sábado, 11 de julho de 2009

A Colônia Murici estaria morrendo?

Foto: divulgação da Prefeitura SJP

Há uma semana, no último sábado, a jornalista Aline Peres, publicou uma interessante reportagem sobre a Colônia Murici, localizada no munícipio de São José dos Pinhais, nos arredores de Curitiba, no jornal Gazeta do Povo.
Com o título "Novos tempos na colônia Murici", a reportagem fala sobre o desencanto das novas gerações com suas raízes. Ela começa por contabilizar a população local. "No local moram 737 pessoas com idade entre 15 e 25 anos, que representam 19% da população do entorno, que chega a pouco mais de 3 mil pessoas. Os dados obtidos pelo pesquisador e etnógrafo da região Valdir Holtman são de 2008 e incluem os moradores de pequenas colônias vizinhas.", escreve Peres.
Em outro trecho da reportagem, a jornalista detecta a insatisfação dos jovens com as poucas oportunidades de um meio que favorece apenas a agricultura. "Muitos sonham em deixar o local e morar na “cidade grande” – na verdade, segundo o relato dos moradores, boa parte já saiu da Murici, embora não existam estatísticas que comprovem essa tendência. Os irmãos Fontes estão entre os que usam a Colônia apenas para dormir. O estudante de Sistemas de Informação Aloir Lucas Fontes Júnior, 19 anos, trabalha na prefeitura de São José dos Pinhais. Ele sonha em se mudar para o Canadá e se especializar em sua área. O caminho de saída já foi seguido por muitos colegas – ele calcula que 80% dos seus amigos já foram ou estão indo embora. E poucos voltam para aplicar o que aprenderam fora na Colônia, segundo o irmão Lucas, 24 anos, que trabalha em uma mineradora, também no município da região metropolitana de Curitiba. “A cultura polonesa, infelizmente, tende a acabar aqui”, fala. Para ele, o motivo é que os jovens não se sentem confortáveis para expressar suas tradições. “Os pais passam a cultura, mas falta a sensação de fazer parte do lugar.” Fontes é exceção entre os jovens da comunidade – ele integra o Grupo Folclórico, composto por 17 pessoas."
A jornalista da Gazeta do Povo recorre a uma historiadora para buscar explicações para esta crise de identidade com a colônia. "Frente a essas impressões da juventude da Colônia Murici, a historiadora e escritora Maria Angélica Marochi acredita que a falta do sentimento de pertencimento ao local é um dos fatores que propiciam ao jovem o desejo de buscar fora aquilo que não encontram lá."
Porém, em algumas informações históricas, Aline Peres comete alguns equívocos. Talvez por falta de uma compreensão e conhecimento da história da Polônia.
Ela erra quando diz, que "Em abril de 1878, a colônia foi fundada por família polonesas vindas da Galícia e da Prússia Oriental (região da Cracóvia)." O que ela chama de Prússia Oriental, não existiu e muito menos estava localizada na região de Cracóvia.
Isto porque o Reino da Prússia que daria lugar a atual Alemanha ficava na Pomerânia, ou seja, no Norte da Polônia e não no Oriente (Leste). Na outra região ocupada pelos saxônicos (prussos) estavam as Baixa Silésia (capital Wrocław) e Silésia (capital Katowice). E estas estavam no Sudoeste (Ocidente) e não no Sul, onde está localizada Cracóvia, que é a eterna capital da MałoPolska (ou Pequena Polônia.
Quanto à Galicia, esta era uma província do Império Austro-húngaro e ocupava as terras da Polônia, onde estão hoje a Voivodia Podkarpacie (cuja capital é Rzeszów) e que fica no Sudeste da Polônia e a Oblast de Lviv, na Ucrânia (a capital Lwów estava na Voivodia da Volinia e da Podolia pertencente há séculos ao Reino da Polônia e ocupada pelos austro-húngaros e só desde 1990, em território da Ucrânia).
Na parte Central e Oriental da Polônia estava a ocupação Russa e não Prussa. Russos são eslavos e prussos são saxônicos (germânicos, alemães). Aline erra também no intertítulo "Filhos da Cracóvia" e erra duas vezes, na localização dos imigrantes, pois não eram de Cracóvia, e na construção gramatical, pois não é "DA" mais sim "DE" , ou "EM" Cracóvia. Interessante, mas Aline não é a única brasileira a cometer este erro, "DA CRACÓVIA". Ninguém fala "Filhos DA São Paulo", mas sim filhos DE São Paulo.

E Peres se curva ao patrulhamento de pessoas da comunidade curitibana, que insistem em banir o termo adequado e correto de polaco, para o galicismo e preconceituoso termo polonês. Em momento algum, ela se utilizou do termo polaco.

Anos atrás, quando do lançamento de meu livro "Saga dos Polacos", uma senhora de uma associação comunitária do bairro Capão Raso, foi até a redação do jornal exigir uma retratação do jornalista que havia escrito polaco no texto da reportagem comigo. Realmente um absurdo! Aquela senhora "polonesa" queria me censurar e ao jornalista pelo uso da palavra polaco, num completo ato discriminatório, ou seja, ela podia usar polonês (uma invenção curitibana) e eu não poderia usar o correto termo em língua portuguesa, POLACO!.
Este absurdo não se repete nos outros sete países de língua portuguesa. Aquela senhora não tinha consciência de que estava sendo discricionária. Se ela pensava que poderia me processar pela Lei Afonso Arinos, eu também poderia, ainda porque, na série de 27 lançamentos do livro que fiz nos 4 Estados do Sul, fui agredido fisicamente pelo título do meu livro. Em Erechim e em São Paulo levei murros no ombro e fui taxado de burro por usar a palavra polaco. Santa Ignorância!!

E para finalizar é uma pena, que a Colônia Murici que há poucas décadas atrás era considerada a que guardava com maior afinco as tradições polacas trazidas pelos primeiros imigrantes esteja na opinião de seus jovens, acabando.
E isto justo quando estes mesmos jovens buscam a cidadania polaca para viver em Londres e não na Polônia, ou mesmo em Murici.
Outra questão que preocupa é o fato da "Festa da Colheita", que tradicionalmente era realizada em fevereiro, tenha sido mudada para junho. Por que a mudança?
Será que o padre José, que durante anos foi o pároco da igreja da colônia, está fazendo tanta falta assim?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Restauradas casas do Memorial Polaco


A restauração da Capela de Nossa Senhora de Czestochowa, no Bosque do Papa João Paulo II, realizada pela Secretaria do Meio Ambiente e Fundação Cultural de Curitiba foi entregue no último domingo com pompa e solenidade. Dom Pedro Fedalto, arcebispo emérito de Curitiba, abençoou e cortou as fitas juntamente com a a representante da Missão Católica Polaca no Brasil, Danuta Abreu Lisinski.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Kwaśniewska: não sou candidata

Foto: Rafal Mielnik

"Eu prometo, não quero ser candidata. Com 100% de certeza não me candidatarei", reagiu a ex-primeira dama da Polônia, Jolanta Kwaśniewska ao comentar sobre os resultados da pesquisa de opinião publicada pelo jornal "Gazeta Wyborcza".
O principal jornal do país revelou que a mulher do ex-presidente Aleksander Kwaśniewski, venceria o atual primeiro-ministro Donald Tusk num segundo segundo turno nas próximas eleições presidenciais.
Kwaśniewska não só derrrotaria Tusk com 57% contra 43% dos votos, como também daria uma surra no atual Presidente Lech Kaczynski com 75% a 25%.
Apesar da excelente reputação junto ao eleitorado Kwaśniewska, diz ter decidido há muito tempo não concorrer as eleições. "Não sou um membro de qualquer partido político. Isto não é a minha história", disse ela, hoje, para a televisão TVN24.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Eu sou polaco!!!

Marek ao lado de seu treinador - Foto: Kinga

Marek tem 16 anos de idade. É campeão junior polaco. Mas há vários anos, ele tem vivido ilegalmente na Polônia. Os funcionários da imigração não permitem que ele seja um cidadão nacional polaco.
"Se eu tivesse que sair do país, sentiria como estivesse indo para o exílio", diz a mãe de Marek. Lilia Karkocka chegou na Polônia nas grandes enchetes de 1997. Era para ser apenas férias. Mas o destino não foi dos mais felizes. Seu passaporte foi roubado. Seus avôs, exilados políticos polacos que haviam sido expatriados para o Azerbaijão, onde ela, seu pai e seus filhos nasceram. Em todos os documentos que a família possuía neste desterro estava escrito, "nacionalidade: Polaca". No exterior,
a família tentou mudar a nacionalidade para azeri sem sucesso. Mas não foi possível, pois eram considerados polacos, segundo o governo do Azerbaijão. A vinda para a Polônia era além de férias uma busca das origens. Vieram apenas Lilia e seu filho Marek.
Após 12 anos de Polônia, o campeão Marek, filho de Lilia, diz não lembrar do Azerbaijão, "Saímos de lá quando eu tinha três anos. Eu não sabia falar nem russo, nem azeri. Conheço apenas um idioma: polaco".
Sem passaporte, começou o pesadelo da mãe e do filho. Na Polônia, não havia Embaixada do Azerbaijão. Lilia, uma mulher com uma criança de quatro anos foi parar num campo de refugiados na Polônia. Mas nem o status de refugiados conseguiram ali.
Foram para em Otwock e Marek começou a frequentar a escola. "Quando eu tinha 10 anos de idade, começei a treinar levantamento de peso".
E assim a vida do pequeno Marek foi mudando. Logo foi observado atentamente por um treinador. "Ele se tornou um talento", admite o treinador Krzysztof Suchocki. Após muitos treinos, Marek começou a viajar para participar de torneios. Não demorou muito e ganhou todos os campeonatos polacos de juniores. Com o sucesso alcançado em competições internacionais, o treinador pensou em inscrevê-lo em competições internacionais. O calvário voltou e uma coleção de respostas negativas foram obtidas.
Marek e sua mãe Lilia não poderiam estar na Polônia diziamm as autoridades. Embora suas raízes polacas e tempo de permanência na Polônia (mais de cinco anos), mãe e filho ainda não conseguiram receber a cidadania. O que é pior, as autoridades polacas exigem visto deles para que possam permanecer na Polônia. Mas como obter o visto se eles não possuem cidadania? Nem polaca, nem azeri.
"Eu sou polaco. Se eu fosse para o Azerbaijão, o que faria lá? Aqui é o meu lugar. E assim, após 12 anos, sou forçado a aprender na marra que não sou polaco", afirma Marek.
E o treinador diz, "se ele a for embora para o esporte da Polônia será uma perda lamentável. Um talento como ele não aparece de graça todos os dias. Hoje nem representar o Azerbaijão ele pode. Estamos lutando para que ele possa defender as cores de vermelho e branco",diz Suchocki.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Desfile de barcos em Gdynia

Foto: Rafal Malko


Parada de barcos em Gdynia, no Mar Báltico, Norte da Polônia. É a regata "The Tall Ships' Races" que teve sua primeira etapa, neste domingo, 5 de julho, naquele balneário polaco.

Buzek, chefe do Parlamento Europeu

Foto: Stanisław Rozpędzik

Aumentam as chances do prof. Jerzy Buzek se tornar o chefe do Parlamento Europeu. Seus concorrentes mais diretos são o Mario Mauro, Joseph Daul e Martin Schulz.
A eleição para a escolha do presidente do Parlamento Europeu, uma das duas principais forças de governo da União Europeia ocorre neste 14 de julho, em Strasburgo, na França, sede do Parlamento.
Será a primeira vez que um polaco ocupa cargo de tal relevância na União dos 27 países membros do maior bloco de nações no mundo.

domingo, 5 de julho de 2009

Polônia sob tempestades

Em Poznań, os fortes ventos derrubaram várias árvores e destelharam casas

As intensas chuvas continuam a castigar a Polônia. Além das regiões da Baixa Silésia e Lubulska, agora Suwalki, no Nordeste do país sofre com as tempestades.
Segundo a metereologia as chuvas em Wrocław vão ultrapassar os 20 mm de água por metro quadrado com ventos de 80 km/h.
Também o Norte e Noroeste do país serão atingidos neste domingo por tempestades. Os ventos chegarão a 70 km/h nestas regiões. O alerta é geral em todas em regiões da Polônia.
Nos arredores de Koszalin, Mielnów, Unieśców e Kołobrzeg as chuvas foram tão intensas ao ponto de levar muitos animais próximos aos rios.
Na noite deste sábado caiu 100 litros de água por metro quadrado, em Słubice, na Voivodia Lubuska(região Oeste). No hospital da cidade as águas subiram quase um metro. Na fronteira com a Alemanha, em Frankfurt nad Odra, a tempestade matou uma pessoa e outro ficou ferida depois de serem atingidas por um raio.

sábado, 4 de julho de 2009

As colônias de imigrantes no Paraná

Os governos de São Paulo e da nova Província do Paraná tiveram no século 19 algumas experiências mal sucedidas na colonização do Paraná com imigrantes europeus. O que não impediu que na sequência, o Estado fosse com toda propriedade chamado de "Paraná -Terra de Todas as Gentes". Em ordem cronológica estas foram as primeiras colônias implantadas na região do Paraná:
*1847 - Colônia Teresa Cristina, no vale do Rio Ivaí (atual município de Cândido de Abreu) com imigrantes franceses
*1852 - Colônia Superagüí (hoje Guaraqueçaba)
*1860 - Colônia Assunguy (hoje Cerro Azul)
*1869 - Colônia Argelina (hoje bairro do Portão, em Curitiba)
*1874 - arredores de Paranaguá.
Para estas colônias foram trazidos imigrantes argelinos, franceses, suíços, alemães, ingleses e irlandeses. Os imigrantes logo se dispersaram e muitos voltaram para suas nações de origem.
Somente a partir de 1871, com a chegada dos polacos a Curitiba, o processo de colonização com imigrantes começou a dar resultado. O governo fazia-os vir por sua conta, custeando a viagem da Europa ao Brasil e sustentava-os até que pudessem manter-se com os frutos da terra.
O primeiro, a conscientemente apostar nos polacos foi o presidente de Província, Adolfo Lamenha Lins (1875-1877) que oferecia as seguintes condições aos imigrantes: “Medidos e demarcados os lotes de terras de cultura nos arredores da cidade, traçadas as estradas, entrega-se um lote a cada família, com uma casa provisória, regularmente construída. Ao colono maior de dez anos, dá-se como auxílio de estabelecimento vinte mil réis. Cada família recebe mais 20 mil réis para a compra de utensílios e sementes. Logo que o colono se estabelece é empregado na construção de estradas do núcleo, recebendo ferramenta necessária e cessa então a alimentação por conta do governo. Em cada núcleo, funda-se uma escola e edifica-se uma capela, com exceção daqueles que por muito próximo da cidade dispensam esta construção. Além do trabalho nas estradas do núcleo, encontra o colono, serviço nas obras públicas gerais. Estabelecidos por esta forma, ficam os colonos entregues à sua própria iniciativa e somente obrigados a pagar do regulamento de 1867, a sua dívida ao governo. Esta dívida, pelo que respeita aos gastos feitos desde a chegada do colono a esta Província, ainda não excedeu a 500 mil réis para cada família de 5 pessoas, termo médio, incluído preço das terras e está garantido pelo valor real do lote, casa e acessórios. Achando na cidade pronto mercado para o produto de sua lavoura e fácil consumo de lenha, hortaliças e pequenas indústrias, o colono pode em tempo breve libertar-se dessa dívida para com o Estado e habilitar-se a desenvolver a sua lavoura.”
Contudo, esta dívida nunca foi cobrada aos imigrantes.O presidente da província acreditava que os descendentes destes imigrantes, seriam a mão-de-obra tão necessária para povoar os sertões do Paraná. Numa fase inicial, eles se assentariam ao redor da Capital e formariam o chamado “cinturão verde” de abastecimento alimentício da população.
Lamenha Lins propunha e executava. No curto período de seu governo conseguiu instalar com sucesso as colônias de Santa Cândida, Órleãs, D. Pedro, D. Augusto, Thomaz Coelho, Lamenha, Santo Inácio e Riviere.
Nas décadas seguintes e até o início da 1ª Guerra Mundial, os Campos Gerais e o Sul do Estado viu serem implantadas diversas outras colônias de imigrantes polacos.
O Consulado Geral da Polônia, em Curitiba, realizou um censo em 1937, no Estado do Paraná. Estas são as principais cidades com seus habitantes, o número total e o percentual de polacos de suas populações naquele ano:

Os polacos eram portanto, quase 10% da população do Paraná e 13,4% de Curitiba.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Bakun, centenário de nascimento

Abriu nesta terça-feira, na Casa Andrade Muricy, em Curitiba a exposição "Miguel Bakun - A Natureza do Destino", que se estenderá até 9 de agosto.

A Exposição que conta com o apoio do Governo do Estado do Paraná, através da Secretaria de Estado da Cultura tem organização de Eliane Prolik.
Bakun, segundo, o crítico Nelson Luz, "é envolvimento, tensão, adivinhador do caos-logos, ouvinte do mistério. Fez-se em si mesmo. Só humilde, desnudado, alguém pode ser assim".
Mas é a também descendente de imigrantes polacos, como Bakun, a criadora da mostra, a artista plástica Eliane Prolik, que melhor o define Bakun, dizendo que "a singularidade da obra de Miguel Bakun se efetiva no acontecimento pictórico da tela ao utilizar, sobreduto, o recurso de proximidade. Compactadas, as áreas e cores da paisagem se articulam e interpenetram. De modo intimista, essa pintura configura espaçamentos justos e rítmicos da matéria. Seu fazer diminui as distãncis entre o pintor e o motivo, entre o sujeito e a natureza e entre os cvários planos e elementos da paisagem e fazem o espectador se aproximar dessa justeza do quadro para entendê-lo, para enxergá-lo".
Mas quem é este filho de imigrantes polacos, nascido na cidade mais polaca do Paraná, Marechal Mallet?
Considerado o precursor da arte moderna no Paraná, Bakun saiu da sua Mallet, onde nasceu em 1909, para se alistar na Marinha Brasileira em 1926. Na Escola de Grumetes do Rio de Janeiro, em 1928, conhece o jovem marinheiro e artista ainda desconhecido José Pancetti (1902-1958). Estimulado pelo amigo, começa a desenhar, seguindo sua inclinação de infância. Realiza desenhos nos diversos períodos em que precisa ficar de repouso por causa de acidentes. Em 1930, é desligado da Marinha por incapacidade física, em conseqüência de uma queda do mastro do navio. Transfere-se para Curitiba, onde trabalha como fotógrafo ambulante. Logo conhece os pintores Guido Viaro (1897 - 1971) e João Baptista Groff (1897 - 1970), que o incentivam a pintar. Autodidata, dedica-se profissionalmente à pintura até o fim de sua vida.
Ainda na década de 40, trabalhava num ateliê coletivo na Praça Tiradentes. Em texto de 1948, o crítico Sérgio Milliet (1898 - 1966), após visita à cidade, aponta para o espírito van-goghiano de Bakun, ressaltando que lhe falta noção da tela como um todo e há excesso de empastamento. Contudo, conclui sua crítica dizendo: "o entusiasmo do pintor, sua participação intensa na obra tornam, entretanto, simpáticos os seus próprios defeitos".
A partir de então, a comparação com o artista holandês se torna recorrente, tanto com relação à pintura de Bakun quanto por seu temperamento melancólico e depressivo. O próprio artista a aceita, reconhecendo sua admiração por Vincent van Gogh (1853 - 1890), cujos quadros conhecia em reproduções ou pessoalmente. Outro ponto de semelhança entre ambos é uma certa religiosidade mística em conflito com um sentimento de profunda solidão, que de modo e intensidade diversos manifestam-se em suas obras.
Em 1950, pintou murais na residência do governador Moisés Lupion, atual Castelinho do Batel. Sua produção artística ganhou espaço em exposições individuais em 1955 e 1957. Foi premiado no Salão Paranaense de Belas Artes e Belas Artes da Primavera da Sociedade Concórdia.
O polaco Bakun, não suportando uma forte depressão, veio a se suicidar em fevereiro de 1963, em Curitiba, aos 53 anos de idade. No dia 28 de outubro póximo vai se completar o centenário de nascimento deste magnífico artista plástico paranaense-polaco.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Festa: fim de semana polaco em Curitiba


Acontece neste mês de julho, de 1º a 11, no Teatro Guaíra, em Curitiba, a 48ª edição do Festival Folclórico e de Etnias do Paraná. Grupos folclóricos das diversas etnias, que compõe o espectro cultural do Estado mais multiétnico do Brasil, apresentam suas tradições divulgando uma das mais ricas culturas do país. Um autêntico festival de cores, música e coreografia espera por aqueles que forem aos espetáculos, que acontecem diariamente.
A cultura e a tradição polaca vai estar presente especialmente no dia 03 (sexta-feira), às 20:30h, na comemoração do "Dia da cultura polaca", com a apresentação do Grupo Folclórico Junak de Curitiba juntamente com os grupos Wawel de São José dos Pinhais, Karolinka de São Mateus do Sul e da Banda Polaca Coração Nativo de Curitiba. No dia 07 (terça-feira) é a vez do Grupo Folclórico Wisła, de Curitiba, tomar conta do palco do Guairão, com mais dança, cores e música.
Mas é no Bosque João Paulo II (Bosque do Papa), em Curitiba, que as festividades polacas, sobem de voltagem, no domingo, dia 5 de julho. A partir das 13 horas, a festa contará com a apresentação de grupos folclóricos polacos e também de outras etnias, como o italiano Anima Dantis e o português Alma Lusa.
O Grupo Folclórico Polaco Wesoły Dom, de Araucária vem na sequência. Depois, na parte musical, haverá participações da Banda polaca Os Guri, Herdeiros da Polônia, Coral Santa Cecília e Coral Santa Ana de Abranches.
As 16 horas com a presença de Rizio Wachowicz, presidente da Braspol, do Padre Zbigniew Józef Minta, provincial da Sociedade de Cristo, de Dom Pedro Fedalto, arcebispo emérito de Curitiba, e do Prefeito Beto Richa serão entregues as casas-monumento restauradas, a capela de Nossa Senhora de Częstochowa (pronuncia-se Tchenstorróva) e casa Furman. A festa se encerra com a apresentação da Banda Coração Nativo.

Comemorações
A festa é em comemoração aos 29 anos da visita do Papa João Paulo II a Curitiba e aos 140 anos da chegada do grupo de imigrantes a Brusque, grupo que é considerado o início da colonização polaca em Curitiba e no Paraná.
Também está se comemorando os 50 anos da presença da Congregação Sociedade de Cristo no Brasil e os 20 anos de democratização da Polônia e a queda do comunismo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O Gralha Azul Polaco

O engenheiro Wieliczka (o primeiro à direita) ao lado de sua plantação de pinheiro
Foto: Arquivo da Família Wieliczka


Há tempos, desde que li pela primeira vez o livro de Hellê Velloso Fernandes, "Monte Alegre - Cidade Papel", que uma pessoa me intriga.
Essa pessoa, o engenheiro florestal, que na década de 40, praticamente criou o Departamento Florestal da Klabin do Paraná, era Zygmunt Wieliczka. Junto com outros seis engenheiros polacos viu na Araucária Angustifolia - o Pinheiro do Paraná, a solução para o papel que iria começar a ser fabricado em Harmonia.
Ele nasceu na Polônia em 25 de setembro de 1890 e segundo seu neto, Cristóvão José Zygmunt Wieliczka, lutou na 1ª. e na 2ª. Guerra Mundial. Desembarcou no Brasil no início dos anos 40 do século passado. Logo após foi contratado pelos lirmãos lituanos Klabin e Lafer para trabalhar nas Indústrias Klabin do Paraná.
Morando em Lagoa, na Fazenda Monte Alegre, de 1944 até 1954, plantou mais de 100 (cem) milhões de pés de araucária. Algum tempo depois de tudo estar plantado, fez novas pesquisas e substituiu o pinheiro pelo pinus e pelo eucalipto. Assim muito daqueles pinheiros balançam seus altos galhos na reserva florestal da Fazenda Monte Alegre.
Antes de se desligar da empresa, naturalizou-se brasileiro, em 30 de maço de 1951. Pela lei das indenizações (anterior ao FGTS) após 9 anos de trabalho na Klabin foi morar no Estado de São Paulo, e assim a partir da década de 50, dividiu residência entre São Paulo e Bragança Paulista. O Engenheiro Wieliczka faleceu em 5 de junho de 1975.
Estou empenhado em resgatar sua trajetória em Monte Alegre e quem sabe mostrar ao Paraná, que enquanto paranaenses e gaúchos gananciosos devastavam o solo desta nossa terra, Wieliczka plantava o simbolo do Estado e de sua capital Curitiba.
Gostaria de contar com a contribuição dos leitores deste blog, no sentido de resgatar informações, história, fotos e dados de Zygmunt Wieliczka. Aqueles que desejarem resgatar essa figura importante não só para o atual município de Telêmaco Borba, mas para a história do Paraná e do meio-ambiente do Brasil. Favor se comunicar através do email iarochinski@gmail.com ou pelo telefone de Curitiba (041) 33364275.
Esta é a placa comemorativa, que amigos entregaram como agradecimento ao trabalho significativo deste polaco Gralha Azul, pois ninguém plantou mais pinheiro no Paraná do que ele.
Ao Diretor do Departamento Florestal, Zygmunt Wieliczka, Eterna Lembrança de seu Trabalho Monumental em Monte Alegre de seus Amigos e Colaboradores das Indústrias Klabin do Paraná.

Sul da Polônia debaixo d´água

A manchete principal do jornal Gazeta Wyborcza desta segunda-feira, dia 29 de junho de 2009 é:

Da Silésia a Podkarpacy

Enchente no Sul
As regiões do Sul da Polônia, Małopolska e Silésia, há uma semana estão sendo atingidas por intensas chuvas. Tormentas que provocaram inundações em vários municípios e distritos rurais. Em Dąbrowa Tarnowska, Łęk, Krzeszów e Radwań mais de 700 pessoas ficaram desabrigadas e tiveram que ser transladadas para postos de atendimento destes munícipios.
Em Nysa, cidade silesiana, quase fronteira com a República Tcheca, a situação é dramática. Muitas casas tiveram que ser evacuadas pela Defesa Civil. Choveu no fim de semana 350 ml por segundo. Na última grande enchente, de 1997, o índice foi de 100 ml por segundo.

Nysa é a terra dos ancestrais do juiz aposentado, o curitibano Mário Narel. Familiares dele ainda vivem na região.