sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Polônia proíbe totalmente o aborto

Polacas se manifestam diante da casa de Jarosław Kaczyński, líder do partido que aprovou o aborto total

O Tribunal Constitucional da Polônia, de maioria fascistas, proibiu nesta quinta-feira, 22, o aborto em casos de má-formação grave do feto, uma das poucas formas que ainda eram previstas em uma restritiva legislação sobre o tema no país.

A presidente do tribunal, Julia Przylebska, disse que a lei que estava em vigor era "incompatível" com a Constituição do país. Ela argumentou ainda que interromper a gravidez por causa de defeitos do feto equivale à eugenia - uma noção do século 19 de seleção genética que mais tarde foi aplicada pelos nazistas.

A decisão foi criticada pela comissária do Conselho da Europa para os Direitos Humanos, Dunja Mijatovic. "Eliminar os motivos por trás de quase todos os abortos legais na Polônia é praticamente equivalente a bani-los e violar os direitos humanos", disse ela, em um comunicado.

Polacas se manifestam nas ruas da cidade de Wrocław

A supressão do direito era defendido por deputados do partido nacionalista de extrema-direita e  ultracatólico Direito e Justiça (PiS), que está no poder. Após a decisão, mulheres marcharam para frente da sede do partido e foram cercadas pela polícia. Não houve confrontos nem prisões. O partido prometeu uma nova lei "que ampare as mulheres".

Segundo dados oficiais, a Polônia registrou 1100 mil casos de interrupção voluntária da gravidez no ano passado por causa de má-formação grave do feto.

De acordo com ONGs, o número de abortos clandestinos de mulheres polonesas no país ou em clínicas estrangeiras pode chegar a 200 mil por ano.

Donald Tusk, chefe do Partido Popular Europeu (PPL), ex-primeiro-ministro polaco e ex-presidente do Conselho Europeu, também atacou a decisão do tribunal, que foi quase todo nomeado pelo PiS e tem forte influência do governo. "O fato de se discutir essa questão e essas decisão desse pseudotribunal em meio à pandemia do novo coronavírus é algo mais do que cinismo, é malandragem política", tuitou.

A nomeação da presidente do tribunal, que tem 13 membros, em 2015 foi um dos primeiros passos do governo para assumir o controle do Judiciário - a ingerência do Executivo já foi condenada pela União Europeia.

Protesto feminino nas redes sociais

Para Borys Budka, líder da Coalizão Cívica, de oposição, o governo usou um tribunal "falso" com seus próprios nomeados para fazer algo "simplesmente desumano".

O arcebispo Marek Jędraszewski, conhecido por opiniões conservadoras, saudou o veredicto dizendo que os juízes mostraram "grande apreço pela vida humana".

Jędraszewski sucessor de Karol Wojtyła na Cúria Metropolitana de Cracóvia, durante a última Páscoa incentivou e comandou procissões em meio a pandemia do novo corona-vírus. Sua cidade agora está em zona vermelha de controle da pandemia. Tradicionalmente, o cargo na Cúria de Cracóvia é exercido por cardeais, mas o Papa Francisco não quis nomear Jędraszewski cardeal e ele permanece somente como arcebispo.

O Arcebispo Jędraszewski ao saber da proibição do aborto disse: "Deus abençoe a todos por essas nobres ações." E continuou em sua homília, durante a missa, na manhã desta sexta-feira: "Expressamos grande apreço pela coragem e integridade dos juízes do Tribunal Constitucional e grande gratidão aos iniciadores e participantes do grande movimento social que se levantou pela santidade de cada vida humana." As palavras do clérigo foram aplaudidas pelos fiéis presentes.

Fontes: Agências internacionais de notícias e jornais polacos
Tradução para o português: Ulisses Iarochinski

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

POLÔNIA CELEBRA O DIA DO PAPA

Em sua primeira visita como Papa - cardeal Karol Wojtyła - a Polônia no dia 8 de junho de 1979, ele foi até o Campo de Concentração e Extermínio Alemão de Auschwitz. Foi então até o Muro da Morte, ao lado do bloco 11. Muro onde os prisioneiros eram mortos com tiros na nuca. O Papa se aproximou sozinho. Levava nas mãos um ramo de crisântemos, ofertado por um menino. Ficou de pé, com a cabeça inclinada e os olhos fechados durante cinco minutos. Depois caiu de joelhos.


Neste domingo, 11 de outubro, a Igreja na Polônia celebra a edição de número 20 do “Dia do Papa” e  este será especialmente dedicado a Karol Wojtyła, com o título: "Totus tuus", em referência ao lema do pontificado de João Paulo II e à sua consagração a Maria.

A jornada é organizada pela Fundação da Conferência Episcopal "Dzielo Nowego Tysiaclecia" (A Obra do Novo Milênio), que financia os estudos de jovens polacos de talento que vivem em áreas desfavorecidas.

A Conferência Episcopal Polaca, em preparação ao Dia do Papa, divulgou uma mensagem que foi lida em todas as igrejas do país no último domingo, 4 de outubro. No documento, os bispos destacaram como "a intercessão e a proteção de Maria foram particularmente evidentes na vida e no ministério do Papa Wojtyła".

Basta pensar no atentado na Praça de São Pedro – do qual ele sobreviveu – em 13 de maio de 1981, também festa de Nossa Senhora de Fátima.

Mas toda a história da própria Polônia, escrevem os bispos, testemunha "a grande confiança dos poloneses na intercessão da Mãe de Deus". Daí o convite dos prelados a todos os fiéis para seguir "a escola de Maria", ela que "ensina a confiança total na Palavra de Deus e no amor pelos outros".


Rezar o terço diariamente
Na mensagem, e em pleno mês de Nossa Senhora do Rosário, os bispos também incentivam a oração diária do terço: "seja uma oração comum dos casais e famílias inteiras, assim como das pessoas sozinhas, doentes e sofredoras, que estão em quarentena ou em isolamento" por causa do coronavírus. A oração a caminho do trabalho, da escola, da universidade ou do mercado, de fato, "nos ensina a ouvir as inspirações do Espírito Santo, a amar Jesus, a servir a Igreja, a viver a fé, a ser humilde, obediente e altruísta".

Finalmente, a mensagem episcopal lembra que, no Dia do Papa, durante a coleta na igreja, será possível oferecer um apoio material para as bolsas de estudo da Fundação "A Obra do Novo Milênio", definida como um "monumento vivo" de gratidão a São João Paulo II. O apoio assim prestado, concluem os bispos na mensagem, feito mesmo diante de dificuldades pessoais representa a “expressão da nossa solidariedade e misericórdia".

Fonte: Vatican News Service - IP