas e loucuras,
Na minha idade adulta, idade de desdita;
Choveram-me lágrimas limpas, ininterruptas...
 
Adam Bernard Mickiewicz  nasceu em 24 de dezembro de 1798, na Vila de Zaosie, então pertencente a uma governadoria russa, e que se encontra atualmente no território da Bielorrússia. Zaosie está localizada na província de Brest, região de Baranowicki. Ele faleceu em Istambul, então Império Otomano, em 26 de novembro de 1855.
 
ilustração de Napoleon Orda da casa onde nasceu Mickiewicz





 
A casa de Adam mantida como patrimônio histórico e cultura; na Bielorrúsia
 
 
ALPUJARRA
Poema de Adam Mickiewicz,
traduzido pelo escritor brasileiro Machado de Assis

Jaz em ruinas torrão dos mouros;
Pesados ferros o infiel arrasta;
Inda resiste a intrepida Granada;
Mas em Granada a peste assola os povos.

C’um punhado de heroes sustenta a luta
Fero Almansor nas torres de Alpujarra;
Fluctua perto a hispanica bandeira;
Hade o sol d’amanhã guiar o assalto.

Deu signal, ao romper, do dia, o bronze;
Arrasam-se trincheiras e muralhas;
No alto dos minarets erguem-se as cruzes;
Do castelhano a cidadella é presa.

Só, e vendo as cohortes destroçadas,
O valente Almansor apoz a luta
Abre caminho entre as imigas lanças,
Foge e illude os christãos que o perseguiam.

Sobre as quentes ruinas do castello,
Entre corpos e restos da batalha,
Dá um banquete o Castelhano, e as presas
E os despojos pelos seus reparte.

Eis que o guarda da porta falla aos chefes:
«Um cavalleiro, diz, de terra estranha
Quer fallar-vos; — noticias importantes
Declara que voz traz, e urgencia pede.»

Era Almansor, o emir dos Musulmanos,
Que, fugindo ao refugio que buscára,
Vem entregar-se ás mãos do castelhano,
A quem só pede conservar a vida.

«Castelhanos, exclama, o emir vencido
No limiar do vencedor se prostra;
Vem professar a vossa fé e culto
E crer no verbo dos prophetas vossos.

«Espalhe a fama pela terra toda
Que um arabe, que um chefe de valentes,
Irmão dos vencedores quiz tornar-se,
E vassallo ficar de estranho sceptro!»

Cala no animo nobre ao Castelhano
Um acto nobre... O chefe commovido,
Corre a abraçal-o, e á sua vez os outros
Fazem o mesmo ao novo companheiro.

Ás saudações responde o emir valente
Com saudações. Em cordial abraço
Aperta ao seio o commovido chefe,
Toma-lhe as mãos e pende-lhe dos labios.

Subito cahe, sem forças, nos joelhos;
Arranca do turbante, e com mão tremula
O enrola aos pés do chefe admirado,
E junto delle arrasta-se por terra.

Os olhos volve em torno e assombra a todos:
Tinha azuladas, lividas as faces,
Torcidos labios por feroz sorriso,
Injectados de sangue avidos olhos.

«Desfigurado e pallido me vêdes,
Ó infieis! Sabeis o que vos trago?
Enganei-vos: eu volto de Granada,
E a peste fulminante aqui vos trouxe.»

Ria-se ainda — morto já — e ainda
Abertos tinha as palpebras e os labios;
Um sorriso infernal de escarneo impresso
Deixára a morte nas feições do morto.

Da medonha cidade os castelhanos
Fogem. A peste os segue. Antes que a custo
Deixado houvessem de Alpujarra a serra,
Succumbiram os ultimos soldados.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Donald Tusk - A ameça de conflito mundial é real

 O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, afirma que ameaça de conflito global é real. A Polônia, que faz fronteira com a Ucrânia, a Rússia e Bielorrússia, está alocando 4,7% de seu produto interno bruto para incrementar suas Forças Armadas em 2025.
 
Tusk, nesta sexta-feira (22), disse que depois que a Rússia disparou um míssil balístico hipersônico de alcance intermediário contra uma cidade ucraniana.
 
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, havia dito do dia anterior, quinta-feira (21) que o ataque foi uma resposta ao fato dos Estados Unidos e a Grã-Bretanha terem permitido que Kiev atacasse o território russo com armas ocidentais avançadas, uma medida que, segundo ele, deu ao conflito “elementos de caráter global”.
 
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chamou o ataque de mísseis russo de outra escalada após o envio de tropas norte-coreanas para o solo russo. “A guerra no leste está entrando em uma fase decisiva, sentimos que o desconhecido está se aproximando”, disse Tusk em uma conferência de professores.
 
“O conflito está assumindo proporções dramáticas. As últimas dezenas de horas mostraram que a ameaça é séria e real quando se trata de um conflito global.” 
 
A Polônia tem sido uma das principais vozes a pedir que os membros da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) gastem mais em defesa, e está alocando 4,7% de seu produto interno bruto para incrementar suas Forças Armadas em 2025.
 
A Rússia disse que uma nova base de defesa contra mísseis balísticos dos ESTADOS UNIDOS no norte da Polônia levará a um aumento no nível geral de perigo nuclear, mas Varsóvia disse que as “ameaças” de Moscou apenas reforçaram o argumento a favor das defesas da Otan.
 
Fonte: Agência Reuters
Reportagem de Alan Charlish, Pawel Florkiewicz e Anna Wlodarczak-Semczuk.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Polaco - o belo e complicado idioma

 

 
O idioma polaco se destaca entre as línguas eslavas, enriquecida não apenas por sua gramática complexa e profundidade fonética, mas também por sua notável tapeçaria de dialetos e regionalismos.
 
Enquanto o polaco é a língua oficial do país, o cassubiano também detém status oficial, ilustrando a diversidade linguística da Polônia. Em todo o país, dialetos como o mazoviano, o da Pequena Polônia (Małopolska), o da Grande Polônia (Wielkopolska) e o silesiano, juntamente com dialetos mistos do leste e formas recém-misturadas no norte e oeste, exibem influências de culturas vizinhas e tradições centenárias.
 
Esses dialetos, geralmente, divergem significativamente do polaco padrão, com expressões regionais que refletem histórias e modos de vida locais. Como por exemplo a palavra batata (originária do Estado do Mato Grosso, no Brasil), que em polaco é Ziemniak, em silesiano é Kartofel, em poznanio é Pyra, em Orawa, na região Podhale é Rzepa.
 
Alguns dialetos evoluíram a ponto de poderem ser considerados línguas por direito próprio, especialmente o cassubiano e o silesiano, que mantiveram vocabulário e estruturas gramaticais antigos. Essa rica diversidade dentro do idioma polaco promove uma herança linguística que está enraizada na família eslava e, ainda assim, singular em sua variedade, musicalidade e resiliência.
 
Alguém deve aprender polaco?
Aprender polaco abre uma janela para uma rica herança cultural e uma língua que preservou uma mistura única de tradição eslava e distinção regional. Oferece aos seus estudantes acesso às obras de escritores polacos famosos como Adam Mickiewicz, Henryk Sienkiewicz, Władysław Reymont, Witold Gombrowicz, Wisława Szymborska, Czesław Miłosz e Olga Tokarczuk cujas contribuições à literatura são celebradas em todo o mundo.
 
O polaco também fornece percepções sobre a resiliência histórica de uma nação que manteve sua língua apesar de séculos de turbulência política e ocupação estrangeira.
 
Com a crescente influência da Polônia na Europa e além, aprender polaco não apenas conecta você com mais de 60 milhões de falantes em todo o mundo, mas também aumenta as oportunidades de carreira e viagens em um país conhecido por sua hospitalidade, história e vibrante cultura contemporânea.
 
As obras de Adam Mickiewicz, particularmente ''Os Mortos Vivos", quebraram tabus culturais ao confrontar temas de suicídio e o sobrenatural, que os críticos conservadores viam como perturbadores e perigosos. Ao centralizar a imagem do suicídio no Romantismo polaco, Mickiewicz desafiou as normas sociais e lançou as bases para a suicidologia polaca, tratando o tópico como um assunto para reflexão literária e pública em vez de condenação moral.
 
Além disso, a "polonaise", uma dança polaca digna que remonta ao século XVII, evoluiu de um ritual de aldeia para uma dança popular da corte europeia, simbolizando a herança polaca.
Recentemente adicionada à lista do Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO, ela continua sendo um marco nas celebrações polacas, especialmente em bailes de formatura do ensino médio, onde os alunos tradicionalmente abrem a cerimônia com esta dança nacional.
 
E Paweł Koźmiński, um dentista polaco, criou "World of Horror", um jogo de terror em estilo retrô inspirado em Junji Itō e HP Lovecraft, ambientado no Japão dos anos 1980 e apresentando gráficos MS Paint de 1 bit. Ganhando aclamação global, o jogo foi elogiado por sua atmosfera, enredo e estilo visual único, atraindo tanto os entusiastas do terror quanto os fãs de jogos retrô.
 
A língua polaca é uma língua eslava ocidental que continua a ser falada também na Lituânia (400.000), Bielorrússia (1 milhão), Ucrânia (1.151.000), Alemanha (1.000.000), Brasil (200.000 em várias cidades dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo), também na Grã-Bretanha (546.000), na França, na Argentina, nos Estados Unidos (2.438.00), em Israel (100.000) e no Canadá (225.000), Rússia (94.000), Romênia (10.000) e outros países.
 
No Brasil, o polaco é língua ofícial nos municípios de Áurea, Carlos Gomes, Casca, Guarani das Missões, Sete de Setembro, Vista Alegre do Prata, Campina das Missões, Iberetama, Ijuí, Nova Prata e Horizontina, no Estado do Rio Grande do Sul; Itaiópolis no Estado de Santa Catarina; São Mateus do Sul e Paula Freitas no Estado do Paraná. Nestas cidades, através de lei municipal o idioma polaco é língua oficial junto com o português.
 
Ainda, nas cidades de Mallet e São João do Triunfo, o idioma polaco foi decretado patrimônio material e imaterial dos respectivos municípios do Estado do Paraná. Mais dois municípios no Rio Grande do Sul (Cerro Largo e Nova Santa Rosa) discutem nas respectivas câmaras municipais se decretam língua oficial ou patrimônio cultural, bem como Cruz Machado e Centenário no Paraná.
 
A iniciativa destes decretos foi do prof. dr. Fabrício Vicroski na Universidade Federal de Passo Fundo - RS.  
 
Esse idioma é a língua eslava mais falada depois do russo. A literatura polaca já conquistou cinco prêmios Nobel: Henryk Sienkiewicz (1905), Władysław Reymont (1924), Czesław Miłosz (1980), Wisława Szymborska (1996) e Olga Tokarczuk (2019).
 
 
O idioma
 
O polaco contemporâneo possui 7 fonemas vocálicos e 35 consonantais, representados pelo alfabeto latino, com alguns sinais diacríticos. Os sons que não existiam no latim foram transcritos com a utilização de dígrafos, como sz (fricativa sibilante surda), cz (africada surda), rz; ou por meio de marcas diacríticas como ś, ź, ż e ć.
 
O único sinal exclusivo do alfabeto polaco é a letra Ł, que soa como a vogal u. Ao longo de sua evolução, o polaco deixou de distinguir entre vogais longas e breves. O polaco é a única língua eslava que possui vogais nasais (ą e ę), originárias das vogais nasais do antigo eslavo. É uma língua muito flexionada (possui 7 casos de declinação) e os verbos conjugam-se variando em gênero, pessoa e número; a ordem das palavras na frase é bastante flexível, por conta da clareza dada pela declinação de substantivos e adjetivos.
 
Em sua tipologia linguística ela é classificada por:
 
Alinhamento morfológico — é uma língua sintética fusional, ou flexional, onde as palavras apresentam vários morfemas. Pode-se dizer que as línguas flexivas escondem de certa forma a correspondência entre os morfemas e as funções gramaticais. Isso pois em palavras como byliśmy (nós fomos ou nós estivemos) há morfemas que indicam o tempo (był), a pessoa e o número (my).
Alinhamento morfosintático - é uma língua nominativa-acusativa, ou seja, o sujeito nas frases com verbos transitivos e intransitivos é tratado da mesma maneira, utilizando o caso nominativo. O objeto é tratado diferentemente, geralmente marcado no acusativo ou no dativo.
Estrutura das sentenças - SVO, ou seja, sujeito-verbo-objeto. Por ser um idioma fusional pode-se flexibilizar essa ordem, mas o mais comum em termos de língua falada e escrita é a ordem SVO.
 
O polaco não possui artigos.
 
O polaco possui as seguintes classes gramaticais: substantivos (rzeczownik), adjetivos (przymiotnik), numerais (liczebnik), pronomes (zaimek), verbos (czasownik), sendo todas essas classes sujeitas a declinação e/ou conjugação, e as classes dos advérbios (przysłówek), preposições (przyimek), conjunções (spójnik) interjeições (wykrzyknik) e das partículas gramaticais (partykuła), que não são sujeitas a declinações.
 
Declinação
 
O polaco é altamente flexível. Substantivos, adjetivos, pronomes, numerais, todas as classes de palavras são declinadas em sete casos diferentes:
Nominativo: o modo neutro, utilizado isoladamente ou em sentenças sem verbo;
Genitivo: utilizado para indicar posse ou relação de dependência (no português, utiliza-se "de")
Dativo: utilizado em objetos indiretos, ou seja, que precisam de preposição para ligarem-se ao verbo;
Acusativo: utilizado em objetos diretos, ou seja, que não precisam de preposição para ligarem-se ao verbo;
Instrumental: utilizado para indicar o instrumento com o qual se faz uma ação ou para indicar companhia (exemplos no português: "Fiz o teste com minha caneta" ou "Fui às compras com minha mulher")
Locativo: utilizado para indicar o local onde ocorre a ação;
Vocativo: utilizado para indicar a pessoa com quem se fala (como no português "Senhora Ana!").
 


Substantivos 
Os substantivos podem ser declinados levando em conta o caso e o numeral (singular ou plural). Para muitos substantivos há resquícios do numeral dual, quando havia uma forma para dois e outra para quando houvesse mais do que três itens. Os substantivos, em geral, costumam ser declinados no nominativo no plural quando são em 2, 3 ou 4, sendo que para cinco ou mais costuma-se usar o plural do genitivo.
 
Quanto ao gênero, os substantivos podem ser masculinos, femininos ou neutros.
 
Adjetivos
Os adjetivos podem ser declinados conforme o caso, o número e o gênero. Não há mais três gêneros quando falamos dos adjetivos, e sim cinco. O masculino humano (męskoosobowy), o masculino para objetos (męskorzeczowy), o masculino para animais (męskozwierzęcy), o feminino (żeński) e o neutro (nijaki).
 
Com dois numerais, cinco gêneros e sete casos, é possível que um mesmo adjetivo tenha quarenta e nove formações diferentes. Muitos adjetivos são irregulares e o formato deles no plural pode repetir em alguns casos. Vale lembrar também que o plural é mais simples: só se declina diferentemente o masculino humano, sendo que todos os outros modos não masculinos humanos dividem o mesmo plural.
 
Artigos
Os artigos são ausentes no polaco, assim como em todos os idiomas eslavos, exceto a língua búlgara. Para dizer "Eu leio um livro" ou "Eu escrevo o livro", diga respectivamente Czytam książkę ou Piszę książkę.
 
Conjugação verbal 
O polaco, como idioma indo-europeu, tem diversas conjugações diferentes, e os verbos são conjugados levando em conta o tempo, a pessoa, o numeral e o modo verbal. Os modos verbais perfeitos são utilizados para ações que tiveram início e fim. Não há presente para os verbos perfeitos.
Os verbos imperfeitos são utilizados para descrever ações que tiveram início, mas não um fim. Ao contrário de outros idiomas indo-europeus, mas similarmente ao que ocorre em outros idiomas eslavos, os verbos perfeitos e imperfeitos são completamente separados uns dos outros — significa dizer que há um verbo especificamente perfeito e outro especificamente imperfeito para a mesma ação.
 
O passado e o presente têm suas próprias conjugações para a primeira, a segunda e a terceira pessoas tanto no singular quanto no plural. Para orações no futuro é apenas acrescentado o verbo być no futuro, como o exemplo a seguir, utilizando o verbo uczyć się, estudar: ja będę się uczyć, ty będziesz się uczyć, on będzie się uczyć, my będziemy się uczyć, wy będziecie się uczyć, oni będą się uczyć. 
 
Diferente do português, é que no passado e no futuro também há conjugações diferentes para o masculino e o feminino.
 
Numerais
Os numerais em polaco seguem um padrão regular, porém de difícil compreensão para quem não fala o idioma ou outros idiomas com regras similares. Por exemplo, ao falar um złoty (que é a moeda oficial da Polônia) deve-se dizer jeden złoty, no nominativo singular.
 
Para quantidades entre dois e quatro utiliza-se o nominativo plural, ou seja, dwa złote, trzy złote e cztery złote. Dali em diante todos os números de 5 em diante, até o 21, exigem que o nome seja declinado no genitivo plural.
 
Portanto, cinco złoty na verdade fica pięć złotych e vinte e um złoty é dwadzieścia jeden złotych. 
 
Veja o exemplo a seguir:
1 = złoty (nominativo singular) 2, 3, 4; 22, 23, 24; 102, 103, 104; assim por diante = złote (nominativo plural) 0; 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 ... 21; 25...31; 35...41; assim por diante = złotych (genitivo plural) 0.1; 1.5; 2.5; frações em geral = złotego (genitivo singular) Ainda sobre moedas, o separador decimal em polaco segue o mesmo padrão da língua portuguesa, ou seja, os milhares são separados com espaços ou pontos, e as casas decimais com vírgulas. 
 
Pronomes pessoais
 Comunicação informal: Ja: eu, Ty: tu ou você, On, ona, ono: ele, ela, ele ou ela para palavras neutras; My: nós; Wy: vós; Oni, one: eles, elas.
 
Comunicação formal: Pan: senhor; Pani: senhora. O plural do modo formal é państwo, em português, senhores (um casal).
 
O ídioma polaco faz parte da grande família das línguas eslavas. São línguas indo-europeias com cerca de 430 milhões de falantes. As línguas eslavas são convencionalmente dividas em três subgrupos: oriental, ocidental e meridional (sulistas), que juntos constituem mais de 20 línguas.
 
Dez desses idiomas possuem status oficial de língua nacional nos países onde são predominantemente falados: russo, ucraniano e bielorrusso, que são os chamados rutenos (grupo oriental); polaco, tcheco e eslovaco (do grupo ocidental) e servo-croata, esloveno, búlgaro e macedônio (do grupo meridional).
 
Geograficamente, as línguas eslavas orientais são faladas nos países da antiga União Soviética (cerca de 15 países), enquanto as línguas eslavas meridionais são faladas nos países da península Balcânica, na região meridional da Europa e nos países que faziam parte da antiga Iugoslávia. As línguas eslavas ocidentais são faladas na Polônia, na Tcheca e na Eslováquia
 
 
O livro "Gramatyka Polska" é de autoria do descendente de imigrantes polacos, Zdzislau Zawadzki, nascido em 1911, em Mallet, Estado do Paraná, que foi aluno e professor no Colégio Polaco Nicolau Copérniko, naquela cidade. Este livro foi editado e impresso pela Imprensa Oficial do Estado do Paraná, com apoio do Consulado Geral da Polônia em Curitiba e 1990. Zawadzki foi professor de latim, grego e polaco.
 
Fontes: diversas
Texto: ulisses iarochinski

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Panquecas polacas de batata


Placki ziemniaczane, também conhecido como Panquecas de Batata Polacas, tem uma longa história na culinária da Polônia.

 As batatas foram introduzidas na Polônia no século 17, e rapidamente se tornaram um alimento básico na dieta polaca devido à sua versatilidade e abundância.

Placki ziemniaczane foram criados como uma forma de fazer uso de batatas excedentes, especialmente durante a época de colheita de outono. Originalmente um prato simples e frugal, a receita envolvia ralar batatas e misturá-las com farinha, ovos e temperos. A mistura foi então frita até dourar e crocante.

 Com o tempo, Placki ziemniaczane ganhou popularidade e se tornou um prato amado nos lares polacos, apreciado por seus sabores reconfortantes e deliciosos. Hoje, essas panquecas de batata são apreciadas, não apenas, na Polônia, mas também em todo o mundo como um deleite tradicional e encantador.


Ingredientes para Placki ziemniaczane:

- 4 batatas grandes, descascadas e raladas

- 1 cebola pequena, finamente picada

- 2 ovos 4 colheres de sopa de farinha para todos os fins

- 1 colher de chá de fermento em pó Sal

- pimenta a gosto

- Azeite vegetal para fritar

- Creme azedo ou maçã (opcional, para servir)

Preparo:

Coloque as batatas raladas em uma toalha de cozinha limpa ou pano de queijo e esprema qualquer excesso de umidade. Em uma tigela grande, misture as batatas raladas, a cebola picada, os ovos, a farinha, o fermento, o sal e a pimenta. Misturar bem para criar uma massa suave.

Em uma frigideira grande, aqueça uma quantidade generosa de óleo vegetal em fogo médio. Coloque uma parte do batedor de batata no óleo quente, espalhando-o para formar panquecas individuais. Frite as panquecas até ficarem douradas e crocantes em ambos os lados.

Uma vez fritas, transfira o Placki ziemniaczane para uma placa forrada por papel toalha para drenar o excesso de óleo. Repita o processo com a massa de batata restante, adicionando mais óleo à panela conforme necessário.


Sirva o Placki ziemniaczane quente, opcionalmente com creme azedo ou molho de maçã ao lado para um toque tradicional polaco. Desfrute do sabor saboroso e reconfortante de Placki ziemniaczane, as amadas panquecas polacas com uma história que se estende por séculos. Deleite-se com essas guloseimas crocantes, outrora um simples prato frugal feito de batatas excedentes, agora apreciado em todo o mundo por seus deliciosos sabores. Também pode ser servido com um molho de cogumelos secos.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Envelhecimento com prosperidade à moda polaca

Envelhecimento e decrescimento populacional com prosperidade na Polônia.

A Polônia tem uma história de idas e vindas (não colocaria assim, mas de invasões e recuperações de seus territórios e soberania) , pois teve o seu território dividido entre o Reino da Prússia (depois República da Alemanha), o Reino da Rússia e o Império Habsburgo da Áustria desde 1795 e só recuperou sua independência no final da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Porém, duas décadas depois, foi palco de invasão da Alemanha e da União Soviética. Em 19 de fevereiro de 1947, a República Popular da Polônia (foi proclamada) e,  lhe foi imposta, em acordo de Józef Stalin com Estados Unidos e Grã-Bretanha ser membro satélite da União Soviética. Durante as manifestações de 1989, o governo socialista polaco foi derrubado e a Polônia adotou uma nova constituição, que estabeleceu o país como um país capitalista, renomeada Terceira República Polaca.

Sim, porque a primeira foi estabelecida, em 1569, na cidade de Lublin, sendo a primeira república pós idade média, e duzentos anos antes da República da Filadelfia de 1776 e da República da França de 1796 (respectivamente a segunda e a terceira no mundo).

A população da Polônia era de 35,6 milhões de habitantes em 1980, chegou ao pico populacional de 38,7 milhões de habitantes em 1999, caiu para 36,7 milhões em 2024 e deve diminuir para 36,4 milhões de habitantes em 2029, como mostra o gráfico abaixo, com dados do relatório WEO do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em termos econômicos, o FMI indica que a renda per capita, em preços constantes, em poder de paridade de compra (ppp), era de US$ 12,3 mil em 1980, caiu para US$ 10,5 mil em 1991 (abaixo da renda per capita brasileira), recuperou para US$ 15,5 mil em 1999, chegou a US$ 39,2 mil em 2024 e deve atingir US$ 46,2 mil em 2029. Ou seja, o crescimento acelerado da renda per capita ocorreu após o início do decrescimento populacional. O envelhecimento populacional não impediu que a Polônia entrasse no clube dos países de alta renda e muito alto IDH.

A Polônia tinha um IDH de 0,715 em 1990, passou para 0,794 no ano 2000, passou para 0,869 em 2015 e chegou a 0,881 em 2022, ocupando o 36º lugar no ranking global dos países (o Brasil estava em 89º lugar em 2022).

Portanto, a desaceleração do crescimento da população não impediu o avanço do IDH. O gráfico abaixo, também com dados do FMI, indica que a renda per capita, em preços constantes, em poder de paridade de compra (ppp), estava em torno de US$ 10 mil na década de 1980, tanto no Brasil quanto na Polônia. Mas a partir da década de 1990, a renda per capita da Polônia avançou em ritmo acelerado, enquanto a renda per capita do Brasil apresentou lento crescimento.

Em 2024, o FMI estima uma renda per capita de US$ 16,6 mil no Brasil e de US$ 39,2 mil na Polônia. Para 2029, os números são US$ 17,9 mil US$ 46,2 mil, com a renda per capita da Polônia sendo 2,6 vezes maior do que a brasileira

No pensamento convencional, o envelhecimento populacional da Polônia, conjugado com o decrescimento demográfico, levaria necessariamente à “armadilha fiscal geriátrica” e seria o fim da linha para o desenvolvimento humano do país. Contudo, o exemplo da Polônia mostra que pode haver envelhecimento e decrescimento da população com prosperidade social e ambiental.

Em termos ambientais, a rede Global Footprint Network apresenta duas medidas úteis para se avaliar o impacto humano sobre o meio ambiente e a disponibilidade de “capital natural”. A Pegada Ecológica é utilizada para avaliar o impacto que o ser humano exerce sobre a biosfera e a Biocapacidade busca avaliar o montante de terra e água, biologicamente produtivo, capaz de prover bens e serviços do ecossistema à demanda humana por consumo, sendo equivalente à capacidade regenerativa da natureza.

O gráfico abaixo, apresenta os dados da Pegada Ecológica e da Biocapacidade da Polônia, de 1961 a 2019, com projeções até 2022. Nota-se que a Biocapacidade da Polônia cresceu de 62 milhões de hectares globais (gha) em 1961 para 80 milhões de gha em 2022. A Pegada Ecológica passou de 122 milhões de gha em 1961 para 225 milhões de gha em 1988. Porém, a Pegada Ecológica caiu nas décadas seguintes. Portanto, o déficit ambiental da Polônia caiu, mesmo com o aumento da renda per capita.

Portanto, o chamado “inverno demográfico” da Polônia tem se transformado em primavera social e ambiental. O decrescimento populacional, em vez de ser um problema, tem se transformado em solução. Os idosos que eram vistos como um passivo que representa gastos de uma população improdutiva, se transformaram em um ativo para a melhoria da qualidade de vida.

O artigo “Don’t fear the boomers! How Poland is celebrating its old people – and making life better for every age”, publicado no jornal britânico The Guardian (Oltermann 18/09/2024), mostra que enquanto o resto da Europa se preocupa com a onda do envelhecimento, algumas cidades polacas estão tratando suas populações envelhecidas como uma oportunidade e não como um fardo, com resultados notáveis.

A maioria dos idosos está fazendo uma contribuição incrível para a sociedade. Os planejadores urbanos dizem que a mudança demográfica pode tornar as cidades melhores para todos. Indubitavelmente, a Polônia está buscando se adaptar à nova realidade da mudança da estrutura etária e está tentando aproveitar as oportunidades da economia prateada (“Silver economy”), que se refere ao conjunto de atividades econômicas que abarcam as contribuições, as necessidades e as demandas da população idosa, especialmente de 50 anos e mais de idade.

O fato é que a Polônia enriqueceu concomitantemente ao envelhecimento populacional e pode servir de exemplo para o Brasil que ainda é um país de renda média.

 

autor: José Eustáquio Diniz Alves, Doutor em demografia,

link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:

ALVES, JED. Decrescimento demoeconômico com elevação da prosperidade social e ambiental, Ecodebate, 20/01/2023

https://www.ecodebate.com.br/2023/01/20/decrescimento-demoeconomico-com-elevacao-da-prosperidade-social-e-ambiental/

Philip Oltermann. Don’t fear the boomers! How Poland is celebrating its old people – and making life better for every age, The Guardian, 18/09/2024

https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2024/sep/18/dont-fear-the-boomers-how-poland-is-celebrating-its-old-people-and-making-life-better-for-every-age?utm_source=whatsappchannel

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Fonte: EcoDebate

P.S. Fiz alterações no texto do primeiro parágrafo do artigo do Dr. Diniz Alves, pois parece que ele desconhece a história da Polônia e se guia pela ideologia do pós-guerra, da guerra fria, posicionando-se pela versão norte-americana dos fatos, e não pela história real da Polônia. As alterações em sua maioria estão entreparenteses e em negrito,

 

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Polônia quer proibir venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos



Polônia planeja tornar mais rigorosa a lei sobre venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. Apesar das críticas, as bebidas alcoólicas continuam a ser populares no país da Europa Central.
 
A Polônia foi o terceiro maior produtor de cerveja da Europa em 2023, de acordo com um estudo do Eurostat, sendo também um grande exportador de vodka.
 
O governo polaco decidiu reforçar a legislação sobre a venda de bebidas alcoólicas, numa tentativa de impedir que adolescentes comprem bebidas altas horas da noite em lojas abertas 24 horas por dia, como as delicatesses de postos de combustíveis.
 
As novas regras surgem em resposta às altas de atropelamentos e outros acidentes envolvendo jovens sob o efeito do álcool. A venda de álcool a menores é ilegal na Polônia, sendo punível com uma multa pesada ou um mês de detenção. No entanto, de acordo com a regulamentação atual, os vendedores estão autorizados - mas não são obrigados - a verificar a idade dos compradores através dos seus documentos.
 
A partir de agora, essa verificação passa a ser obrigatória. As medidas vão também proibir a venda de álcool entre as 22h00 e as 6h00 nos postos de gasolina, onde atualmente é disponível 24 horas por dia.
 
"Os vendedores terão de ser mais atentos e responsáveis ", disse a ministra polaca da Saúde, Izabela Leszczyna, à emissora Radio Zet, na quinta-feira. O trabalho sobre a nova regulamentação está quase concluído e será acelerado, garantiu Leszczyna.
 
Bebidas que se assemelham a lanchinhos para crianças causam polêmica
A venda de álcool a menores tem sido um tema recorrente na Polônia. No início desta semana, o vice-ministro da Saúde, demitiu-se por não ter conseguido banir das prateleiras dos supermercados uma série de pacotes plásticos com álcool que se assemelham a lanches para crianças.
 
A bebida - chamada "Voodoo Monkey" - de propriedade da Owolovo, empresa polaca que também produz várias bebidas de fruta não alcoólicas e "snacks" em tubos, já pediu desculpa e anunciou que o produto vai ser descontinuado.
 
Szymon Hołownia, presidente do parlamento polaco, classificou o produto como "puro mal" numa publicação no Facebook compartilhada, na segunda-feira.
 


Ressacas e problemas
Esta não é a primeira vez que a Polônia se envolve num debate acalorado em torno do álcool. Em 2022, Jarosław Kaczyński, líder do partido populista de extrema-direita Direito e Justiça - e ex-vice-primeiro-ministro - provocou polêmica depois de ter atribuído a baixa taxa de natalidade do país ao consumo de álcool pelas mulheres.
 
"Se, por exemplo, a situação se mantiver de tal forma que, até aos 25 anos, as moças, as mulheres jovens, bebam a mesma quantidade que os seus pares, não haverá filhos", disse Kaczyński aos militantes num comício político antes da campanha presidencial de 2022.
 
Os comentários provocaram a indignação de grupos de direitos das mulheres, muitos dos quais apontaram a política de aborto altamente restritiva de Varsóvia como um fator que influencia esta tendência.
 
O partido Direito e Justiça de Kaczyński, PiS, perdeu o poder para a aliança de centro-esquerda formada pela Coligação Cívica do atual primeiro-ministro Donald Tusk e dois outros grupos políticos mais pequenos no ano passado. No entanto, apesar das críticas, as bebidas alcoólicas continuam a ser populares no país da Europa Central.
 
Polônia, criadora da moderna cerveja na virada do primeiro milênio, é o terceiro maior produtor de cerveja da Europa. Trata-se de uma indústria altamente lucrativa, com os impostos sobre as vendas de álcool totalizando cerca de 13 bilhões de złotys (18 bilhões de reais) para os cofres do Estado.
 
Embora o consumo de álcool tenha, em geral, diminuído 0,6 litros entre 2010 e 2020 na Europa, na Polônia, no mesmo período, aumentou 1 litro por ano para os indivíduos com mais de 15 anos. No entanto, de acordo com os peritos, as perdas decorrentes de mortes prematuras, absentismo e acidentes são muito mais elevadas.
 
Fonte: AP

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Acordo previdenciario Brasil Polônia

Foto: Divulgação
 
Cidadãos poderão contar tempo de contribuição, em ambos os países, para obter benefícios.
 
Os governos do Brasil e da Polônia avançaram nas tratativas para um acordo bilateral de Previdência Social. Nesta quarta-feira (25/9), o ministro Carlos Lupi participou de reuniões, em Brasília (DF), com representantes do Ministério da Família, Trabalho e Política Social da Polônia (MRPiPS) e das instituições previdenciárias (ZUS e KRUS) do país europeu.
 
O acordo, em discussão desde 2022, busca garantir que cidadãos possam solicitar benefícios previdenciários, como aposentadoria por idade, pensão por morte e aposentadoria por invalidez, com base no tempo de contribuição em ambos os países. Além disso, o tratado busca evitar a bitributação, facilitando a vida de trabalhadores e aposentados que possuem vínculos com as duas nações.
 
Para o ministro Carlos Lupi, o avanço desse acordo ratifica o compromisso com a proteção social. “Este documento reflete a prioridade que os dois países dão aos direitos sociais. A Previdência Social brasileira é um exemplo para o mundo e seguirá cada vez mais fortalecida”, afirmou.
 
A conclusão do texto e a definição dos ajustes administrativos necessários para sua implementação deverão ocorrer até o fim da semana, quando a ata será assinada para encerrar as negociações.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Polônia exclui Rússia dos 80 anos de Libertação de Auchwitz Birkenau


Portão do campo de Auschwitz 1, onde se lê a frase em alemão: O trabalho dá liberdade
 
 A Rússia será excluída da cerimônia, no ano que vem, pelo 80º aniversário da libertação do campo de concentração e extermínio alemão nazista de Auschwitz-Birkenau pelo Exército Soviético, formado por russos e ucranianos, informou nesta segunda-feira(23/09) o diretor do museu.
 
É a terceira vez que o museu, localizado nas cidades de Oświęcim e Brzezinka, no sul da Polônia, exclui Moscou desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
 
Piotr Cywiński

"É o aniversário da libertação (do campo). Lembramos as vítimas, mas também celebramos a liberdade"
, disse o diretor do museu, Piotr Cywiński, em comunicado.
 
"É difícil imaginar a presença da Rússia, que claramente não compreende o valor da liberdade", acrescentou.
 
Até a invasão da Ucrânia, a Rússia costumava participar da cerimônia, realizada todos os anos no dia 27 de janeiro.
 
O museu chamou a ofensiva russa de "ato de barbárie" no dia em que começou. A Alemanha nazista ocupou um antigo quartel das forças armadas da Polônia e o transformou num campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau após invadir a Polônia na Segunda Guerra Mundial.
 
O campo, tornou-se um símbolo do genocídio de seis milhões de polacos, destes, um milhão e trezentos mil eram de origem judaica, a maioria nascidos na Polônia, que morreram naquele local entre 1941 e 1944, além de outros 150 mil prisioneiros soviéticos.
 
Fonte: AFP

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Cinemateca de Curitiba recebe “Dores da Polônia” com exibição de documentários de Ulisses Iarochinski

By Redação Página1 On
9 set, 2024
Reportagem: Emerson Teixeira Curitiba
 
Ulisses Iarochinski

No dia 11 de setembro, a partir das 19 horas, a Cinemateca de Curitiba será palco do evento comemorativo “Dores da Polônia”, que celebrará a resistência polaca durante a Segunda Guerra Mundial. O cineasta e historiador Ulisses Iarochinski apresentará dois de seus documentários, “Levante de Varsóvia” e “Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau”, em uma noite de reflexão sobre a história da Polônia e os horrores da guerra.
 
O evento rememora um período dramático da história polaca, com destaque para o ano de 1944, quando o país foi palco de intensos conflitos. Um dos episódios mais marcantes foi o Levante de Varsóvia, iniciado em 1º de agosto daquele ano, em que moradores da capital polaca resistiram heroicamente contra 40 mil soldados nazistas.
 
 
A revolta, que se estendeu até outubro, resultou em mais de 166 mil mortos, incluindo 11.500 polacos de origem judaica. De uma população de 1,7 milhão de habitantes, menos de 6% sobreviveu à devastação da cidade. “Este é um dos eventos mais significativos da história polaca, onde pessoas de todas as idades e origens lutaram com bravura pela sua liberdade. Mostrar essa história é um dever”, afirma Iarochinski.
 
O cineasta também recorda a relevância de discutir a ascensão do fascismo na época e seus ecos na atualidade: “O fascismo foi a maior tragédia da humanidade, e hoje, em um momento de avanço da extrema-direita no Brasil e no mundo, é essencial relembrar que esses ideais são criminosos”. 


O segundo documentário da noite, Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau”, produzido em 2005, retrata as cerimônias de 60 anos da libertação dos campos de concentração e extermínio nazistas. O filme aborda os horrores vividos nas cidades polacas de Oświęcim e Brzezinka, locais que se tornaram símbolo da barbárie nazista.
 
Além disso, o documentário inclui impactantes imagens sobre os experimentos conduzidos pelo médico Josef Mengele e a presença de líderes mundiais nas celebrações do fim do Holocausto. Durante a exibição, serão apresentados também trechos dos poemas “Aos que vão nascer”, do alemão Bertolt Brecht, e “Manifesto 1944”, do polaco Julian Tuwim, ampliando a dimensão poética da memória dos acontecimentos.
 


Ulisses Iarochinski, que acumula uma vasta experiência como jornalista, historiador e cineasta, tem um currículo extenso com mais de 15 documentários de curta-metragem e 5 de longa-metragem. Seu trabalho é amplamente reconhecido pelo resgate histórico da imigração polaca no Brasil e pela forma como aborda temas históricos de extrema relevância. “Mostrar os horrores da guerra, especialmente para os descendentes de imigrantes polacos, é minha obrigação”, afirma.
 

 
 
Além da estreia em Curitiba, os documentários serão exibidos nos Campos Gerais, incluindo apresentações no Cineclube de Irati e na Câmara Municipal de Mallet, com outras datas previstas em Telêmaco Borba, São Mateus do Sul e Castro. As exibições e o evento “Dores da Polônia” têm como objetivo conscientizar o público sobre os perigos de ideologias extremistas e a importância da memória histórica. “É crucial nunca esquecermos o que a extrema-direita causou no passado, para que possamos impedir que a tragédia se repita”, conclui Iarochinski.
 
ENTREVISTA

Emerson Teixeira: Os documentários serão exibidos em municípios da região dos Campos Gerais?

Ulisses Iarochinski: Sim, até agora, além das estreias em Curitiba na próxima quarta-feira, dia 11, na Cinemateca de Curitiba, já estão agendadas exibições nos Campos Gerais, no Cineclube de Irati, dia 27/09, na Câmara Municipal de Mallet no dia 28/09 e em Telêmaco Borba ainda sem data definida no aguardo de uma definição de Castro. Também sem data definida será exibido em São Mateus do Sul e possivelmente em São Paulo. A exibição contém dois filmes documentários e dois vídeo-poemas. 1. Cemitério sem Tumbas - Auschwitz Birkenau, 2. Levante de Varsóvia, e trechos dos poemas: 1.⁠ ⁠Aos que vão nascer, do poeta alemão Bertolt Brecht, 2.⁠ ⁠Manifesto 1944 do poeta polaco Julian Tuwim.

 Emerson: As produções giram em torno da 2.ª Guerra Mundial?

Iarochinski: Sim. A Polônia foi o país mais devastado durante a segunda guerra mundial. E falar nestes dois documentários da principal revolta popular dos habitantes de Varsóvia contra 40 mil soldados alemães nazistas; e sobre a história dos mais icônicos campos de concentração e extermínio alemão nazista da segunda guerra mundial foi a principal motivação para a realização dos dois filmes. E o objetivo é sempre lembrar que a maior tragédia da humanidade foi causada pela extrema direita...o fascismo!

Emerson: Além da questão histórica, o que mais motivou as produções?

Iarochinski: Primeiro as comemorações que não param na Polônia neste ano de 2024. 27 de janeiro foi comemorado 79 anos da libertação dos campos de concentração nas cidade de Oświęcim e Brzezinka (respectivamente Auschwitz e Birkenau em idioma alemão)! Em 01/08 começaram as comemorações dos 80 anos do Levante de Varsóvia; em 01/09 as comemorações dos 85 anos da invasão da Polônia e a eclosão da Segunda Guerra Mundial pelas tropas de Hitler. E por fim e não menos importante o avanço da extrema direita no Brasil pregando golpe de Estado...e o ódio ter se instalado no Brasil de forma avassaladora. Fascismo é crime no Brasil e em todo o mundo.

Emerson: Perfeito!

Iarochinski: Então, mostrar os horrores da segunda guerra mundial, principalmente, aos descendentes de imigrantes da nação que mais sofreu durante a história da humanidade é meu dever. E só acrescentando...meu sobrenome assim escrito iarochinski é culpa do cartório de Castro que deveria escrever Jarosiński.

Emerson: O senhor tem origem polaca?

Iarochinski: Meu sobrenome assim escrito, iarochinski, é culpa do cartório de Castro que deveria escrever Jarosiński. Meus bisavôs Piotr e Anna Jarosiński junto com duas filhas e dois filhos chegaram em Castro e foram assentados na colônia de imigrantes do Tronco, em 1911. Um deles, meu avô Bolesław, está enterrado no cemitério de Castro. A grande maioria dos meus primos são de Castro. Já que nasceram em Castro mais duas filhas e dois filhos dos meus bisavôs. E no bairro Bonsucesso nasceu meu pai Cassemiro, que mais uma vez por erro do cartório de Castro, deveria se Chamar Kazimierz Jarosiński. Então, é quase uma obrigação minha exibir estes meus filmes em Castro.

Emerson: O senhor é natural de Castro?

Iarochinski: Não! Meu bisavô e meu avô com os filhos foram para Monte Alegre no final da década de 30 para trabalhar na construção da fábrica de Papel da Klabin. Eu nasci na Vila Operária, na Harmonia, Monte Alegre, distrito de Ventania, município de Tibagi. Que acabou virando município de Telêmaco Borba, em 1964. Meus bisavôs voltaram para Castro e foram morar na Vila Rio Branco. Meu avô também voltou para Castro para morrer em 1944. Minha avó, meu pai e irmãos continuaram vivendo em Harmonia.

Emerson: Que interessante, distrito de Ventania, harmonia, hoje se tornaram dois municípios.

Iarochinski: Sim. Mas na época eram tudo Tibagi, inclusive o município de Imbaú.

Emerson: Uma curiosidade, porque não exibir na internet?

Iarochinski: Não iriei colocar na TV, nem na Internet. As exibições serão sempre em auditórios e salas longe dos cinemas. Sempre com entrada franca. É uma terra de ninguém…desrespeito aos direitos autorais, roubo e uso indiscriminado de produções de outros. Não ganho nada com a Internet. Mas nas exibições em auditórios e salas de exibição, embora não fature nada, pelos menos posso ver e sentir a reação dos espectadores.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

As dores da Polônia

 Ulisses iarochinski exibe na Cinemateca de Curitiba seus documentários "Levante de Varsóvia"(13min) e "Cemitério sem Tumbas - Auschwitz Birkenau.

Será dia 11 de setembro de 2024, às 19 horas. Entrada Franca:



domingo, 28 de julho de 2024

CRACÓVIA, A MAIS BELA

 

A cidade mais bonita da Polônia é Cracóvia.

Ela ficou à frente de Gdańsk e Wrocław.

De acordo com a última pesquisa realizada pelo Painel Nacional de Pesquisa "Ariadna", Cracóvia foi reconhecida como a cidade mais bela da Polônia.

A pesquisa de opinião, encomendado pelo portal Wirtualna Polska, abrangeu uma amostra representativa de 1.132 pessoas e teve como objetivo determinar qual cidade polaca é considerada a mais atraente. Os resultados da pesquisa mostram que 19% dos participantes escolheram Cracóvia como a cidade mais bonita do país.

 

Turistas e residentes adoram a capital da voivodia (Estado) da Małopolska (Pequena Polônia).

 

Se me fosse perguntado, as mais belas pela ordem para mim são:

1. Cracóvia


2. Sandomierz


3.Lublin 




4. Zakopane 


5. Kazimierz Dolny