sexta-feira, 30 de julho de 2010

O díluvio polaco


Embora a Polônia e Lituânia tenham escapado da devastação da Guerra dos Trinta Anos, que terminou em 1648, as duas décadas seguintes foram terríveis para a República das Duas Nações. Esse período ficou conhecido na história da Polônia como Potop (traduzindo: Dilúvio).
Época revelada séculos mais tarde em livros marcados por lendas, romances populares e históricos. O escritor polaco Henryk Sienkiewicz (1846-1916), perpetuou aquele momento em seu livro Potop, escrevendo magistralmente a magnitude dos desastres. O resultado de seu trabalho e de sua trilogia, Sienkiewicz foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura.
Os incidentes começaram com uma revolta dos cossacos - povo de origem eslava e genéticamente originário das tribos antigas de Turan, dos Escitas (Kos-Saka ó Ka-Saka) e dos eslavos maeotae-jázaros de Azov, possuindo ainda alguma mistura com os asos-alanos, tanaisos e que a partir do século X possuiam em sua comunidade russos, rutenos (atuais ucranianos), cazaquis e até polacos - que viviam no extremo Oriente do território da República Polaca-Lituana e que persistiram, apesar dos esforços de Varsóvia para dominar os revoltosos pelo uso da força. Após os rebeldes serem vencidos por Moscou, o Tzar Aleksei conquistou a maior parte da metade oriental da República, em 1655. Aproveitando-se da preocupação da Polônia, Carlos X, da Suécia invadiu rapidamente a maior parte do restante território das Duas Nações. Empurradas à completa dissolução, Polônia e Lituânia, reuniram-se para recuperar a maior parte de suas perdas para os suecos.
A brutalidade sueca levantou o povo de forma generalizada contra Carlos X, a quem os magnatas polacos tinham reconhecido como governante. Entretanto. com Sztefan Czarniecki, os polacos e lituanos expulsaram os suecos do seu território por volta de 1657. Envolvida em situações ainda mais complicadas pelo divisão entre magnatas, a guerra contra os turcos otomanos, que iriam sitiar Viena e a Guerra dos Teze Anos, a República perderia o controle da região mais ao Leste de seu território, onde viviam os cossacos e os rutenos. Em que pese, Moscou ter sido derrotado por uma nova aliança polaco-rutena em 1662, os moscovitas e a futura Rússia ganharam aquele território oriental através de um tratado de paz.
Apesar de improvável, a sobrevivência daquela que é a primeira República pós-idade média, um dos casos mais dramáticos dos polacos com esse "dom para prevalecer na adversidade", e que causou danos irreparáveis, o Dilúvio contribuiu fortemente para o fim do Estado Polaco-Lituano. Quando Jan Kaziemierz II abdicou em 1668, a população da comunidade binacional tinha sido reduzida quase pela metade devido às guerras e doenças. As guerras destruiram a base econômica das cidades e levantou um fervor religioso que terminou com política de tolerância religiosa da Polônia.
Desde então, a República esteve sempre na defensiva estratégica frente a seus vizinhos hostis. Nunca mais a Polônia conseguiria competir com a Rússia em igualdade militar.

2 comentários:

Jest nas Wielu disse...

/os cossacos, povo aparentado dos rutenos (atuais ucranianos)/

Os cossacos ucranianos (Kozacy rejestrowi) é um grupo de pessoas reunidas em comunidades militares (pode ser vistos como uma casta dos guerreiros), maioritariamente de origem ucraniana (embora os cossacos aceitavam as pessoas de outras nacionalidades, caso dos sérvios, monte – negrinos, etc):
http://en.wikipedia.org/wiki/Registered_Cossacks
http://en.wikipedia.org/wiki/Cossacks

Lucas Janusckiewicz Coletta disse...

Estou lendo o diário de Santa Faustina Kowalska e chego a conclusão que se os polacos (e isso vale para os brasileiros), respeitassem a lei de Deus, jamais aconteceriam os "diluvios" que sucedem conosco, pois o diabo não dá o que promete. Se os polacos seguissem o exemplo de seus santos reis como São Casimiro e Santa Edwirges, ou os padres e freiras seguissem o exemplo de Santa Faustina e São Maximiliano Maria Kolbe, viveriamos o paraiso na terra e não o inferno.