Mesmo não sendo obrigatório o voto, cerca de 4 milhões de polacos (quase 10% da população) não querem votar nas eleições parlamentares do próximo dia 22 de outubro. Pelo menos é o que identificou um dos maiores jornais da Polônia, o "Gazeta Wyborcza" (vibortcha - eleitoral). Numa longa reportagem, o jornal procurou ouvir pessoas de diversos segmentos da sociedade e ouviu, por exemplo:
1 - "Esta faixa, esta propaganda por telefone! Falam que este é um novo método contemporâneo de luta política. Mas eu não sou contemporânea." Wanda Andrzejowska, médica aposentada, que não vai votar.
2 - "Todos os partidos têm o mesmo programa: construção de estradas, diminuição de impostos, melhoria nos serviços médicos. E nunca eles os realizam. Eleições são jogos, pode-se fazer barulho e depois o rei faz o que quer com o governo." Karol Zwierzchowski, engenheiro, não votará.
3 - "Não vejo, quem represente minha voz, por isso não vou votar. Talvez alguém ainda nesta campanha possa me seduzir. Mas não prometo nem confirmo." Monika, tradutora de inglês. Não votará.
4 -"Voto apenas para presidente. Parlamentares podem ser importantes, mas estes partidos... Entre Varzóvia e minha cidade sempre há congestionamento, mas isso não interessa aos deputados, a mim sim. No dia da eleição vou correr na floresta, sou maratonista." Mirosław Cisek, policial. Não votará.
5 - "Por que o desemprego aumenta? Por isso as pessoas vão embora, eu também! No dia da eleição não votarei, pois vou para a Australia em busca de trabalho, no dia anterior." Dominik Kazimierski, desempregado. Não votará.
6 - "Sempre votei. Mas muitos destes políticos em campanha me decepcionaram. Não votarei, pois estas pessoas não se comprometem com aquilo que prometem." Maria da cidade de Piaseczna. Não votará.
P.S. Os polacos foram, entre os países soviéticos e satélites, os que mais lutaram contra a ditadura do Politburo de Moscou. Passados 17 anos de democracia e eleições livres, grande parte das pessoas na Polônia está desencantada com políticos. No plebiscito para entrada na União Européia, por pouco não foi alcançado o mínimo de votantes necessário. Foi preciso apelo do Papa João Paulo II, de Lech Wałęsa (lérrrh vauensa), edições extraordinárias de jornais e chamadas na TV e Rádio para que todos comparecessem, independente de votarem SIM, ou NÃO. Acabou vencendo o SIM com 58% dos votos válidos.
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