O técnico Adam Nawalka da seleção da Polônia para a disputa da Copa do Mundo da Rússia convocou um curitibano.
Seu nome: Thiago Cionek (em idioma polaco se pronuncia tchionék).
A relação do curitibano com o país europeu vem de berço. Ele é descendente de imigrantes polacos, que chegaram em Curitiba no início do século 20.
Como jogador de futebol, foi em 2008 que ele se transferiu para atuar no Jagiellonia Białystok. Ele atuou no clube até 2012, quando se transferiu para o Padova, da Itália.
Após passar pelo Modena e pelo Palermo, ele ajudou o SPAL a se livrar do rebaixamento na última temporada.
Nascido no bairro do Boqueirão, em Curitiba, Cionek, de 32 anos, defende a Seleção polaca desde 2014, convocado pela primeira vez pelo técnico Adam Nawalka.
Curioso, que nunca jogou nos times profissionais de sua cidade natal, como Coritiba, Atlético e Paraná. Mais curioso ainda é que a imprensa curitibana, jornal, rádio, internet e televisões continuam ignorando o único curitibano que estará presente como jogador na Copa do Mundo da Rússia.
- Você está na pré-lista da Polônia para a disputa da Copa do Mundo. Você esperava ser lembrado pelo técnico Adam Nawalka?
Cionek - Eu tinha essa esperança, sim, até por ser convocado pelo Adam desde que ele assumiu a seleção. Venho jogando no meu clube atual com bastante frequência e faço parte da seleção há algum tempo. Joguei as eliminatórias da Euro, a Eurocopa e as eliminatórias para a Copa, então eu esperava por isso, mesmo com a grande concorrência.
- Você esteve nas convocações do treinador durante as Eliminatórias, o que aumenta as suas chances. Como está a sua expectativa para disputar o Mundial? É um sonho jogar a Copa?
Cionek - A expectativa é muito grande, é um sonho que os jogadores têm desde criança. Aos poucos as coisas foram acontecendo na minha carreira, hoje faço parte de um time da elite italiana e trabalhei bastante para chegar na seleção. É um ciclo que está se formando, tem uma preparação grande a ser feita, mas já temos uma base sólida, com um entrosamento que tem mais de quatro anos.
Thiago Cionek defende a Polônia desde 2014
- Você esteve com grupo polonês na disputa da Eurocopa. O que representa disputar um campeonato desse porte?
Cionek - Sim, estive no grupo e agora iremos para a Copa. O tempo de treino com a seleção é pouco, mas por estarmos juntos há algum tempo e por termos jogado alguns torneios, o entrosamento vem cada vez mais forte.
- Sua ligação com o futebol polonês começou em 2008, quando foi jogar no Jagiellonia Białystok. Mas como e quando surgiu a oportunidade de atuar pela Polônia? Foi um convite da federação do país?
Cionek - Cheguei na Polônia em 2008, ainda sem possuir cidadania, sem passaporte. Comecei jogando o campeonato local e logo solicitei a cidadania polaca, que foi um processo que demorou um tempo. A torcida da equipe que eu jogava me ajudou a agilizar isso, eles fizeram um abaixo assinado e eu consegui o reconhecimento da cidadania. E não, não foi um convite, eu fui convocado quando fui para a Itália, um amistoso diante da Alemanha, antes da Copa de 2014, que a Polônia acabou não jogando. Desde então, tenho sido convocado com frequência.
- Por ser naturalizado polaco, sofreu algum tipo de preconceito por jogar na seleção?
Cionek - Sou o único jogador não nascido na Polônia que está na lista para a Copa. A grande maioria das pessoas apoiam, sempre fui muito querido pelos torcedores. Os jogadores também me receberam muito bem e eu acredito que por eu já falar polaco, conhecer bem os atletas e o futebol local, o processo foi muito mais tranquilo. É um grande orgulho vestir a camisa da Polônia, meus bisavós foram para o Brasil no início do século XX e, após 100 anos, eu fiz esse caminho inverso. Sou muito grato ao país por tudo que já me proporcionou, pelos meus familiares e por uma história que eu construí, então o orgulho é imenso.
- Você começou a carreira em um clube amador do Paraná. Anos depois, você imaginaria que poderia estar na briga por um lugar na Copa?
Cionek - Comecei buscando meu espaço no futebol em equipes amadoras de Curitiba, aí, depois fui para o Cuiabá, joguei Série C e isso ajudou no meu crescimento. Gosto muito de futebol, sempre assisti a vários jogos e eu tinha o sonho de jogar o Brasileirão. Naquela época eu jamais imaginaria que poderia jogar uma Copa do Mundo, mas aí as coisas foram acontecendo, conheci o futebol europeu e ano após ano eu fui crescendo o que me ajudou a chegar na seleção.
- Robert Lewandowski é o grande nome da seleção polaca. O que a figura dele representa para a equipe?
Cionek - O Lewandowski é o nosso líder, é aquele que faz os gols, mas não só isso. É um atleta que inspira outros jogadores, tem um caráter fenomenal e nos ajuda muito dentro e fora dos campos. Pra nós é um orgulho ter ele no nosso lado, eu já joguei contra ele, mas prefiro ele no meu time (risos). Lewandowski é o cara da Polônia
- Você atua pelo SPAL, da Itália. Como é atuar por um time que é caçula em um campeonato como o Italiano? Por conta das dificuldades, como viu a campanha da equipe?
Cionek - Joguei no Palermo duas temporadas atrás, aí me transferi para a SPAL, um time que vem numa crescente grande, subindo de divisão ano após ano. O projeto que me apresentaram me cativou e eu abracei a ideia. Conseguimos nos livrar do rebaixamento na última rodada e agora é trabalhar para chegar forte e preparado para a próxima temporada. A cidade de Ferrara tem um carinho muito grande pelo time, eles lotam o estádio todos os jogos, respiram futebol e eles são bem fervorosos.
- Estar no Mundial pode ajudá-lo a jogar em um clube de maior expressão na próxima temporada? Já há propostas ou sondagens?
Cionek - No momento não penso nisso, hoje eu só penso em me preparar da melhor maneira possível para chegar bem e em alto nível para a Copa do Mundo. Meu foco é a concentração para o Mundial.
Texto: Mário Boechat
Fonte: Jornal Lance
Seu nome: Thiago Cionek (em idioma polaco se pronuncia tchionék).
A relação do curitibano com o país europeu vem de berço. Ele é descendente de imigrantes polacos, que chegaram em Curitiba no início do século 20.
Como jogador de futebol, foi em 2008 que ele se transferiu para atuar no Jagiellonia Białystok. Ele atuou no clube até 2012, quando se transferiu para o Padova, da Itália.
Após passar pelo Modena e pelo Palermo, ele ajudou o SPAL a se livrar do rebaixamento na última temporada.
Nascido no bairro do Boqueirão, em Curitiba, Cionek, de 32 anos, defende a Seleção polaca desde 2014, convocado pela primeira vez pelo técnico Adam Nawalka.
Curioso, que nunca jogou nos times profissionais de sua cidade natal, como Coritiba, Atlético e Paraná. Mais curioso ainda é que a imprensa curitibana, jornal, rádio, internet e televisões continuam ignorando o único curitibano que estará presente como jogador na Copa do Mundo da Rússia.
- Você está na pré-lista da Polônia para a disputa da Copa do Mundo. Você esperava ser lembrado pelo técnico Adam Nawalka?
Cionek - Eu tinha essa esperança, sim, até por ser convocado pelo Adam desde que ele assumiu a seleção. Venho jogando no meu clube atual com bastante frequência e faço parte da seleção há algum tempo. Joguei as eliminatórias da Euro, a Eurocopa e as eliminatórias para a Copa, então eu esperava por isso, mesmo com a grande concorrência.
- Você esteve nas convocações do treinador durante as Eliminatórias, o que aumenta as suas chances. Como está a sua expectativa para disputar o Mundial? É um sonho jogar a Copa?
Cionek - A expectativa é muito grande, é um sonho que os jogadores têm desde criança. Aos poucos as coisas foram acontecendo na minha carreira, hoje faço parte de um time da elite italiana e trabalhei bastante para chegar na seleção. É um ciclo que está se formando, tem uma preparação grande a ser feita, mas já temos uma base sólida, com um entrosamento que tem mais de quatro anos.
Thiago Cionek defende a Polônia desde 2014
- Você esteve com grupo polonês na disputa da Eurocopa. O que representa disputar um campeonato desse porte?
Cionek - Sim, estive no grupo e agora iremos para a Copa. O tempo de treino com a seleção é pouco, mas por estarmos juntos há algum tempo e por termos jogado alguns torneios, o entrosamento vem cada vez mais forte.
- Sua ligação com o futebol polonês começou em 2008, quando foi jogar no Jagiellonia Białystok. Mas como e quando surgiu a oportunidade de atuar pela Polônia? Foi um convite da federação do país?
Cionek - Cheguei na Polônia em 2008, ainda sem possuir cidadania, sem passaporte. Comecei jogando o campeonato local e logo solicitei a cidadania polaca, que foi um processo que demorou um tempo. A torcida da equipe que eu jogava me ajudou a agilizar isso, eles fizeram um abaixo assinado e eu consegui o reconhecimento da cidadania. E não, não foi um convite, eu fui convocado quando fui para a Itália, um amistoso diante da Alemanha, antes da Copa de 2014, que a Polônia acabou não jogando. Desde então, tenho sido convocado com frequência.
- Por ser naturalizado polaco, sofreu algum tipo de preconceito por jogar na seleção?
Cionek - Sou o único jogador não nascido na Polônia que está na lista para a Copa. A grande maioria das pessoas apoiam, sempre fui muito querido pelos torcedores. Os jogadores também me receberam muito bem e eu acredito que por eu já falar polaco, conhecer bem os atletas e o futebol local, o processo foi muito mais tranquilo. É um grande orgulho vestir a camisa da Polônia, meus bisavós foram para o Brasil no início do século XX e, após 100 anos, eu fiz esse caminho inverso. Sou muito grato ao país por tudo que já me proporcionou, pelos meus familiares e por uma história que eu construí, então o orgulho é imenso.
Foto - Janek Skarzyński / AFP |
Cionek - Comecei buscando meu espaço no futebol em equipes amadoras de Curitiba, aí, depois fui para o Cuiabá, joguei Série C e isso ajudou no meu crescimento. Gosto muito de futebol, sempre assisti a vários jogos e eu tinha o sonho de jogar o Brasileirão. Naquela época eu jamais imaginaria que poderia jogar uma Copa do Mundo, mas aí as coisas foram acontecendo, conheci o futebol europeu e ano após ano eu fui crescendo o que me ajudou a chegar na seleção.
- Robert Lewandowski é o grande nome da seleção polaca. O que a figura dele representa para a equipe?
Cionek - O Lewandowski é o nosso líder, é aquele que faz os gols, mas não só isso. É um atleta que inspira outros jogadores, tem um caráter fenomenal e nos ajuda muito dentro e fora dos campos. Pra nós é um orgulho ter ele no nosso lado, eu já joguei contra ele, mas prefiro ele no meu time (risos). Lewandowski é o cara da Polônia
- Você atua pelo SPAL, da Itália. Como é atuar por um time que é caçula em um campeonato como o Italiano? Por conta das dificuldades, como viu a campanha da equipe?
Cionek - Joguei no Palermo duas temporadas atrás, aí me transferi para a SPAL, um time que vem numa crescente grande, subindo de divisão ano após ano. O projeto que me apresentaram me cativou e eu abracei a ideia. Conseguimos nos livrar do rebaixamento na última rodada e agora é trabalhar para chegar forte e preparado para a próxima temporada. A cidade de Ferrara tem um carinho muito grande pelo time, eles lotam o estádio todos os jogos, respiram futebol e eles são bem fervorosos.
- Estar no Mundial pode ajudá-lo a jogar em um clube de maior expressão na próxima temporada? Já há propostas ou sondagens?
Cionek - No momento não penso nisso, hoje eu só penso em me preparar da melhor maneira possível para chegar bem e em alto nível para a Copa do Mundo. Meu foco é a concentração para o Mundial.
Texto: Mário Boechat
Fonte: Jornal Lance