Foto: Filmakoteka Narodowa Polski |
O carroção polaco visto no filme de 1933, "POLACOS NAS FLORESTAS DO BRASIL", recuperado pela FINA-Filmakoteka Narodowa da Polônia é uma contribuição da etnia polaca ao Brasil.
Antes dos polacos chegarem no Espírito Santo, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, o meio de transporte usado por portugueses, alemães e outras etnias...era o carro de boi.
O polaco da Colônia Murici, em São José dos Pinhais, construiu rodas com raios (como a das bicicletas) e usou tábuas para fazer a carroça.
Os carros de boi eram de madeira maciça e as rodas eram rodelas do próprio tronco...tudo muito pesado. Para puxar só mesmo touros.
Mas o polaco com um carroção leve pode trocar os bois pesados e lentos, por cavalos mais leves e ágeis.
Carroções polacos no Sul do Paraná. Foto: Arquivo Ulisses Iarochinski |
O Visconde de Taunay viajando pelo interior do Paraná notou carroções tão diferentes do resto do país. Segundo o nobre brasileiro este transporte típico era o "único meio de locomoção dos Campos Gerais" e que "esses imensos carroções" faziam "todo o movimento comercial do interior para Curitiba".
"A existência, frequente e numerosa dessa carroça no Sul do Brasil, constituindo uma das suas notas mais características, leva o observador menos avisado a supor que a mesma seja originária dessa região. Ela, porém, veio de outras terras, longínquas e bem diferentes, trazida pelo estrangeiro imigrante. Seu país de origem eram as estepes europeias da Polônia ocupada pelos russos, trouxeram-na os colonos polacos e rutenos, no último quartel do século XIX". (Revista Geografia. 1942, p. 161)
Para aumentar a carga transportada, o polaco da Araucária colocou toldo de pano e Curitiba começou a ver nas suas estradas e ruas os carroções polacos.
O toldo só era colocado quando a mercadoria exigia ser abrigada. A parte da frente, às vezes se prolongava até a altura dos primeiros animais e era chamada de "tapão" e servia para proteger da chuva, não só a caga, mas principalmente o condutor.
E assim, o polaco podia fazer 14 viagens por dia da colônia Tomás Coelho até as fábricas da Mate Leão e Mate Real (dos Fontanas) nas proximidades da Vila Capanema (perto da Rodoferroviária) com o que tinha colhido de erva-mate nos seus lotes coloniais.
O caboclo, vizinho do polaco, que fazia uma viagem por dia, com duas cangas no lombo de um jumento...ficou indignado!
"Aquela polacada está tirando o nosso ganha pão... Estão vendendo mais erva-mate do que nóis".
E então os caboclos da Araucária começaram a raptar os filhos dos imigrantes polacos, para segundo eles, forçar os polacos a parar de transportar erva com aqueles carroções "dos infernos".
P.S. Mas isso é outra história....até encontrar provas primárias documentais a respeito.
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