Foto: Ulisses Iarochinski
Primeiro aumentaram o preço da entrada na visita ao castelo. Agora, para visitar a catedral, (com grupo e com bilhete normal), é preciso inscrever seu nome numa lista dos guias. E sem dinheiro sonante para o ingresso não tem conversa. O Wawel está tornando cada vez mais díficil a visita para os turistas. "Senti-me envergonhado quando na semana passada, na entrada da catedral, um estudante de um Liceu francês pediu para colocar seu nome e sobrenome na lista. Sua professora se voltou para mim espantada", disse Agnieszka, uma das guias encarregadas de cuidar dos estrangeiros no Wawel.
A visita na catedral começou a ser cobrada há dois verões. O visitante só não paga para entrar no salão principal, onde se encontra o altar e os sarcófagos de alguns reis e dos santos Estanislau e Edwirges. No restante, só se visita com bilhete na mão, ou seja, para ver as catacumbas com as criptas do demais reis, rainhas, príncipes e heróis da pátria e subir na torre onde está o sino de Zygmunt deve se pagar.
Mas agora há mais uma novidade. Desde janeiro passado, todo o visitante individual tem que colocar seu nome numa lista de grupos organizada pelos guias autorizados. E o pior é que alguns guias informam ao caixa, que cobra os ingressos, que sua lista já está cheia com 40 pessoas, quando na verdade há ainda apenas 30. Mentem para receber mais e ter menos trabalho. Mas se fosse apenas isto, ainda se corrigia com uma reprimenda. Mas a consequência é que há que se esperar pela formação de um novo grupo e assim se formam filas diante da bilheteria. E isto que ainda se está no inverno e o número de turistas é muito menor do que no verão.
O vigário da catedral padre Zdzisław Sochacki não quer comentar esta nova situação. Diz apenas que o mau comportamento dos guias não pode ser comprovado e ele espera que estes estejam sendo honestos quando dizem que a lista de nomes está completa. Mas sobre a exigência da lista de nomes introduzida no último mês, o padre Sochacki tergiversa, prefere continuar sua ladainha dizendo que as professoras normalmente já possuem uma lista com o nome de seus alunos. Ele admite, no entanto, que estão ocorrendo problemas com turistas idosos e aposentados.
O que o vigário e os responsáveis pelo Museu de Wawel não percebem é que estas atitudes e exigências, tais como cobrar ingresso e organizar lista de visitantes, apenas afasta os turistas de um dos locais mais emblemáticos da cidade. Cobrar para subir na torre e ver um sino, ou descer aos porões e ver caixões de defuntos é "enganar o consumidor", pois estas áreas da catedral são desinteressantes. O bonito ali, mesmo, é o sarcófago de prata de São Estanislau e o novo santuário da Santa Edwirges, que continuam grátis para se ver. O sarcófago original da rei Jadwiga (Edwirges, em português, tinha o título de rei e não de rainha) está vazio desde que o Papa João Paulo II a canonizou. Os restos mortais da santa foram então transladados para uma urna e colocados num altar do outro lado da nave principal da igreja.
Outro problema para os turistas no Wawel é que as entradas só podem ser pagas em dinheiro. Não se aceitam mais os cartões de banco e de crédito. Para complicar, na colina de Wawel não existem caixas automáticos de bancos.
Está ocorrendo um número cada vez maior de desistências. Os turistas reclamam, discutem e como não têm solução vão embora sem visitar coisa nenhuma. Colocam suas mantas, arrumam seus gorros e saem dali dizendo nunca mais voltar e propagar ao mundo, que em Cracóvia o vigário cobra ingresso dos turistas para entrar e orar alguns minutos da igreja.
O vigário, por sua vez, depois de tantos incidentes, está prometendo baixar os preços do bilhete de 5 para 4 złotych e permitir que o bilhete familiar de 10 złotych dê direito a visitar todas as áreas da catedral.
Infelizmente, o preço da entrada para visitar o castelo continua alto e vai aumentar mais 2 zł em abril. Agora para visitar do o castelo de Wawel, o turista tem que pagar individualmente 77 zł, ou seja 20 euros.
A verdade é que o turista que esteve na Torre de Londres, nos castelos do Vale do Loire, Castelo da Penha em Portugal e nada pagou, quando chega ao Wawel se depara com um dos museus mais caros da Europa. Nem mesmo o Louvre, ou o Museu do Vaticano são tão caros.
Foto: Ulisses Iarochinski
Para completar, também no mês de janeiro último, o portal turístico internacional trivago.com divulgou uma pesquisa sobre os 10 melhores museus da Europa. Entre estes, os quatro primeiros são o Museu de Cera de Madame Tussaud em Londres, Louvre de Paris, Museu Britânico em Londres, Prado de Madrit. Sobre o Wawel nenhuma referência.
E depois o Departamento de Turismo da prefeitura não consegue entender, porque a bela e cultural Cracóvia perde turistas ano a ano, não entende porque as companhias aéreas de baixo custo não querem mais aterrissar no aeroporto internacional Papa João Paulo II, porque os restaurantes estão fechando, porque os hotéis estão cada vez mais vazios.
Os responsáveis pelo turismo da cidade e aí, não estão apenas os funcionários da prefeitura ou da Voivodia da Małopolska, mas também os donos de restaurantes que não param de aumentar seus preços, dos donos de bares que reajustam o preço da cerveja e da vodca, de alguns grupos xenófobos da cidade que não querem mais a presença dos turistas ingleses de fim de semana, pois argumentam que estes só visitam a cidade para beber e fazer algazarra noturna.
Todos eles juntos não conseguem entender que turista quer ser bem atendido, gastar pouco e sair dizendo para o mundo inteiro, orgulhoso, que visitou um lugar encantador.
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