Mapa da República Polônia-Lituânia de 1619, onde se vê que a Crimeia era um Canato Turco |
Podem até ter havido manifestantes neonazistas em Kiev...Mas a questão é muito mais antiga...a Crimeia era grega e foi ocupada por mongóis (tártaros). Nunca na história aquele povo foi russo... Nem antes, nem agora! O que houve foi ocupação e deslocamento de russos para terras invadidas, imposição do idioma russo sob pena de morte, e agora farta distribuição de passaportes russos a cidadãos de outras nacionalidades e países com o pretexto para proteção de "seus cidadãos".
Quando os russos de Romanov invadiram a Crimeia também invadiram a Polônia em 1793. Não existia Ucrânia (criada em 1922 pelos soviéticos em resposta a derrota na Guerra Polaco-Russa de 1920).
O povo da nova República Soviética era ruteno (assim eram chamados os ucranianos), que viviam em terras da Polônia desde a queda do Principado Kievano (criado pelos Vikings em terras da Europa Central) e que nesse período ganharam um território, um estado e um nome para seu país: Ucrânia.
Por que Catarina a Grande, prima do Rei eleito da Polônia August Poniatowski, invadiu a Polônia???
Porque os polacos vinham dando mau exemplo aos reinos hereditários da Europa desde 1453, quando junto com a Lituânia, criaram a República das duas Nações, com um congresso estabelecido e eleições para rei...a hereditariedade de uma única família caiu por terra.
Por que Catarina a Grande, junto com Austria e Prússia invadiu a Polônia em 1793?
Porque a República polaca (seguida pelos EUA de 1776 e França de 1792) ousou estabelecer uma Constituição, a de 3 de maio de 1791 numa Europa de Reinos totalitários, ungidos pela Igreja Católica Romana.
Por que Catarina a Grande invadiu a Polônia e a Crimeia no século 17?
Porque nem todos os congressistas polacos concordavam com os destinos da República com a queda do "Liberum Veto" da Constituição de 3 de maio, e se conflagraram contra o próprio país e se aliaram aos três invasores, na conhecida Confederação de Bar (cidade hoje na Ucrânia e fundada pela rainha da Polônia, Bona Sforza (do Reino de Bari, atualmente cidade italiana).
Quando, em 1918, a Polônia recupera seu Estado (apagado do mapa por russos, austríacos e alemães), na Rússia havia acontecido a revolução Bolcheviki em 1917.
Os comunistas estabelecidos no poder não quiseram perder as terras invadidas por Romanov em 1793...E invadiram novamente a Polônia em 1920.
Só que levaram mais uma surra dos polacos, como havia acontecido em 1612, quando o rei polaco Władysław entrou vitorioso no Principado de Moscou (não existia a Rússia até então).
Como consequência, os moscovitas após alguns anos conseguiram criar o reino da Rússia, o que só foi possível, com o desleixo de Varsóvia para com terras tão distantes.
Mas o pior de tudo isso foi o ódio eterno que os russos passaram a nutrir pelos polacos.
Assim, a questão dos passaportes russos dados por Putin, aos chechenos, aos georgianos da Ossetia do Norte, da Ossetia do Sul, da Abicassia e agora, aos ucranianos de fala russa da Crimeia....Não tem absolutamente nada a ver com esse discurso comunista do PCB e do PCdoB sobre a questão...
O que deseja o ex-chefe da KGB é reconstruir a Grande Rússia dos Romanov, a Rússia da União Soviética, esta derrubada por uns eletricistas e mineiros polacos das cidades de Gdansk e Katowice....
Coisas como fornecimento de gás russo a Itália, Alemanha, França são muitos factuais diante de uma história de agressões mútuas entre Polônia e Rússia.
E na questão Ocidente X Oriente...
o Ocidente está ainda em grande dívida com a Polônia....pois ao abandoná-la aos facismo stalinista (esse regime nunca foi de esquerda) deu dinheiro para reconstruir a Alemanha nazista através do Plano Marshal...deu dinheiro aos agressores e abandonou as vítimas polacas da segunda guerra mundial...
As questões da antiga Iugoslávia (Eslavos do Sul) República Soviética criada no decorrer dos acontecimentos pós primeira guerra mundial, e seu desmantelamento pós a queda da União Soviética...
também tem a ver apenas com os ideais de Pan-eslavismo imaginados tanto por polacos quanto por Russos, tanto por Pilsudski quanto por Lenin.
E portanto, a questão no momento, vivida pela Ucrânia e Crimeia, passa ao largo de comunistas x nazistas, direita x esquerda....quem não percebe isso e tenta explicações sob o viés de cada uma das visões incorre em erro histórico.
3 comentários:
Senhor Ulisses Jaroszynski , respeito sua opinião (reconheço em vossa pessoa inestimáveis serviços para a etnia polaca, para a POLÔNIA e para o mundo polono-brasileiro), mas não concordo com muitas de suas opiniões e pontos de vista históricos sobre a Ucrânia e a Criméia.
Sobre a Criméia como a população russa chegou - lá concordamos, através da expulsão dos tártaro-turcos acusados de colaborarem com o invasores nazistas durante a II Guerra Mundial, (interpretação russo-soviética) e como a Criméia se tornou ucraniana, através de um presente de CHRUSZCZEW (ucraniano comunista, líder do Politiburo e comparsa de Stalin durante os expurgos ) em 1954, agora “azar” da Ucrânia que nunca conseguiu convencer esses russos em virarem “ ucranianos”.
A invasão russa da Criméia é um crime internacional, mas dificilmente serão tomadas atitudes drásticas contra a Rússia (potência nuclear, que faz parte do Conselho de segurança da ONU e do grupo dos Oito e também dos BRICS e como você citou o GÁS é muito importante). A desculpa russa para sua invasão é a utilização do caso de KOSSOVO 1999 (região da antiga IUGOSLÁVIA), famoso Campo dos Melros em serbio-croata, local onde nasceu a Sérvia, várias igrejas e mosteiros ortodoxos, também a região de uma grande batalha medieval entre os eslavo-sérvios e os invasores turco-muçulmanos (vitória desses últimos). Apesar de tudo isso a maioria da população era albanesa (povo Trácio-Ilirio muçulmanizado), historicamente o território deveria ser Sérvio, mas a OTAN, União Européia e os EUA exigiram a independência de Kossovo (hoje uma republiqueta albanesa dos Bálcãs), Isso ocorreu porque a Rússia era aliada da Sérvia e o resquício da Guerra Fria.
Bom, agora vamos para a verdade o prof. Alexandre Duguin e a Nova Ordem Mundial , é um ideólogo e um líder, o condutor de um movimento político mundial apoiado e subsidiado pelo governo russo. O objetivo desse movimento é declaradamente destruir a aliança EUA-Inglaterra-Israel e impor o domínio russo a todo o planeta, sob as vestes de um hipotético e simbólico “Império Eurasiano”. Na visão russa o rio Bug é fronteira entre o Império eurasiano e o seu vizinho (inimigo do Oeste), a questão da Ucrânia está clara ou ela é russa ou ocidental (mas eu duvido que os países ocidentais mexam uma palha pelos ucranianos, mesmo o que ocorreu em 1943/44/45 com a Polônia em Teerã e o Levante de Varsóvia e o Comitê de Lublin, o problema da Ucrânia é o mesmo que o México (tão longe de Deus e tão próximo do Inferno).
Na verdade é um confronto entre Globalistas e Eurasianos!
Obrigado pelo seu Blog !
Sim houve manifestantes fascistas e com idéias nazistas (bandeiras do UPA e do OUN em Maidan, eu assisti na BBC entrevistas de polaco-ucranianos (nome de um era Evgeni Karas), os que sobraram e ou os que ainda tem coragem de se proclamarem como poloneses , afirmando discursos racistas contra poloneses, judeus e russos, como se todos fossem culpados do fracasso econômico da Ucrânia nos últimos 23 anos. Também de triste memória para os milhões de poloneses que habitavam as antigas terras do Kresy/ Fronteira , para ser mais exato, antes de 1939 na Volhynia habitavam 350 000 poloneses, na Galícia Oriental habitavam 1 500 000 de poloneses e na Ucrânia Soviética mais de 650 000 poloneses, hoje nessas mesmas terras habitam uns 150 000 poloneses segundo o Censo Ucraniano de 2011, nós sabemos como chegou-se a esse número e não foi graças aos comunistas de Moscou (vide as outras Repúblicas Soviéticas da Lituânia e Bielo-Rússia e Letônia que mantiveram seus polacos, perto de 1 milhão de indivíduos ).
Sobre o nacionalismo ucraniano vários historiadores (Thymoti Snyder, Wiktor Poliszczuk e etc) já o dissecaram sua origem não é a mesma do nacionalismo polonês do final do século XVIII e começo do século XIX (fortemente influenciado pelo romantismo, iluminismo, socialismo–democrático e positivismo), sua origem relaciona-se com o fascismo italiano e depois com o nazismo, é um nacionalismo racista e xenófobo, líderes do SWOBODA (herdeiros do UPA e OUN) de LWÓW e KIJÓW exigem novas fronteiras da Polônia (querem Chelm, Przemysl, Rzeszów , regiões etnicamente polacas ) e proibir escolas de minorias étnicas e proibir o russo (falado por mais de 25 milhões de ucranianos e russos).
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