quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Que Independência de 100 anos, a Polônia está comemorando?

11 de novembro de 1918, o comandante das legiões polacas e o marechal Józef Piłsudski são recebidos com um desfile em frente ao Hotel Bristol em Varsóvia - reprodução de imagem: Piotr Mecik/FORUM
Em 11 de novembro de 1918, a Polônia recuperou sua independência após 123 anos de divisão de seu território pelas invasões do Reino da Rússia, Reino da Prússia (atual Alemanha) e Império da Áustria.

SUBITAMENTE
Mas o que realmente aconteceu naquele dia histórico?
Dia em que também se comemora o fim da Primeira Grande Guerra Mundial.
17 de novembro de 1918, o Grande Desfile Nacional na (Rua) Ulica Krakowskie Przedmieście
Foto: PAP/CAF-ARCHIWUM
Como um grande país como a Polônia do entre-guerras reapareceu no mapa da Europa Central?
O que precisou acontecer em um determinado dia para torná-lo "Dia da Independência?"

Uma resposta um tanto bem-humorada a essa pergunta foi dada pelo próprio marechal Józef Piłsudski, o célebre líder polaco, que estava entre os que mais acreditavam em ganhar de volta a liberdade da Polônia:

Senhoras e senhores, em 1918 - assim como na música legionária - "de repente houve uma nova Polônia".

Embora jocosa, a citação aponta para duas questões importantes.

Em primeiro lugar, que o dia 11 é uma data arbitrária e, como tal, é um pouco "fora da cazinha". Claro, foi um dia excepcionalmente importante para a independência da Polônia, mas não se pode concordar que a independência realmente tenha sido restabelecida em um único dia. É um processo que levou muito tempo. Aconteceram muitas revoltas, como as de 1831 e a de 1863 para citar apenas duas.

E essa é a segunda questão que a citação aponta, mencionando as Legiões Polacas: forças armadas polacas na Primeira Guerra Mundial sendo lideradas por Piłsudski. A posição pró-independência das Legiões (originalmente criada pelos austro-húngaros para fortalecer suas próprias fileiras) levou muitos polacos a acreditar que uma Polônia livre era viável. As legiões lutaram por muitos anos sob mando de potências estrangeiras, antes da Polônia reaparecer no dia 11 de novembro de 1918, no mapa do mundo.

Congratulando com boas vindas a Józef Piłsudski, na estação de trem, em seu retorno a Varsóvia, após prisão em Magdeburg Reprodução de imagem: Piotr Mecik/FORUM
Em novembro de 1918, a Grande Guerra estava chegando ao fim com os poderes da divisão  imposta a Polônia por mais de um século enfraquecidos. A Polônia já desfrutava de soberania parcial: o Conselho Regêncial, um órgão temporário do governo polaco, estava funcionando em Varsóvia e estabelecendo as bases para a independência.

Mas ainda havia tropas alemãs na cidade, que os historiadores estimam em cerca de 30.000 soldados.

Em 10 de novembro de 1918, Piłsudski chegou em Varsóvia, libertado que foi de Magdeburgo pelos alemães. O general tinha sido preso depois de se recusar a lutar pela Alemanha - ed.]. No dia 11, ele assume o controle dos militares. No dia 14, ele recebe poder total. A discussão sobre qual data reconhecer como a recuperação formal da independência foi longa. Fonte: entrevista com Wiesław Wysocki, presidente do Instituto Piłsudski, publicada no periódico Niepodległość, 2017
Apesar do longo debate, apenas um ano depois, em 1919, é que o 11 de novembro começou a ser comemorado como o dia em que a Polônia recuperou sua independência. Mas a data só ganhou status de feriado nacional em 1937.


DEIXE-OS SAIR
Palácio Presidencial em Varsóvia - Foto: Marcin Białek /
Formalmente, Piłsudski tornou-se comandante-em-chefe do exército polaco no dia 11, por decisão do Conselho Regêncial. O primeiro passo do marechal foi obter o controle de Varsóvia, a ex e futura capital de uma Polônia Independente.

Isto foi conseguido através da tomada de lugares estratégicos como o quartel da polícia e os armazéns de armas das tropas alemãs. Tal operação seria arriscada e poderia facilmente levar a uma batalha a mais. Para evitar derramamento de sangue, Piłsudski se dirigiu a um comitê de soldados alemães naquela manhã em frente ao Palácio Presidencial na (Rua) Ulica Krakowskie Przedmieście.
Ele garantiu aos alemães segurança e evacuação pacífica. Em troca, pediu-lhes que entregassem o controle dos materiais sob sua guarda, abaixassem os braços e não provocassem os polacos. No mesmo dia, o Centro de Comando do POW (organização militar clandestina polaca, pró-independência) emitiu a seguinte ordem: "Evite lutas sangrentas com os soldados alemães. Ataques em guarnições estão fora de questão. Deixe-os em paz para seguirem para seu país depois de entregarem as armas e materiais técnicos às unidades da organização. Fonte: Quem desarmou os alemães em novembro, por Mirosław Maciorowski, Gazeta Wyborcza, 2016
Na tarde daquele mesmo dia, as tropas polacas começaram a assumir os pontos estratégicos da cidade. Compreensivelmente a excitação entre os cidadãos era enorme e até civis comuns ajudavam os soldados.

Milagrosamente, toda a operação foi realizada de forma relativamente pacífica - havia apenas um punhado de baixas em ambos os lados - impensável se comparado a como as coisas tinham sido até então. No final do dia, a maioria dos postos-chave estava em mãos polacas, embora os alemães ainda permanecessem na Cidadela do bairro de Żoliborz.

Nesse mesmo dia, a Alemanha assinou o Tratado de Paz com a Tríplice Entente (Rússia, França e Grã-Bretanha), encerrando assim a Primeira Guerra Mundial.

INDIVÍDUOS COMUNS PRETENSIOSOS
Desarmamento das tropas alemãs em Varsóvia - Foto: National Digital Archives, audiovis.nac.gov.pl (NAC)
A maneira pacífica como os polacoss assumiram o controle de Varsóvia foi, em grande medida, um efeito das ações de Piłsudski. Ele queria evitar um confronto com as numerosas tropas alemãs, um conflito que poderia potencialmente levar a baixas em massa.

De fato, foi precisamente a autoridade de Piłsudski entre os polacos e sua capacidade de conter o caos causado nos territórios polacos pelo fim da guerra, a razão principal dele ter sido libertado de Magdeburgo .

Mas para entender completamente por que os alemães se renderam em Varsóvia tão prontamente no dia 11, é preciso voltar no tempo. No dia 10, Piłsudski chegou à cidade em um trem pela manhã bem cedo. Depois de uma reunião com Zdzisław Lubomirski, membro do Conselho Regencial, ele foi para a (rua) ulica Moniuszki, nº 2 (que não existe mais), onde ficou por dois dias dormindo e tomando café da manhã em um dos apartamentos.

No estabelecimento, dirigido por Wanda, Halina e Maria Romanówna - três irmãs conspiradoras do POW (organização militar clandestina polaca, pró-independência) -  na verdade, prisioneiros de guerra, outras reuniões aconteceram, pois havia muitos assuntos prementes. Entre aqueles que eram recebidos por Piłsudski estava o jovem militar Józef Jęczkowiak.

O marechal contou a ele a inquietação que havia presenciado na Alemanha, onde soldados exaustos pela guerra se amotinavam e criavam comissões que defendiam a libertação do dever, um evento que os historiadores agora chamam de Revolução Alemã. Por essas situações é que Piłsudski queria enviar Jęczkowiak em uma missão para enfraquecer o moral das tropas alemãs em Varsóvia. Passando-se por um soldado alemão, Jęczkowiak juntamente com seus companheiros, rapidamente visitou um dos dormitórios do exército alemão e se dirigiu aos que ali estavam:

(...) Eu estava na mesa e em voz alta comecei a contar sobre a revolução na Alemanha e sobre o que eu ouvira de Piłsudski (…). As pessoas começaram a gritar, primeiro apenas algumas, mais tarde muitas delas: "faremos a mesma coisa", "viva a revolução". Eu não ouvi ninguém se opondo (...). Żródło:Był Czyn i Chwała! Wspomnienia Harcerza 1913-1918 by Józef Jęczkowiak, 2015. (Fonte: Ação e Glória! Memórias do Escoteiro de 1913-1918 por Józef Jęczkowiak, 2015)
Desarmamento das tropas alemãs em Varsóvia - Foto: National Digital Archives, audiovis.nac.gov.pl (NAC)
Os soldados alemães estacionados em Varsóvia também tiveram tempo suficiente da guerra e estavam mais do que ansiosos para ir para casa. Depois do discurso de Jęczkowiak, eles estabeleceram seu próprio comitê (aquele dirigido em frente ao Palácio Presidencial) que trabalhou com Piłsudski para a evacuação da cidade. O desarmamento já havia começado no dia 10, mas a maior parte ocorreu no dia seguinte. Como o moral dos soldados alemães havia sido minado com sucesso, a esposa do príncipe Zdzisław Lubomirski, a princesa Maria, pode escrever em suas memórias no dia 11:
Estamos livres! Nós conseguimos nos governar! Isso realmente aconteceu e de maneira tão inesperada (...) Os alemães estão estupefatos, resistem esporadicamente, mas se deixam desarmar não apenas pelos militares, mas também por caçadores civis comuns ... Coisas estranhas em nossa capital! Żródło:Pamiętnik Księżnej Marii Zdzisławowej Lubomirskiej 1914-1918 (The Memoirs of Countess Maria Zdzisławowa Lubomirska), 1997 (Fonte: Diário da Princesa Maria Zdzisławowa Lubomirska 1914-1918 (As Memórias da Condessa Maria Zdzisławowa Lubomirska), 1997)
INESQUECÍVEL E PLENO DE FELICIDADE
Maria Dąbrowska em seu apartamento - Foto: Lucjan Fogiel/East News
Outra descrição de uma testemunha dos acontecimentos daquele dia é da escritora Maria Dąbrowska.  Além de ressaltar que o tempo era "absolutamente lindo", ela também escreveu o seguinte em seu Dzienniki 1914-1945 (Memórias de 1914-1945), publicado em 2009:
De manhã cedo, oficiais alemães estão sendo desarmados em todas as esquinas. Mas a milícia não só está a desarmá-los como também a máfia (…) Ao longo do dia, os bens militares e as autoridades civis estão a ser retirados dos alemães. Durante todo o dia, as ruas estão cheias. Os bondes estão funcionando normalmente. Há carros com nossos soldados em todo lugar (…). No meio de tudo isso, a Polônia está crescendo. E ninguém pode ver como é lindo. Ninguém percebe nessa comoção. 
Talvez, devido a toda a empolgação, a beleza do clima e do Estado recém-renascido tenha realmente faltado uma maior atenção de alguns observadores. Sem dúvida, foi a independência da ocupação a qual a maioria das pessoas estava reagindo. O entusiasmo do momento foi muito bem expresso nas memórias acima mencionadas de Maria Lubomirska:
O presente é histórico, inesquecível, cheio de alegria e triunfante!
Retrato de Józef Piłsudski, criação de Stefan Norblin, em 1939, óleo sobre tela - Foto: Museu Nacional de Varsóvia

No entanto, a Polônia definitivamente seria notada por muitas pessoas em breve, não apenas no país, mas também em todo o mundo. A evacuação de Varsóvia e de outros territórios polacos geralmente estava indo bem - em questão de dias, todos os soldados alemães deixaram a capital. No dia 16, Piłsudski enviou um telegrama aos governantes dos EUA, Grã-Bretanha, Alemanha e outros países:

Como Comandante-em-Chefe do Exército Polaco, notifico governos e nações neutros e em guerra sobre a existência de um Estado Polaco Independente, abrangendo todas as terras da Polônia unificada. (…) O Estado polaco surge da vontade de toda a nação e deve basear-se em princípios democráticos. Do livro "11 de novembro - Dia Nacional da Independência", publicado pelo Clube Central de Soldados Polacos em 2012
A forma das fronteiras do país que reapareciam ainda precisariam ser determinadas, mas depois de recuperar sua capital e centro político no dia 11, não havia dúvida de que um Estado Polaco Independente passava a existir a partir daquele momento histórico. Depois de 123 anos de partilhas de território por nações estrangeiras invasoras, a Polônia estava livre novamente.

Fonte: Culture.pl
Texto: Marek Kępa
Tradução do idioma polaco para o português: Ulisses Iarochinski 

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Cidades polacas dizem não à extrema-direita

Foto: Jakub Porzycki/Agencja Gazeta
O partido que governa a Polônia, o PiS - Partido Direito e Justiça perdeu em Varsóvia, Cracóvia e outras grandes cidades do país. A derrota é um sinal de rejeição dos eleitores polacos a atitudes antidemocráticas e conflitos do governo central da Polônia de ideologia de extrema-direita com a União Europeia.

Os resultados das eleições municipais da Polônia, divulgados nesta segunda-feira (05/11), revelam que a legenda populista de extrema-direita Direito e Justiça (PiS), que governa o país, sofreu um forte revés, perdendo não apenas nas principais cidades como também em várias outras de tamanho médio e pequeno.

No primeiro turno da votação, no dia 21 de outubro, a coalizão opositora liderada pelo partido de centro o PO - Plataforma Cívica conquistou Varsóvia, além de cidades importantes, como Wrocław, Poznań e Łódź. No último domingo, no segundo turno de votação, a oposição venceu em outros municipíos importantes, como Gdańsk, Cracóvia e Kielce.

Enquanto os opositores festejavam, os líderes da legenda governista exaltavam o bom desempenho do partido nas votações para as assembleias regionais. Mas o resultado das eleições para prefeito nos principais centros urbanos do país refletem o aumento da rejeição ao PiS, acusado de colocar em risco a democracia com tentativas de subjugar os tribunais do país e transformar a imprensa estatal num veículo de propaganda oficial.

O governo da Polônia esteve em diversas ocasiões em rota de colisão com a União Europeia (UE), que denuncia práticas antidemocráticas adotadas pelo PiS em temas como imigração e preservação do Estado de Direito.

Apesar do resultado das eleições ser visto como um novo impulso ao PO - Plataforma Cívica e outros partidos de oposição, alguns analistas ressaltaram que uma parcela significativa da votação da oposição resulta da rejeição ao partido governista. Para terem uma chance de governar o país, essas legendas devem se tornar mais atraentes aos eleitores, e a derrota dos opositores para candidatos independentes em algumas regiões é um sinal dessa vulnerabilidade, afirmaram.

O editor-chefe do jornal Rzeczpospolita, Michal Szuldrzyński, afirmou que o resultado demonstra que o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki e o partido governista "fracassaram em reconquistar o centro moderado e ganhar o apoio da classe média". Segundo Szuldrzyński, um dos fatores que fizeram com que o governo perdesse apoio seria o "flerte" de Morawiecki com grupos radicais, com atitudes e palavras que visam agradar os nacionalistas de extrema direita.

Ele mencionou ainda os embates com a UE e um controverso discurso do primeiro-ministro no início do ano sobre o Holocausto, que gerou uma crise com Israel. O jornalista considera este episódio a mais grave crise diplomática do país desde o fim da União Soviética, da qual a Polônia fez parte por 40 anos como país satélite, em 1989.

O ex-primeiro ministro polaco Donald Tusk, que atualmente preside o Conselho Europeu, se declarou surpreso com as dimensões da derrota do PiS, que, segundo ele, devem servir de alerta ao governo na sua relação com a UE.

Tusk, que já foi um dos líderes da Plataforma Cívica, ressaltou que o governo polaco deve agir com bom senso e se conscientizar sobre seu lugar na Europa para evitar erros de cálculo políticos que possam resultar numa saída do país da UE. Ele lembrou que o ex-premiê britânico David Cameron não tinha a intenção de retirar seu país do bloco europeu, mas isso acabou acontecendo após um referendo convocado por ele.

"Não é determinante se [o líder do PiS] Jarosław Kaczyński de fato planeja deixar a UE ou se apenas inicia processos que poderão resultar nisso", disse Tusk. "A vontade [entre os Estados-membros] de manter a Polônia na UE é menor do que a de manter o Reino Unido", alertou.

OS ELEITOS
No segundo turno, 649 prefeitos, entre wójtów, burmistrzów e prezydentów miast (ou 44 prezydentów miast e 179 burmistrzów) foram eleitos.

Na Polônia, dependendo do tamanho da cidade, o cargo de prefeito tem três denominações diferentes: Wójt é o cargo de prefeito de cidade bem pequena, Burmistrz é o prefeito de cidade de média população e Prezydent Miast (presidente da cidade) é  prefeito de cidade grande.

Candidatos do Partido Direito e Justiça competiram em 25 segundos-turnos e perderam em 23 cidades. Os presidentes-de-cidade do PiS governarão apenas cinco cidades da Polônia.

O maior deles é Zamość (65.000 habitantes), onde Andrzej Wnuk venceu no primeiro turno.

A Coalizão Cívica venceu dez segundos turnos, melhorou o resultado do PO - Plataforma Cívica de quatro anos atrás e tem agora um total de 28 presidentes de cidade (prefeito de cidade grande). A participação no segundo turno foi menor do que no primeiro turno, mas chegou a 48,8%.

Resultados das eleições nas principais cidades:

BIAŁA PODLASKA - Michał Litwiniuk (Coalizão Cívica) derrotou o presidente Dariusz Stefaniuk do PiS. No segundo turno, Litwiniuk ganhou 53,1 por cento, Stefaniuk 46,9%.

BIELSKO BIAŁA - Jarosław Klimaszewski (Coalizão Cívica), recebeu 55,5% dos votos, ele ganhou do candidato do PiS Przemysław Drabek que obteve 44,5%.

BRZESZCZ -  Radosław Szot tornou-se o novo prefeito com 60,23% dos votos. Seu rival Robert Adamczyk (PiS) arrecadou 39,77% dos votos. Brzeszcze é o berço político da ex-primeiro ministro Beata Szydło do PiS.  Beata também foi diretora da Casa da Cultura da cidade, entre 1998-2005, também foi prefeita e vice-chefe do corpo de Bombeiros Voluntários.

BYTOM - Mariusz Wołosz (Coalizão dos Cívica) com 53,5% de apoio dos eleitores derrotou o atual presidente da cidade, Damian Bartilla (45.5%).

CHEŁM - Jakub Banaszek (ZP - Direita Unida) derrotou a atual presidente Agata Fisz. Banieszek fez 50,9% dos votos, enquanto Fisz fez 49.1%

GDANSK - Paweł Adamowicz (WG - Tudo para Gdańsk) foi eleito presidente da cidade pelo sexto mandato. Ele foi apoiado por 64,8% dos eleitores. No segundo turno derrotou o candidato da ZP -Direita Unida, Kacper Płażyński, que fez 35.2%.

JELENIA GÓRA - O ex-vice-prefeito George Luzniak (KO) derrotou Krzysztof Mroza, senador do PiS. Łuznia foi apoiado por 69,8% dos eleitores, Mroza por 30.2%

KIELCE - Bogdan Wenta (Świętokrzyskie Project - Projeto Santa Cruz) derrotou o atual presidente  de cidade Wojciech Lubawski. 61,3% foram dados à Wenta e em Lubawskiego 38.7%. O perdedor, após os resultados das pesquisas divulgou que está deixando a vida pública. Segundo Lubawski, a Polônia se dividiu de tal forma que ele, como candidato associado ao PiS, simplesmente não conseguiria vencer.

KONIN - Piotr Korytkowski (PO - Plataforma Cívica) derrotou Zenon Chojnacki (PiS). O candidato da Coligação Cívica obteve 55,8% de apoio, enquanto seu adversário 44.2%

CRACÓVIA - Jacek Majchrowski (sem partido) com o apoio de 61,9% foi eleito para seu quinto mandato.  Vai completar 20 anos como prefeito da segunda maior cidade da Polônia. Ele derrotou Małgorzata Wasserman (ZP - Direita Unida) que obteve 38,6%.

LEGNICA -  Tadeusz Krzakowski atual prefeito derrotou o candidato da Coalizão Cívica Jarosław Rabczenkę com 64,76% contra 35,24%

ŁOMŻA - O atual prefeito Mariusz Chrzanowski (comitê próprio, antes pertencia ao PiS) ganhou da candidata do PiS Agnieszka Muzyk com 76% contra 24% dos votos.

MYSŁOWICE - O candidato sem partido Dariusz Wójtowicz (No primeiro turno era da Coalizão Cívica) derrotou Wojciech Król. Wójtowicz teve 54,1% contra 45,84% dos votos dos eleitores.

NOWY SĄCZ - O candidato sem partido Ludomir Handzel com 58.3% dos votos derrotou o candidato da ZP - Direita Unida, Iwona Mularczyk que fez 41.7%. E isso apesar da candidatura da esposa do deputado Mularczyk ser apoiada pelo Presidente de República Andrzej Duda (PiS).

OLSZTYN - Piotr Grzymowicz ainda será o presidente da cidade. Ele fez campanha com seu próprio comitê e com o apoio dos partidos Nowoczesna, PO e PSL, e com isso obteve 54,5% dos votos. Ele ganhou com o ex-presidente Czesław Małkowski que fez 45,5%. Os dois políticos competiram um contra o outro pela terceira vez. Małkowski foi acusado de crimes sexuais contra quatro mulheres e em 2015 foi condenado a cinco anos de prisão por violação e tentativa de violação. Um ano depois, o Tribunal Distrital de Elbłąg ordenou uma reavaliação do caso. Devido ao fato de Małkowski não ter recebido uma decisão final, ele pode participar nas eleições municipais.

OSTROŁĘKA - Łukasz Kulik venceu com 64,5% votos. Seu rival, o atual prefeito Janusz Kotowski (PiS), obteve 35,5%. Após 12 anos de governo ininterrupto, o PiS perdeu poder nesta cidade. O derrotado Kotowski, tornou-se recentemente bastante conhecido nacionalmente devido a ter probido a exibição do filme "Kler", no cinema da cidade. "Kler" (Clero) é o filme polaco de maior bilheteria na história recente da Polônia.

OTWOCK - Ganhou o conselheiro municipal ligado ao PiS, Jarosław Margielski. Fez 55,2% dos votos, derrotando Ireneusz Paśniczka, que fez 44,8%.

RADOM - Radosław Witkowski (eleito com o apoio dos partidos KO, PSL, SLD e ambiente radomski) com 53,8% dos votos dos eleitores e continuará a ser o presidente (prefeito) desta cidade. Ele derrotou o candidato do PiS, Wojciech Skurkiewicz, que obteve 46,2%. Vencer em Radom daria uma vitória de prestígio para o PiS. No domingo, 28 de outubro, o PiS organizou uma convenção eleitoral em Radom, durante a qual Jarosław Kaczyński (líder nacional do PiS) assegurou que o candidato do seu partido "lida bem com a boca da oposição".

SANDOMIERZ - Marcin Marzec, apoiado pelo PSL e pela Coalizão Cívica obteve 58,52 por cento. votos e será o novo prefeito da bela cidade Sandomierz (uma das mais bonitas da Polônia). Ele derrotou o prefeito Jerzy Borowski, que teve 41,48%.

SIEDLCE - O candidato sem partido Andrzej Sitnik ganhou com 56% votos, derrotando o candidato do PiS Karol Tchórzewski, que fez 44%.

SZCZECIN - O presidente (prefeito da cidade) em exercício Piotr Krzystek (candidato sem partido) venceu Bartłomiej Sochański do PiS. Krzystek teve 78,2 % e o derrotado apenas 21,8%.

TARNÓW - Roman Ciepiela (Coalizão Cívica), com suporte de 58,1% dos votos dos eleitores ganhou de Kazimierz Koprowski (ZP - Direita Unida), que obteve 41,9%.

WŁOCŁAWEK - Marek Wojtkowski, candidato da Coalizão Cívica obteve 63% votos e ganhou de Jarosław Chmielewski do PiS que fez 37%.

CRACÓVIA, UM CASO A PARTE
Foto: Jakub Porzycki

Recorde de frequência na capital real da Polônia. Cracóvia teve o comparecimento 54,6% dos eleitores nas urnas.

O professor Jacek Majchrowski defendeu seu cargo contra Małgorzata Wassermann e venceu com 61,9% dos votos dos cracovianos, que deram apenas 38,6% para a candidata do governo nacional.

O predomínio do professor foi tão alto que sua vitória nunca esteve ameaçada. A experiência conquistada como se fosse um jovem autoconfiante. O Presidente de Cidade (denominação de prefeito de cidade grande) Majchrowski é um recordista, pois este será seu quinto mandato. Nenhum dos prefeitos históricos da cidade ficou tanto tempo na cadeira da segunda mais importante cidade do país (para muitos a mais importante).

Apenas Juliusz Leo, também professor na Universidade Iaguelônica e também não nascido em Cracóvia, ocupou o cargo por quase 16 anos no período que antecedeu o renascimento do Estado polaco independente. No entanto, cinco mandatos consecutivos para prof. Majchrowski significa que sua presidência de cidade pode cobrir um total de 21 anos, dos quais 16 anos ele já cumpriu, igualando Leo.

Jacek Maria Majchrowski nasceu em 13 de janeiro de 1947 na cidade de Sosnowiec. É advogado e professor da Universidade Iaguelônica (uma das mais antigas do mundo), professor de ciências jurídicas, historiador de doutrinas políticas e jurídicas, ex-membro do Tribunal de Estado. Um especialista na história da Segunda República da Polônia, documentando sua história, especialmente as atividades dos partidos de direita.

Majchrowski está no cargo de presidente da cidade de Cracóvia desde 2002. Mas sua vida está ligada, não só a história da cidade mas também da primeira universidade da Polônia, fundada em 1364.

Ele concluiu o mestrado em 1970 na Iaguielônica. Em 1974, obteve um doutorado na Faculdade de Direito e Administração e em 1988 obteve o título de professor associado de ciência jurídica. De 1987 a 1993, ele foi o catedrático da Faculdade de Direito e Administração.

Ele também fez parte do corpo docente Instituto de Ciências Políticas da Faculdade de Administração e Administração da Universidade Jan Kochanowski de Ciências Humanas e Naturais em Kielce.

A partir de 1965, ele foi membro do Partido dos Trabalhadores Unidos da Polônia.

Nos anos de 1996-1997, ele foi o voivoda de Cracóvia (quando a região da cidade foi também uma voivodia). Ele contribuiu, entre outros para a criação da Zona Econômica Especial de Cracóvia e para assinar um acordo inicial sobre a construção do Centro de Concerto e Congressos.

Ele também resgatou o Teatro Stu antes da liquidação.

Além disso, como o voivoda da Aliança da Esquerda Democrática (SLD), transferiu as sepulturas de soldados soviéticos enterrados no Parque Planty, perto do Barbacan (portal norte da cidade), para o Cemitério de Rakowicki. Assim terminou com o conflito agudo da cidade, marcado por muitas manifestações públicas de protesto contra estes túmulos no parque que circunda a cidade medieval de Cracóvia.

Ele foi membro do partido SLD (de esquerda) desde 1999, mas ele suspendeu sua filiação durante o mandato de prefeito de Cracóvia.

Membro da Sociedade Histórica Polaca, Sociedade Polaca de Ciências Políticas e sociedades científicas estrangeiras, ele é vice-presidente do Comitê Social para a Restauração dos Monumentos Históricos de Cracóvia.

Ele é autor de muitos estudos científicos e 14 livros históricos, principalmente sobre a Segunda República da Polônia, incluindo Forte-Curto-Pronto, Pensamento político no campo da União Nacional (1985), Grupos monarquistas nos anos da Segunda República Polaca (1988), O preferido César Bolesław Wieniawa-Długoszowski: esboço da biografia (1990).

Sob seu comando editorial também foi publicado em 1994 o livro Quem era quem na Segunda República da Polônia. Em 2010, o Presidente da República da Polônia, Lech Kaczyński, nomeou-o membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento. Em 2015, ele foi um dos fundadores do comitê eleitoral de Bronisław Komorowski na eleição presidencial.


Fontes: RC/rtr/ap/ Polityka

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Milhares estão assistindo filme polaco sobre pedofilia na igreja

Foto: Marek Strzelecki
Um filme polaco sobre os abusos cometidos por sacerdotes católicos está batendo recordes de público nas bilheterias do país.

"Kler", palavra em idioma polaco para a palavra clero, já atraiu mais de 935 mil espectadores somente no último final de semana, a melhor estreia no país nos últimos 30 anos, de acordo com a Associação de Cineastas Polacos.

 O filme, que explora temas como abuso infantil, ligações românticas, corrupção, ganância e alcoolismo por clérigos, tem sido duramente criticado pelo governo conservador de extrema direita polaco.

A estreia coloca em evidência o papel da Igreja na Polônia na ocultação de casos de pedofilia, uma questão que tem sido largamente ignorada no país de maioria católica (cerca de 95% da população, mesmo após protestos públicos em outros locais, como Irlanda e Estados Unidos.

Um tribunal de apelação na cidade polaca de Poznań confirmou nesta terça-feira a multa de 1 milhão de Złoty (cerca de R$ 1 milhão) imposta à Igreja Católica no caso de um padre condenado por sequestrar e estuprar uma menina de 13 anos por mais de dez meses — uma punição sem precedentes para a instituição religiosa no país. O dinheiro será destinado à compensação da vítima.

"O filme equivale a uma conversa muito séria com os polacos" (sobre a Igreja), disse a uma TV local, o ator Janusz Gajos, que interpreta um arcebispo no filme. "Deve ser um choque. Sabemos de muitos incidentes que são inimagináveis, que acontecem atrás das cortinas da Igreja e cujos perpetradores são protegidos".

O porta-voz de Direitos Humanos da Polônia está investigando se houve violação da Constituição por parte de uma decisão das autoridades locais em Ostrołęka, cidade no Nordeste da Polônia que se recusou a exibir o filme em um cinema do município. O filme superou “50 tons de Cinza” como a maior bilheteria do país.

O filme é dirigido e produzido por Wojciech Smarzowski conta o destino de três sacerdotes: Andrzej Kukuła (Arkadiusz Jakubik) Leszek Lisowski (Jacek Braciak) e Tadeusz Trybus (Robert Więckiewicz). A história de cada sacerdote está longe de imaginar que a maioria dos católicos tenha clérigos. Sua atitude também nada tem a ver com a vida de pobreza e o amor franciscano ao próximo promovido pelo Papa Francisco.

No filme de Smarzowski, padres amaldiçoam, dirigem carros caros, bebem álcool e, em geral, não veem que tantas vezes as palavras repetidas sobre o "bem da igreja" têm qualquer outra dimensão para elas que não o desejo de obter benefícios pessoais.

Conta ainda com o melhor ator polaco desde muito tempo, Janusz Gajos no papel do Arcebispo Mordowicz, Joanna Kulig como Hanka Tomala, Adrian Zaremba como vigário Jan, Magdalena Celówna-Janikowska como Natalia e Ignacy Klim como Rysiek Malinowski. O filme tem roteiro de Wojciech Smarzowski e de Wojciech Rzehak.

Janusz Gajos


Arkadiusz Jakubik
Jacek Braciak
Robert Więckiewicz
Joanna Kulig
O filme está em cartaz com muito bom público na Holanda, Inglaterra, Noruega, Estados Unidos, Alemanha e França.

domingo, 30 de setembro de 2018

Lech Wałesa faz 75 anos e se diz contra Trump e Kaczyński

Lech Wałesa continua o mesmo de sempre. O mesmo ímpeto para mover multidões, que se hoje, não o escuta como há três décadas, pelo menos mantém o respeito pelo homem que mudou a face política do mundo. Foi ele que derrubou com a ajuda de operários dos estaleiros da sua Gdańsk e os mineiros de Katowice a União Soviética Stalinista e não os alemães do Muro do Berlim. O muro foi apenas consequência e não causa.

Nas linhas abaixo a última entrevista que o líder do Solidariedade deu a uma rádio estrangeira:

Com óculos a la Bono - Foto:©Jacek Smarz
O ex-presidente polaco Lech Wałesa, que fez 75 anos neste sábado (29/09), nasceu em condições muito pobres. Seu pai morreu em decorrência da tortura sofrida num campo de trabalhos forçados alemão, e ele teve que cuidar desde muito cedo de si mesmo e da família.

Ele se formou em uma escola vocacional e trabalhou como eletricista desde 1967 no estaleiro de Gdańsk. Em dezembro de 1970, ele foi um dos líderes da mais famosa greve da história da Polônia sob o jugo soviético. Naquela década de 70, ele foi detido no estaleiro e interrogado pelo Serviço de Segurança e libertado.

Em agosto de 1980, ele se juntou à uma nova greve no estaleiro e liderou o comitê de greve. Em 31 de agosto, ele assinou um acordo com a delegação do governo. Após a fundação do Sindicato Independente Autônomo, o Solidarność, do qual se tornou seu primeiro presidente.

Este grande movimento sindical de 1980 contribuiu decisivamente para a derrocada do comunismo e do Muro de Berlim. Em 1983 recebeu o Prêmio Nobel da Paz e, em 1990, se tornou o primeiro presidente eleito livremente na Polônia do pós-Guerra, posição na qual ele negociou a retirada do Exército Vermelho do país, há quase 25 anos.

Em entrevista à rádio internacional alemã Deutsche Welle, o ex-sindicalista ressaltou que populistas de direita como o americano Donald Trump ou o polaco Jarosław Kaczyński, líder do partido governista Direito e Justiça (PiS), servem de motivação para que ele continue atuando na política. "Estou velho, cansado, mas não gosto do que está acontecendo", afirmou.

Deutsche Welle: Com uma vida de tantas conquistas, o senhor ainda sente falta de alguma coisa que possa completar a sua carreira?

Lech Walesa: Na verdade, tudo o que sonhei e que pretendi para minha vida, eu consegui. Mas meu plano ia até a recuperação da liberdade. Recuperar a liberdade e introduzir a democracia eram meus objetivos. Eu pensava: "Se conseguirmos a democracia, então tudo vai para frente". Só que não estávamos preparados para a democracia, nos faltavam boas pessoas e bons programas. Os problemas começaram e, entre outras coisas, foi por isso que perdi a eleição na época. Mas a Polônia se desenvolveu bem, e não estávamos mal. Mas agora eu começo a me perguntar: "Para que serve a vitória se não sabemos o que fazer com ela?" Esse é o meu problema: estou velho, cansado, mas não gosto do que está acontecendo. Porque a política do atual governo não é boa. Eu acho que o diagnóstico dele é bom, mas a terapia é ruim. Por outro lado, casos como Kaczyński ou Trump também me motivam. Eles nos convocam a encontrar soluções. Eles nos inspiram. E, embora o diagnóstico deles esteja correto, por exemplo, "devemos melhorar o trabalho dos tribunais", as soluções escolhidas são ruins.

Deutsche Welle: No momento, o governo polaco tem uma imagem ruim no Ocidente. Há até os que dizem que a Polônia está se movendo em direção a uma ditadura. Isso é verdade?

Lech Wałesa: Estamos lidando com pessoas inaptas, que não passaram por um exame médico, pessoas mesquinhas, complexadas, que chegaram ao poder por acaso. Essa é a nossa desgraça. Eu avisei a sociedade, porque eu já os conhecia de antigamente. O problema atual é como podemos combatê-los, pois somos democratas, não queremos violência, enquanto aqueles que estão no poder adotam leis úteis para si mesmos, sem levar em conta o povo e a Constituição. É difícil combater através de manifestações, porque há, hoje em dia, muito poucas pessoas ativas. Precisamos pensar em algo que nos faça avançar. Atualmente, usamos os procedimentos da UE, pedimos apoio à UE, à Alemanha e a outros países da UE, porque até a eleição ainda há um longo tempo. Isso pode nos arruinar, porque os governantes manipulam as leis e vão nos enganar. Então, precisamos hoje da solidariedade global.

Deutsche Welle: E como o senhor avalia o fato de que atualmente os governantes na Polônia usem estereótipos antialemães?

Lech Wałesa: Eles abrem velhas feridas, abusam da complicada e trágica história entre nossos povos, jogam com ressentimentos. Eles lançam mão da demagogia, semeiam o conflito e colocam as pessoas umas contra as outras. Eles questionam nossas conquistas, nossas vitórias. Eles fazem de Wałesa e outros "agentes" para que possam ganhar. Eles não se importam com o dano que estão causando com isso, contanto que consigam vencer. É por isso que me pergunto se eles são inimigos da Polônia, traidores, agentes ou perfeitos idiotas. Há apenas estas duas possibilidades: ou eles são traidores ou são idiotas completos.

Deutsche Welle: E como os alemães devem se comportar nessa situação?

Lech Wałesa: Eles devem continuar fazendo o que fizeram até agora: resistir e, ao mesmo tempo, pensar em como podem nos ajudar, para que o que já alcançamos em nosso relacionamento pós-Guerra não seja destruído.

Deutsche Welle: Crescem na Polônia as vozes que cobram da Alemanha o pagamento de reparações de guerra. As reivindicações são justificadas?

Lech Wałesa: Os alemães são ricos, nós não somos, e isso por causa de sua agressão e da guerra. As pessoas devem falar sobre isso, mas não exigir, porque é tarde demais. Não é com ataque ou confrontação, mas com discussões e convicções. Deve-se apresentar evidências factuais de que o problema não foi resolvido definitivamente. Demandas e confrontações certamente são um método ruim para se resolver o problema.

Deutsche Welle: O senhor é um católico praticante. Qual o papel da Igreja e da fé cristã em sua vida e em suas ações?

Lech Wałesa: Um papel crucial. Eu não sou religioso. Minha fé não é antiquada ou medieval, ela é um computador da mais nova geração. Eu sei que existe Deus, eu posso encontrá-lo. Eu caio, mas, graças a ele, eu me levanto de novo. Sem fé, tudo que faço seria inútil. Mas eu continuo porque minha fé me diz: "Se você não continuar, terá que responder por isso". Então tenho que fazer o máximo que posso.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

A Polônia vai pro Oscar de "Guerra Fria"

O diretor e seus principais artistas
A Polônia escolheu "Zimna Wojna"(Cold War) como seu filme candidato ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro Filme.

Ele é dirigido por Paweł Pawlikowski, que já conquistou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015 com "Ida".

De acordo com a revista Variety, a Polônia definiu o longa que irá representa-la no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro: “Guerra Fria”, dirigido por Paweł Pawlikowski, que já lhe rendeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes deste ano.

Depois do sucesso sem precedentes em Cannes (participação na competição principal e o prêmio de melhor diretor), e também depois dos Leões de Ouro no Festival de Gdynia (Polônia), que "Guerra Fria" essa escolha parecia óbvia.

Os membros do Comitê do Oscar Polaco deste ano, incluiu Jan A.P. Kaczmarek, Stefan Laudyn, Maria Sadowska, Barbara Hollender, Michał Oleszczyk e o diretor do Instituto de Cinema Polaco Radosław Śmigulski.

O filme se passa durante a Guerra Fria na década de 1950, e é ambientado entre a Polônia comunista e a boemia parisiense. Na trama, um músico amante da liberdade e uma jovem cantora com histórias e temperamentos completamente diferentes vivem um amor impossível.

O filme é estrelado pelos artistas Joanna Kulig, Tomasz Kot, Agata Kulesza, Borys Szyc,  Jeanne Balibar, Adam Woronowicz, Cédric Kahn  e Adam Ferency.

Além de dirigir, Pawlikowski também é responsável pelo roteiro. Seu último longa, “Ida“, conquistou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015.




Entrevista (em idioma polaco) com o diretor, produtor, ator,  atriz, e diretor de fotografia no set de filmagem. Na gravação, aparece também o mais representativo grupo folclórico da Polônia, o Mazowsze:




“Guerra Fria” ainda não tem data de estreia no Brasil.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Polônia começa a sofrer sanções da UE

Varsóvia e seu enorme edifício Palácio da Cultura rodeado por novos arranha céus.
Acusada pela União Europeia de violar princípios do estado de direito, contrariando os "valores" do bloco, a Polônia começou nesta terça-feira, 18, a sofrer sanções de Bruxelas.

As reformas polacas, segundo a UE, tiraram a autonomia e colocaram o Judiciário sujeito ao controle político. O afastamento faz parte das primeiras represálias aos governos de extrema-direita da Europa Central, acusados de adotar medidas que minam a independência da Justiça.

Na semana passada, o Parlamento Europeu adotou uma medida para obrigar o Conselho Europeu, o fórum dos 28 chefes de Estado e de governo, a abrir processo contra a Hungria por violação do Artigo 7 do Tratado Europeu, pelos mesmos problemas.

A partir da decisão, o governo do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, corre o risco de perder o direito de voto nas instâncias políticas da União Europeia. A mesma sanção é estudada contra a Polônia por infrações semelhantes:

- atentado à independência dos poderes,
- redução da autonomia da Justiça,
- restrição da liberdade de imprensa e limitação da ação de ONGs.

As ameaças se tornaram realidade com a suspensão da Polônia da Rede Europeia de Conselhos de Justiça (ENCJ, na sigla em inglês), uma associação que reúne os conselhos nacionais de Justiça dos diferentes países da UE. "É um dia triste, porque a Polônia foi fundadora da ENCJ", afirmou Luca Forteleoni, porta-voz da entidade, em Bucareste, na Romênia, onde o órgão realizou sua assembleia-geral.

Ameaças
Na terça-feira, 18, em nota oficial conjunta, os governos de França e Alemanha advertiram o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, e o presidente do país, Andrzej Duda, sobre as reformas contrárias ao estado de direito.

Os ministérios de Assuntos Europeus dos dois países exigem que Varsóvia abra negociações com Bruxelas para voltar atrás nas reformas. "Nós esperávamos que a Polônia agisse de maneira construtiva e não tomasse medidas irreversíveis", dizia a nota.

"Nós já discutimos a situação do estado de direito na Polônia cinco vezes desde o início do procedimento, a partir do Artigo 7, mas o diálogo não permitiu progressos substanciais", informaram os ministros de Assuntos Europeus da Alemanha, Michael Roth, e da França, Nathalie Loiseau. "Ao contrário, desde 3 de julho e da implementação do novo regime de aposentadorias dos juízes da Suprema Corte, a situação da Polônia é mais urgente do que nunca."

Bruxelas estuda, além da suspensão do direito ao voto da Polônia e da Hungria, a suspensão ou condicionamento da liberação de verbas e de fundos europeus, uma medida com potencial para desestabilizar os orçamentos públicos dos governos de ambos os países, parcialmente dependentes dos subsídios do bloco. Além da ENCJ, o Tribunal de Justiça da União Europeia já realiza desde agosto uma investigação para apurar se a nova legislação polaca de aposentadoria de magistrados está de acordo com o direito europeu. Segundo o governo polaco, no entanto, a decisão do tribunal poderia ser ignorada por Varsóvia.

Fonte: jornais o Estado de Minas e O Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A história de Karol Jaroszyński do Brasil

Casa construída em 1920 no local onde nasceu Karol em 1880, em Starosiele - Dubienka - Chełm
O rapaz saiu de casa em 1903 (ou 1905), em Starosiele, vila rural da Polônia, localizada na voivodia de Lublin, no município de Chełm, distrito de Dubienka, aos 22 anos, com o sonho de todo o europeu miserável do início do século 20.

Mapa da fronteira polaca-ucraniana
Sim, o sonho era o mesmo para venezianos, napolitanos, sicilianos, toscanos (atuais italianos), renanos, bávaros, saxões (atuais alemães), rutenos (atuais ucranianos), castelhanos, galegos, andaluzes, catalães (atuais espanhóis), portugueses e… polacos: “Fazer a América”.

Karol Jaroszyński
Karol, esse era seu nome, atravessou os mares e o oceano numa viagem de quase dois meses. Foi direto para a Nova Polônia, terra que já tinha recebido milhares de compatriotas seus: Kurytyba, a Nowa Polska, única cidade americana com grafia no idioma polaco.

Karol, nascido em 10 de dezembro de 1882 (segundo a árvore genealógica de parte da família na Polônia, ele teria nascido em 28 de novembro de 1880) era filho de Kacper Jaroszyński. E este por sua vez, nascido em 05/01/1855, Włościanin e falecido em 05/01/1938, em Starosiele. E filho também de Karolina Pawluk, que havia nascido em 09/11/1856, em Tomaszów Lubelski e faleceu em 1920, em Starosiele.

Seu bisavô também se chamava Karol, e este havia nascido em 27/01/1828, em Rogatka, e era casado com Marianna Siemieszka, falecida em 18/08/1864, em Rogatka.

Karol, o que emigrou para o Brasil era bisneto de Jan, que havia nascido em 1778, em Majdan Siedliski e de Apolonia Kołodziejów, nascida em 1779.

Ainda é possível saber que Karol era trineto de Marcin, nascido em 1755 e falecido em 05/08/1810, em Majdan Siedliski, e de Apolonia Szawarska.

Nesta carta, Karol, confirmava que nasceu no Distrito de Dubieka.
Na época, a localidade pertencia à cidade de Horubieszów. Atualmente pertence à cidade de Chełm.
Karol tinha dois irmãos, Jan, nascido em 30/05/1883, e Wacław, nascido em 28/09/1889, todos nascidos em Starosiele. Wacław (pronuncia-se: vátssuáf) falecido em 16/04/1967, foi casado com Anna Jamroz, que faleceu em 09/05/1978; Além de mais 3 irmãs, Adolfa, nascida em 10/08/1879, em Starosiele; Waleria, nascida em 25/12/1885, em Starosiele e falecida em 10/09/1970, que foi casada com Franciszek Gołebiowski, este falecido em 06/01/1955; e Domicela, nascida em 1894 e falecida em 03/01/1926, em Starosiele, foi casada com Antoni Cybulski, falecido em 25/04/1944.
Foto da irmã Waleria, enviada por ela a Carlos em 1956.
No verso da foto ela escreveu: "Ao amado irmão, Waleria em Starosiele - 1 dezembro 1956
O avô Kacper Jaroszyński que viveu na zona rural chamada de Starosiele, teve vários filhos, entre eles Karol, o que emigrou para Curitiba, no Paraná e depois transmigrou para Pariquera-açú, no Estado de São Paulo.

O segundo filho, Wacław, e seu neto Remigiusz estudaram o segundo grau, na cidade Lwów (então Polônia e atualmente no território da Ucrânia).

Karol Hołownicki, filho de Remigiusz, conta que seu avô Wacław e a esposa Irena residiram, em Starosiele na infância, mas que depois, quando voltou de Lwów, passou a residir na cidade de Hrubieszów até 2004, quando morreu. Karol é filho de Jolanta e neto de Wacław (que é irmão de Karol - Carlos do Brasil).

Karol (Carlos do Brasil) não encontrando lugar em nenhuma das mais de 10 colônias de imigrantes polacos, na terra dos pinheirais, foi para a pequena Pariquera-açú, no litoral Sul do Estado de São Paulo, pois lá existia uma pequena comunidade de imigrantes polacos, com quem teve contato.

Lá, em Pariquera-açú, ele encontrou uma descendente de polacos como ele: Marianna Redyś. Logo, o amor nasceu, floresceu entre eles, e também impôs todas as exigências de uma família constituída.
Sobrenome grafado com Yaroczynski

Algum tempo depois, Karol recebeu a notícia de que o governo paulista estava doando lotes coloniais na distante e desconhecida cidadezinha de Barão de Antonina.

E lá foi Karol mais uma vez em busca da realização de seu sonho: “Fazer a América”.

Quem sabe com a bela Marianna não seria mais fácil?

O sonho estava diante de si: 10 hectares de terra, que nunca seus pais e avós ousaram pensar possuir, naquela Polônia, invadida, ocupada, seviciada e escravizada por russos, saxões e austríacos.

Terra fértil que se transformaria em berço de um filho e três filhas, João, Helena, Paulina e Ewa, que perpetuariam seu sobrenome com uma grafia adulterada: Jarochinski (talvez por causa da pronúncia da grafia em idioma polaco soar aos ouvidos brasileiros como chi e não zy).

A família brasileira de Karol foi aumentando ao longo das décadas seguintes.

O filho João se casou com Darci e deu dois netos: José Maria, Carlos e adotou a menina Doraci.
A filha Helena se casou Rodolfo e deu uma neta, Zilda, e dois netos Flávio e Felizberto.
A filha Paulina se casou com João Batista e deu um neto Isaias Carlos, e três netas, Ana Maria, Vera Lúcia e Maria José.
A filha Ewa se casou com Elias e deu três netos João Carlos, Antônio Tadeu, Teófilo José, e duas netas Maria Inês e Rita de Cássia.

O neto José Maria deu três bisnetas Nives, Carolina e Raquel. A bisneta Raquel deu um trineto, Estevan.

O neto Carlos deu dois bisnetos: Gabriel e Leandro.
Marianna Redyś

A neta Doraci deu três bisnetos: Ibrahim Rogério, Luciano e Juliano. O bisneto Ibrahim Rogério deu dois trinetos, Gustavo e João, e a trineta Luíza. O bisneto Luciano deu dois trinetos, Gabriel e João Vitor, e duas trinetas, Maria Vitória e Izadora. O bisneto Juliano deu dois trinetos, Antony e Arthur, e a trineta Nathália.

A neta Zilda deu dois bisnetos: Emerson e Paulo Rodolfo. O bisneto Emerson deu a trineta, Maria Helena.

O neto Isaias Carlos deu dois bisnetos, Gabriel e Rodrigo. O bisneto Rodrigo deu o trineto, Tomás e a enteada Isabella.

A neta Vera Lúcia deu duas bisnetas: Juliana e Mariana. A bisneta Juliana deu uma trineta, Maria Eduarda. A bisneta Mariana deu uma trineta, Ana Clara.

A neta Maria José deu dois bisnetos: Rodrigo e Raíssa.

O neto João Carlos deu dois bisnetos: Ana Flávia e João Carlos. A bisneta Ana Flávia deu uma trineta: Natalie. O bisneto João Carlos deu dois trinetos: Caio e Eric.

Ewa Jarochinski da Silva
O neto Antonio Tadeu deu duas bisnetas: Carolina e Mayara.

O neto Teófilo José deu dois bisnetos: Maria Fernanda e João Guilherme.

A neta Maria Inês deu três bisnetos: Marco, Gabriela e Iacy. O bisneto Marco deu dois trinetos: Gabriel e Manoela.

A neta Rita de Cássia deu três bisnetos: Renato, Pedro e Marianna. A bisneta Marianna deu uma trineta, Maria Beatriz.

A prole cresceu ao longo das décadas. Atualmente 69 brasileiros são descendentes daquele casal que se meteu nas matas da fronteira paulista com o Paraná - a terra da Nova Polônia - e fincou raízes no Brasil, mantendo nas veias os sangues dos Jaroszyński e Redyś.

Um dos genros, Elias, conta que Karol, além de lavrador era um excelente domador de cavalos. Não havia um fazendeiro e sitiante na região de Barão de Antonina, Itaporanga e Rio Vermelho que não o procurasse para amansar seus animais.

Karol, ou Carlos, como Elias chamava seu sogro, criou com dignidade todos os seus filhos. Se mais não fez, foi porque os governos estaduais praticamente se esqueceram daquela terra de imigrantes. A cidade e a região não progrediram. Mas de seu trabalho e persistência, os filhos, netos, bisnetos e trinetos puderam alcançar a universidade e terem uma vida muito melhor que aquele velho imigrante do Leste polaco.


Este bilhete com o endereço de Carlos em poder da família em Starosiele, Dubienka, é de 1948.

Sobre a grafia do sobrenome

Sempre envolta na defesa de seu território, a Polônia foi atacada muitas vezes pelos vizinhos ateus, protestantes, católicos ortodoxos, muçulmanos e tengriistas (mongóis-tártaros).
De 1795 a 11 de novembro de 1918, a Polônia foi invadida, ocupada e repartida entre o Reino da Rússia (onde vivia Kacper), o Império Austríaco e o Reino da Prússia (República da Alemanha, a partir de 1870). As ocupações provocaram um êxodo sem precedente na história da República da Polônia (criada em 1530, em parceria com o ducado da Lituânia, sendo, portanto, a primeira República do mundo moderno). Milhões de polacos emigraram para França, Inglaterra, Austrália, Estados Unidos, México, Haiti, Peru, Argentina e Brasil.

Devido à esta permanente situação de ocupação estrangeira de quase 150 anos nos séculos 18, 19 e 20, os nomes sofreram alterações causadas por funcionários das potências invasoras, por analfabetismo, por registros equivocados nos portos e aduanas.

Assim, grafia do sobrenome dos ancestrais de Karol, de Barão de Antonina, no idioma polaco era Jaroszyński, desde antes 1755.

As ocupações estrangeiras causaram alterações de grafia nos nomes das ruas, vilas, cidades, regiões, e até nomes e sobrenomes da Polônia. E este foi o caso do Karol que virou Carlos e do Jaroszyński, que virou Jarochinski.

Nas regiões ocupadas pelos povos saxônicos houve adulteração não só na grafia de algumas letras, mas sílabas inteiras. Nomes de cidades grafados em polaco como Oświęcin e Brzezinka se transformaram em Auschwitz (campo de concentração e extermínio alemão nazista) e Birkenau, assim como Szulman se transformou em Schulmann, Szmyd em Schmidt.

No caso da ocupação russa houve alteração devido à transliteração do alfabeto cirílico usado pela Rússia e o alfabeto latino usado pela Polônia. Assim, uma mesma família devido a essa transliteração de alfabetos, passou a ter duas ou mais grafias. Os parentes do Ocidente continuaram a escrever Jarosiński, mas os do Oriente (onde era mais comum o alfabeto cirílico dos russos, rutenos e bielorrussos) passaram a grafar Jaroszyński.

Na cidade Łuków, no Centro-Leste da Polônia, existem três irmãos, dois deles grafam Jarosiński e um Jaroszyński.

Foi também em Łuków, que nasceu Maria, filha de Piotr e Anna Jarosiński, que emigraram para o Paraná e chegada ao Brasil foi assentada com os pais e irmãos, na colônia do Tronco, na cidade de Castro. Cidade distante de Pariquera-açú e Barão de Antonina para aqueles tempos. Assim, como poderiam ter se encontrado se não falavam português e os transportes eram difíceis?

Devido a essas alterações de idioma, pronúncia, sotaque e alfabetos, muito provavelmente a raiz familiar de sobrenomes polacos como Jarosiński, Jarociński, Jaroszyński, Yaroczynski, Jaroszewski e Jarosz, seja a mesma.

Daí, o fato de existirem no Brasil parentes que não se conhecem e tampouco se reconhecem por terem sobrenomes grafados como Iarochinski, Iarocrinski, Iarozinski, Jarochinski e Jarocheski.

Encontro dos descendentes de Carlos e Marianna em Araçoiaba da Serra - SP

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Família Jarosiński foi morta por esconder judeus

Poviat: Vila de Stryj / Województwo: voivodia (Estado) e cidade de Stanislawów
No Outono de 1943. Bronisław Jarosiński foi preso pela nazista Gestapo junto com sua esposa Maria e o filho Leszek.

Na mesma operação foram presas outras cinco pessoa de uma família de origem judiaca, que Bronisław tinha escondido em sua casa na vila Stryj na voivodia de Stanislawów.

No comunicado do comandante da SS e da polícia na região da Galícia polaca, em 28 de janeiro de 1944, entre as 84 pessoas na 79ª posição, Bronisław Jarosiński foi condenado à morte. Sua esposa, embora não mencionada no documento, juntamente com o marido deu sua vida pela ajuda à pessoas de origem judaica.

Em novembro, a Gestapo tinha chegado à família Jarosiński na companhia de um policial ucraniano. Os policiais foram direto para o alçapão do porão escondido sob o guarda-roupa, onde os judeus estavam escondidos.

Os polacos-judeus foram ordenados a sair e levados para a delegacia de Stryj. Além deles, Bronisław, sua esposa Maria e seu filho, acabaram adoecendo na prisão. Ambas as filhas Alicja de 16 anos e Liwia de 12 anos não estavam em casa e por isso não foram levadas. O pequeno Leszek foi libertado e uma polaca que trabalhava na Gestapo o escoltou até o orfanato dirigido pelas Irmãs Seráficas na igreja de São José.

Orfanato das Irmãs Seráficas em Stryj
Enquanto o casal Jarosiński estave na prisão, Paulina Gruszecka, a irmã de Maria levou as crianças para ver seus avós.

Depois de algum tempo, as crianças  receberam informações de que Bronisław e Maria foram mortos.

As crianças dos Jarosiński ficaram no orfanato até 1945. Depois foram levados para Gliwice para viver com a tia.

Depoimento de Leszek Jarosiński




Mapa da Vila de Stryj
No canto esquerdo, embaixo a vila de Stryj

O autor W. Zajączkowski em seu livro "Mártires da Caridade", ao invés de colocar o correto sobrenome de Bronisław - Jarosiński -  escreveu uma das outras versões de sobrenome: Jaroszyński. Mas foi o único. Em todos os outros autores e documentos é mesmo Jarosiński

Bibliografia:

- IPN BU 392/2033.
- FLV, List od Leszka Jarosińskiego [syn], Gliwice, z dn. 8.2013 r.
- FLV, List od Zaleska-Roman [fragm. książki TB-AR], Warszawa, z dn. 21.01.2014 r.
- Berenstein, A. Rutkowski, Pomoc Żydom w Polsce 1939-1945, Warszawa 1963.
- Bielawski, Zbrodnie na Polakach dokonane przez hitlerowców za pomoc udzielaną Żydom, Warszawa 1981.
- Godni synowie naszej Ojczyzny, cz. 2, s. J. Chodorska CSL (red.), Warszawa 2002.
- Datner, Las sprawiedliwych. Karta z dziejów ratownictwa Żydów w okupowanej Polsce, Warszawa 1968.
- Poray, Those Who Risked Their Lives, Chicago, Illinois 2007.
- Those Who Helped. Polish Rescuers of Jews During the Holocaust, cz. 3, R. Walczak (ed.), Warszawa 1997.
- Wroński, M. Zwolak, Polacy-Żydzi 1939–1945, Warszawa 1971.
- Zajączkowski, Martyrs of Charity, Washington D.C. 1988. [Strona internetowa – http://www.niedziela.pl/wydruk/82564/nd], dostęp: 27.04.2015.

Atenção:

- Poray, Those Who Risked Their Lives, Chicago, Illinois 2007, s. 29; R. Walczak (ed.), Those Who Helped. Polish Rescuers of Jews During the Holocaust, cz. 3, Warszawa 1997, s. 74;
- S. Datner, Las sprawiedliwych. Karta z dziejów ratownictwa Żydów w okupowanej Polsce, Warszawa 1968, s. 103–104;
- S. Wroński, M. Zwolak, Polacy-Żydzi 1939–1945, Warszawa 1971, s. 431, 442;
- W. Bielawski, Zbrodnie na Polakach dokonane przez hitlerowców za pomoc udzielaną Żydom, Warszawa 1981, s. 31;
- W. Zajączkowski, Martyrs of Charity, Washington D.C. 1988, s. 229 podają nazwisko Jaroszyński.

- FLV, List od Leszka Jarosińskiego [syn], Gliwice, z dn. 8.2013 r. Maria nie jest wspominana w relacjach, jednak w relacji syna można znaleźć informację, że została aresztowana i zginęła wraz z mężem za pomoc Żydom.