sábado, 1 de abril de 2023

Gomułka: um comunista forte da Polônia

"Ele era forte não graças ao apoio dos polacos, porque - convenhamos - ele não precisava disso. Como todo governante comunista, precisava do apoio de Moscou. Por que ele os perdeu? Bem, também porque ele era independente à sua maneira. Ele não era um "chefe de esquerda" da Polônia que poderia ser convocado ao Kremlin e observar de cima a baixo como Stalin lidava com Bierut. (...) Vale a pena considerar onde estaríamos hoje se não fosse pela determinação dele em relação às suas negociações na fronteira polaca no rio Nysa Łużycka. Certamente seria mais difícil para nós negociarmos tal acordo sobre este assunto após a reunificação da Alemanha".

A opinião é do historiador professor Jerzy Eisler, diretor da filial em Varsóvia do Instuto da Memória Nacional, a respeito de um dos últimos dirigentes socialistas da Polônia:

WŁADISŁAW GOMUŁKA

Gomułka em 1960

Nascido em 6 de fevereiro de 1905 na vila rural de Białobrzegi Franciszkańskie nos arredores da cidade de  Krosno, em uma família de trabalhadores que vivia na ocupação austríaca da Polônia (renominada por Viena como Província da Galícia).

Seus pais se conheceram e se casaram nos Estados Unidos, para onde imigraram em busca de trabalho no final do século XIX.
Eles voltaram para a Polônia ainda ocupada no início do século XX porque o pai dele não conseguiu encontrar um emprego remunerado na América.

Jan Gomułka trabalhou como operário na Indústria Petrolífera Sobcarpatia. A irmã mais velha de Władysław, Józefa, nascida nos Estados Unidos, retornou ao completar dezoito anos, juntando-se aos demais membros da família que haviam permanecido e também pensando em preservar sua cidadania americana.

Władysław e seus outros dois irmãos viveram uma infância pobre. Viviam em uma choupana em ruínas e comiam principalmente batatas. Władysław recebeu apenas uma educação rudimentar antes de ser empregado na indústria petrolífera da região.

Gomułka frequentou escolas, em Krosno, por seis ou sete anos. Isto, até os treze anos, quando teve que iniciar o aprendizado em uma serralharia.

Ao longo de sua vida, Gomułka foi um leitor ávido e autodidata, embora tenha sido motivo de piadas devido a sua falta de educação formal e comportamento.

Gomułka discursando no congresso do Partido Unido dos Trabalhadores Polacos 

Em 1922, Gomułka passou nos exames de aprendizagem e começou a trabalhar em uma refinaria local. O jovem trabalhador se aproximou da esquerda radical, juntando-se à organização juvenil Siła (Poder), em 1922, e ao Partido Camponês Independente, em 1925.

Gomułka era conhecido por seu ativismo nos sindicatos dos metalúrgicos e, a partir de 1922, da indústria química. Esteve envolvido em greves organizadas por sindicatos e, em 1924, durante uma reunião de protesto, em Krosno, participou de um debate polêmico com Herman Lieberman.

Publicou textos radicais em jornais de esquerda. Em maio de 1926, o jovem Gomułka foi preso pela primeira vez, mas logo foi liberto pelas demandas dos trabalhadores. O incidente foi objeto de uma intervenção parlamentar feit pelo Partido Camponês.

Em outubro de 1926, Gomułka tornou-se secretário do conselho administrativo do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Química do distrito de Drohobych e permaneceu envolvido com esse sindicato dominado pelos comunistas até 1930. Nessa época, ele aprendeu por conta própria o idioma ucraniano básico.

No final de 1926, enquanto estava em Drohobych, Gomułka tornou-se membro do Partido Comunista da Polônia (Komunistyczna Partia Polski, KPP), ilegal, mas em funcionamento, tendo sido preso por agitação política. Tecnicamente, nessa época ele era membro do Partido Comunista da Ucrânia Ocidental, que era um ramo autônomo do Partido Comunista da Polônia.

Gomułka estava interessado principalmente em questões sociais, incluindo o movimento comercial e trabalhista, e se concentrou em atividades práticas. Em meados de 1927, Gomułka foi para Varsóvia, onde permaneceu até ser convocado para o serviço militar no final do ano.

Depois de vários meses, os militares o liberaram devido a um problema de saúde na perna direita. Gomułka voltou ao trabalho do Partido Comunista, organizando greves e falando em reuniões de trabalhadores em todos os principais centros industriais da Polônia. Nesse período foi preso diversas vezes e vivia sob vigilância policial.

Gomułka foi ativista nos sindicatos de esquerda desde 1926 e no Departamento Central de Comércio do Comitê Central do KPP desde 1931.

Ainda no verão de 1930, Gomułka embarcou ilegalmente em sua primeira viagem ao exterior com a intenção de participar da Internacional Vermelha do Trabalho. Quinto Congresso de Sindicatos realizado, em Moscou, de 15 a 30 de julho. Viajando da Alta Silésia para Berlim, ele teve que esperar pela emissão dos documentos soviéticos e chegou a Moscou tarde demais para participar das deliberações do Congresso.

Gomułka ficou, em Moscou, por algumas semanas e depois foi para Leningrado, de onde embarcou para Hamburgo. Passou por Berlim novamente e voltou para a Polônia, através da Silésia.

Em agosto de 1932, ele foi preso pela polícia do Saneamento enquanto participava de uma conferência de delegados de trabalhadores têxteis, em Łódź. Mais tarde, quando ele tentou escapar, levou um tiro, a bala, na coxa esquerda que o deixou com deficiência permanente para andar.

Apesar de ter sido condenado a quatro anos de prisão em 1º de junho de 1933, ele foi temporariamente libertado para cirurgia na perna ferida em março de 1934.

Após sua libertação, Gomułka solicitou que o KPP o enviasse à União Soviética para tratamento médico e outras questões políticas. Ele chegou à União Soviética, em junho, e passou várias semanas na Crimeia, onde se submeteu a banhos terapêuticos.

Em seguida, passou mais de um ano, em Moscou, onde frequentou a Escola Lenin sob o nome de Stefan Kowalski. As aulas orientadas para a ideologia foram organizadas separadamente para um pequeno grupo de estudantes polacos (um deles era Roman Romkowski (Natan Grünspan, Grinszpan - Kikiel), que mais tarde perseguiria Gomułka na Polônia stalinista) e incluiu um curso de treinamento militar conduzido por Karol Świerczewski.

Em um parecer escrito emitido pela escola, Gomułka foi caracterizado em termos altamente positivos, mas sua estada prolongada na União Soviética o deixou desiludido com as realidades do comunismo stalinista e altamente crítico da prática de coletivização agrária.

Em novembro de 1935, ele voltou ilegalmente para a Polônia. Retomou suas atividades conspiratórias comunistas e trabalhistas e continuou avançando dentro da organização KPP até que, como secretário da filial do Partido na Silésia, foi preso na cidade de Chorzów, em abril de 1936.

Gomułka foi então julgado pelo Tribunal Distrital, em Katowice, e condenado a sete anos de prisão, onde permaneceu preso até o início da Segunda Guerra Mundial. Ironicamente, esse internamento provavelmente salvou a vida de Gomułka, porque a maioria das lideranças do KPP seria assassinada na União Soviética, no final dos anos 1930, apanhada no Grande Expurgo sob as ordens de Józef Stalin.

As experiências de Gomułka o transformaram em uma pessoa extremamente desconfiada e contribuíram para sua convicção ao longo da vida de que o Saneamento Polônia era um Estado fascista, mesmo que as prisões polacas fossem o lugar mais seguro para os comunistas polacos. Ele diferenciou essa crença de seus sentimentos positivos em relação ao país e seu povo, especialmente os membros da classe trabalhadora.

GOMUŁKA NA II GUERRA MUNDIAL

A eclosão da guerra libertou Gomułka de sua prisão. Em 7 de setembro de 1939, ele chegou a Varsóvia, onde permaneceu por algumas semanas, trabalhando na capital sitiada na construção de fortificações defensivas. De lá, como muitos outros comunistas polacos, Gomułka fugiu para o leste da Polônia, que foi invadido pela União Soviética, em 17 de setembro de 1939.

Em Białystok, ele administrava um lar para ex-prisioneiros políticos que chegavam de outras partes da Polônia. Para se reunir com sua esposa felizmente encontrada, no final de 1939, Gomułka mudou-se para Lwów, controlada pelos soviéticos.

Como outros membros do Partido Comunista da Polônia tinha sido dissolvido, Gomułka procurou se filiar ao Partido Comunista Soviético de Toda a União (bolcheviques). As autoridades soviéticas permitiram tais transferências de membros apenas a partir de março de 1941 e em abril daquele ano, Gomułka recebeu seu cartão do partido em Kiev.

As circunstâncias da vida dos comunistas polacos mudaram drasticamente após o ataque alemão de 1941 às posições soviéticas no leste da Polônia. Reduzidos à penúria em Lwów, agora ocupada pelos alemães, os Gomułkas conseguiram se juntar à família de Władysław, em Krosno, no final de 1941.

No entanto, algo bastante importante logo ocorreu na esfera da atividade política comunista: em janeiro de 1942, Józef Stalin havia restabelecido, em Varsóvia, um partido comunista polaco sob o nome de Partido dos Trabalhadores Polacos (PPR).

Em 1942, Gomułka participou da reforma de um partido comunista polaco (o KPP foi destruído nos expurgos de Stalin, no final dos anos 1930) sob o nome Polska Partia Robotnicza - PPR.

Gomułka se envolveu na criação de estruturas partidárias na região sobcarpática e começou a usar seu pseudônimo conspiratório de guerra "Wiesław". Em julho de 1942, Paweł Finder trouxe Gomułka para a Varsóvia ocupada.

Em agosto, o secretário do Comitê regional de Varsóvia do PPR foi preso pela Gestapo e "Wiesław" foi encarregado de seu cargo. Em setembro, Gomułka tornou-se membro do Comitê Central Temporário do PPR. No final de 1942 e início de 1943, o PPR passou por uma grave crise por causa do assassinato de seu primeiro secretário, Marceli Nowotko.

Gomułka participou da investigação do partido dirigida contra outro membro da liderança, Bolesław Mołojec, que resultou na execução deste. Junto com Paweł Finder, que foi nomeado Primeiro Secretário do partido, e Franciszek Jóźwiak, Gomułka (sob o pseudônimo de "Wiesław") foi incluído na nova liderança interna do Partido, estabelecida em janeiro de 1943.

O Comitê Central foi ampliado nos meses seguintes para incluir Bolesław Bierut. Em fevereiro de 1943, Gomułka liderou o lado comunista em uma série de reuniões importantes em Varsóvia entre o PPR e a Delegação do Governo do governo polaco no exílio com sede em Londres e o Exército do País (Armia Krajowa).

selo do correio com Władzysław Gomułka

As conversações não produziram resultados devido aos interesses divergentes das partes envolvidas e à falta de confiança mútua. A Delegação interrompeu oficialmente as negociações, em 28 de abril, três dias após o governo soviético ter rompido relações diplomáticas com o governo polaco.

Gomułka  se tornou o principal ideólogo do Partido. Ele escreveu o "Pelo que lutamos?" (O co walczymy?) publicação datada de 1º de março de 1943, e a declaração muito mais abrangente que surgiu sob o mesmo título em novembro.

"Wiesław" supervisionou o principal empreendimento editorial do Partido. Fez esforços, em grande parte sem sucesso, para garantir a cooperação do PPR de outras forças políticas na Polônia ocupada.

Bierut, entretanto, era indiferente a tais tentativas e contava simplesmente com a compulsão fornecida por uma futura presença do Exército Vermelho, na Polônia. As diferentes estratégias resultaram em um conflito agudo entre os dois políticos comunistas.

Gomułka e a moça que sob no púlpito para lhe beijar

No Conselho Nacional de Estado do Comitê Polaco de Libertação Nacional, no outono de 1943, a liderança do PPR começou a discutir a criação de um corpo polaco quase parlamentar, liderado pelos comunistas, a ser nomeado como Krajowa Rada Narodowa, -  KRN.

Depois da Batalha de Kursk, a expectativa era de uma vitória soviética e libertação da Polônia e o PPR queria estar pronto para assumir o poder. Gomułka teve a ideia de um conselho nacional e impôs seu ponto de vista ao restante da liderança. O PPR pretendia obter o consentimento do líder do Comintern e de seu contato soviético, Georgi Dimitrov.

No entanto, em novembro, a Gestapo prendeu Finder e Małgorzata Fornalska, que possuía os códigos secretos de comunicação com Moscou e a resposta soviética permaneceu desconhecida.

Na ausência de Finder, em 23 de novembro, Gomułka foi eleito secretário-geral do PPR e Bierut ingressou na liderança interna de três pessoas. A reunião de fundação do Conselho Nacional do Estado ocorreu no final da noite, de 31 de dezembro de 1943.

O novo presidente do órgão, Bierut, estava se tornando o principal rival de Gomułka. Em meados de janeiro de 1944, Dimitrov foi finalmente informado da existência do KRN, o que surpreendeu a ele e aos líderes comunistas polacos em Moscou, cada vez mais liderados por Jakub Berman, que tinha outras ideias concorrentes sobre o estabelecimento de um partido e governo comunista polaco.

Gomułka sentiu que os comunistas polacos, na Polônia ocupada, tinham uma melhor compreensão das realidades polacas do que seus irmãos em Moscou e que o Conselho Nacional do Estado deveria determinar a forma do futuro governo executivo da Polônia.

Entretanto, para obter a aprovação soviética e esclarecer quaisquer mal-entendidos, uma delegação do KRN rumou em março para Moscou, onde chegou dois meses depois. Naquela época, Stalin concluiu que a existência do KRN era algo positivo e os polacos que chegavam de Varsóvia foram recebidos e saudados por ele e outros dignitários soviéticos.

A União dos Patriotas Polacos e o Escritório Central dos Comunistas Polacos, em Moscou estavam agora sob pressão para reconhecer a primazia do PPR, do KRN e de Władysław Gomułka, o que acabaram fazendo apenas em meados de julho.

Em 20 de julho, as forças soviéticas sob o comando do marechal Konstantin Rokossovsky abriram caminho através do rio Bug e, no mesmo dia, a reunião combinada de comunistas polacos das facções de Moscou e Varsóvia finalizou os arranjos relativos ao estabelecimento (em 21 de julho) do Comitê Polaco de Libertação Nacional (PKWN), um governo temporário chefiado por Edward Osóbka-Morawski, um socialista aliado dos comunistas. Gomułka e outros líderes do PPR deixaram Varsóvia e seguiram para o território controlado pelos soviéticos, chegando a Lublin, em 1º de agosto, dia em que a Revolta de Varsóvia eclodiu na capital polaca.

POLÔNIA SOCIALISTA

Gomułka, em Varsóvia, em 1945

Gomułka foi vice-primeiro-ministro no Governo Provisório da República da Polônia (Rząd Tymczasowy Rzeczypospolitej Polskiej), de janeiro a junho de 1945, e também no Governo Provisório de Unidade Nacional (Tymczasowy Rząd Jedności Narodowej), de 1945 a 1947.

Como ministro dos Territórios Recuperados de 1945 a 1948, Gomułka exerceu grande influência na reconstrução, integração e progresso econômico da Polônia dentro de suas novas fronteiras, supervisionando o assentamento, desenvolvimento e administração das terras revertidas da ocupação Alemã.

Usando sua posição no PPR e no governo, Gomułka liderou as transformações sociais na Polônia e participou do esmagamento da resistência ao regime comunista durante os anos do pós-guerra.

Ele também ajudou os comunistas a vencer o referendo Trzy razy tak ("Três vezes sim") de 1946. Um ano depois, ele desempenhou um papel fundamental nas eleições parlamentares de 1947, que foram arranjadas de forma fraudulenta para dar aos comunistas e seus aliados uma vitória esmagadora.

Após as eleições, toda a oposição legal remanescente na Polônia foi efetivamente destruída e Gomułka era agora o homem mais poderoso da Polônia. Em junho de 1948, devido à iminente unificação do PPR e do PPS, Gomułka fez uma palestra sobre a história do movimento operário polaco. Em um memorando escrito a Stalin, em 1948, Gomułka argumentou que "alguns dos camaradas judeus não sentem nenhum vínculo com a nação polaca ou com a classe trabalhadora polaca ... ou mantêm uma postura que pode ser descrita como 'niilismo nacional'".

Como resultado, ele considerou "absolutamente necessário não apenas parar qualquer crescimento adicional na porcentagem de judeus no Estado, bem como no aparato partidário, mas também diminuir lentamente essa porcentagem, especialmente nos níveis mais altos do aparelho".

Gomułka na capa da revista norte americana TIME de  1.º dezembro 1956

Nikita Khrushchev, que esteve intimamente envolvido nos assuntos polacos na década de 1940, de acordo com as memórias do próprio, acreditava que Gomułka tinha razão em se opor às políticas de pessoal adotadas por Roman Zambrowski, Jakub Berman e Hilary Minc, todos descendentes de judeus trazidos da União Soviética para a Polônia. 

No entanto, Khrushchev atribuiu a subsequente queda de Gomułka a seus rivais, tendo conseguido retratar Gomułka como sendo pró-iugoslavo. As acusações não foram tornadas públicas, mas foram levadas ao conhecimento de Stalin e se tornaram cruciais em sua tomada de decisão de que lado ele apoiaria - em vista da divisão soviético-iugoslava que ocorreu em 1948.

No final da década de 1940, o governo comunista da Polônia foi dividido pela rivalidade entre Gomułka e o presidente Bolesław Bierut. Gomułka liderou um grupo nacional de origem, enquanto Bierut liderou um grupo criado por Stalin na União Soviética. A luta acabou levando à remoção de Gomułka do poder, em 1948. Enquanto Bierut defendia uma política de total subserviência a Moscou, Gomułka queria adaptar o projeto comunista às circunstâncias polacas.

Entre outras coisas, ele se opôs à coletivização forçada e era cético em relação ao Cominform. A facção Bierut tinha a atenção de Stalin e, por ordem deste, Gomułka foi demitido do cargo de líder do partido por "desvio nacionalista de direita", sendo substituído por Bierut.

Em dezembro, logo após a fusão do PPR e do Partido Socialista Polaco para formar Partido Unido dos Trabalhadores Polacos (PZPR), que era essencialmente o PPR com um novo nome), Gomułka foi retirado do Politburo do partido fundido.

Gomułka foi destituído de seus cargos restantes no governo, em janeiro de 1949, e expulso do partido em novembro. Nos oito anos seguintes, ele não desempenhou funções oficiais e foi submetido a perseguições, incluindo quase quatro anos de prisão de 1951 a 1954.

Bierut morreu, em março de 1956, durante um período de desestalinização na Polônia que se desenvolveu gradualmente após a morte de Stalin. Edward Ochab tornou-se o novo primeiro secretário do Partido. Logo depois, Gomułka foi parcialmente reabilitado quando Ochab admitiu que Gomułka não deveria ter sido preso, enquanto reiterava as acusações de "desvio nacionalista de direita" contra ele.

Em junho de 1956, violentos protestos de trabalhadores eclodiram na cidade de Poznań. Os distúrbios dos trabalhadores foram duramente reprimidos e dezenas de trabalhadores foram mortos.

No entanto, a liderança do Partido, que agora incluía muitos funcionários reformistas, reconheceu até certo ponto a validade das demandas dos participantes do protesto e tomou medidas para aplacar os trabalhadores.

Os reformadores do Partido queriam uma reabilitação política de Gomułka e seu retorno à liderança do Partido. Gomułka insistiu que lhe fosse dado poder real para implementar novas reformas. Ele queria a substituição de alguns dos líderes do partido, incluindo o ministro da Defesa pró-soviético Konstantin Rokossovsky.

A liderança soviética viu os eventos na Polônia com alarme. Simultaneamente com os movimentos das tropas soviéticas na Polônia, uma delegação soviética de alto escalão voou para Varsóvia. Ela foi liderado por Nikita Khrushchev e incluiu Anastas Mikoyan, Nikolai Bulganin, Vyacheslav Molotov, Lazar Kaganovich, Ivan Konev e outros.

Ochab e Gomułka deixaram claro que as forças polacas resistiriam se as tropas soviéticas avançassem, mas garantiram aos soviéticos que as reformas eram assuntos internos e que a Polônia não tinha intenção de abandonar o bloco comunista ou seus tratados com a União Soviética.

Os soviéticos cederam. Seguindo os desejos da maioria dos membros do Politburo, o Primeiro Secretário Ochab cedeu e em 20 de outubro o Comitê Central trouxe Gomułka e vários associados para o Politburo, removeu outros e elegeu Gomułka como o primeiro secretário do Partido.

Gomułka, o ex-prisioneiro dos stalinistas, gozou de amplo apoio popular em todo o país, expresso pelos participantes de uma grande manifestação de rua em Varsóvia, em 24 de outubro.



Manifestação no dia do trabalho pró-Gomułka

Vendo que Gomułka era popular entre o povo polaco, e dada sua insistência de que queria manter a aliança com a União Soviética e a presença do Exército Vermelho na Polônia, Khrushchev decidiu que Gomułka era um líder com quem Moscou poderia conviver.

Um fator importante que influenciou Gomułka foi a questão da linha Oder-Neisse. A Alemanha Ocidental recusou-se a reconhecer a linha Oder-Neisse e Gomułka percebeu a instabilidade fundamental da fronteira ocidental imposta unilateralmente pela Polônia. Ele se sentiu ameaçado pelas declarações revanchistas feitas pelo governo Adenauer e acreditava que a aliança com a União Soviética era a única coisa que impedia a ameaça de uma futura invasão alemã.

O novo líder do partido disse ao 8º Plenário do PZPR, em 19 de outubro de 1956 que: "A Polônia precisa de amizade com a União Soviética mais do que a União Soviética precisa de amizade com a Polônia ... Sem a União Soviética não podemos manter nossas fronteiras com o Oeste".

Gomułka discursando diante de milhares de polacos em 1956

O tratado com a Alemanha Ocidental foi negociado e assinado, em dezembro de 1970. O lado alemão reconheceu as fronteiras pós-Segunda Guerra Mundial, que estabeleceram uma base para a futura paz, estabilidade e cooperação na Europa Central.

Durante os eventos da Primavera de Praga, Gomułka foi um dos principais líderes do Pacto de Varsóvia e apoiou a participação da Polônia na invasão da Tchecoslováquia, em agosto de 1968.

Em 1967-68, Gomułka permitiu explosões de propaganda política "anti-sionista", que se desenvolveu inicialmente como resultado da frustração do bloco soviético com o resultado da Guerra dos Seis Dias árabe-israelense.

Acabou sendo uma campanha anti-semita velada e expurgo do exército, perseguido principalmente por outros no Partido, mas utilizado por Gomułka para se manter no poder, desviando a atenção da população da economia estagnada e má administração.

O resultado foi a emigração da maioria dos restantes cidadãos polacos de origem judaica. 

Naquela época, ele também era responsável por perseguir estudantes protestantes e endurecer a censura dos meios de comunicação.

Em dezembro de 1970, as dificuldades econômicas levaram a aumentos de preços e protestos subsequentes. Gomułka, juntamente com seu braço direito Zenon Kliszko, ordenou que o Exército regular comandado pelo general Bolesław Chocha, atirasse em trabalhadores em greve com armas automáticas nas cidades de Gdańsk e Gdynia.

Mais de 41 trabalhadores de estaleiros da costa do Báltico foram mortos na violência policial-estatal que se seguiu, enquanto mais de mil pessoas ficaram feridas.

Gomułka e seu substituto Gierek

Os eventos forçaram a renúncia e aposentadoria de Gomułka. Em uma substituição geracional da elite governante, Edward Gierek assumiu a liderança do Partido e as tensões diminuíram.

A imagem negativa de Gomułka na propaganda comunista após sua remoção foi gradualmente modificada e algumas de suas contribuições construtivas foram reconhecidas. 

Władzysław Gomułka é visto como um crente honesto e austero no sistema socialista, que, incapaz de resolver as formidáveis ​​dificuldades da Polônia e satisfazer demandas mutuamente contraditórias, tornou-se mais rígido e despótico mais tarde em sua carreira.

VIDA PRIVADA 

Władysław Gomułka mantinha um relacionamento com Liwa Szoken, uma ativista comunista polaca de origem judaica,que conheceu durante sua atividade sindical em Zawiercie, em 1928.

O casal realizou um casamento civil, em 21 de abril de 1951, antes de Gomułka ser preso. Mas já em 1930, nasceu seu filho Ryszard Strzelecki (em 1970 Vice-Ministro de Comércio Exterior e Economia Marítima), que mais tarde adotou o sobrenome Strzelecki-Gomułka.

O segundo filho morreu na infância. Nos anos de 1932 a 1944, o filho Gomułka estava sob os cuidados de seus avós, devido à prisão de seus pais, na Polônia entre guerras e, em seguida, em conexão com suas atividades clandestinas durante a ocupação.

Este filho foi membro do conselho da Fundação de Arquivos de Documentação Histórica da República Popular da Polônia.

Em 1960, Ludwika Paczosowa, irmã de Władysław Gomułka, morreu em um incêndio em Krosno.

Desde que voltou a Varsóvia após a ocupação, Gomułka viveu na Aleja Wojska Polskiego, n.º 16. Após sua libertação, Gomułka e sua esposa viveram, em Varsóvia, na Aleja na Skarpie, n.º 19, apartamento 6.

A casa em Konstancin

Ao mesmo tempo, ele tinha uma casa de férias em Śródborów, perto de Otwock. Depois de renunciar ao cargo de primeiro secretário do Partido dos Trabalhadores Unidos Polacos, ele recebeu uma casa de propriedade do Gabinete do Conselho de Ministros, em Konstancin, na ulica Rada Narodowa, n.º 20 (agora Potulickich, n.º 42).

Ele era um homem excessivamente frugal, especialmente em comparação com outros políticos influentes, como Józef Cyrankiewic. De acordo com Eleonora Salwa-Syzdek Gomułka foi o mais trabalhador dos primeiros secretários. Ele era famoso por seus longos discursos. Ele ía para a cama dormir relativamente cedo.

Um fumante inveterado, Gomułka morreu, em 1982, aos 77 anos de câncer de pulmão. As memórias de Gomułka só foram publicadas em 1994, muito depois de sua morte e cinco anos após o colapso do regime comunista ao qual ele serviu e liderou.

O jornalista americano John Gunther descreveu Gomułka, em 1961, como sendo "professional nas maneiras, indiferente e anguloso, com um peculiar sabor apimentado"

Gomułka morreu na manhã de 1º de setembro de 1982 de câncer de pulmão, em Konstancin. O caixão com o cadáver foi exposto no Salão da Coluna do Sejm, em 5 de setembro de 1982. Ele foi enterrado na Aleja Zasłużonych no Cemitério Militar Powązki em Varsóvia (seção A27-Aleja Zasłużonych-1), em 6 de setembro de 1982.

Gomułka foi enterrado no Cemitério Militar Powązki, em Varsóvia.

Texto baseado em várias fontes, entre elas:

- Rothschild and Wingfield: Return to Diversity, A Political History of East Central Europe Since World War II OUP 2000
- Harriman Institute (1999). "The defection of Jozef Swiatlo and the Search for Jewish Scapegoats in the Polish United Workers' Party, 1953-1954" (PDF) (em inglês). Columbia University, New York City. Consultado em 14 de fevereiro de 2013.
- George Washington University: The National Security Archive (2002). "Notes from the Minutes of the CPSU CC Presidium Meeting with Satellite Leaders, October 24, 1956" (PDF) (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2013. 
- Time Magazine (10 de dezembro de 1956). "POLAND: Rebellious Compromiser" (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2013.


quarta-feira, 22 de março de 2023

Uma psicóloga ucraniana em Cracóvia

Jolanta (esquerda) e Katerina



Ela é amiga da minha ex-chefe em Cracóvia, a Jolanta Małgorzata Kozioł, dos meus serviços de guia turístico pela cidade de Cracóvia, Campo de Concentração e Extermínio Alemão Nazista de Auschwitz e Birkenau, Mina de Sal de Wielicka e a cidade natal do Papa João Paulo II, Katowice.






Liidia




A reportagem sobre a refugiada ucraniana Kateryna Savitzka (sobrenome polaco Sawicka) é do site "Nice2Beme" da fotógrafa Lidiia Kozhevnikova, também ucraniana.






Kateryna é psicóloga atua como psicoterapeuta na empresa que ela abriu em Cracóvia. Estudou na Universidade Politécnica de Lwów, na Faculdade de Psicologia Teórica e Prática. Estudou também psicoterapia catatímica-imaginativa no desenvolvimento do drama simbólico e da psicologia profunda.

Lidiia: Por que você decidiu se mudar para a Polônia?


Kateryna: Para Cracóvia, porque eu e meu namorado compramos um apartamento aqui há 4 anos. Quando a guerra começou, tivemos para onde ir. Morávamos em Lwów, que não é tão longe de Cracóvia. Uma nova etapa da vida juntos começou, novos desafios, altos e baixos, mas as primeiras horas da agressão militar russa na Ucrânia mudaram nossas vidas em "antes" e "depois". Não sabíamos o que nos esperava a seguir, paramos juntos neste abismo existencial.

Lidiia: Como foi a adaptação no novo ambiente cultural?

Kateryna: Para mim, Cracóvia é como Lwów, nem sinto a diferença, é apenas uma cidade maior. Sempre adorei Cracóvia e sentia muitas saudades, gostei muito das suas ruas e cafés, lugar em que se pode caminhar ao longo do rio. Eu me sinto confortável e segura aqui. Também trouxe de volta memórias maravilhosas e alegres. Pelo fato de eu não ter vindo sozinha, e porque tínhamos este apartamento. Meu companheiro tinha um emprego, assim, a adaptação foi mais fácil. Foi mais difícil para mim encontrar um emprego. Eu estive procurando emprego por cerca de três meses e, simultaneamente, estava aprendendo muito o idioma polaco. Eu já falava um pouco de polaco, mas esse conhecimento não era suficiente para eu consultar. Comecei a estudar intensamente com um professor particular, 3 a 5 vezes por semana, durante um mês, porque entendia que podia encontrar um emprego. Mas ainda preciso melhorar meu nível de polaco. 


Lidiia: Como está tua vida atualmente?

Kateryna: Eu estive ajudando como voluntária em Varsóvia, Cracóvia, Katowice e Viena, na Áustria no trabalho com os refugiados, porque são questões muito importantes com uma certa especificidade. Então, as policlínicas começaram a me chamar para trabalhar como psicoterapeuta. Certa vez, uma mulher me telefonou, apresentou-se como coordenadora do projeto em Paszkowka, onde fica um hotel para refugiados ucranianos, e propôs-me um encontro.
No primeiro dia, consultei uma mulher que sofria de câncer. Ela foi a primeira pessoa a me procurar e depois de nossas conversas, ela me agradeceu e disse que finalmente estava se sentindo melhor. No decorrer de meu trabalho posterior, curamos com sucesso muitos de seus traumas psicológicos.
Em seguida, realizamos uma pesquisa online entre os residentes do hotel para saber se eles precisavam de um psicoterapeuta. Afinal, os ucranianos têm medo dessa profissão. Oito pessoas se inscreveram imediatamente e eu entendi que isso era apenas o começo.
Cada vez mais pessoas vinham me visitar e às vezes surgia a questão de pernoitar, porque chegar a Paszkowka é um pouco difícil. Agora estou lá 3 a 4 dias seguidos. Há novas pessoas que precisam de ajuda. Se no começo eu tinha medo de que fosse preciso muito esforço para conseguir pessoas interessadas em vir às consultas, agora as pessoas viram o quanto o estado emocional das pessoas com quem trabalhávamos mudou e elas também quiseram me procurar.
Portanto, agora há muito trabalho, além de pessoas satisfeitas. Agora conseguimos construir uma estrutura para esses refugiados que ajudam, interessam-se, preparam-se, para que depois do fim do projeto as pessoas saibam o que fazer a seguir. Preparamos pessoas para continuar vivendo neste momento difícil.

Lidiia: Quais eram suas expectativas/sonhos de morar em Cracóvia? Eles se tornaram realidade?

Kateryna: Honestamente, pensei que íamos passear por uma semana e voltar. Eu queria voltar o mais rápido possível para Lwów, mas a guerra continuava…
Além disso, vi que minhas habilidades eram necessárias aqui: falo inglês e polaco fluentemente. Tenho planos de estudar nos Estados Unidos, em breve – novas oportunidades se abrem aqui. Encontrei um lugar onde posso ser eficaz e ajudar os refugiados da Ucrânia. Eu entendo a mentalidade do meu povo, a língua ucraniana, russa e posso realmente ajudar essas pessoas.
Os empregadores perceberam a eficiência do meu trabalho e agora me ofereceram um emprego como psicóloga, em Cracóvia, e outras cidades. Agora não estou procurando emprego, mas os empregos estão procurando por mim.


Encontrei uma organização que valoriza o que faço. Aqui posso influenciar o processo, o sistema, não só como psicoterapeuta de pessoas, mas também todo o projeto. A cooperação com meus superiores em todos os níveis é muito fácil e conveniente. Estou tentando ver o que pode ser feito de melhor para os refugiados, onde é difícil para eles, onde são preguiçosos e precisam de um pouco de motivação. É claro que você não pode fazer tudo isso sozinho, mas na equipe em que trabalho permite que você ajude inúmeras pessoas.
Surpreendo-me como os polacos estão prontos para ajudar os ucranianos e quantas pessoas estão envolvidas nesse processo.


Os americanos nos visitam com muita frequência e cada um deles deixa um pedaço de sua alma neste projeto. Se antes eu esperava voltar em uma semana para casa, agora sinto que quero ficar aqui.
Gosto muito de Cracóvia. Conheci pessoas interessantes na minha profissão, vejo aqui as perspectivas de vida e trabalho na profissão que amo. Aqui me sinto uma pessoa importante que pode influenciar os processos. Iniciativa, responsabilidade e comprometimento com o trabalho são muito valorizados aqui. Além disso, partindo do pressuposto, quero muito transferir minha experiência para outras organizações para mostrar o que conseguimos trabalhando com refugiados, por meio de vitórias e erros, para ajudar mais ucranianos.


Lidiia: Que lugar a Ucrânia ocupa para você?

Kateryna: Nesta fase, para mim, é daqui que saem as pessoas que realmente precisam de ajuda. Isso pode mudar a atitude dos ucranianos em relação à psicologia. É muito difícil para as pessoas e elas estão prontas para trabalhar em si mesmas e curar suas almas. É por isso que, para mim, a Ucrânia está passando por uma transformação também do ponto de vista da minha profissão. Embora o mais importante seja a nossa vitória. Eu leio as notícias todos os dias e dói muito. Não sei como tudo vai acabar, mas não vai ser como antes. Portanto, para mim, a Ucrânia é agora um lugar onde quero que acabem com a guerra o mais rápido possível e comecemos a reconstrução, e não estou falando da economia aqui, mas das pessoas. E a Ucrânia vive em meu coração e minha alma sofre por todos os mutilados, feridos ou mortos por esta guerra. Para a glória da nação - morte para nossos inimigos!

"„Ukraińskie marzenia” (Sonhos de Ucrânia) é um projeto fotográfico documental sobre a migração de ucranianos para Cracóvia, em um país com mais oportunidades de autorrealização. Khrystyna Potapenko, advogada, tradutora, poetisa, coordenadora de projetos internacionais e especialista em cooperação polaco-ucraniana. O projeto é financiado com fundos da "Bolsa Criativa da Cidade de Cracóvia".

Tradução para português de Ulisses Iarochinski

domingo, 5 de março de 2023

O filme polaco "Filip"


Supõe-se que, como o filme se passa durante uma guerra, ele seja um filme de guerra. Mas não!

"Filip", dirigido por Michał Kwieciński, baseado no romance de Leopold Tyrmand, desafia todos os escaninhos e convenções.

Após a exibição, estava levantando meu queixo do chão, por que como isso é realmente um filme polaco? Realizador de "Amanhã vamos ao cinema" e distribuído pela TVP! Podemos nos gabar de "Philip"  "Felipe", no exterior, e Eryk Kulm Jr quebra o sistema.


Kwieciński é o produtor, roteirista e realizador que se propôs com o roteirista 
Michał Matejkiewicz a levar para as telas o romance de Leopold Tyrmand sob o mesmo título de 1961.

O filme se passa em Frankfurt durante a Segunda Guerra Mundial, e tem como protagonista um jovem judeu polaco que trabalha em um hotel de luxo e aproveita a vida. O papel-título é interpretado pelo fenomenal Eryk Kulm Jr. ("Bodo", "Bird Speech", "Stones for the Rampart", "Kuchnia").

O elenco internacional também inclui Victor Meutelet, Caroline Hartig, Zoë Straub, Sandra Drzymalska, Robert Więckiewicz e Gabriel Raab.

"Filip" recebeu Leões de Prata no Festival de Cinema Polaco, em Gdynia e Leões de Ouro pela fotografia de Michał Sobociński e pela maquiagem de Dariusz Krysiak.

Esperava que a TVP castrasse a prosa de Leopold Tyrmand. O herói será nobre, a Polônia será grande, as emoções serão infladas e as lágrimas e o pathos fluirão em riachos. Em uma palavra, "Philip" será um típico filme de guerra do cinema polaco (e da televisão polaca), e os cinemas invadirão as escolas. E sim, eles vão, mas para os alunos haverá uma versão sem cenas de sexo picantes, porque "Filip" foge das gavetas e esmaga as convenções.

Este não é um filme de guerra estereotipado (não é um filme de guerra, mas sim um filme ambientado durante a Segunda Guerra Mundial), nem o título que você pode esperar das produções moderadas e familiares de Michał Kwieciński, o autor de "Amanha vamos ao cinema", produtor executivo de "Time of Honor". "Filip" de Tyrmand, seu último romance escrito, na Polônia, e baseado em temas autobiográficos, não perde sua agudeza ou habilidade na adaptação para o cinema.

Vou ser sincera: depois da exibição fiquei surpresa, porque não esperava nada tão bom.


Felipe (Eryk Kulm Jr) é jovem e apaixonado. Sim, há uma guerra acontecendo e Filip mora no
Gueto de Varsóvia, mas o menino não perde a alegria. Adora dançar, as piadas grudam nele, quer passar a vida com sua amada Sara (Maja Szopa). No entanto, uma noite, no cabaré, que deveria ser uma celebração de música, amor e alegria se transforma em uma noite de violência, morte e perda. Em alguns momentos, Filip perde a noiva, toda a família e amigos em uma tentativa de assassinato. Ele sobrevive milagrosamente.

Em seguida, Felipe também terá sorte. Vários anos se passam e ele é garçom em um hotel exclusivo em Frankfurt, no coração da Alemanha nazista. Aqui ele trabalha com pessoas de vários países europeus ocupados pelo exército de Hitler.

Este lugar parece distante dos horrores da guerra, mas uma sombra de medo e risco paira sobre o hotel, especialmente quando um dos nazistas de alto escalão decide se casar aqui.

Considerando as circunstâncias do tempo de guerra, Filip tem uma vida ótima: dorme com lindas mulheres, tem um melhor amigo, o belga
Pierre (o ator francês Victor Meutelet) e amigos divertidos, está rodeado de luxo. Ele finge ser francês e ninguém suspeita que seja de origem judaica, rouba vinhos de hotéis e é o favorito do vigarista e conspirador polaco Staszek (o fantástico Robert Więckiewicz). Em suma, sobreviveu e continua a fazê-lo.

Felipe é uma figura muito incomum no cinema polaco, rotulado de "guerra". Este não é um herói nobre, um modelo de virtudes e um guardião da moralidade. Ele é um anti-herói: cínico e calculista, egoísta, às vezes cruel. Canalha! Focado em apenas uma coisa: a sobrevivência, pela qual está disposto a tudo. Ele seduz deliberadamente as mulheres e as trata como objetos, não demonstra sentimentos superiores, não se importa com a guerra, os ideais e a luta pela Causa. Ele é um hedonista e pega a vida aos poucos.

Rapidamente percebemos que isso é apenas uma fachada. Que Felipe simplesmente fechou seus sentimentos e memórias atrás de uma vidraça para sobreviver. Que ele não superou o trauma do passado e paradoxalmente se sente culpado porque ele sobreviveu e seus parentes não, que ele carrega dor, raiva e solidão inimagináveis.

Porque ele pode não se importar com sua pátria, mas com as alemãs com quem dorme, que reclamam da Polônia, as pune por serem alemãs, as humilha e as machuca. Ah! Vingança pessoal. Ele pode não se apegar a ninguém, mas ajuda seus amigos e ama Pierre como um irmão. Ele pode estar servindo aos alemães, obedientemente em silêncio e fazendo o que lhe mandam, porque seu objetivo primordial é a sobrevivência, mas na cozinha ele cospe na jarra de leite deles.

Felipe pode ter se afastado da tragédia de seu passado, mas suas noites sem dormir falam por si. Quando os demônios o assombram, Felipe foge pelos corredores do hotel e corre por horas no salão de baile do hotel. Ele faz um esforço especial para parar de pensar, lembrar, sentir. Ele tenta extravasar sua raiva, mas ela o preenche e borbulha dentro dele como uma sopa fervendo.

O polaco de origem judaica está constantemente fugindo - para sexo sem compromisso, entretenimento, responsabilidades, caminhadas intermináveis ​​pela cidade - mas, eventualmente, sua vida arranjada começará a desmoronar. Ele conhecerá uma mulher, Lisa  (a atriz alemã Caroline Hartig), por quem se apaixonará, e a situação no hotel ficará cada vez mais perigosa. Ele não pode fugir de seus sentimentos, não pode fugir da dor.




Já a cena de abertura no cabaré do gueto de Varsóvia, filmada em um plano fenomenal, faz você adormecer na cadeira. O espectador não tem dúvidas de que não será um típico filme de guerra, será algo novo, diferente, talvez espetacular.

Esse início forte dá ritmo à primeira metade do filme, que é dinâmica, rápida e densa. O ritmo é rápido, o humor é cortado, inúmeras cenas de sexo são excepcionalmente ousadas para um filme sob a bandeira da televisão polaca. Se a segunda metade de "Filip" tivesse mantido este nível, o trabalho de Kwieciński teria sido excelente.

No entanto, quando o protagonista conhece Lisa, o ritmo diminui um pouco, o sentimentalismo e a frouxidão se insinuam. Adoro histórias de amor, mas essa me pareceu forçada e suave demais, e a heroína era perfeita demais (linda, esperta, antinazista, emancipada). Claro, eu sei que este é um procedimento deliberado para "despertar" o herói, mas poderia ter sido feito de outra forma, e "Filip" poderia facilmente passar sem esse fio. Só aqui se sente o espírito da TVP.

Felizmente, o final recupera sua vivacidade e Kwieciński às vezes interpreta Quentin Tarantino e... Stanisław Wyspiański. O sentimentalismo desaparece, não há respostas fáceis, nem finais fáceis, nem redenção e nem catarse. O espectador fica confuso, chocado, encantado, triste.

Porém, mesmo neste segundo tempo um pouco mais fraco (mas ainda ótimo), há cenas marcantes, como esta, que certamente serão comentadas por todos. Uma cena de gritos, choro e uivos estridentes de um herói seminu em um salão de baile. É um momento tão forte que o espectador se sente desconfortável, como se estivesse espionando alguém em um momento muito íntimo, não destinado aos olhares de estranhos. Kulm Jr dá a impressão de que não está jogando, mas gritando sua raiva e dor. Ele é inacreditável.

Tanto esta cena quanto todo o “Filip” ficam ainda mais impressionantes graças à câmera, que fica bem próxima do protagonista o tempo todo. Quando coisas importantes acontecem ao fundo, vemos apenas Felipe, seu rosto, olhos enormes, emoções e medo que ele tenta reprimir.

Esta é uma grande jogada de Michał Sobociński, o diretor de fotografia, que realmente deveria ser mencionado como co-criador do filme. Sua cinematografia atmosférica (uma piscina no estilo Wes Anderson, Frankfurt vermelha durante o bombardeio, corredores escuros de hotel à noite) refina este filme e o coloca em uma classe acima. Eles são uma demonstração do virtuosismo de Sobociński.


De qualquer forma, tudo em "Filip" é excelente: direção, a maior parte do roteiro, edição, cenografia (embora o filme tenha sido rodado, entre outros, em
Varsóvia e Toruń, que não imitam tão bem Frankfurt, e às vezes o orçamento poupança notável). Por fim, a música densa e perturbadora de Robot Koch, produtor e compositor alemão.

No entanto, não haveria "Filip" sem Eryk Kulm Jr., um ator de 32 anos, para quem este é o primeiro papel principal tão importante. Estreou em "Stręgi", em 2004, deu-se a conhecer ao público em "Bodo", "Bird Talk", "Kamienie na Szaniec", "Piłsudski" e na série Polsat "Kuchnia". É bom que Michał Kwieciński o tenha escalado para este papel, porque é uma verdadeira revelação.

Kulm Jr é fenomenal. Ele joga com bravata, carisma e energia. Ainda existem poucos papéis desse tipo no cinema polaco. Continuamos a nos concentrar no artesanato teatral, enquanto o imitador de Felipe entra na fisicalidade. Ele brinca com todo o corpo, é sexual, orgânico, selvagem e real, evitando uma carga chamativa. É um papel premiado que causaria grande agitação até mesmo em Hollywood, e isso não é exagero. A carreira está aberta para Kulm Jr.

De tudo isso surge um filme predatório, perverso, poderoso, gostoso de assistir, e pode ser exibido com sucesso em festivais internacionais. Do qual o cinema polaco pode se orgulhar. Leopold Tyrmand pode (eternamente) dormir em paz.


O filme, distribuído pela TVP - Telewizja Polska, estreou nos cinemas da Polônia, neste 3 de março.

Texto: Olga Gersz
Tradução: Ulisses Iarochinski

quarta-feira, 1 de março de 2023

Os monumentos às Batalhas Polacas em Varsóvia


Monumento do Levante de Varsóvia dá vida aos eventos devastadores de 1944, quando a resistência polaca se impôs contra os nazistas.

O monumento de diversas peças esculpidas em bronze extremamente realista e forte representa os resistentes polacos lutando por sua cidade.

Em 1944, a resistência paralela polaca, conhecida como Armia Krajowa (Exército paisano), iniciou um ataque ofensivo contra seus ocupantes alemães em Varsóvia. Depois de 63 dias de lutas sem suporte externo, os polacos foram derrotados.


Em retaliação à ação polaca, os alemães destruíram quase o resto da cidade e deportaram seus principais cidadãos, muitos dos quais foram levados para campos de trabalho forçado e de extermínio.

Esse foi um momento extremamente importante na história polaca e comemorado de diversas maneiras em Varsóvia, mas nenhum modo é tão intenso quanto nesta praça. No topo das escadas, no lado sul da Praça Krasiński, os soldados estão rastejando cautelosamente pelas ruínas das ruas e dos prédios. Há alguns metros de distância, no nível do chão, mais figuras descem em bueiros enquanto um padre fica de guarda.



Do outro lado da rua, o panorama mostra o local onde os soldados entravam nos canais para escapar do inimigo. Veja como as figuras são extremamente realistas desse monumento gráfico, que além de transmitir o terror e a destruição da época, também mostra a solidariedade entre os soldados que colocaram tudo em jogo para salvar Varsóvia.

O monumento destaca o impacto emocional daqueles eventos, mas não fornece informações sobre sua história.
Foto: Ulisses Iarochinski

A história está contada no Museu do Levante de Varsóvia, que fica no lado sudoeste do grande monumento, perto da estação Rondo Daszyńskiego.

Outros locais impactantes são a Catedral do Exército Polaco ocalizada na frente do monumento, há diversas pinturas em seu interior representando as batalhas militares, além de outros artefatos relacionados ao serviço militar.

Porta da Catedral com quadros de bronze em alto relevo
Foto: Ulisses Iarochinski

O LEVANTE 

A Revolta, Levante ou Insurreição de Varsóvia (em polaco Powstanie Warszawskie) foi uma luta armada durante a Segunda Guerra Mundial, quando o Armia Krajowa (Exército Clandestino Polaco, literalmente Exército paisano - de país) tentou libertar Varsóvia do controle da Alemanha Nazista.

Moças polacas voluntárias da Armia Krajowa, no Levante de Varsóvia 44

Iniciou em 1.º de agosto de 1944, às 17 horas, como parte de uma revolta nacional, a "Operação Tempestade", e deveria durar apenas alguns dias, até que o Exército Soviético chegasse à cidade.

O avanço soviético, no entanto, foi interrompido, mas a resistência polaca continuou por 63 dias, até sua rendição às forças alemãs em 2 de outubro. 

A ofensiva começou quando o Exército Soviético se aproximou de Varsóvia. Os principais objetivos dos polacos eram manter os alemães ocupados e ajudar nos esforços de guerra contra a Alemanha e as Forças do Eixo do Mal.

Entre os objetivos políticos secundários estava a libertação da cidade antes da chegada dos soviéticos, conquistando assim seu direito de soberania e desfazendo a divisão da Europa Central em esferas de influência sob os poderes aliados.

Os insurgentes esperavam reinstalar as autoridades de seu país antes que o Polski Komitet Wyzwolenia Narodowego (Comitê de Liberação Nacional Soviético Polaco) assumisse o controle.

Inicialmente os polacos isolaram áreas substanciais da cidade, mas os soviéticos não se aproximaram até meados de setembro. Em seu interior, uma luta aguerrida entre alemães e polacos continuava.

Em 16 de setembro, as forças soviéticas conquistaram território a poucos metros das posições polacas nas margens do Rio Vístula, não avançando mais enquanto durou a Revolta.

Isso levou a acusações de que o líder soviético Josef Stalin esperava pelo fracasso da insurreição para que pudesse assim ocupar a Polônia de forma incontestável. Embora o número exato de baixas permaneça desconhecido, estima-se que aproximadamente 15,2 mil integrantes da resistência polaca foram mortos e 5 mil gravemente feridos.

Cerca de 50 mil civis morreram, a maioria vítima de massacres conduzidos por tropas do Eixo do Mal. As perdas alemãs totalizaram aproximadamente 16 mil soldados mortos e 9 mil feridos. Durante o combate urbano, perto de 25% dos prédios de Varsóvia foram destruídos.

Após a rendição das forças polacas, as tropas alemãs destruíram sistematicamente, quarteirão a quarteirão, 35% da cidade. Com os danos provocados pela Invasão da Polônia em 1939 e o Levante Judeu do Gueto de Varsóvia, em 1943, mais de 85% da cidade estava destruída em 1945, quando os soviéticos finalmente ultrapassaram suas fronteiras.

Foto: Ulisses Iarochinski


Foto: Ulisses Iarochinski



Foto: Ulisses Iarochinski

Foto: Ulisses Iarochinski

Foto: Ulisses Iarochinski

Foto: Ulisses Iarochinski


MONUMENTO MONTE CASINO


Além deste monumento, a estátua que lembra a
Batalha de Monte Casino, na Itália, mostra que batalhões polacos também lutaram naquela célebre batalha da Segunda Guerra Mundial.

O Monumento da Batalha de Monte Cassino, em Varsóvia (em polaco Pomnik Bitwy o Monte Cassino), é o monumento, no centro da cidade, localizado em uma praça entre a ulica (rua) General Władzysław Anders e o portão do Jardim Krasiński, ao longo do eixo de entrada do Museu Estatal Arqueológico e o Arsenal do Estado.

O projeto do monumento foi elaborado pelo escultor Kazimierz Gustaw Zemła e pelo arquiteto Wojciech Zabłocki. Monumento feito de concreto armado revestido com mármore branco Bianco Carrara, cuja massa chega a 220 toneladas. Para estabilizar o solo sob a coluna de 70 toneladas, o qual é o elemento mais alto da composição, foram enterrados postes de 6 metros.

O monumento retrata um Nicolau sem cabeça com vestígios de batalha e mutilação, emergindo do pilar quebrado cercado por uma faixa. Ao pé do monumento, avista-se uma colina coberta por uma mortalha, uma figura da Mãe de Deus e capacetes espalhados. Em um pedestal de dois metros, com uma cruz visível do Monte Casino, está uma urna com as cinzas dos heróis colocada sob a mortalha. Além disso, no pedestal foram esculpidos os brasões de cinco unidades polacas que participaram da batalha.

Foram quatro as batalhas para derrotar os fascistas de Mussolini e os nazistas de Hitler no Monte Casino. A intenção era um avanço em direção a Roma.

No início de 1944, a metade ocidental da Linha de inverno estava sendo ancorada pelos alemães que dominavam os vales dos rios Rapido-Gari, Liri e Garigliano e alguns dos picos e serras circundantes. Juntos, esses recursos formavam a Linha Gustav.

Monte Cassino, uma abadia histórica fundada em 529 por Bento de Núrsia, dominava a cidade vizinha de Casino e as entradas para o Liri e vales do Rapido. Situada em uma zona histórica protegida, ela havia sido deixada desocupada pelos alemães, embora eles tivessem se instalado em algumas posições defensivas nas encostas íngremes abaixo das muralhas da abadia.

Em 15 de fevereiro, bombardeiros americanos lançaram 1400 toneladas de explosivos, causando danos generalizados.O ataque não conseguiu atingir seu objetivo, uma vez que os paraquedistas alemães ocuparam os escombros e estabeleceram excelentes posições defensivas entre as ruínas.

Entre 17 de janeiro e 18 de maio, Monte Cassino e as defesas Gustav foram agredidas quatro vezes por tropas aliadas.

Em 16 de maio, soldados do II Corpo Polaco lançaram uma das batalhas finais à posição defensiva alemã como parte de um ataque de vinte divisões ao longo de uma frente de 32 quilômetros.

Em 18 de maio, uma bandeira polaca seguida pela britânica foi erguida sobre as ruínas.

Após esta vitória dos Aliados, a linha alemã Senger desmoronou em 25 de maio. Os defensores alemães foram finalmente expulsos de suas posições, mas a um alto custo. A captura de Monte Cassino resultou em 55.000 baixas aliadas, com perdas alemãs sendo muito menos, estimadas em cerca de 20.000 mortos e feridos.

O plano para a Operação Diadema era que o II Corpo dos Estados Unidos à esquerda atacasse a costa ao longo da linha da Rota 7 em direção a Roma. O Corpo Francês à sua direita atacaria da ponte sobre o rio Garigliano originalmente criado pelo X Corpo britânico na primeira batalha de janeiro nas Montanhas Aurunci, que formavam uma barreira entre a planície costeira e o Vale do Liri.

O XIII Corpo britânico, no centro à direita da frente, atacaria ao longo do vale do Liri.

À direita, o II Corpo Polaco (3.ª e 5.ª Divisões), comandado pelo tenente-general Władysław Anders, havia aliviado a 78.ª Divisão Britânica nas montanhas atrás de Cassino em 24 de abril e tentaria a tarefa que havia derrotado a 4.ª Divisão Indiana em fevereiro: isolar o mosteiro e empurre-o para trás no vale do Liri para se conectar com o impulso do XIII Corpo e comprimir a posição de Cassino.

Esperava-se que, sendo uma força muito maior do que seus antecessores da 4.ª Divisão Indiana, eles pudessem saturar as defesas alemãs que, como resultado, seriam incapazes de dar fogo de apoio às posições uns dos outros.

Melhor clima, condições do solo e suprimento também seriam fatores importantes. Mais uma vez, as manobras de aperto do Corpo Polaco e britânico foram fundamentais para o sucesso geral. O I Corpo canadense seria mantido em reserva, pronto para explorar o avanço esperado. Uma vez derrotado o 10.º Exército alemão, o VI Corpo dos Estados Unidos sairia da praia de Anzio para interromper os alemães em retirada nas colinas Albanas

PRACINHAS
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) enviou cerca de 25 mil soldados ao norte da Itália, onde lutaram junto do Exército Americano a fim de romperem a “linha gótica”, uma das últimas estratégias de defesa alemã.

Os integrantes da FEB e do Exército Norte-americano foram protagonistas de vitórias importantes, tomando regiões dominadas pelos nazistas. Uma delas foi a famosa tomada de Monte Castelo, combate que durou cerca de três meses, além das batalhas em Massarosa, Camaiore, Monte Prano e Castelnuovo.