sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ciganos polacos discriminados

Foto: Wojciech Kardas
Alguns restaurantes populares e discotecas no centro da cidade de Poznań não permitem a entrada de ciganos. Quando um deles se esgueira, entra em ação um segurança. Embora a discriminação ostensiva seja proibida pela Constituição, a polícia rejeita uma queixa formal. Cenas de discriminação se repetem. Semanas atrás na Discoteca Cuba Libre, seguranças aproximaram-se da mesa onde quatro homens estavam sentados:
- "Quais são as nacionalidades dos senhores?"
Bem-vestido, um dos homens, aparentando de 35 anos de idade responde francamente:
- "Eu sou um cigano."
Um dos seguranças então ordenda:
- "Ciganos... vocês devem sair. Mas os senhores polacos podem ficar."
O desconvidado de 35 anos de idade, de nome Adam, motorista de profissão, acompanhado pelos seguranças deixa o estabelecimento. Antes de sair forçado ainda pergunta:
- "Este é um bar apenas para os polacos?" Em resposta, ele ouve a explicação de que o gerente não admite a entrada de ciganos.
O relato foi feito para a reportagem do jornal Gazeta Wyborcza. A reação do jornalista foi:
- "Foi difícil para nós acreditar na história do Adam. Mas por via das dúvidas resolvemos fazer uma prova: fomos à mesma discoteca, juntamente com vários ciganos uma semana depois. O segurança nos deteve na entrada. Isto pode ser comprovado pela gravação com câmeras escondidas":

Ciganos não sao bem vindos

A proprietária do Cuba Libre, Klaudia Lopez afirmou sem hesitação que os ciganos são barrados.
- "Não só eu introduzi essa proibição. Grupos de ciganos são um inferno. Além de sujos, a mesa ocupada por eles, depois da sua saída parece saiu de um terremoto."
Nem todos os donos de restaurantes se utilizam de seguranças para retirar convidados indesejados. O gerente do popular Piano Bar, Maciej Kurzawa declara:
- "Nós nos recusamos silenciosamente os ciganos. Dizemos, por exemplo, que todas as mesas já estão reservadas."
Desconvidado do Cuba Libre, Adam queixou-se à uma Organização Cigana. E o relato acabou na polícia. A polícia, contudo, explicou que não havia motivos para iniciar uma investigação.
O cigano buscou então Patrick Pawelczak, defensou público da Voivodia da Wielkopolska (Grande Polônia). A questão foi levada ao Ministério do Interior, onde trabalha uma equipe sobre o Racismo e Xenofobia. Małgorzata Woźniak do Ministério disse que, "Vamos enviar mediadores para um diálogo iniciado entre a comunidade cigana e os proprietários de lojas.
Por sua vez, a Fundação de Helsínque para os Direitos Humanos declarou que irá ajudar a preparar um processo contra os donos de restaurantes e discotecas na região da Wielkopolska por discriminarem os ciganos.
Dorota Pudzianowska da Helsinque disse que os ciganos têm o direito de exigir indenização. Ouvido pelo jornal Gazeta, Roman Kwiatkowski, co-fundador da Associação Cigana da Polônia, disse que "Neste país, não há um dia que não aconteça violência contra um cigano. Wrocław e Lublin nos recusam entrada nas lojas. Em Bytom ocorreram ataques brutais contra ciganos. Perturba-me que essas coisas aconteçam também em Poznań, pois lá residem ciganos de sucesso. Por gerações, vivemos na Polônia. Infelizmente, há hoje na Europa mais minorias ciganas discriminadas. Nossa situação começa a assemelhar-se à condição dos judeus antes da Segunda Guerra Mundial."

O motorista cigano Adam  - Foto: Piotr Skórnicki
Klaudia Lopes, de origem cubana, nascida na Polônia diz que não é racista. "Com a gente trabalham pessoas do Chile, Tunisia e Inglaterra. Nosso restaurante é famoso pelo fato de que é seguro, divertido, colorido. Para alguns, até mesmo a cor da pele, porque às vezes nossos clientes escuros cheiram mal, o que significa que há muitos negros no local. Os ciganos também nos perguntam - Klaudia, você nos espulsará daqui? - Mas eu digo: Não!"
Klaudia trabalha no setor há 15 anos, foi garçonete, e diz que desde aquele tempo, o gerente daquele estabelimento não permitia a entrada de ciganos. Por que, segundo ela, os ciganos sempre faziam arruaças no local.

Um comentário:

Szarmach disse...

Pessoas, de forma geral, generalizam e não é de agora. Acho que é uma condição humana generalizar.
Falar que ciganos são sujos dá a entender que todo cigano é assim. Da mesma forma, há os que acreditam que todos os portugueses são burros, que todos os espanhóis, que todos os negros são indolentes, que todos os alemães são nazistas, que todo judeu só pensa em dinheiro, que todo brasileiro é simpático e caloroso e por aí vai... As realidades são outras e cada ser humano carrega um mundo próprio dentro de si.
Definitivamente, o ser humano é inviável.