segunda-feira, 10 de março de 2025

DORES DA POLÔNIA NA CASA DA CULTURA


Aguardando o início das exibições
 
Na sexta-feira, dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, a Casa da Cultura Polônia Brasil, recebeu o cineasta e jornalista Ulisses Iarochinski para exibição de seus documentários e vídeos-poemas.
 
 
Casa da Cultura Polônia Brasil

Noite concorrida na Sociedade Polono-Brasileira Tadeusz Kościuszko, sede da Casa da Cultura Polônia Brasil, onde compareceram, além dos associados das duas instituições vários jornalistas, atores e cineastas para assistir os filmes “Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau”, “80 anos de Libertação de Birkenau”, “Levante de Varsóvia – 1944” e “Mulher – 8 de Março”, além dos vídeos poemas “Aos que vão nascer” de Bertolt Brecht, “Nós, Polacos Judeus” de Julian Tuwin, “Versos Íntimos” de Augusto dos Anjos e “Mulher – Samba da Benção” de Vinícius de Moraes. Todos os filmes têm roteiro, produção, direção, montagem e narração de Ulisses Iarochinski, e os vídeos-poemas são também recitados pelo cineasta.
 

 Iarochinski explicando sobre as agressões que sofreu por só usar o termo "Polaco"
 
“Dores da Polônia” é um evento criado pelo cineasta para comemorar datas significativas da Polônia, como os 80 anos de Libertação dos Campos de Concentração e Extermínio de Auschwitz, os 80 anos do Levante de Varsóvia, a participação das mulheres polacas na criação do Dia Internacional da Mulher, dos 215 anos de nascimento de Fryderyk Chopin e dos 1000 anos de coroação do primeiro rei da Polônia, Bolesław I.
 
O ano de 1944 foi marcante na história da Polônia, que viveu intensamente a Segunda Guerra Mundial, a qual terminaria em 8 de maio de 1945. A primeira lembrança da resistência polaca naquele ano é a revolta popular dos habitantes de Varsóvia, que teve lugar entre agosto e outubro. Durante esse período, os varsovianos enfrentaram 40 mil soldados das forças armadas nazistas alemãs, apesar de contarem com um número muito menor de combatentes. A chamada "Powstanie Warszawskie" ou Levante de 1944 foi a insurgência da "AK - Armia Krajowa" (Exército Paisano), na qual mulheres, crianças, jovens, adultos, idosos, católicos, protestantes, ciganos, polacos de origem judaica e alguns estrangeiros ousaram contra-atacar os ocupantes alemães.
 


A revolta explodiu no dia 1.º de agosto de 1944 e se estendeu até 2 de outubro quando os líderes da AK assinaram a rendição. Morreram 166 mil varsovianos, entre eles 11.500 polacos de origem judaica. De uma população de 1,7 milhão de pessoas antes da guerra, restaram menos de 6% dos habitantes da cidade. Como consequência dessa ousadia, a capital da Polônia foi devastada quase completamente ao final da Segunda Guerra Mundial. 
 
O segundo documentário exibido, "Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau", foi produzido em 2005, quando Iarochinski registrou as comemorações dos 60 anos da libertação dos campos de concentração e extermínio nazistas. O filme apresenta cenas chocantes dos experimentos do médico Josef Mengele, a história dos campos nas cidades polacas de Oświęcim e Brzezinka, e a presença de líderes mundiais no Monumento das Vítimas do Holocausto.
 
O terceiro documentário apresenta os 80 anos de libertação de Auschwitz comemorados neste 27 de janeiro de 2025.
 
O quarto documentário conta que apesar da ONU só ter oficializado o 8 de março como Dia Internacional da Mulher, ele já era comemorado desde 1911 e teve nas polacas Rozalia Luksenburg, Klementina Hoffmanowa, Maria Dulębianka e Narciza Żmichowska suas ativistas, não só pelo dia da mulher, mas também pelo voto feminino.
 
Também forão apresentados trechos de poemas dos poetas Bertolt Brecht (alemão) e Julian Tuwim (polaco) sobre os horrores da segunda guerra mundial em terras polacas; versos de Vinícius de Moraes sobre a beleza da mulher, encerrando-se com o célebre poema de Augusto dos Anjos.
 
Ulisses Iarochinski

Ulisses Iarochinski, jornalista, historiador, cineasta, produziu e dirigiu mais 15 documentários de curta-metragem e 5 de longa-metragem. Também já escreveu e publicou mais de 16 livros sobre a imigração polaca, a guerra do contestado e o descobrimento do Brasil.
 
Fotos: Luiz Araújo