Assim como os editores da Cekaw fizeram algumas alterações no texto, também me permiti outras, como por exemplo, Kościelisko, fica em Zakopane e não em Nowy Targ como colocado na publicação da Cekaw. E claro, neste blog, a única palavra permitida é polaco!
Tive a oportunidade de conhecer o Padre Jan Pitoń, logo na minha segunda visita a Polônia, em julho de 2000. Fiquei surpreso de encontrá-lo forte e rijo aos 90 anos de idade, em seu apartamento de Bronowice, em Cracóvia. Quando voltei definitivamente a morar em Cracóvia, em 2002 estreitei as relações e frequentei algumas vezes seu apartamento. Da troca de informações e do reconhecimento pela grande figura que ele sempre foi para a etnia polaca no Brasil, sugeri ao cônsul honorário brasileiro Paweł Swiderski que se tentasse junto à Embaixada Brasileira uma homenagem, ou condecoração a Pitoń. Minha idéia acabou não prosperando. Por isso e não só por isso é que o segundo capítulo da minha tese de doutorado é inteiramente dedicada aos mais de 50 anos de pesquisa sobre os imigrantes polacos e seus descendentes no Brasil feita pelo Padre Pitoń. Uma vez defendida e publicada a minha tese, muitas das informações e conceitos que vêm sendo repetidos erroneamente sobre a imigração polaca no Brasil serão corrigidas, disso não tenho dúvidas, pois a fonte Pitoń é inquestionável e não aberta a polêmica, ou discussão .
PE. JAN PITON, CM
No dia 23 de janeiro de 2006, por um telefonema de Cracóvia, recebemos a notícia do
falecimento do Pe. Jan Pitoń. A sua morte ocorreu às 14:30 h. No dia 3 de fevereiro completaria 97 anos. O sepultamento foi realizado na sua terra natal, em Kościelisko, no dia 28 de janeiro.
O Pe. Jan nasceu aos 3 de fevereiro de 1909, em Kościelisko, Zakopane, arquidiocese de Cracóvia. Filho de Jakób e Bronisława Ustupski Pitoń. Nos anos de 1915 a 1920, frequentou a escola elementar na sua terra natal.
Em seguida, durante um ano, fez a complementação em Zakopane. Em 1921, ingressou no Seminário Menor de Nowa Wieś, em Cracóvia. Foi admitido no Seminário Interno em Kleparz, aos 27 de setembro de 1925, onde fez os estudos de Filosofia. A 10 de novembro de 1927, emitiu os votos perpétuos e prosseguiu os estudos de Teologia, em vista da ordenação, recebendo a Tonsura, as Ordens Menores, o Subdiaconato, Diaconato em Stradom. No dia 10 de setembro de 1933, foi ordenado presbítero pelo Bispo Auxiliar de Cracóvia Dom Stanisław Rospond.
Na paróquia de Kościelisko, celebrou as suas Primícias e desempenhou a função de capelão do Hospital Militar em Kościelisko. Destinado para as missões do Brasil, ali chegou no dia 8 de dezembro de 1933. Recebeu do Vice-Visitador Pe. Ludovico Bronny, a nomeação de vigário paroquial em Alto Paraguaçu, onde teve oportunidade de aprender a língua e acostumar-se a um novo ritmo de vida, principalmente a visita das Comunidades, a lombo do cavalo, passando dias e dias no meio do mato, levando o serviço espiritual para os fiéis, principalmente os seus compatriotas. Durante cinco anos que ali trabalhou, com a sua alegria contagiante e seu entusiasmo, semeou a palavra de Deus e organizou os Movimentos e Associações da Paróquia, Apostolado da Oração, a Cruzada Eucarística, as Filhas de Maria, os Marianos e dar apoio às Sociedades que se organizavam em cada comunidade.
De 1938 a 1942, fez uma nova experiência no meio dos gaúchos em Guarani das Missões, também, vigário paroquial. Foi precisamente nesta época que a Vice-Província iniciou o trabalho vocacional para prover o Seminário Menor aberto em 1939, em Curitiba. Foi um grande incentivador de vocações para a vida sacerdotal e religiosa.
De 1942 a 1948, foi designado para a paróquia de Cristo Rei, em Ivai, como pároco e superior da Casa. Em 1948 foi transferido para lrati, paróquia de S. Miguel, como pároco, onde permaneceu pouco tempo, pois, logo em 1949 foi destinado para Curitiba, na qualidade de professor do Seminário Menor, ecônomo da Casa e Capelão dos Imigrantes polacos. Em 1950 viajou para a Europa, Roma e Suíça, onde permaneceu cerca de três meses, a fim de entrar em contato com as Entidades que se ocupavam de indenizações para as vítimas dos campos de concentração. Ao regressar, foi ajudar temporariamente em Alto Paraguaçu e de 1952 a 1955 foi pároco de Abranches e superior da Casa. Aos 16 de dezembro de 1955, nomeado Capelão dos Polacos no Rio Grande do Sul, dirigiu-se para Porto Alegre, em substituição ao Pe. João Wróbel. Aos 16 de setembro de 1959, recebeu a sua naturalização como cidadão brasileiro. No dia 13 de março de 1962 recebeu a nomeação de Reitor da Missão Católica Polaca no Brasil, da Sacra Congregatio Consistorialis. No dia 10 de agosto do mesmo ano, organizou uma peregrinação de polacos para Roma e Polônia.
Como era uma época ainda crítica e dificuldades com o visto na Polônia, somente 14 pessoas se aventuraram de acompanhar o Pe. Jan. Aproveitou também a ocasião para passar pelos Estados Unidos e entrar em contato com as organizações polacas daquele país. Regressou a Curitiba no dia 17 de janeiro de 1963. Designado para pároco de Abranches. No entanto o Sr. Arcebispo não concordou, pois, devido às suas inúmeras viagens como Reitor da Missão Polaca, não conseguiria dar atendimento adequado na paróquia.
Por isso, ficou apenas como substituto por alguns meses e no dia 27 de fevereiro de 1963 foi nomeado Pároco dos Imigrantes Polacos em Curitiba, junto à Igreja de São Vicente de Paulo, sem deixar naturalmente a sua função principal de Reitor da Missão Polaca. Por ocasião do Milênio do Cristianismo na Polônia, organizou uma peregrinação à Polônia com um grupo maior de pessoas e no dia 9 de abril de 1966, via marítima, dirigiu-se para Roma e em seguida, de trem até Polônia.
Em 1972, terminou o seu mandato de 10 anos de Reitor da Missão Polaca e também da Província, pois esta atividade passou para a Sociedade de Cristo, fundada precisamente para trabalhar com os emigrantes polacos em todas as partes do mundo. Pe. Pitoń continuou residindo na Casa Central e dedicou todo o tempo para organizar o Arquivo dos Imigrantes Polacos do Brasil. As suas pesquisas sobre a imigração polaca no Brasil, resultaram em profundos trabalhos cujas cópias se encontram no Arquivo da Província.
Em 1974, após entendimento com os Superiores das duas Províncias, da Polônia e de Curitiba, resolveu voltar definitivamente para Polônia. E na paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, em Cracóvia, a sua sobrinha, professora de matemática na universidade, possuía um apartamento, onde permaneceu todo o resto de sua vida, dedicando-se sempre às pesquisas. Antes de decair completamente em sua enfermidade, entregou os seus trabalhos de pesquisas estudos e anotações (diversos cadernos escritos a mão) para a Universidade Iaguielônia de Cracóvia. Os quatro últimos anos, estava enfermo, muito esquecido, repetindo quase sempre a mesma coisa, e nem sempre reconhecendo as pessoas que o visitavam.
Talentos
O Pe. Pitoń era uma pessoa de muitos talentos que soube colocar a serviço da Igreja e da Pátria. Trabalhador incansável, tanto na sua juventude, como também na sua velhice. Como Padre novo, por onde passava, encantava a juventude, com o seu sorriso, sua alegria, sua amizade e palavras de conforto. Muito estimado pelo povo em geral, mas principalmente muito admirado pela juventude e ele também sempre apoiou os jovens. A criançada gostava do Pe. Joãozinho, pois ele sabia brincar com elas, contar histórias, organizar passeios, e sobretudo distribuir balas e santinhos.
A sua grande preocupação com o futuro dos jovens, o levou a organizar bibliotecas nas paróquias e fazer que os livros circulassem de casa em casa, para aprofundar os conhecimentos religiosos e pátrios. Além de fomentar a leitura, organizava teatros com os jovens e crianças, para instruí-las nos conhecimentos religiosos e sociais.
Estando nas paróquias do interior, interessou-se muito pelas borboletas e insetos. Teve a paciência, a competência e a perseverança, para montar, durante anos, verdadeiras coleções de borboletas e insetos. Uma coleção destinou para o Museu Nacional de Varsóvia, outra para o Museu Missionário da Congregação em Stradom e a terceira para a Vice-Província. Infelizmente, pouco valorizado o seu trabalho, fruto de tantos anos, caiu no esquecimento e abandono geral. No museu da Casa Central, ainda pode-se ver algumas borboletas e insetos, colocados em estojos.
Durante a II Guerra Mundial, colaborou efetiva e ativamente com o Comitê de Ajuda de Janeiro. Para o início da montagem do arquivo dos imigrantes polacos do Brasil, participou de um curso de seis meses, em Curitiba, em 1960, obtendo o certificado de conclusão do Curso de Biblioteconomia. A vida inteira interessou-se pela sorte dos imigrantes e a história da imigração. Mas principalmente como Vigário dos Polacos segundo "Exsul Familia" e como Reitor da Missão Católica Polaca no Brasil, dedicou-se de corpo e alma para a história dos Imigrantes, deixando muitos trabalhos, estudos feitos sobre pesquisas, artigos publicados no Brasil, na Polônia, etc. Pode-se dizer que ele foi um dos maiores conhecedores da imigração polaca no Brasil. Conhecendo o desleixo, o desinteresse e o desprezo da maioria dos padres nas paróquias com as coisas antigas, Pe. Pitoń não se deu escrúpulo em recolher tudo o que podia, anotações, às Vítimas da Polônia e também com a Cruz Vermelha, que comprovam os documentos nos arquivos de Curitiba. Após a Guerra, a sua preocupação e ocupação como padre vicentino e Capelão, Vigário e Reitor, foi com os imigrantes refugiados de sua Pátria e por causa do comunismo ali reinante não queriam voltar. Correspondência farta encontramos, com os responsáveis pelas Pessoas Deslocadas de Guerra, indo pessoalmente a Genebra e Roma, por três vezes (1960, 1962 e 1966), para defender os interesses dos que passaram nos campos de concentração, ou nos trabalhados forçados, e movendo processos judiciais, a fim de obter indenização para os mesmos. São tantas famílias de imigrantes que foram beneficiadas e indenizadas, graças ao seu esforço pessoal e à sua atitude viril para enfrentar os desafios diante dos que retardavam ou desviavam ou engavetavam simplesmente os pedidos das vítimas de guerra. Interessado em atender melhor a pastoral dos imigrantes, participou em 1953, da Semana Social em Passo Fundo-RS e do Encontro Internacional sobre a Imigração, em 1955, no Rio calendários, atas das Sociedades, Estatutos das Escolas e Sociedades Agrícolas ou Beneficentes o que constitui um acervo de grande valia no Arquivo da Congregação. Juntamente com o Pe. Wojciech Sojka, foi recolhendo documentos relativos aos sacerdotes polacos trabalhando no Brasil, bem como sobre as Religiosas Polacos das diversas Congregações que se instalaram no Brasil. Como membro da Congregação, Pe. Pítoń trabalhou anos para produzir "Efemérides da Província", inspirando-se nas "Ephémérides Vincenciennes" e "Memorie di Famiglia".
Tudo o que existe no Arquivo da Congregação (CMPS) é fruto do seu labor intenso e sua disponibilidade de trabalho. Infelizmente, nem sempre foi bem compreendido pelos seus Superiores e coirmãos, tanto na Província-Mãe como na Província de Curitiba, à qual pertencia até o final de sua vida, apesar de residir na Polônia desde 1974. Como todos, ele entrou na eternidade, mas a sua obra permanece e continua sendo fonte de pesquisas para os historiadores e pessoas interessadas.
Pe. Lourenço Biernaski, CM.* loubier@onda.com.br Curitiba/PR
3 comentários:
Pitón era de 03 de fevereiro e eu sou de06 de fevereiro, sim, compartilhamos o mesmo signo e sei que este homem sofreu por causas justas poisé um traço que herdamos de nossa casa astral, sofrer pela justiça, ajudar o máximo de pessoas e fazer o que Jesus nos pede: "Se álguém lhe pedir para carregar seu fardo por 1km então carrega 2km" Jesus.
Pitón carregou o "mundo' nas costas e o Super-Surek não vai fazer diferente !
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Talentos
O Pe. Pitoń era uma pessoa de muitos talentos que soube colocar a serviço da Igreja e da Pátria. Trabalhador incansável, tanto na sua juventude, como também na sua velhice. Como Padre novo, por onde passava, encantava a juventude, com o seu sorriso, sua alegria, sua amizade e palavras de conforto. Muito estimado pelo povo em geral, mas principalmente muito admirado pela juventude e ele também sempre apoiou os jovens. A criançada gostava do Pe. Joãozinho, pois ele sabia brincar com elas, contar histórias, organizar passeios, e sobretudo distribuir balas e santinhos.
OBS: ESTAS SÃO QUALIDADES ABSOLUTAMENTES AQUARIANAS, OU SEJA, AQUARIANOS NASCEM PARA SERVIR A DEUS !!!!!
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"Infelizmente, nem sempre foi bem compreendido pelos seus Superiores e coirmãos, tanto na Província-Mãe como na Província de Curitiba,..."
OBS: NÓS AQUARIANOS SABEMOS O POR QUE DA INCOMPREENSÃO. QUEREM SABER? ENTÃO PERGUNTE A UM AQUARIANO (PITÓN... VOCÊ ESTA NO CÉU!)
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