quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Presidente polaco discursa no parlamento alemão


Discursando no Bundestag, em cerimônia sobre os 75 anos do início da Segunda Guerra, o presidente da Polônia Bronisław Komorowski condenou ingerência russa na Ucrânia e a taxou como "agressão sem precedentes".

O presidente polaco, Bronisław Komorowski, elogiou nesta quarta-feira (10/09) a reconciliação entre Alemanha e Polônia, "Ambos os povos podem se orgulhar desta reconciliação", na Câmara baixa do Parlamento alemão, em Berlim.
Ele lembrou também que somente alguns dias depois da invasão alemã da Polônia, em 1° de setembro de 1939, tropas soviéticas também entraram na Polônia.
A União Soviética era naquela época um aliado da Alemanha de Hitler.

"Estrada da liberdade"
Komorowski elogiou especialmente que, passados 25 anos da queda do Muro de Berlim, uma nova geração de alemães e polacos possa trabalhar e aprender juntos. Ele também lembrou o movimento sindical polaco Solidariedade que, segundo ele, foi uma das ações que tornou possível a liberdade na Europa."O que une os europeus é a crença de que a dignidade humana é inalienável", afirmou.
O chefe de Estado polaco também disse que a crise na Ucrânia é um "desafio para todo o mundo ocidental". Em relação ao comportamento do governo russo, ele acusou Moscou de estar realizando uma agressão sem precedentes. "Diante de nossos olhos, estamos testemunhando o renascimento de uma ideologia nacionalista que, sob o pretexto de slogans humanitários sobre a proteção de minorias nacionais, viola os direitos humanos e o direito internacional", afirmou, diante dos parlamentares alemães.
"Conhecemos tudo isso muito bem dos anos 30 do século 20", observou. Segundo ele, é necessária agora na Europa uma política sábia, a longo prazo, mas também eficiente. "Continuamos a acreditar que a nossa estrada da liberdade está ficando cada dia mais longa e que ela vai chegar até a parte mais leste da Europa", frisou Komorowski.

"Amizade é um milagre"
O presidente polaco, de 62 anos, há muitos anos trabalha pela reconciliação teuto-polaca. Durante seu tempo como presidente do Parlamento da Polônia, entre 2007 e 2010, realizou reuniões periódicas com seu colega alemão, o presidente do Parlamento alemão, Norbert Lammert.
Antes do discurso de Komorowski, Lammert também falou sobre a amizade entre Polônia e Alemanha, afirmando ser uma grande conquista que alemães e polacos sejam hoje amigos. "A Polônia foi a primeira vítima desta guerra e quem mais sofreu com a ocupação alemã", frisou. Lammert lembrou também o "extermínio industrial dos judeus europeus", que fez com que a Polônia se tornasse "o maior cemitério da civilização europeia".

domingo, 7 de setembro de 2014

Uma noite silesiana em Curitiba


A Universidade Federal do Paraná / Curso de Letras - Polaco
e a Universidade da Silésia - Polônia,

convidam para o Encontro com a

ALTA SILÉSIA,

Uma noite de impressões históricas, linguísticas, culinárias, musicais e cinematográficas.

Ministrantes:
Profª. Drª. Jolanta Tambor
Ms. Agnieszka Tambor
Ms. Karolina Graboń,
docentes da Universidade da Silésia (Uniwersytet Sląski) de Katowice - Polônia

Data e horário: 10 de setembro de 2014 às 19:00 hs
Local: R. Ébano Pereira, 502 (Sociedade Tadeusz Kosciuszko)

Programação:
1. Apresentação da região e do seu dialeto;
2. Sucessos do cinema silesiano;
3. Demonstração da dança regional “Trojak”;
4. Preparo e degustação dos pratos típicos: makówki e wodzionka;
5. Projeção do filme “Barbórka” de Maciej Pieprzyca (com legendas em inglês).

Apoio:
- Consulado Geral da República da Polônia
- Casa da Cultura Polônia Brasil
- Sociedade Tadeusz Kosciuszko
- Braspol Nacional
- Barsóvia

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Jogo de vôlei histórico em Varsóvia


A 18ªº edição do Mundial Masculino de Vôlei já entrou para a história. No sábado, no Estádio Nacional de Varsóvia, 62 mil espectadores acompanharam a vitória da seleção da Polônia, a anfitriã do torneio, derrotar a Sérvia, com certa facilidade, por 3 sets a 0, com parciais de 25/19, 25/18 e 25/18, em 1 hora e 23 minutos.
O estádio, que costuma receber partidas de futebol, foi adaptado para abrigar a abertura do Mundial de Vôlei. E a ação deu certo, tanto que o estádio ficou completamente lotado. E, apoiado pelo seu torcedor, a Polônia conquistou a vitória na partida de abertura do torneio.
Michał Winiarski foi o principal destaque da partida ao marcar 14 pontos para a Polônia, três a mais do que o sérvio Aleksandar Atanasijevic.
O jogo foi válido pelo Grupo A do torneio, que teve a sua primeira rodada completada neste domingo, com as partidas Venezuela x Argentina e Camarões x Austrália. Polônia e Sérvia só voltam a entrar em quadra na próxima terça-feira. Os donos da casa enfrentam a Austrália, enquanto a Sérvia, em busca da reabilitação, medirá forças com a Argentina.
No domingo, foram serão disputadas outras duas partidas, na cidade de Wrocław, todas válidas pelo Grupo A, Venezuela 0 x 3 Argentina e Camarões 0 x 3 Austrália.
A estreia da seleção brasileira, que está no Grupo C, na manhã desta segunda-feira, às 8 horas (de Brasília), diante da Alemanha.

domingo, 31 de agosto de 2014

O polaco Donald Tusk é eleito presidente do Conselho Europeu

O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk foi eleito presidente do Conselho Europeu, neste sábado em Bruxelas.
Em seu primeiro discurso prometeu construir compromissos, saindo na frente das preocupações do Reino Unido, bem como atividades para combinar a disciplina fiscal e crescimento. Tusk assumirá o cargo em 1º de Dezembro.
Até lá, o presidente do Conselho Europeu por dois mandatos de 2,5 anos continua sendo o belga Herman Van Rompuy. O primeiro-ministro polaco sublinhou que a UE tem de ser corajosa, mas não ​​radical no que diz respeito ao conflito na Ucrânia. Ele apontou também para os perigos da situação na Síria. Falando sobre a situação econômica, disse que poderá combinar a disciplina fiscal com crescimento econômico da Europa. "Eu percebo que os principais problemas que enfrentamos não vão desaparecer até dezembro. Um deles é uma crise que ainda se faz sentir na zona do euro." - Disse o chefe do governo polaco.
Tusk também presidirá as reuniões dos países da zona euro. O primeiro-ministro disse que a principal tarefa do presidente do Conselho Europeu continua ser a de construir compromissos. "80 por cento dos meus compatriotas acredita profundamente no sentido da União Europeia e não está à procura de alternativas", - disse ele.


Tusk também enfatizou herança polaca, sua experiência, que pode se tornar uma importante fonte de energia, para as necessidades da UE e no futuro, isso se fará sentir mais do que nunca. Ele ressaltou que os eventos dramáticos em toda a Europa vão exigir a opinião comum de toda a comunidade. "Todos os dias temos de responder à pergunta - para o confronto na Ucrânia, mas também para a situação na Síria, Líbia. Quem somos, como nós juntos podemos responder a este desafio que deve ser a capacidade de construir uma perspectiva comum para a Ucrânia. Nós podemos ajudar e vamos ajudar os nossos vizinhos. Seremos capazes de construir um ponto em comum, sem ambiguidades e, por isso, precisamos ser um tanto corajosos e responsáveis, com imaginação e senso comum podemos estar juntos. Sobretudo tendo em conta os desafios que (...) são tão dramáticos na vizinhança da UE",salientou Tusk.
Ele acredita que a posição da UE sobre o conflito ucraniano deve ser ousada, mas não radical. Em sua opinião, entende-se que vários países da UE têm diferentes níveis de sensibilidade e diferentes pontos de vista, mesmo quando se trata do conflito na Ucrânia.

O Conselho Europeu (também referido como Cúpula Europeia), é o mais alto órgão político da União Europeia. É composto pelos Chefes de Estado e de Governo dos países membros da União, juntamente com o Presidente da Comissão Europeia. A sua reunião é presidida pelo membro do Estado-Membro que atualmente detém a Presidência do Conselho da União Europeia.
O Conselho Europeu não é uma instituição oficial da UE, embora seja mencionada nos Tratados como um organismo que "dará à União os impulsos necessários ao seu desenvolvimento".
Fundamentalmente, define a agenda política da UE e, portanto, tem sido considerado o motor da integração europeia. Para além da necessidade de fornecer "impulso", o Conselho tem desenvolvido novas funções; para "resolver questões pendentes de discussões num nível mais baixo", a liderança na política externa - externamente agindo como um "Chefe de Estado coletivo", "ratificação formal de documentos importantes" e "participação na negociação dos tratados".
O Tratado de Lisboa criou o cargo de Presidente do Conselho Europeu, ocupado por uma personalidade independente dos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-Membros. Com mandato de dois anos e meio, o presidente é eleito pelo Conselho Europeu através da maioria qualificada, podendo o Conselho Europeu pôr termo ao seu mandato pelo mesmo meio.

Depois de ser eleito para presidir o Conselho Europeu, Tusk terá deixar a posição de primeiro-ministro, processo que envolve a renúncia de todo seu governo. Em tal situação, a Constituição define os próximos passos a seguir.
Após a aprovação da renúncia - ao abrigo da Constituição - o presidente da República deverá nomear um novo primeiro-ministro, fazendo sua proposta ao Conselho de Ministros. A partir da data de nomeação, o primeiro-ministro tem duas semanas para apresentar ao Sejm, seu programa do governo e obter voto de confiança para o seu governo.
O Parlamento dá voto de confiança ao governo por maioria absoluta de votos (e, portanto, deve haver pelo menos um voto mais "para" do que votos "contra" e "abstenção"), na presença de pelo menos metade do número legal dos deputados - o que no momento da votação parlamentar deve ser de pelo menos 230 membros.
Se na primeira etapa constitucional o Sejm não der o voto de confiança no Conselho de Ministros, segundo a Constituição, o Parlamento toma a iniciativa, de dentro de duas semanas formar um governo e dar-lhe o voto de confiança.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Cracóvia inaugura exposição de artistas curitibanas


Cracóvia recebe exposição de 6 artistas plásticas curitibanas, em seu coração O famoso Rynek - praça central do centro histórico da cidade.
As portas do Dom Poloni (Casa do Polaco do Estrangeiro) para a exposição "Brazylijska Natura - spojrzenia i inspiracje" (Natureza Brasileira - olhares e inspirações).
A abertura é hoje, 28 de agosto de 2014, às 18:00hrs. A exposição das seis artistas descendentes de imigrantes polaco  Dulce Osinski,  Everly Giller · Heliana Grudzien,  Márcia Széliga,  Mari Ines Piekas,  Schirlei Freder. · aborda o tema da natureza brasileira e é composta por trabalhos inéditos em gravura, pintura, fotografia, desenho e técnicas mistas das artistas brasileiras.

Local: Galeria Dom Poloni na cidade de Cracóvia - Rynek Główny 14






BRASIL - Realização: Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba; Casa da Cultura Polônia Brasil. - Apoio: Prefeitura Municipal de Curitiba Braspol Nacional 

POLÔNIA - Organizadores: Associação Wspólnota Polska - Kraków Consulado Honorário do Brasil em Cracóvia -  Grzegorz Hajdarowicz 
Patrocinador: Prefeitura da Cidade de Cracóvia - Apoio: Sika IM Patecki - Dealer Kia Kraków Stowarzyszenia Oświat i Kultury Polskiej - SOiKP

Mais informações:


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Uma nova Katyń é encontrada na Ucrânia

Em uma antiga prisão da NKVD - Comissariado do Povo para Assuntos Internos (ou Ministério do Interior) da Rússia Soviética, na de Vladimir, na região da Volínia polaca (atualmente em território ucraniano) foram encontrados os restos mortais de cerca de 1.000 pessoas.
Entre eles estão soldados. policiais e civis polacos. A exploração e exumações estão sendo feitas nas ruínas do antigo castelo do Rei polaco Kazimierz Wielki (Casimiro o Grande), na localidade de Vladimir, hoje, pertencente ao território da Ucrânia, e a 15 km da atual fronteira.
Nos anos de 1939 a 1956 existiu ali uma prisão do Ministério do Interior russo. A exploração arqueológica está sendo realizada por um grupo binacional de cientistas ucranianos e polacos.



"No momento já foram encontrados os restos mortais de cerca de 950 pessoas. Entre elas estão soldados polacos, mas também há civis. Também foram encontradas no local, pistolas TT junto aos mortos que possivelmente que foram mortos pela NKVD em 1940 e 1941", declarou Aleksiej Złatogorski, chefe da equipe ucraniana de arqueólogos.
A doutora em arqueologia, a polaca Dominika Siemińska, chefe da equipe polaca, acrescentou que "Os restos mortais estão em muito mau estado. Foram cobertos com cal. Já foram abertas duas cavidades na sepultura coletiva. Muitos deles, provavelmente foram abatidos a coronhadas e depois enterrados com escavadeira".
As exumações levará mais algumas semanas. O lado ucraniano inicialmente determinou que os restos dos corpos serão enterrados novamente em 23 de setembro, no cemitério municipal de Vladimir, na Volínia. Cidade, onde viviam polacos, rutenos, ciganos e judeus, antes da segunda guerra mundial, quando a região ainda era território da Polônia.


Uma nova Katyń?
É o que está se perguntando a sociedade polaca com as recentes descobertas. Katyń, também conhecido como Massacre da Floresta de Katyń, foi uma execução em massa ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial contra oficiais polacos prisioneiros de guerra.
Eram policiais e cidadãos comuns acusados de espionagem e subversão pelo NKVD - Comissariado do Povo para Assuntos Internos, a polícia secreta soviética, comandada por Lavrentiy Beria, entre abril e maio de 1940, após a rendição da Polônia à Alemanha Nazista.
Através de um pedido oficial de Beria, datado de 5 de março de 1940, o líder soviético Josef Stalin e quatro membros do Politburo aprovaram o genocídio. O número de vítimas é calculado em cerca de 22.000, sendo 21.768 o número mínimo identificado.
As vítimas foram executadas na floresta de Katyń, na Rússia, em prisões de Kalinin e Karkov e em outros lugares próximos.
Do total de mortos, cerca de 8 mil eram militares prisioneiros de guerra, outros 6 mil eram policiais e o restante dividido entre civis integrantes da intelectualidade polaca - professores, artistas, pesquisadores, historiadores, etc - presos sob a acusação de serem sabotadores, espiões, latifundiários, donos de fábricas, advogados, funcionários públicos perigosos e padres.
O termo "Massacre de Katyń" originalmente refere-se especificamente ao massacre na floresta de Katyń, perto das vilas de Katyń e Gnezdovo, localizadas cerca de 19,5 km a oeste de Smolenski.

A TV Cultura de São Paulo, exibiu no último sábado o filme "Katyń", realizado pelo maior cineasta polaco de todos os tempos Andrzej Wajda, cujo pai foi um dos oficiais assassinados em Katyń.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Capa da revista Przekrój de 1948


Ilustração de Zbigniew Lengren "Plaża" na capa da revista da revista cultura de maior circulação da Polônia,"Przekrój", edição de 11 julho de 1948. A revista sócio-cultural da esquerda-liberal é publicada desde 1945.
Até 2002 foi editada em Cracóvia. Mas entre 2002 a 2009, passou a ser publicada em Varsóvia. Voltou em 2009 para Cracóvia onde continuou a ser publicada.
O magnata Grzegorz Hajdarowicz foi o responsável pela volta da revista a Cracóvia, quando a comprou e a instalou em Zabłoce, cidade próxima a Cracóvia.
Em outubro de 2013, o Cônsul honorário do Brasil, em Cracóvia, Hajdarowicz vendeu a revista para o fotógrafo Thomas Neviadomski.
A última edição de Przejkrój editada por Hajdarowicz ocorreu em 30 de setembro de 2013.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Polônia escolheu seu candidato ao Oscar 2015


A Polônia já escolheu seu representante para a disputa do Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira de 2015.
Trata-se de “Ida”, do diretor Paweł Pawlikowski (“Estranha Obsessão”), um drama de época feito em preto e branco, sobre uma noviça que descobre um sombrio segredo familiar.
A informação é do Site The Hollywood Reporter. O filme vem acumulando prêmios e críticas positivas, além de conseguir se destacar no circuito dos cinemas arte, tendo arrecadado US$ 3,6 milhões nas bilheterias dos Estados Unidos e US$ 9 milhões na Europa.
Isto faz dele um dos filmes polacos mais bem-sucedidos de todos os tempos no mercado internacional. Entre as muitas honrarias conquistadas, “Ida” venceu o prêmio de Melhor Filme nos festivais de Londres, Gijón e Varsóvia, o Prêmio da Crítica no Festival de Toronto e foi o grande vencedor na premiação Eagle Awards da Polônia, um dos prêmios mais importantes de cinema do país, faturando os troféus de Melhor Filme, Diretor e Atriz (para Agata Kulesza).
Ambientado na década de 1960 na Polônia, a trama gira em torno de Anna (Kulesza), uma jovem noviça, que está prestes a fazer seus votos religiosos, quando descobre um terrível segredo de família, da época da ocupação nazista no país. “Não temos dúvidas de que de “Ida” de Pawlikowski é o filme polaco que tem a maior chance nesta categoria muito competitiva”, disse Agnieszka Odorowicz, diretor-geral do Instituto de Cinema Polaco.
“Ele não serve apenas como um exemplo fantástico do trabalho de seu cineasta, mas do cinema polaco como um todo.” A Polônia é um dos primeiros países a apresentar o seu candidato ao Oscar 2015. Até então, apenas a Hungria, com o filme “White God”, de Kornel Mundruczó (“Delta”), e a Turquia, com o drama “Winter Sleep”, do diretor Nuri Bilge Ceylan (“Era uma Vez na Anatolia”), tinha divulgados seus representantes ao próximo Oscar. Ida ainda não tem data para estrear no Brasil.

domingo, 17 de agosto de 2014

Gombrowicz, ainda pouco conhecido no Brasil


Em entrevista ao sobreCultura, Marcelo Paiva de Souza questiona o estranho silêncio no Brasil em torno de Witold Gombrowicz, escritor polaco que viveu por duas décadas exilado na Argentina e deixou uma obra vigorosa e inovadora. Circunstâncias fortuitas levaram ao exílio na Argentina o escritor polaco Witold Gombrowicz, nascido em Małoszyce, em 1904.
Gombrowicz deixou seu país com destino à América do Sul e, após o desembarque em Buenos Aires, foi surpreendido com a notícia da eclosão da Segunda Guerra. Apesar das dificuldades que se descortinavam em seu horizonte, decidiu ficar.
Escritor já com boa reputação na Polônia, teve que buscar meios de renascer das cinzas em um mundo estranho e hostil no qual viveu por mais de duas décadas.
Os 50 anos de seu retorno à Europa, em 1963 – já com prestígio consolidado e obras traduzidas para várias línguas –, têm sido lembrados por admiradores e estudiosos de sua obra, como Marcelo Paiva de Souza, doutor em ciência da literatura pela Universidade Jagielloński, em Cracóvia, Polônia, e professor de literatura polaca da Universidade Federal do Paraná.
Nesta entrevista ao sobreCultura, Marcelo descreve a trajetória vitoriosa de um escritor que soube dar a volta por cima, fala da importância de sua obra no panorama da literatura mundial e tenta encontrar razões que expliquem o relativo silêncio em torno do nome de Witold Gombrowicz no Brasil.

sobreCultura: Como apresentaria Gombrowicz ao leitor brasileiro?

Marcelo Paiva de Souza: Seria interessante dar a palavra ao próprio escritor, cuja verve é pródiga em autocomentários, para se ter uma amostra de seu trabalho de linguagem. Outro modo de apresentá-lo seria remontar ao início de sua carreira. Ele estreou na literatura nos anos 1930; seu primeiro livro, a coletânea de contos "Memórias da época do amadurecimento", é de 1933. A obra despertou nos críticos uma reação ambígua: reconheceram o talento do jovem escritor, mas não fisgaram o alcance de seu projeto criativo.
Na mesma década surgiram a peça "Ivone, princesa da Borgonha" [1935; primeira edição, 1938] e o romance "Ferdydurke" [1937]. Esses textos revelam a versatilidade do autor e um universo literário inovador e inconfundível. Ferdydurke, sobretudo, é corrosivo, insolente, afronta a cultura letrada da época, mostrando, com humor, como forças exteriores formam/conformam/deformam o indivíduo.
Em suma, Gombrowicz faz considerável barulho na literatura polaca da década de 1930. Não se filia a ‘panelas’ literárias mais prestigiadas nem a grupos de vanguarda; mantém-se fora, deseja estar fora. Cabe sublinhar isso, pois de algum modo a experiência do exílio que se abateria sobre ele potencia uma situação que, intrinsecamente, já experimentava em seu país.

- Quando ele deixa a Polônia?
Em 1939, por circunstâncias fortuitas, tomou um navio que o levou a Buenos Aires. Após o desembarque, veio a notícia da eclosão da Segunda Guerra e da invasão da Polônia pela Alemanha. Gombrowicz decidiu ficar em Buenos Aires, mesmo sem conhecer ninguém ali, sem falar espanhol e com apenas 200 dólares no bolso. Tem início então o longo período, de mais de 20 anos, em que viverá na Argentina.
Oriundo de uma família de média nobreza, acostumado a uma vida confortável e já dono de considerável reputação literária na Polônia, na Argentina ele não era ninguém. Até conseguir emprego em um banco, em fins dos anos 40, viveu em hospedarias precárias e enfrentou muitos outros obstáculos. Mais tarde irá expor em seu "Diário" o outro lado da moeda. Apesar das dificuldades, aquele período teve para ele qualquer coisa de libertação. Nesse sentido, o desenraizamento e a pobreza são para Gombrowicz um rejuvenescer, um lançar-se ao voo.


- Como era a relação de Gombrowicz com o mundo letrado em Buenos Aires?
Difícil, para dizer o mínimo. O escritor falará disso em seu "Diário" e no volume "Testamento", que surgiu de suas conversas com o crítico e romancista francês Dominique de Roux. Nessas obras, Gombrowicz reflete sobre seus malogrados contatos com os notáveis do mundo literário portenho. Simplificando a questão, o desentendimento nasceu de sua recusa a fazer o papel tradicional do escritor exilado que busca convívio com o establishment cultural da localidade em que foi dar. Com calculado esnobismo, declara-se conde, desdenha da forçosa peregrinação ao salão da escritora Victoria Ocampo, olha atravessado para o escritor Jorge Luis Borges e seus acólitos...
Se, por um lado, houve desencontro, não faltou, por outro, o contrapeso das afinidades eletivas, das simpatias e amizades, especialmente entre figuras mais jovens do universo intelectual de então em Buenos Aires, como Virgilio Piñera, Alejandro Russovich e outros, que se deixam fascinar por ele. Graças a esses contatos, a literatura gombrowicziana enfim passa a existir no exílio do escritor. Primeiro, com a tradução de Ferdydurke para o espanhol, levada a cabo pelo autor, com a ajuda de ‘assessores’ locais, e publicada em 1947. O espanhol em que Ferdydurke se materializa soa anômalo, estrangeiro. O escritor Ricardo Piglia verá nessa tradução uma obra-prima, por conta das possibilidades que ela abre em termos de exploração do idioma. A essa altura, Gombrowicz conclui sua segunda peça, "O casamento", traduzida para o espanhol também com a ajuda de parceiros. O texto foi publicado primeiro na Argentina, em 1948; só em 1953 sai em polaco.


- Quando Gombrowicz alcança reconhecimento na França?
De certo modo, as traduções de suas obras para o espanhol vão auxiliar nisso. O crítico e ensaísta polaco Konstanty Jeleński, colaborador do Instituto Literacki, sediado em Paris, faz com que essas versões cheguem a seu amigo François Bondy, que publica um artigo sobre Ferdydurke na influente revista Preuves. Foi assim que Maurice Nadeau conheceu a obra de Gombrowicz, tomou-se de admiração por ela e decidiu publicá-la em tradução para o francês sob o prestigioso selo Les Lettres Nouvelles, série que dirigia na editora René Julliard.
O Instituto Literacki e sua revista Kultura eram iniciativas de intelectuais e escritores polacos dissidentes que haviam optado pelo exílio com a stalinização do país, após a Segunda Guerra. Publicavam basicamente obras de polacos dissidentes, em polaco, para que circulassem livres da censura comunista.
Gombrowicz encontra nesse grupo interlocutores fundamentais. Graças a esse apoio, vai pouco a pouco se infiltrando no universo letrado francês e, por extensão, no europeu. Em 1958, sai a tradução francesa de Ferdydurke, um momento capital na carreira do autor. Nesse meio tempo ele vinha publicando na revista Kultura, em fragmentos, textos que mais tarde comporiam os três volumes de seu "Diário". Pode-se a partir daí falar da recepção de Gombrowicz em escala mundial. Ele continuou vivendo em Buenos Aires, mas se mantinha ativamente ligado ao Instituto.

- As décadas de 1950-1960 parecem ter sido um período fértil na carreira do autor, não?
Nesse período aparecem várias de suas obras mais importantes: os romances "Transatlântico", "Pornografia" e "Cosmos". É uma verdadeira explosão criativa. Parece que as energias represadas no período inicial de exílio se desencadeiam em sucessivas obras, todas geniais. São de um vigor ímpar, em diferentes âmbitos, pois, além dos romances, publicou a peça "Opereta" e a prosa fascinante do "Diário", em que há, além de diário no sentido estrito do termo, passagens memorialísticas, efusões líricas, crítica literária e debate de ideias, além de pura e simples ficção. É uma obra em que expande com ímpeto máximo, de modo abrangente e prismático, o aspecto intelectual de seu projeto literário. Mais que mero relato autobiográfico, é um mosaico de experimentação de escrita e de pensamento, um tour de force inventivo, crítico e polêmico.

- Qual a situação do autor na Argentina após a ‘conquista’ da França?
A conquista da França e da Europa vai gradativamente alterar o modo como era visto pela intelectualidade argentina, que o ignorava. A essa altura, porém, surge a oportunidade de regresso ao Velho Mundo, e em 1963 ele segue para Paris. Passa um período em Berlim e, com a saúde debilitada, fixa residência no sul da França, em Vence, onde morre em 1969, com prestígio consolidado e obras traduzidas para várias línguas. No contexto polaco, já é tido nesse momento como um dos maiores autores do país no século 20. A partir de sua morte, até hoje, a escalada é permanente. Multiplicam-se as traduções, e a recepção de sua obra é impulsionada sem cessar pela pesquisa especializada desenvolvida na Polônia e no mundo.

- Como a obra de Gombrowicz foi recebida aqui?
"Bakakai" é seu primeiro livro publicado aqui, em 1968, com tradução de Álvaro Cabral a partir da versão francesa da obra. O volume, que saiu originalmente em 1957, reúne os contos do livro de estreia, "Memórias da época do amadurecimento", dois fragmentos de "Ferdydurke" e três contos esparsos do autor. Infelizmente, não houve o cuidado de se fazer uma introdução, apresentando Gombrowicz e sua obra ao leitor brasileiro.
Em parte talvez isso explique o pequeno impacto da obra entre nós; sem o amparo de alguma informação e esclarecimento crítico, talvez tenha ficado indefesa demais. Ainda na primeira onda de assimilação de Gombrowicz no país, temos a publicação, em 1970 – pela mesma editora que publicou "Bakakai", Expressão e Cultura –, de "A pornografia", vertido do francês por Flávio Moreira da Costa. Reproduziu-se no livro o prefácio escrito por Gombrowicz para a tradução francesa do romance.

- O que teria motivado editores brasileiros a traduzir Gombrowicz?
Seu nome já era mundialmente reconhecido quando começa a ser editado no Brasil. Ao longo dos anos 1960, a reputação de Gombrowicz no universo do teatro torna-se fenomenal. Em 1963-1964, o diretor argentino Jorge Lavelli encenou "O casamento", em Paris, e a montagem teve enorme repercussão. Em seguida, o autor foi encenado por grandes nomes do teatro europeu. Para continuar com "O casamento", sucedem-se montagens em Estocolmo e Milão. Na então Berlim Ocidental, Ernst Schröder dirige a peça com cenografia do tcheco Josef Svoboda, um dos maiores cenógrafos do século 20. Em 1972, Lavelli encena "Ivone, princesa da Borgonha", em Buenos Aires, com grande sucesso. A carreira de Gombrowicz nos palcos alcança tal dimensão que deve ser vista como uma das molas propulsoras da divulgação de sua obra literária propriamente dita.

- Quais as outras ‘ondas’ de assimilação de Gombrowicz no Brasil?
Em 1986, a editora Nova Fronteira publicou nova tradução de "A pornografia", novamente a partir do francês. Mas essa versão, de Tati de Morais, foi revista com base no original polaco pelo dramaturgo e crítico teatral Yan Michalski. O lançamento teve certa ressonância, mas, de novo, a recepção crítica ficou muito aquém da força do romance.
Nos anos 2000, pela primeira vez, temos Gombrowicz traduzido no Brasil diretamente do polaco. A Companhia das Letras publicou três romances, todos traduzidos por Tomasz Barciński: "Ferdydurke" [2006], "Cosmos" [2007, vertido em parceria com Carlos Alexandre Sá] e, de novo, "Pornografia" [2009]. Traduzi a peça "Ivone, princesa da Borgonha" – montada no Rio de Janeiro em 2001 pela companhia L’Acte, com direção de Thierry Trémouroux [o texto não foi publicado] – e o conhecido ensaio ‘Contra os poetas’, publicado na revista Poesia Sempre – Polônia, da Biblioteca Nacional, em 2008. Além disso, saiu recentemente o livreto "Curso de filosofia em seis horas e quinze minutos", traduzido do francês por Teresa Fonseca e publicado em 2011 pela José Olympio.

- Acha que o autor finalmente alcançou no Brasil o lugar que merece?
Creio que ainda há flagrante distância entre Gombrowicz e o leitor brasileiro. Penso no leitor de forma ampla, mas levo em consideração nesse juízo também o leitor especializado, o pesquisador de literatura. Gombrowicz me parece ser um nome relativamente conhecido no país hoje, mas sua obra não ‘funciona’ no sentido rigoroso do termo. Não é algo que se estude, que se discuta, sobre o qual se escreva e se publique, algo que esteja de fato presente na rotina dos eventos acadêmicos na área de letras ou no âmbito da vida literária em geral. Resta não pouco a fazer em termos de tradução – e de crítica das traduções existentes. Antes de tudo, porém, o que falta mesmo é que se leia Gombrowicz! Espero ter ficado claro até aqui, porque estou convicto de que vale muito a pena.


Texto originalmente publicado no sobreCultura 16 (julho de 2014)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A poesia "Óculos" de Julian Tuwin


Biega, krzyczy pan Hilary:
 « Gdzie są moje okulary? »
Szuka w spodniach i w surducie,
W prawym bucie, w lewym bucie.
Wszystko w szafach poprzewracał,
Maca szlafrok, palto maca.
« Skandal! – krzyczy – nie do wiary!
Ktoś mi ukradł okulary! »
Pod kanapą, na kanapie,
Wszędzie szuka, parska, sapie!
Szuka w piecu i w kominie,
W mysiej dziurze i w pianinie.
Już podłogę chce odrywać,
Już policję zaczął wzywać.
Nagle zerknął do lusterka…
Nie chce wierzyć… Znowu zerka.
Znalazł! Są! Okazało się,
Że je ma na własnym nosie.


Em português:

ÓCULOS,
Julian Tuwin

Corre, grita o Sr. Hilary:
"Onde estão meus óculos?"
Procura nas calças e casaco,
No sapato direito, no sapato esquerdo.
Tudo derruba nos armários,
apalpa seu roupão, apalpa seu casaco.
"Escândalo! - grita - não acredito nisso!
Alguém roubou meus óculos!"
Sob a cama, no sofá,
Procura em todos os lugares, rosna, sibila!
Olha no forno e na chaminé,
No buraco do rato e num piano.
Já no chão quer se rasgar,
Já começa a chamar a polícia.
De repente, olha-se no espelho ...
Não quer acreditar ... novamente olha.
Encontrou! Ali eles estão! Encontra-o
Sobre seu próprio nariz.

Tradução livre
de Ulisses Iarochinski

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Polônia alerta sobre invasão russa na Ucrânia



À medida que as forças leais ao Governo da Ucrânia apertam o cerco aos combatentes separatistas nas cidades de Donetsk e Lugansk, no Leste do país, o Exército russo vai-se estendendo ao longo da sua fronteira, a meia centena de quilômetros, em movimentações que a Polônia e a OTAN interpretam como os primeiros passos de uma invasão.
Os números da Aliança Atlântica são revistos e aumentados praticamente todos os dias – na semana passada, falava-se em 15.000 soldados russos ao longo da fronteira, mas agora serão já 20.000, de acordo com o secretário-geral adjunto da organização, o norte-americano Alexander Vershbow.
Apesar das acusações, a disposição das tropas russas não viola os acordos internacionais – oficialmente são exercícios militares, e não há grupos com mais de 9.000 soldados fora das suas bases, em cumprimento do Documento de Viena de 2011.
Como tem sido hábito desde o início do conflito na Ucrânia, quase todas as acusações, declarações e alegadas provas da culpabilidade de um e de outro lado jogam-se nas redes sociais, e não foi de se estranhar que uma das mais sérias acusações da OTAN tenha chegado através do Twitter. "A Rússia violou a lei internacional sem qualquer justificação, invadiu a Ucrânia, apoia os separatistas, e tem agora cerca de 20.000 soldados na fronteira com o Leste da Ucrânia", escreveu Alexander Vershbow.
É uma guerra com várias tentativas de cerco – no terreno, as forças ucranianas tentam derrotar os separatistas; a liderança da OTAN tenta convencer os seus membros de que é urgente apressar os preparativos para uma guerra; e a Rússia tenta avisar a Ucrânia que uma vitória militar no Leste do país pode sair-lhe cara.
Nesta quarta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, respondeu às duras sanções aprovadas na semana passada com a limitação ou proibição da importação de alimentos dos EUA e da União Europeia (UE). "Determinados tipos de produtos agrícolas, matérias-primas e alimentos com origem em Estados que decidiram impor sanções econômicas a entidades legais e/ou indivíduos russos, ou que se tenham associado a essa decisão, estão banidos ou limitados", lê-se no comunicado do Kremlin.

OTAN exige mais poder
Nas últimas horas, a OTAN não tem parado de lançar avisos. A porta-voz da organização, a romena Oana Lungescu, disse que "o mais recente reforço militar russo agrava a situação e compromete os esforços com vista a uma situação diplomática para a crise". Mas o mais sério aviso veio do próprio secretário-geral da Aliança Atlântica, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen.
Num artigo assinado no Financial Times, intitulado "Todos os aliados da OTAN devem pressionar a Rússia", Rasmussen apresenta uma série de argumentos a favor do reforço da capacidade da aliança, contra aquilo a que chama "o maior desafio desde o fim da Guerra Fria".
Pondo toda a responsabilidade nas costas da Rússia, por ter "rasgado os compromissos" com a OTAN – que "se esforçou para melhorar as relações com Moscou após o colapso do comunismo" –, Rasmussen voltou a apelar ao reforço dos gastos com equipamento militar por parte dos 28 membros da organização.
A próxima reunião de cúpula da OTAN, que vai decorrer no País de Gales a 4 e 5 de Setembro (a última de Rasmussen como secretário-geral, posição que vai ceder ao norueguês Jens Stoltenberg a partir de Outubro), terá de servir para "aumentar a força de resposta multinacional", porque "as ações da Rússia não podem ser ignoradas".
"A ordem mundial pós-Guerra Fria está em jogo. Por isso, a OTAN é necessária mais do que nunca. Estamos decididos a mostrar que a OTAN está a falar muito a sério", escreveu Rasmussen. A ideia de uma invasão do Leste da Ucrânia pela Rússia não é nova – desde a anexação da península da Crimeia, em Março, que o Governo de Kiev, os Estados Unidos e vários países da União Europeia têm trabalhado com esse cenário em cima da mesa.
Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, disse ter "razões para suspeitar" que a Rússia vai entrar diretamente no conflito na Ucrânia. "Temos recebido informações nas últimas horas de que o risco de uma intervenção direta é sem dúvida mais elevado do que era há vários dias", disse o chefe do Governo polaco em conferência de imprensa.
E, à semelhança do secretário-geral da OTAN, pressionou os seus aliados a prepararem-se o mais depressa possível para esse cenário: "Se se concretizar uma intervenção direta das forças russas na Ucrânia, isso seria obviamente uma situação nova e, na minha opinião, ninguém tem uma resposta boa e inequívoca sobre de que forma o Ocidente deve reagir a isso."

Fonte: jornal "Público", de Lisboa

terça-feira, 29 de julho de 2014

Inglaterra envia 1350 soldados para a Polônia

Os ministros da Defesa e das Relações Exteriores dos dois países se reuniram em VarsóviaADAM STEPIEN/REUTERS
O novo ministro da Defesa da Grã-Bretanha, Michael Fallon, foi a Polônia anunciar que o seu país vai participar num exercício da OTAN, às portas da Rússia, com uma força composta por 1350 soldados e 350 veículos militares — a maior que Londres envia para aquela região nos últimos seis anos.
Num sinal claro do maior protagonismo que o Grã-Bretanha vem assumindo em relação à anexação da península da Crimeia pela Rússia e ao conflito no Leste da Ucrânia, o ministro britânico visitou Varsóvia, acompanhado pelo seu colega das Relações Exteriores, Philip Hammond, e revelou a dimensão do contingente militar do país no exercício Black Eagle, que vai decorrer no Outono na Polônia. "Os membros e parceiros da OTAN devem demonstrar o nosso compromisso com a segurança coletiva dos nossos aliados na Europa de Leste", declarou Michael Fallon, em resposta às preocupações de países como a Polônia sobre supostas ameaças da Rússia ao seu território — Varsóvia tem manifestado receios de que o Presidente Vladimir Putin queira prosseguir uma estratégia expansionista na sequência do conflito na Ucrânia, mas Moscou sempre disse que não tem qualquer intenção de o fazer, acusando a OTAN de querer desestabilizar a região com manifestações de poderio militar. "Em particular" — sublinhou o ministro da Defesa britânico —, "a participação de um grupo de combate no exercício Black Eagle mostra o nosso apoio sustentado e substancial à fronteira Leste da OTAN".
O Reino Unido enviou quatro caças Typhoon para a missão da OTAN no Báltico, com base na Lituânia, depois da anexação da Crimeia. Depois do início dos combates no Leste da Ucrânia entre as tropas fiéis a Kiev e os separatistas pró-russos, essa missão passou a incluir quatro F-16 da Dinamarca e quatro MiG-29 da Polônia.
Varsóvia tem insistido para que a OTAN coloque no seu país uma força permanente, mas os membros da aliança têm resistido à ideia, com receio de hostilizar a Rússia. Apesar disso, este é um dos assuntos que deverá ser discutido na próxima reunião de Cúpula, que vai acontecer no País de Gales em Setembro.
Ouvido pela BBC, Michael Clark, diretor-geral do Instituto Royal United Services, considera que os exercícios da OTAN "estão a tornar-se bastante sérios. Não estamos enviando apenas uns quantos homens, estamos deslocando um grupo de combate completo — a unidade básica de combate", alertou o analista.
"O que estamos dizendo é que vocês [os russos] não se comportaram de acordo com as nossas relações da década de 1990. O que queriam que fizéssemos? Os nossos novos aliados da OTAN [da Europa de Leste] esperam que os descansemos; é isso que estamos fazendo", disse o director-geral do instituto Royal United Services.
O novo ministro da Defesa do Reino Unido, que entrou para o Governo na profunda remodelação operada pelo primeiro-ministro, David Cameron, em meados de Julho, tem sido uma das vozes mais duras contra o papel da Rússia no conflito na Ucrânia.
Pouco depois do desastre do voo MH17 da Malaysia Airlines, que ao que tudo indica foi abatido por um míssil numa região controlada pelos combatentes separatistas, Michael Fallon exigiu que a Rússia "saia do Leste da Ucrânia e deixe a Ucrânia para os ucranianos".
Descrevendo o provável derrubada do avião (também provavelmente por erro) como um ato de "terrorismo patrocinado", o ministro britânico deixou uma ameaça a Moscou: "Se a Rússia é a principal culpada, podemos tomar mais medidas contra eles e deixar bem claro que este tipo de guerra patrocinada é completamente inaceitável."

Fonte: Jornal Público, de Lisboa

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Um pouco de gramática polaca

Pequeníssimo dicionário de termos definidores na gramática polaca:

Acusativo = Biernik
Adjetivo = Przymiotnik
Advérbio = Przysłówek
Coloquial = Potocznie
Modo Condicional = Tryb Przypuszczający
Conjugação = Koniugacja
Dativo = Celownik
Feminino = Rodzaj Żeński
Genitivo = Dopełniacz
Instrumental = Narzędnik
Modo Imperativo = Tryb Rozkazujący
Verbo Imperfectivo = Czasownik Niedokonany
Modo Indicativo = Tryb Oznajmujący
Verbo Infinitivo = Czasownik Bezololicznik
Locativo = Miejscownik
Latim = po Łacinie
Masculino = Rodzaj Męski
Neutro = Rodzaj Nijaki
Nominativo = Mianownik
Verbo Perfectivo = Czasownik Dokonany
Pessoa = Osoba
Plural = Liczba Mnoga
Singular = Liczba Pojedyncza
Verbo = Czasownik
Vocativo = Wołacz

sábado, 19 de julho de 2014

Polônia derruba monumento soviético

Texto: Nacho Temiño

A demolição em uma cidade polaca de um monolito em honra ao Exército Vermelho provocou as críticas da Rússia, que qualificou a ação de "blasfemia", mas outras localidades da Polônia estudam retirar seus monumentos soviéticos e deixar assim para trás uma etapa que muitos cidadãos querem esquecer.
A cidade de Limanowa, no sul do país, se transformou em protagonista do último desencontro entre Varsóvia e Moscou por conta dos monumentos erguidos durante o período comunista. Esta cidade demoliu recentemente um obelisco levantado nos anos 60 em gratidão ao Exército Vermelho, alegando o mal estado da construção, que praticamente tinha perdido o baixo-relevo no qual se mostrava um soldado acompanhado de camponesas, um minerador e um montanhista.
Há mais de 20 anos várias associações locais tinham pedido para retirar o monumento, mas a tarefa não era fácil e a prefeitura precisou de mais de dois anos de negociações e múltiplas permissões para poder desfazer-se dele.
Após saber da notícia, o Ministério das Relações Exteriores russo qualificou a demolição de "ação blasfema" e lembrou que a decisão das autoridades municipais, sem consentimento de Moscou, viola o acordo assinado em 1994 entre ambos os países para proteger os monumentos e lugares históricos, incluindo cemitérios, vinculados à luta contra o nazismo.
As autoridades russas lembram que na Polônia existem cerca de 300 monumentos da era soviética e que em solo polaco descansam mais de 600 mil soldados russos mortos durante os combates contra o Exército nazista.
No entanto, outras localidades polacas copiaram o caso de Limanowa; a cidade de Nowy Sącz estuda retirar seu próprio monumento, embora neste caso será mais difícil porque exigirá transferir os restos mortais dos soldados soviéticos enterrados nas proximidades, já que em muitos casos os monumentos assinalam cemitérios soviéticos.


O desmantelamento da herança soviética pode não acabar em Limanowa ou em Nowy Sącz, já que as últimas tensões entre Moscou e Varsóvia por conta da Ucrânia provocaram que aflore o sentimento antirrusso na Polônia, onde se lembra que, após a teórica "libertação" e a saída dos nazistas, os soviéticos impuseram um regime comunista que durou mais de 40 anos.
Precedentes há, e na vizinha Estônia as autoridades retiraram em 2007 um monumento aos soldados soviéticos do centro de Tallinn, o que provocou uma grave crise diplomática, enquanto o governo da Polônia naquele ano, liderado pelo nacionalista-conservador Jarosław Kaczyński, anunciava a desmantelação ou realocação dos monumentos soviéticos.
Vladimir Putin criticou Kaczyński e este defendeu o apoio de Bruxelas, respondendo que a Polônia não toleraria "que nenhum outro país decidisse o que fazer com seu patrimônio histórico", por sua vez assegurando que ceder para Moscou abriria um perigoso precedente que poderia levar a que "um dia também queiram decidir o nome de nossas ruas".

Embora esse plano não tenha acontecido de maneira sistemática, o certo é que a maioria destes monumentos ficaram à sua sorte, descuidados em muitos casos e submetidos ao vandalismo constante, algo que o Kremlin denunciou em várias ocasiões. "Os monumentos aos soldados soviéticos que libertaram a Polônia dos invasores nazistas durante a Segunda Guerra Mundial foram alvo de vandalismo com mais frequência, e ultimamente houve mais tentativas para situar estes monumentos sem permissão", disse recentemente em comunicado o ministério russo.
"Inclusive levando em conta o contexto negativo, a demolição do monumento que expressa gratidão ao Exército Vermelho na cidade polaca de Limanowa é um ato verdadeiramente degradante", acrescentou.
O ponto alto desta "luta" pelos monumentos soviéticos aconteceu há dois anos, quando o ministro das Relações Exteriores polaco, Radosław Sikorski, propôs a demolição do Palácio de Cultura, um edifício de proporções colossais que a extinta União Soviética presenteou à Varsóvia, para situar em seu lugar um grande parque que afaste definitivamente a lembrança do período comunista.
O palácio, que continua de pé, é imenso, com mais de 234 metros de altura e 44 andares entre os quais se dividem diferentes instalações, desde cinemas, piscinas, ginásios, salas de conferências, museus, teatros e livrarias até áreas de lazer.

Fonte: Agência EFE

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Filme lançado na Polônia causa polêmica

A Polônia na cabeça de Pawel Pawlikowski
LUÍS MIGUEL OLIVEIRA
18/07/2014
publicado no jornal PÚBLICO, de Lisboa

O catolicismo, o Holocausto, o comunismo: Ida, talvez o primeiro filme "polaco" do polaco Paweł Pawlikowski, abre as gavetas mais traumáticas de uma identidade nacional.

Grande parte da vida do polaco Paweł Pawlikowski foi feita no estrangeiro. Saiu da Polônia no fim da adolescência, nos anos 70, e acabou por se fixar na Grã-Bretanha, onde se formou e onde encetou uma carreira de realizador de cinema, entre o documentário, primeiro, e a ficção, depois. Até agora os seus filmes mais conhecidos – como My Summer of Love, de 2004, por aqui estreado comercialmente – eram objetos perfeitamente “ingleses”, que pouco ou nada convocavam a origem polaca de Pawlikowski. Mas quase 40 anos depois de ter saído da Polônia comunista, Pawlikowski, nascido em 1957, voltou ao seu país natal. Ida é o seu primeiro filme polaco, rodado e ambientado na Polônia.
Ambientado na Polônia, mas não a Polônia de agora, antes uma Polônia “de época”, o princípio da década de 60, os anos da sua infância. Conta uma história firmemente ancorada nalguns dos momentos determinantes do século XX polaco, entre a guerra e o Holocausto e os 40 anos de regime comunista – uma jovem freira num convento católico, Ida, fica a saber, durante uma estada com a sua tia (por sua vez comprometida com a época estalinista), que é na verdade judia, que os pais foram mortos durante a guerra, e que o apagamento da sua origem foi uma maneira de lhe salvar a pele. Questões de identidade, portanto, que dominam o filme e são de alguma maneira o seu tema central.

ENTREVISTA
Paweł Pawlikowski mergulhou na Polônia dos anos 60. Foto: OSCAR GONZALEZ/NURPHOTO
Em conversa telefônica com Pawlikowski perguntamos-lhe se Ida é, depois de tanto tempo a ver o país natal de longe, o seu retrato da Polônia, a sua “visão” da Polônia. Começa por ser evasivo, diz que pensou sobretudo na narrativa, nas personagens e na relação entre elas, e que foi isso que sobretudo lhe interessou. Mas insistimos, notando que o filme convoca não poucos elementos determinantes, e alguns bastante traumáticos, da identidade polaca das últimas décadas: o catolicismo, o Holocausto, o comunismo.
Ninguém abre estas gavetas de maneira casual. Pawlikowski anui: “É o retrato da Polônia que existe na minha cabeça." Reclama uma dimensão pessoal, evacuando toda a pretensão sociológica: recusa-se a considerar Ida como um filme de tese, ou como um filme que contenha “um discurso sobre a Polônia”. “A retórica”, diz, “é uma das grandes pechas do cinema polaco contemporâneo”, a par de uma tendência “para lidar com temas”. E ele diz que não quis “abordar temas”, e que certos temas “é melhor deixar aos historiadores, aos jornalistas ou aos investigadores”.
As respostas cautelosas de Pawlikowski talvez tenham a ver com o “bruá” suscitado pela reação ao filme na Polônia. “De repente parecia que o filme era uma batata quente, foi muito mais debatido do que eu queria e esperava." Houve discussões públicas, Ida entrou na agenda “mediática” e Pawlikowski teve de ouvir um pouco de tudo, incluindo que o seu filme “era anti-patriótico” ou até “anti-semita”. Embora seja um assunto que o exaspera, Pawlikowski conta isto a rir-se.
Por acaso – ou nada por acaso –, o princípio dos anos 60 foi também a época do “ressurgimento” do cinema polaco depois da guerra, os anos em que os jovens Polanski ou Skolimowski se lançaram no trilho aberto, na década anterior, pelos mais velhos Andrzej Wajda ou Andrzej Munk. O preto e branco de Ida, de uma aspereza rica em texturas e contrastes, parece uma maneira evidente (mas não a única) de evocar esses filmes e esse período do cinema polaco, como se a matéria da evocação fosse, mais do que só na época, também o cinema da época.
É esta, afinal, a Polônia “que existe na cabeça” de Pawlikowski? “Havia evidentemente um sentido de tragédia, um sufoco, mas acho que a Polônia dos anos 60, para além disto, era um local muito porreiro, muito cool, onde se conseguia encontrar uma medida de liberdade e até uma joie de vivre”.
Ida mostra isto muito bem, nas várias cenas que reconstituem a cena boêmia da época, os bares e os clubes de jazz, que o regime tolerava (mal, mas tolerava) e os jovens cultivavam exatamente pela mesma razão (era música americana), e onde se deram alguns encontros decisivos para o cinema polaco (A Faca na Água, de Polanski, começou a nascer da cumplicidade criada entre o realizador e Skolimowski, habitués do mesmo clube de jazz). “A Polônia nos anos 60 era um sítio perfeitamente hipster”, diz Pawlikowski outra vez a rir-se, “e foi uma época culturalmente muito rica a vários níveis e disciplinas, no cinema, na literatura, no teatro, ou na música contemporânea, com Gorecki, por exemplo."
Mas no mesmo passo distancia-se de uma filiação direta nos jovens cineastas polacos de 60. “Curiosamente senti-me sempre mais próximo da ‘nova vaga checa’, Forman, Chytylova ou Jan Nemec, do que da polaca." E para este filme, “sinceramente mais interessado no retrato de duas mulheres do que em qualquer outra coisa”, diz que foram muito mais importantes outras referências alheias à Europa de Leste: Bresson “o Bresson dos Anjos do Pecado ou do Pickpocket” – ou Bergman – o de Luz de Inverno, cita especificamente.


Ida
Realização:Pawel Pawlikowski
Elenco:Agata Kulesza, Agata Trzebuchowska, Dawid Ogrodnik



Cerco e Liberdade
Se o retrato das duas mulheres é em grande medida contrapolar, todo o filme parece, do mesmo modo, jogar permanentemente com sinais contrários. Há tragédia mas também há ironia, o tom oscila entre um dramatismo severo e o seu curto-circuito, sente-se a atmosfera de cerco mas também se sente, dentro dela, aquela liberdade mais ou menos arejada.
A música é um elemento central no tratamento de todas estas ambivalências, das pop songs italianas (Celentano, por exemplo) ao uso notável, em certa e determinada cena, de uma sinfonia (a Júpiter) de Mozart. Quase sempre, se não mesmo sempre, é música “diegética”, vem de dentro dos planos, nasce de rádios, toca-discos ou atuações ao vivo.
Pawlikowski diz que a seleção musical teve muito a ver também com as letras das canções, que ele “queria que abrissem para fora daquele universo”, que sugerissem, portanto, outro mundo no mesmo em que, como um coro, comentam este. A sinfonia de Mozart é um caso diferente: “estava obcecado por ela há anos”, mas nunca tinha encontrado a maneira ideal de a fazer entrar num filme.
O seu emprego, na cena mais memorável de Ida – um suicídio, longamente preparado, com a música, percebe-se depois, a fazer parte essencial do ritual de preparação –, deixa uma impressão indelével, é como se Ida se apropriasse delas e fosse, doravante, impossível ao espectador do filme dissociá-las.
Indissociáveis de Ida – tanto quanto se dissociam elas próprias uma da outra – são as duas protagonistas do filme, Agata Trzebuchowska (a jovem Ida) e Agata Kulesza (a sua tia Wanda, mais velha, mais desencantada, mais sofrida). Nenhuma delas é muito conhecida no resto do mundo, ao que Pawlikowski acrescenta que nenhuma delas “era sequer muito conhecida na Polônia”. Agata Kulesza é uma atriz veterana, mas vem sobretudo do teatro, com pouco trabalho em cinema. Agata Trzebuchowska foi escolhida como Bresson escolhia os seus “modelos”: “No café por baixo da minha casa." Era uma estudante de filosofia, “que nunca fora atriz e não quer voltar a ser atriz."
Exatamente aquilo que Pawlikowski pretendia – em mais uma associação contrapolar, a de uma atriz profissional a uma não-atriz; “não queria técnica, não queria histrionismo, não queria à vontade com a câmara: queria alguém que fosse boa a ouvir, e boa a olhar”.
Também aí, sucesso indesmentível. 

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Professor alemão é preso roubando em Auschwitz


Sob alegação de roubo de bens de especial importância para a cultura, ouvido hoje o alemão detido no Campo de Concentração e Extermínio alemão nazista em Birkenau, após ter sido surpreendido com saco plástico com vários objetos coletados por ele, na área do campo chamado de "Kanada".
Objetos estes que eram de propriedade os antigos prisioneiros de Auschwitz. O alemão de 47 anos de idade, declarou-se culpado, disse o vice-promotor distrital de justiça Mariusz Slomka, em Auschwitz. "Ele explicou que é professor e queria mostrar os objetos furtados no campo de concentração a seus alunos na Alemanha. Ele expressou remorso", declarou Slomka.
O promotor acrescentou que o delito de que foi acusado o professor alemão, prevê uma pena de até 10 anos de prisão. O alemão solicitou submissão voluntária à pena. Ele propôs para si a suspensão da pena de prisão e uma multa, que já tinha sido parcialmente paga.
Slomka não revelou o montante da sanção. Mas garantiu, no entanto, que o valor da multa será doloroso, porque a definição do valor levou em conta a quantidade dos ganhos penuniários do suspeito do delito, na Alemanha. Após a audiência em Oświęcin (Auschwitz em idioma polaco e nome da cidade onde se localiza o campo de concentração e extermínio, o alemão foi liberado. Seu caso será decidido pelo tribunal distrital de Cracóvia.

Coisas roubadas
O professor que visitou o campo com um grupo de alunos, foi preso na terça-feira à noite, quando foi pego com um saco cheio de objetos furtados na área "Kanada". "Ele tinha coletado dez itens, incluindo garfo, tesoura e um pedaço de pedaços carbonizados de cerâmica. Ele os encontrou na área onde eram os pavilhões de armazenagem dos prisioneiros recém-chegados. Local que os próprios prisioneiros chamavam de "Kanada".
Os nazistas limpavam os prisioneiros de seus pertences. Muitos soldados muitas vezes roubavam os objetos armazenados como relógios de ouro, anéis e correntes. No final da guerra, os alemães, que para apagar os vestígios dos seus crimes, atearam fogo naqueles armazéns", disse um porta-voz do Museu de Auschwitz, Bartosz Bartyzel.

Fragmentos
O porta-voz do museu disse que na área "Kanadá" de tempos em tempos, a própria terra acaba liberando fragmentos enterrados na área, que há décadas acabaram abaixo da superfície. "Buscamos coletá-los gradualmente. Isso só é feito enquanto realizamos pesquisas arqueológicas, porque o antigo campo é tratado como um cemitério", explicou.
Nos últimos anos tem ocorrido roubos similares. Em 2011, no aeroporto de Balice, seguranças detiveram um casal de idosos de Israel que tentavam sair da Polônia com objetos encontrados no "Kanada".
Eles foram criminalizados por roubo de bens de especial importância para a cultura e pontos turísticos da Polônia e tentarem exportar para os objetos para fora da fronteira polaca. Eles se entregaram voluntariamente para sofrerem a punição. O tribunal os condenou a um ano e quatro meses de prisão, e uma multa de 4.200 złotych. A pena foi suspensa por três anos e e os valores pecuniários foram destinados a um propósito social.

O roubo mais famoso foi em 2009
Até agora, o roubo mais emblemático aconteceu no Campo I de Auschwitz, em dezembro de 2009. Ladrões roubaram a placa com a inscrição "Arbeit macht frei" de cima do portão principal de entrada. Os ladrões, entre eles o sueco Anders Hoegstroem, foram condenados à prisão.

O Campo alemão
Os nazistas alemães estabeleceram um acampamento em Auschwitz em 1940, com o objetivo de aprisionar os polacos, em antigas instalações do Exército polaco na cidade de Oświęcin (pronuncia-se ochvientchin). Dois anos após, na cidade vizinha de Brzezinka, (pronuncia-se bjejinca) construíram o campo Auschwitz II, conhecido pela seu nome traduzido de Birkenau.
O que inicialmente era um campo de concentração de prisioneiros, logo tornou-se lugar de extermínio de prisioneiros. No complexo do acampamento funcionava como uma rede de sub-campos.
Em Auschwitz, os alemães mataram pelo menos 1,1 milhão de pessoas, a maioria judeus, mas também muitos polacos católicos, protestantes, ciganos, prisioneiros de guerra soviéticos e pessoas de outras nacionalidades.
Em 1947, no local dos antigos campos de concentração e extermínio alemão de Auschwitz I e Auschwitz II (Birkenau) foi fundado um Museu Estatal. No ano passado, o museu foi visitado por 1.330.000 pessoas (um milhão e trezentos e trinta mil). O ex-campo, em 1979, foi listado como o único de seu tipo, no Patrimônio Mundial da UNESCO.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A invasão silenciosa da Crimeia

A anexação da Crimeia foi a mais suave invasão dos tempos modernos. Ela terminou antes mesmo que o mundo se desse conta de que havia começado.


John Simpson
Editor Internacional, BBC News

E até 18 de março, quando um grupo armado pró-Rússia atacou uma pequena base do Exército ucraniano em Simferopol – assassinando um oficial e ferindo outro –, a invasão vinha ocorrendo sem derramamento de sangue.
Durante boa parte do mês de fevereiro, milhares de soldados foram mandados silenciosamente para bases russas situadas na Crimeia com base em um tratado antigo entre Kiev e Moscou. "Voluntários" civis também foram levados para essas unidades. O plano foi executado secretamente e teve sucesso.
O primeiro sinal óbvio de que a Crimeia estava sendo tomada veio em 28 de fevereiro, quando barreiras de controle foram montadas em Armyasnk e Chongar – as duas maiores estradas que ligam a península à Ucrânia.

'Bem-vindo à Rússia'
Esses pontos eram controlados por homens que usavam uma grande variedade de uniformes: do Exército ucraniano, da polícia ucraniana e fardas camufladas sem a insígnia do país. Muitos usavam roupas civis.
Quando eu tentei passar por uma dessas barreiras em Armyansk no sábado, 1º de março, com um cinegrafista da BBC, esses homens foram hostis e ameaçadores.
Eles abriram o porta-malas do táxi e roubaram as malas onde estavam nossos coletes à prova de balas. Depois abriram nossas pastas agressivamente, jogando parte do que estava dentro na estrada. Eles pegaram nossa câmera e retiraram os cartões de memória e as baterias.
Eles sabiam exatamente o que procurar. Havia mais malas contendo coletes à prova de balas empilhadas ao lado da estrada – sinal de que outros jornalistas tentaram passar por lá antes de nós. Os homens da barreira estavam parando todos, exceto os moradores locais.
Não entendi no início o que estava realmente acontecendo. Foi apenas quando um deles, que usava roupas da polícia, disse "Bem-vindo à Rússia!" que eu entendi – seus uniformes podiam ser ucranianos, mas eles estavam isolando a Crimeia em nome de Moscou.

Bases cercadas
No dia seguinte, 2 de março, tudo já estava feito. Enquanto o mundo esperava que navios de guerra russos chegassem para tomar a Crimeia, isso já havia acontecido de forma discreta.
Em dois dias, as bases miliares ucranianas foram cercadas por soldados. Eles carregavam armas russas modernas, mas seus uniformes não tinham nem símbolos nacionais ou brevês de unidades – tampouco marcas de patentes. Junto com eles estavam "voluntários" – normalmente homens mais velhos, muitos aparentemente vindos da Rússia.
Alguns deles usavam peças de uniformes ou roupas civis. Eles isolaram as bases ucranianas e impediam qualquer um de se aproximar. Presumivelmente, eles eram reservistas russos. Eram duros e agressivos, mas obedeciam ordens de superiores. Alguns eram até beberrões e foram vistos claramente alcoolizados durante a noite. No entanto, a disciplina era mantida.
Não houve notícias de pilhagens e, apesar de seu comportamento, eles não ameaçaram nem atacaram civis.

Infiltração
Nos dias seguintes, outros grupos apareceram. Eles eram voluntários genuínos, que vieram de Moscou para se juntar ao que entenderam como a liberação da Crimeia. Eu conversei com três membros de um grupo ultranacionalista cujos uniformes tinham as cores de uma organização monarquista.
Eram todos de Moscou e planejavam ir da Crimeia para as cidades de Kharkiv e Donetsk, nas quais a Rússia exerce influência.
Por quê? Solidariedade, disseram.
Mais cedo eu havia falado com um grupo de sete ou oito motoqueiros que usavam roupas de couro e brevês com títulos como "presidente", "vice-presidente", etc. Eles também vieram de Moscou e planejavam se dirigir a Kharkiv e Donetsk. "É um grande dia", disse o que ostentava a patente de "presidente". Mas esses eram apenas amadores que queriam se juntar ao processo.
Não havia absolutamente nenhum sinal de que o governo russo os havia mandado. Em tempos modernos, Moscou protagonizou três grandes invasões: na Hungria, em novembro de 1956, e na Tchecoslováquia, em agosto de 1968, quando governos comunistas começaram a demonstrar tendências ocidentais; e no Afeganistão, em dezembro de 1979, quando um regime pró-comunista estava à beira do colapso.
Essas foram operações enormes e brutais, que envolveram um grande número de blindados e, às vezes, grande derramamento de sangue. A tomada da Crimeia foi completamente diferente. Foi uma infiltração, não uma invasão.
Diferente de Hungria, Tchecoslováquia e Afeganistão, ela teria sido apoiada por uma grande parte da população local. De acordo com um conhecido opositor ao presidente russo Vladimir Putin, a votação na Crimeia para unir a região à Federação Russa foi "um referendo na mira de Kalashnikovs". Mas não foi.
O resultado foi o que a vasta maioria de russo étnicos queria, e houve pouco uso para fuzis nas ruas. Aqueles que queriam manter a Crimeia como parte da Ucrânia estavam chocados e intimidados demais para resistir. A operação toda foi bem planejada e executada. Mas não há absolutamente nenhuma dúvida sobre o que ela foi – um rápido e sem muito derramamento de sangue golpe de Estado.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Faleceu hoje o Cônsul da Polônia em Curitiba

Faleceu, nesta madrugada em Curitiba, JACEK SZCZENIOWSKI, Cônsul da Polônia em Curitiba. Morreu vítima de ataque fulminante do coração, às 4:30 da madrugada.
Viúvo de Teresa Szczeniowski há 7 anos, que também faleceu em Curitiba, logo que chegou em missão diplomática, em Curitiba, em 2008.
A poucos meses de se aposentar do serviço diplomático Szczeniowski, deixa o filho Michal de 21 anos.
O velório será hoje (01/07) no horário das 19h00 às 22h00.
Cerimônia religiosa acontece será hoje (01/07) às 20h00.
Local: Capela Vaticano R. Des. Hugo Simas, 26 Curitiba



O cônsul Jacek Szczeniowski (à esquerda) em um dos muitos eventos
em que participou da comunidade polaca do Sul do Brasil
Cônsul Jacek Szczeniowski (2º da dir. p/ esq.) esteve acompanhado do Bispo da Diocese de Novo Hamburgo, Dom Eugênio Hastenteufel (1º da esq. p/ dir.)