segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O pierogi polaco foi levado aos eslavos

Pierogi com cogumelos "borowników" com molho de cebola frita e nata salgada
O termo polaco PIEROGI (pronuncia-se piérógui) é plural, enquanto PIERÓG (pronuncia-se piérug) é singular.
Na República Tcheca e na Eslováquia são chamados de Pirohy (plural) e Piroh (singular).
Na Alemanha, ele é conhecido como Pirogge no singular e Piroggen no plural, embora, por vezes, o nome polaco Pierogi é também usado.
Nos demais países eslavos, eles são chamados de: kalduny (Bielorrússia), pirukad (Estônia), koldūnai (Lituânia), perohe e vareniki (Ucrânia), vareniki e pelmeni (Rússia).
Em algumas línguas do Leste Europeu, as variantes deste prato são conhecidos por nomes derivados da raiz da palavra "ferver" (em russo: варить, varit ', ucraniano: варити, varyty.

Há semelhança com o italiano ravioli, culurgiones, tortelli, tortelloni e tortellini, com o alemão Maultaschen e Bierock, e para os judeus Ashkenazi ele é o kreplach.
Na Turquia, Transcaucásia e Ásia Central são conhecidos como manti ou mantu, khinkali ou chuchvara.
No leste da Ásia,  temos o jiaozi chinês, o coreano mandu, o japonês gyoza, o buuz mongol, e no Nepal e Tibete como momo.
Na Índia, algo semelhante ao pierogi é conhecido pelo nome de "Ghooghra" (ou Ghugra) no Estado de Gujarat, "Karanji" no Estado de Maharashtra, e "Gujiya" em muitos lugares do Norte da Índia.
Ghooghra, ou pierogi indiano
Originários da Europa Central e do Leste, eles têm formato normalmente semicircular, mas em algumas culturas podem ser retangulares ou triangulares.
São feitos com massa de farinha de trigo, sendo primeiro cozidos e então assados ou fritos, normalmente na manteiga com cebolas. Tradicionalmente são recheados com batata e ricota, repolho azedo, carne moída, queijo ou frutas. Podem ser doces, salgados e até mesmo apimentados, isto, na culinária polaca, onde é considerado o Prato Nacional da Polônia.
Os pierogi doces são comumente servido com creme de leite e o salgado é servido com molho de cebolas picadas, fritas na manteiga, ou molho com pedaços de bacon fritos.

Pieróg era tradicionalmente uma comida da zona rural, mas tornou-se popular em todas as classes sociais. Eles são servidos em diversas festas, ocupando importante papel como prato cultural.

Tanto a iguaria como a palavra Pierogi, segundo alguns etimologistas, teriam origem tártara, ou seja, mongol.
A palavra “pierogi” seria derivada de Pier, que segundo estes mesmos estudiosos seria uma palavra tártara.
Segundo Andrzej Bankowski a palavra teria origem em dialetos urálicos do termot Piirag. Outra hipótese seria originário do antigo eslavo eclesiástico PIRU.
Já o etimologista polaco Aleksander Bruckner (nasceu em Brzeżany - 1856/1939) Pieróg tem origem na palavra pré-eslava PI acrescida de R... Assim como o PI de PIĆ (beber)... ou como PIEC (forno) ou PIEKŁO (inferno), ou seja, ele é um bolinho de trigo recheado que é levado ao fogo.
Por isso, sabe-se que antigamente os Pierogi eram assados no forno e só mais tarde cozidos em água fervente (verbo Gotować) e foi assim com este verbo, que foi acrescido o sufixo G  (de ferver em polaco) a PIER.
Já em idioma russo, ferver é Вареники ou varenik. Já os rutenos (atuais ucranianos) denominaram a iguaria como Perohe (pronuncia-se perórrê) e Vareniki. Também os polacos-judeus se utilizaram do vocábulo vareniki quando falavam em iidiche.



Em 1410, na Batalha de Grunwald, a Polônia conseguiu apoio dos tártaros  e de outras etnias que viviam no reino da Polônia e expulsaram os saxônicos, ou teutônicos, que naquele época, ainda não eram chamados de alemães.
Daí o porquê, alguns acreditarem que foram os tártaros que trouxeram para a Polônia, o Pieróg. Além do que, em tempos de guerra era algo muito simples de fazer e também porque eram os únicos ingredientes disponíveis em tempos de escassez.
Com a expansão do Reino Polaco e em seguida com a República das Duas Nações Polônia-Lituânia, o Pierogi foi levado a outras etnias eslavas e também não eslavas do Centro e Leste da Europa.
Mas contrariando esta versão tártara, muito recentemente, arqueólogos chineses encontraram em escavações o que se confirmou ser a farinha de trigo e o macarrão, produtos levados a China à milhares de anos por nômades eslavos, procedentes de regiões que se encontram atualmente em território da Polônia. Contrariando a tese de que o macarrão, o ravioli trazidos à Veneza por Marco Polo, foram uma invenção chinesa, aprimorada pelos italianos e polacos.

Pierogi doce de morango com molho de nata e açúcar de confeiteiro
Na festa mais importante do calendário religioso, os polacos tradicionalmente servem dois tipos de Pieróg na ceia de Natal.
Um deles é servido com kapusta kiszona (repolho azedo) e cogumelos secos, e outro, em formato menor, recheado apenas com cogumelos secos é servido junto com o consomê de beterraba, o famoso Barszcz Czerwony.
O Festival do Pierogi de 2007 em Cracóvia bateu um recorde na cidade quando foram consumidos mais de 30.000 pierogi diariamente.
Pierogi é provavelmente o único prato polaco que tem o seu próprio Santo patrono. "Święty Jacek z pierogami!", (São Jacinto e o seu pierogi!) é uma antiga expressão de surpresa, com alguma similaridade ao "Nossa senhora!" ou "Santo Deus!".

Jacek Odrowąż nasceu em Kamień Śląskiej em 1183 e faleceu em 15 de agosto de 1257 em Cracóvia. Como padre dominicano foi um missionário polaco tornado Santo pelo Papa ClementeVIII, em 17 de abril de 1594. É cultuado na Bazylika Trójcy Świętej, na Plac Wszystkich Świętych, em Cracóvia.
Segundo os autores Helena Szymanderska, Andrzej Stojowski e Izabela Kaczyńska, Święty Jacek (São Jacinto) em seu trabalho pastoral percorreu terras da Polônia e da Rússia. 
Ele foi abade em Kiev, onde ele costuma preparar na véspera de Natal os famosos pierogi polacos e distribuí-los aos fiéis rutenos (atuais ucranianos). 

Um comentário:

nerybudzinski disse...

Não importa o nome que se dê a essa iguaria,quem é polaco sabe do que vc, Ulisses, está falando. Uma delícia tão comum nas colônias do sul do Brasil, na região de São Mateus do Sul, era feita e foi ensinada pelos nossos avós polacos. Até hoje faz parte dos melhores cardápios e não há quem não goste!