Varsóvia completamente destruída pelos alemães,
enquanto russos e ucranianos assistiam do outro lado do rio Vístula
Governo da Polônia quer 1,3 trilhão de Euros da Alemanha pela ocupação nazista
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (01/09) pelo vice-primeiro-ministro polaco, Jarosław Kaczyński, do Partido Direito e Justiça (PiS), no dia em que se completam 83 anos do início da invasão da Polônia pelos alemães nazistas.
Kaczyński fez a declaração no lançamento de um relatório há muito esperado sobre o custo para o país dos anos da ocupação alemã nazista. Por cinco anos, uma equipe de cerca de 30 economistas, historiadores e outros especialistas trabalhou no documento.
"Não apenas preparamos o relatório, mas também tomamos a decisão sobre os próximos passos. Vamos pedir à Alemanha para abrir negociações sobre as indenizações", disse Kaczyński, admitindo que será "um longo e difícil caminho", mas que está otimista.
O governo polaco argumenta que o país foi a primeira vítima da guerra e nunca foi totalmente compensado pela vizinha Alemanha, que é, agora, um dos seus principais parceiros na União Europeia.
Segundo Kaczyński, é uma soma com a qual a economia alemã pode "lidar perfeitamente". Ele ressaltou que dezenas de países em todo o mundo receberam compensação da Alemanha e que "não há razão para que a Polônia fique isenta dessa regra".
"Os alemães invadiram a Polônia e nos causaram enormes danos. A ocupação foi incrivelmente criminosa, incrivelmente cruel e teve repercussões que em muitos casos continuam até hoje", disse Kaczyński.
Durante a cerimônia, o presidente polaco, Andrzej Duda, afirmou que a Segunda Guerra Mundial foi "uma das tragédias mais terríveis da nossa história".
O governo federal alemão não vê nenhuma base legal para o pedido de reparação da Polônia. Berlim argumenta que a então liderança comunista polaca renunciou às reparações alemãs em 1953.
"A posição do governo federal permanece inalterada, a questão das reparações foi esclarecida", escreveu um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores em e-mail obtido pela agência de notícias Reuters.
"Há muito tempo, em 1953, a Polônia renunciou a outras reparações e confirmou essa renúncia várias vezes. Esta é uma pedra angular da ordem europeia de hoje. A Alemanha mantém sua responsabilidade política e moral pela Segunda Guerra Mundial", continua o e-mail.
O governo da Polônia, no que lhe concerne, rejeita a declaração de 1953, feita pelos então líderes comunistas do país sob pressão da União Soviética.
Berlim também justifica que todas as reivindicações relativas a crimes alemães na Segunda Guerra Mundial perderam a validade, o mais tardar, com a assinatura do Tratado Dois-Mais-Quatro, em 1990, o qual vale como "ponto final na questão da reparação".
O tratado foi assinado pela República Federal da Alemanha, a República Democrática Alemã e as quatro potências que ocuparam a Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial: Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e União Soviética e foi a base para a reunificação alemã.
O responsável do governo da Alemanha para a cooperação teuto-polaca, Dietmar Nietan, disse, em comunicado, que a data de início da Segunda Guerra Mundial "continua a ser um dia de culpa e vergonha para a Alemanha", e trata-se do "capítulo mais sombrio" da história do país.
CRÍTICAS DA OPOSIÇÃO POLACA
Antes da apresentação do relatório, o líder da oposição polaca e ex-presidente do Conselho da União Europeia (UE), Donald Tusk, criticou o projeto. Para ele, o PiS não está preocupado com o pagamento de indenizações, mas com uma campanha política doméstica.
"O líder do PiS, Jarosław Kaczyński, não esconde que quer construir apoio ao partido no poder com esta campanha anti-alemã", disse.
O deputado da oposição Grzegorz Schetyna também considera que o relatório é apenas um "jogo na política interna", argumentando que o seu país precisa "construir boas relações com Berlim".
Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha nazista invadiu a Polônia. Dos cerca de 35 milhões de habitantes do país na época, cerca de 6 milhões foram mortos - entre eles cerca de 2,7 milhões de polacos de origem judaica.
A capital, Varsóvia, foi praticamente toda arrasada, grande parte do país foi saqueada e destruída.
P.S. E Jarosław Kaczyński não vai pedir indenização à Rússia e a Ucrânia? Os dois países também causaram muitos prejuízos humanos e materiais à Polônia.
Fontes: (DPA, AFP, Reuters, Lusa, ots)
Nenhum comentário:
Postar um comentário