Os novos edíficios do campus UJ - Foto: Adam Golec
Neste segunda-feira, com o início do segundo semestre acadêmico, cinco mil estudantes passaram a assistir aulas nos novos edifícios do campus da Universidade Iaguielônia, do outro lado do rio Vístula, no bairro de Ruczaj.
As novas instalações substituem os edifícios de mais de 500 anos do centro histórico da cidade.
Porém, em que pese o grande investimento da universidade, os estudantes não têm ônibus para chegar até o local. A municipalidade que organiza o transporte público junto com a empresa MKP-Kraków simplesmente não consegue "pensar e executar" o sistema.
O campus, que vem sendo construído há vários anos, já recebe dois mil estudantes servidos apenas por três linhas de ônibus, a 114, 178 e a 194. A maioria destes estão na Faculdade de Administração e Comunicação Social.
"Queremos que a Uniwersytet Jagielloński esteja sempre no mais alto nível de ensino e por isto devemos dispor de uma base local, didática e científica com padrão europeu. A construção do Campus III é nesse sentido necessário para dar aos estudantes da universidade as melhores condições de aprendizado." explica a porta-voz da universidade Katarzyna Pilitowska.
Depois de algum tempo de construção ficou pronto o Parque da Vida Científica e a Incubadora Empresarial em parceria com as firmas Motorola e Onet. Estão em andamento as construções de outross edifícios, que quando prontos deverão receber mais 15 mil estudantes.
A Prefeitura se defende do problema da falta de ônibus. Jacek Bartlewicz, porta-voz de impresa do Departamento de Administração, Infraestrutura Comunitária e Transportes - ZIKiT da prefeitura da cidade afirma que "Uniwersytet Jagielloński não fez nenhum contato com nosso departamento para avisar que o número de estudantes iria mais que dobrar nesta segunda feira." Mas Katarzyna Pilitowski nega, "Estamos em contato permanente com o Departamento da Prefeitura. Já tinhamos conversado sobre o assunto do transporte e alertado para a chegada de mais 5 mil estudantes no campus".
Piotr Dera, técnico do ZIKiT, afirma não existir problema algum com os novos cinco mil usuários do transporte naquele região. Segundo ele, a empresa MKP contabiliza 50 mil usuários naquelas linhas e a capacidade oferecida é de 129 mil. Portanto, não estão faltando ônibus.
Talvez o técnico da prefeitura até esteja dizendo a verdade, pois em determinados horários as avenidas principais que fazem a ligação do campus com o centro da cidade, como a Grota-Roweckiego e a Kobierzyńska estão completamente engarrafadas com verdadeiros comboios de ônibus sendo formados nos dois sentidos.
Grzegorz Stawowy do Partido do primeiro-ministro Donald Tusk, o PO (Partido da Cidadania) e portanto adversário do prefeito (sem partido) discorda dos especialistas da prefeitura e também parece estar com a razão. Ele diz que, "as pesquisas realizadas pela prefeitura estão completamente fora da realidade. Basta ser usuário para sofrer as consequências da má administração do transporte público da cidade". Para o político o problema começou quando a prefeitura decidiu construir linhas mais rápidas do Tramwaj (Bondes elétricos) nas vias que dão acesso àquela região da cidade, onde está sendo construído o campus da universidade. O projeto sofreu protesto de quase todos os habitantes da cidade, que preferiam que o dinheiro fosse empregado para reconstruir e alargar a rua Nowoobozowa.
Para o ex-reitor da universidade prof. Franciszek Ziejka (e o maior incentivador da construção do campus), entretanto, "a rua Nowoobozowa não resolve o problema do engarrafamento na rua Ruchaj. Há alguns anos a prefeitura se comprometeu a construir um bonde elétrico rápido, mas este ainda não está operando."
Foto: Tomasz Wiech
Mas o grande problema é que o transporte público de Cracóvia, que se utiliza de bondes elétricos e ônibus de todos os tamanhos, é muito mal administrado.
Além desta questão com o campus da universidade, um trajeto que expressa a completa desorientação dos técnicos da prefeitura é a rua Księdza Józefa, que liga os bairros do Salwator e Bielany. A rua é a saída natural da cidade para municípios da região leste, como por exemplo, os munícípios de Balice, onde está o aeroporto internacional de Cracóvia, e Oswięcin, onde está o campo de concentração e exterminação alemão de Auschwitz-Birkenau. Transitam pela rua 12 linhas de ônibus da MKP, além de uma dezena de outros de empresas particulares.
Mas em determinados horários, como entre 11:50 e 13:10 não passa nenhum. è como se fosse intervalo de almoço para os motoristas. Em outros horários, no entanto, formam-se filas nos pontos de ônibus porque 5 transitam no mesmo horário e vazios. Ou seja, este deve ser o mesmo problema dos comboios de ônibus para os lados do Campus da Universidade, não há regularidade nos horários. Uma hora tem muitos, outras hora não tem nenhum.
E é tão simples resolver o problema. Bastaria organizar as partidas e chegadas dos ônibus, por exemplo, um a cada 5 minutos. Mas parece que os técnicos da prefeitura de Cracóvia, que em 2003 não se interessaram em ouvir o que técnicos do IPPUC- Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba estiveram apresentando ao prefeito (que era o mesmo, pois foi reeleito) naquela oportunidade, não entendem nada de planilha de horários. Pior para os moradores e estudantes da cidade.
O IPPUC é autoridade mundial em sistemas de transporte público. Cidades como Bogotá (Colômbia), Brisbane (Austrália), Dubai (Dubai) saíram completamente do caos em que se encontravam quando assinaram contratos com a prefeitura de Curitiba e hoje, tal qual a cidade brasileira são consideradas modelos em transporte público.
Mas Cracóvia, cidade-gêmea de honra de Curitiba, ao que parece, pensa que nesta "irmandade" não tem nada a aprender com a cidade brasileira, já que a capital dos pinheirais foi formada em grande parte por descendente de imigrantes polacos analfabetos do século 19. Deve ser pura presunção elitista cracoviana.
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