sexta-feira, 11 de julho de 2008

A tragédia da Volínia


Antigo cemitério católico em Porycku (atualmente Pawliwka) em homenagem aos mortos.
Foto: Piotr Kowalczyk

Está sendo comemorado, hoje, os 65 anos da tragédia ocorrida contra os polacos da Volínia e na Małopolska (Pequena Polônia) do Leste.

Em 11 de julho de 1943, um grupo de nacionalistas rutenos (hoje denominados ucranianos) assassinaram a maioria dos moradores daquelas regiões. Em algumas localizades, os enfurecidos rutenos dizimaram completamente a população polaca.

A Volínia, hoje no território da República da Ucrânia há mais de mil anos tinha sido terra polaca. Mas nos acordos pós-segunda guerra mundial, o poderoso da URSS, Stalin exigiu dos aliados ocidentais, que aquelas terras deveriam ficar sob seu controle, na República Socialista Soviética da Ucrânia, criada em 1922 por Lenin. Tanto o povo, como o novo Estado que nasceu sobre as terras polacas, há dezenas de séculos, eram denominados respectivamente como Rutenos e sua nação como Rutênia. De um poema do século 19 é que forjaram o nome da nova república: Ucrânia.

Aqueles guerrilheiros rutenos aproveitaram-se do enfraquecimento da Polônia, atacada de todos os fronts, por nazistas alemães e soviéticos russos para o ato mais sangrento nas relações históricas entre polacos e rutenos (ucranianos) e assassinaram cerca de 120 polacos, em sua maioria crianças, mulheres e idosos. Não encontraram reação, porque os soldados do exército polaco estavam se debatendo contra alemães e russos.

Para os organizadores deste dia da memória da tragédia, os atuais ucranianos não devem ser considerados culpados por aquela tragédia, pois inclusive muitos daqueles rutenos (ucranianos da época) ajudaram seus vizinhos polacos a se defenderem dos ataques perpetrados por aquele bando de guerrilheiros. Nesta defesa muitos acabaram morrendo também, assassinados que foram por seus próprios compatriotas.

A voivodia da Volínia foi uma unidade da divisão administrativa do período entre-guerras na Polônia, de 1921 a 1939, além do período da República das Duas Nações Polônia-Lituânia do século 14 a 1795. Sua capital foi Łuck enquanto ainda era a Volínia polaca. Hoje é Lutsk na atual Ucrânia.

Quando polaca, ela era constituída por 11 powiats (munícipios), 22 cidades e 103 distritos rurais (vilas). Em 1921, era habitada por 1.437.569 pessoas e sua densidade populacional era de 47,5 pessoas por km². Embora pouco mais da metade da população fosse de origem rutena, outro tanto era polaca católica, judia e cigana.

Precisamente, 10% eram polacos de origem judaica que viviam apenas nas cidades. Entre os camponeses também existiam algumas pessoas de origem saxônica (atual Alemanha). Os tchecos haviam chegado na região no século 19.

Havia evidentemente os católicos romanos e os ortodoxos do Rito Oriental, assim como haviam judeus e até tártaros de crença islâmica. Em 1939, a população chegou a 2.085.600 e a densidade a 58,4 pessoas por km².

Inicialmente, a área da voivodia era de 30 274 km² (até 1930).

Neste ano, o munícipio de Sarny da voivodia da Podláquia foi anexado à voivodia da Volínia. A área de Sarny era de 5.455 km² e devido a essa mudança, a região aumentou para 35.729 km² (tornando-a a segunda maior da Polônia).

A Volínia, localizava-se na parte sudeste da Polônia, na fronteira Leste com a União Soviética; a Oeste da voivodia de Lublin, a Norte com a voivodia da Podláquia e com as voivodias de Lwów e Tarnopol ao Sul.

A superfície de seu território era em grande parte plano com pequenas colinas. Ao Norte, havia uma faixa plana chamada de Voliana, que se estendia por cerca de 200 quilômetros a partir do rio Bug Ocidental até a fronteira com a União Soviética.

O Sul possuía mais colinas, principalmente no extremo Sudeste, próximo da cidade histórica de Krzemieniec, que está localizada nas montanhas Gologory. Os principais rios eram: o Rio Styr, o Rio Horyn, o Rio Slucz.

A capital Łuck tinha uma população de quase 35.600 habitantes (em 1931). Outras localidades importantes eram: Równe (em 1931 pop. 42.000 hab.), Koweł (pop. 29.100 hab.), Włodzimierz Wolyński (pop. 26.000 hab.), Krzemieniec (pop. 22.000 hab.), Dubno (pop. 15.3000 hab.), Ostróg (pop. 13.400 hab.) e Zdolbunów (pop. 10.200 hab.).

Destas localidades sairam muitos emigrantes que acabaram no Sul do Brasil e, portanto, muitos dos atuais brasileiros são descendentes de polacos e rutenos (atuais ucranianos) que viviam na Volínia polaca.

Mapa da Polônia em 1939 e em vermelho a voivodia polaca da Volínia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa! Já não bastava os nazistas?
Queriam acabar mesmo com os Polacos...Que coisa.

Anônimo disse...

Os rutenos não devem ser confundidos com os ucranianos. Em alguns casos os rutenos são considerados ucranianos, todavia a palavra “ruteno” hoje representa somente um povo do oeste da Ucrânia, mas que também se encontra em outros países, principalmente nos vizinhos como na Polônia e Bielorússia. Tanto é assim que atualmente nos dados oficiais do Escritório Central de Estatísticas da Polônia (o IBGE polonês) a categoria “ruteno” aparece distintamente ao lado das categorias ucraniano, polonês, alemão, hebreu, eslovaco, etc. Conforme os dados oficiais da Polônia em 2002 havia em seu território 12 escolas primárias rutenas e 74 escolas ucranianas. Além disto, os nacionalistas rutenos não se aproveitaram do enfraquecimento da Polônia, pois a luta pelo controle daquele território entre poloneses, russos brancos (tzaristas), russos vermelhos (comunistas), russos verdes (nacionalistas), ucranianos nacionalistas, ucranianos socialistas e outras entidades começou na Primeira Grande Guerra e se perpetuou até a Segunda Guerra. (Obs1: Stalin é georgiano e não russo. Obs2: Stalin entregou aquele território para a Ucrânia, mas deu parte que tomou da Alemanha para os poloneses. Obs3: Durante a PRL as minorias culturais na Polônia, incluindo os rutenos, sofreram uma política de assimilação polonesa que praticamente só terminou com o fim do socialismo.)

Anônimo disse...

_O TERMO RUTENO NÃO EXISTE EM POLONÊS E SIM "RUSYN", O TERMO RUTENO É UMA TRADUÇÃO LIVRE EM IDIOMA LATINO!
_QUANTO AO SARCASMO DO "ANÔNIMO" É LAMENTAVEL (NÃO SABE NADA SOBRE O ASSUNTO E O PIOR NUNCA LEU SOBRE O ASSUNTO E TAMBÉM NÃO BUSCA SE INFORMAR)!
- ESSE TEMA SEMPRE FOI TABU DURANTE OS ANOS DO COMUNISMO (A TAL DOUTRINA AFIRMAVA QUE TODOS OS POVOS ESLAVOS SÃO IRMÃOS), NA MINHA FAMÍLIA O ASSUNTO ERA DEBATIDO (CONTAVA O MEU FALECIDO)PAI), OS UCRANIANOS DA SS GALJCIA ERAM CHAMADOS DE BANDYTA!!