Pedra de Guarapuava
Dante Mendonça [20/05/2008]
Guarapuava não é apenas uma terra de guapos machos que faz fronteiras com o Pólo Sul e o Pólo Norte. É também o chão de bravos imigrantes alemães e polacos, gente generosa que ainda hoje é lembrada na terra de origem, com o nome gravado na pedra.
Quem visita Cracóvia, na Polônia, encontra gravado num muro histórico à prova de generosidade dos bravos imigrantes, nos revela o jornalista Ulisses Iarochinski, que também fez as fotos acima. Atualmente encerrando o doutorado de História na Universidade de Cracóvia, Ulisses traz uma contribuição para a história dos Campos de Guarapuava que está ao alcance de qualquer turista em visita ao Castelo de Wawel, que foi sede do grande Reino Polônia-Lituânia dos séculos 14 e 15 (e que é nome de um dos primeiros edifícios da Praça Osório, em Curitiba). Com a volta da Polônia ao mapa da Europa em 1918 (escreveu Ulisses), depois de 127 anos de ocupação estrangeira muita coisa teve que ser reconstruída. Uma delas foi o Castelo de Wawel, em Cracóvia, que tinha sido desfigurado pela ocupação austro-húngara. Como o recém - Estado não tinha dinheiro suficiente, foi realizada uma campanha internacional para angariar fundos para a restauração do Castelo e da Catedral de Wawel. Muitos que haviam emigrado e viviam no exterior contribuíram. Do Brasil, apenas um polaco de Guarapuava colaborou e entrou para o muro da história polaca.
Em retribuição à generosidade, os restauradores fixaram na muralha várias placas com os nomes dos contribuintes e (pergunta o jornalista) “adivinha quem tem o seu nome gravado em granito branco, logo no início da rampa que leva o turista ao castelo?”
Wladzyslaw Kaminski Guarapuava Paraná Brazylia -1922
Precursor dos Kaminski nos Campos de Guarapuava, o guarapuavano “Ladislau” abriu mão de suas suadas economias, naqueles tempos miseráveis, e mandou dinheiro para reconstruir o Panteão Nacional da Polônia.
Ulisses Iarochinski acredita que talvez nem os Kaminski de Guarapuava saibam disto.
A respeito da crônica “Guarapuava é assim!” (domingo), João Alberto Twardowski, médico em Guaíra, conta que certa feita um gaúcho rodou os bares de Guarapuava à procura de briga, tal a fama da cidade. Aprontou muitas e saiu desanimado, depois de cruzar com um velhinho sentado no meio-fio, pitando o palheiro:
- Cadê os macho de Guarapuava, os home brabo que tinha por aqui, tchê?
O velhinho só levantou os olhos, deu uma tragada, tirou o cigarrinho da boca e respondeu:
- Os brabo, os macho mesmo, nóis já matemo tudo!
Repercussão familiar:(Mensagens recebidas via email por Dante Mendonça, autor do Livro, "Banda Polaca - o humor do Brasil Meridional".)
- Prezado Dante,
Ao meu ver meu pai Leonidas, que reside em Guarapuava, seria o mais indicado para citar detalhes da família no contexto de Guarapuava, já que ele mora lá desde nasceu. Inclusive ele está às vesperas de completar 75 anos (30/06/1933). Aproveito para copiar a prima Leonorin que, creio, poderá também ceder mais detalhes. É filha do tio Leomar, irmão do pai, falecido recentemente. Obrigado, e um abraço, Omar.
-Dante,
Apos ler tua materia sobre meu bisavo Wladyslaw Kaminski, gostaria de lhe dizer que os "polacos de Guarapuava" , alguns deles (eu) que moram nos EUA hoje, sabem muito bem sobre o 'tijolinho" no castelo de Wawel e sao extremamente orgulhosos por esse ato de patriotismo
feito por ele. Agradeco pela materia e te desejo tudo de bom. Maressa Kaminski Garcez.
- Caro Dante,
Obrigado pela matéria, serviu de homenagem a muitas pessoas, em especial meu pai Leonidas, o único filho ainda vivo de Wladzyslaw, ou Ladislau, de Guarapuava. Um abraço, Kaminski.
Um comentário:
Ulisses, a polacada da família Kaminski de Guarapuava agradece!
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