sexta-feira, 12 de maio de 2023

Lublin, a primeira cidade republicana do mundo

Lublin não confundir com Dublin. Por favor, não!

Lublin é uma cidade histórica da Polônia e aquela com D é uma cidade irlandesa.

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Há tempos, desde que comecei este blog há quase 18 anos (está prestes a completar a maioridade no próximo 25 de julho), venho pensando escrever aqui sobre esta cidade onde as nações do Reino da Polônia e Grão-Ducado da Lituânia resolveram criar a Primeira República do mundo pós-idade média. E isto, no efervescer do Renascimento, em 1.º de julho de 1569.

"O acordo foi aceito em 28 de junho, assinado em 1.º de julho de 1569 e finalmente ratificado pelo rei polaco, em 4 de julho de 1569. O artigo 3 da confirmação da União de Lublin por Sigismundo II Augusto afirmava que o Reino da Polônia e o Grão-Ducado da Lituânia são um corpo inseparável e indiferente, bem como indiferente, mas uma Comunidade Comum, que de dois Estados e nações aboliu e uniu em um povo. Como resultado, foi criado um Estado conhecido na historiografia como Comunidade Polaca-Lituana - com um monarca comum, brasão, Sejm, moeda, política externa e de defesa - um tesouro, administrações, exército e judiciário separados foram preservados."

Quadro "União de Lublin" do pintor polaco Jan Matejko
retrata o momento da assinatura da criação da República das Duas Nações 

Mas para esclarecer qualquer confusão com a cidade irlandesa e a diferença de apenas duas letras aqui está a origem e significado dos dois nomes:

Segundo o "Słownik etymologiczny języka polskiego" (Dicionário etimológico da língua polaca) de autoria do linguista polaco Aleksander Brückner em sua página 302, Lublin:

"Lublin od imienia Lubla = Lubrza; kilka luboszynów, ciekawych dlatego, że kronilarz czeski, stary Koźma (r. 1120), wymyślił z Luboszyna czeskiego mylnie nazwę kobiecą Luboszy, Libuszy i imniemaną córkę Krolową za Przemysła wydał. Ależ Lubosza było imię męskie (jak panosza, junnosza). Mądrość średniowieczna i Lublin (nasz mistrz Wincenty) i.t.d "

Tradução: "Lublin do nome Lubla = Lubrza; vários Luboszyns, interessante porque o cronista tcheco, o velho Koźma (r. 1120), erroneamente cunhou do tcheco Luboszyn o nome feminino Lubosza, Libuszy e a suposta filha da Rainha de Przemysław. Mas Lubosza era um nome masculino (como panosza, junnosza). Sabedoria medieval e Lublin (nosso mestre Wincenty) etc." 

O nome da cidade aparece em fontes desde 1228, logo na sua forma moderna como tendo origem no nome pessoal Lubla. Este seria formado a partir do antigo nome pessoal polaco Lubomierz, formado a partir dos verbos lubić mais mieć e significando aquele que ama a paz.

No início da Dinastia Piast, a igreja de São Nicolau e uma estrutura defensiva de madeira foram edificadas na Colina do Castelo. No século XII, Lublin pertencia às terras de Sandomierz e, mais amplamente, à região da Pequena Polônia.

A primeira menção escrita de Lublin é de 1198. A cidade foi fundada segundo os preceitos da lei medieval de Magdeburg, sob o reinado de Bolesław - o Casto, por volta de 1257.

Em latim, ela foi chamada de Lublinum e a capital irlandesa tem origem na palavra "Dubhlinn" (também grafada Duibhlinn e Dubh Linn), cujo significado é "Lago Negro"

Em 1341, Casimiro III - o Grande, obteve uma vitória sobre os tártaros na Batalha de Lublin. Um ano depois, ele concedeu alvará regulador à cidade, que a circundava por muralhas.

Em 2 de fevereiro de 1386, durante um dos primeiros Sejms (Câmara) Gerais em Lublin, o lituano Jagiełło foi eleito rei da Polônia, por ter contraído matrimônio com a Rei Jadwiga (Santa Edvirges).

Em 1392, já com o nome polaco de Władysław (Ladislao) Jagiełło concedeu a Lublin o direito de armazém, pelo que ao longo dos anos a cidade se tornou um importante centro comercial. Responsável pela troca de mercadorias entre a Coroa do Reino da Polônia e o Grão-Ducado da Lituânia.

Em 1420, Andrzej, o bispo de Kiev, trouxe as relíquias da Santa Cruz para a igreja dominicana em Lublin.

Em 1474, Kazimierz Jagiellończyk estabeleceu aqui a capital da recém-criada voivodia de Lublin.

Sua origem está numa vila localizada na rota comercial que saía da área do Mar Negro, existente desde o século 6.

Do século 10 ao século 15, Lublin pertenceu a voivodia de Sandomierz.

Na Primeira República Polaca (de 1569), a cidade foi um importante centro administrativo, comercial e cultural.

A cidade começou a declinar e empobrecer no século 17 e assim continuou no século 18. 

Como resultado das ocupações estrangeiras e divisão do território da Polônia, Lublin passou a ser domínio austríaco e depois sucessivamente do Ducado de Varsóvia e do Reino da Polônia (domínios russos).

No final do século XIX, Lublin foi incorporada pela Vistula Railway à rede ferroviária russa, período que voltou a crescer e assumir papel mais industrial. Sua forma urbana também mudou.

Na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais, foi vítima da economia predatória e do Holocausto.

Terminada a II Guerra Mundial e a mudança de sistema, Lublin desenvolveu-se rapidamente. Durante este tempo, a população mais do que triplicou. O ambiente acadêmico da cidade foi fortalecido. Várias fábricas foram instaladas e novos bairros residenciais foram construídos.

A vontade de escrever sobre Lublin cresceu quando escrevi meu primeiro romance, ambientado nas cidades de Lublin, Cracóvia e Łódź e dei o título de "Lublin com Amor", meio que plagiando Woody Allen que deu o nome para seu magnífico filme "Roma com Amor", por ser um palíndromo (diz-se de ou frase ou palavra que se pode ler, indiferentemente, da esquerda para a direita ou vice-versa.) Embora meu título não possa ser lido inversamente, ele corresponde exatamente a história que contei no meu livro (à venda no site da amazon.com).


Muito provavelmente, em breve, a versão em seriado (seis episódios) poderá ser vista nos festivais, salas de cinema, streaming do mundo inteiro.

 E finalmente chegou o dia de apresentar esta cidade que aparece na capa e contracapa do meu romance pintada por um autor desconhecido na idade média.

A CIDADE E SEUS ENCANTOS

Ela é a capital da voivodia e do poviat (cidade) e metrópole da região mais ao Leste da Polônia. A nona maior cidade da Polônia em população com 334.681 habitantes (dados de 30 de junho de 2021). Lublin está localizada a cerca de 170 km de Varsóvia, perto da fronteira de terras históricas: Małopolska (Pequena Polônia) e Rutênia Polaca (que incluía a Terra de Sanok, a Terra de Przemyśl, a Terra de Chełm, a Terra de Bełsk, a Terra de Halych e a Terra de Lwów, e a cerca de 100 km da fronteira com o território da atual Ucrânia).

O centro histórico da cidade

Uma bela cidade velha, um castelo diferente, um centro cultural moderno construído sobre ruínas, conjuntos habitacionais de vanguarda, um hospital ferozmente laranja que se eleva sobre a cidade. Há muitas surpresas arquitetônicas, culturais, históricas e espaciais que surpreendem.

A maior cidade polaca a leste do rio Vístula possui 20% de sua população formada por estudantes de suas inúmeras universidades. De acordo com um relatório do Instituto Econômico Polaco, Lublin é a quinta cidade mais acadêmica da Polônia depois de Varsóvia, Cracóvia, Wrocław e Poznań. Ao mesmo tempo, é uma das dez cidades da Polônia que detém o título de Monumento da História.

O centro velho de Lublin é um dos mais pitorescos da Polônia. Com muitos edifícios de quatro, oito séculos atrás. Os mais antigos foram erguidos já no século 13. Muitos foram construídos em 1317, quando Lublin recebeu direitos de cidade.

Um grande incêndio acabou causando uma transformação arquitetônica significativa na década de 1670, aqueles prédios medievais destruídos no incêndio foram substituídos por outros em estilo renascentista.

No século 17, as muralhas foram derrubadas para alargar a área urbana. Restaram apenas os Portais de Cracóvia e da Grodzka, além da Torre Gótica.

Antes da Segunda Guerra Mundial, obras de restauração estavam sendo realizadas. Quase 70% da cidade velha consistia em edifícios históricos originais. Uma exceção entre os centros históricos polacos destruídos durante o Holocausto.

Por isso é comum ainda recantos pitorescos da cidade, como a ulica (rua, pronuncia-se ulitssa) Ku Farze, um quase túnel, ou galeria.

Foto: Wojciech Pacewicz - agência PAP

Outro local no bairro mais antigo de Lublin é a Praça Po Farze, criada na década de 1840 após a demolição da igreja paroquial de São Miguel Arcanjo. Templo católico que existia desde o século 13.

A primeira edificação importante da cidade, era uma igreja gótica, e foi demolida, segundo o clero, porque tinha perdido fiéis para a catedral. Ela deixou de ser frequentada.
Durante as ocupações austríaca e russa não havia dinheiro suficiente para reparações, reforma e restauração.

Mas na década de 1930, as fundações da igreja medieval foram desenterradas e examinadas por arqueólogos. Em 2002, foram expostas e iluminadas, devolvendo à cidade esta relíquia do passado e transformando-a num curioso espaço público.

Foto: Wojciech Kozioł - Forum

O bairro judeu de Podzamcze desapareceu da cidade na Segunda Guera Mundial. Em 1939, os polacos de origem judaica constituíam um terço da população da cidade. Os alemães nazistas assassinaram a maioria deles. Muitos morreram no campo de extermínio em Belzec. As moradias do bairro foram totalmente destruídos.

Já no período socialista, imposto pela URSS, foi tomada a decisão de erguer novas casas no bairro judeu destruído. Aos pés do castelo de Lublin foi criada uma praça semicircular (que ainda serve de parque de estacionamento), rodeada por edifícios ao estilo da cidade velha. Pequenos vestígios do bairro judeu podem ser encontrados hoje nas ruas Lubartowska, Kowalska, Furmańska e Cyrulicza.


Foto: Marek Bazak

O memorável castelo de Lublin tem vista para a cidade velha tem um largo portão encimado por dois machados metálicos. Isto porque, ele é o resultado da reconstrução do edifício que se encontrava em ruínas, na década de 1820.

Havia uma muralha defensiva na colina do castelo desde o século 13 que foi ampliada primeiro no estilo gótico, depois no estilo renascentista. No entanto, não recuperou seu esplendor depois de ser destruído durante a invasão sueca. Pensaram em demolir aquelas ruínas, mas entre 1823 a 1826 decidiram reconstruí-lo para servir como uma prisão.

O prédio neogótico não entrou bem na história: logo após sua reconstrução, tornou-se um local de detenção para os participantes do Levante de Janeiro, depois para os revolucionários; no período entre guerras, ativistas comunistas foram trazidos para cá e, durante a guerra, membros da resistência.



O Departamento de Segurança (Urząd Bezpieczeństwa – UB) administrou uma prisão excepcionalmente severa entre 1944 e 1954 para prisioneiros políticos contrários ao controle stalinista. Muitas sentenças de morte foram executadas ali.

Mas finalmente, uma decisão sábia. Em 1957, o castelo ganhou nova função: tornou-se a sede do Museu Nacional.

E desde então, este belo e estranho castelo, além da sua coleção de escultura e pintura (pode ver a pintura União de Lublin de Jan Matejko), o museu possui valiosa coleção de moedas, medalhas e objetos militares.

Durante a reconstrução do castelo no século 19, uma torre gótica e a antiga capela do castelo foram incorporadas à sua nova ala. Pinturas históricas bizantino-rutenas do século 15 foram descobertas sob o pano de fundo da capela. O minucioso processo de pesquisa e restauração durou da década de 1970 até o final da década de 1990. Hoje, ele constitui um dos monumentos mais valiosos da arte medieval na Polônia.

O período mais doloroso da cidade foi monumentalmente comemorado em 1969, num dos bairros muito próximos ao centro da cidade, o Campo de concentração e extermínio alemão nazista de Majdanek, foi erguido o Monumento à Luta e ao Martírio.

Um impressionante e extenso complexo que incluiu os antigos barrações do campo, abriga a composição espacial e escultórica projetada pelo arquiteto e escultor Wiktor Tołkin e pelo construtor Janusz Dembek.

Sim! Eu estive lá várias vezes.

Abre-se com um portão-monumento abstrato, e atrás dele estende-se a chamada Estrada da Homenagem e da Memória, que conduz ao Mausoléu, uma enorme cúpula contendo as cinzas do crematório que existiu neste local. Este relicário monumental é decorado com uma inscrição reveladora: "Nosso destino é um aviso para você".


E finalmente, nos arredores, da cidade, o Parque Etnológico Skansen - Museu ao Ar Livre de  Lublin - localizado no vale do rio Czechówka, com uma rica arquitetura, exposições e  preocupação com o patrimônio imaterial da região Lubelska, mostra a diversidade cultural da voivodia.

Reúne objetos da vida anterior nas vilas rurais polacas e palácios dos senhores feudais. Também preserva o conhecimento sobre costumes, rituais, tradições e trabalho cotidiano de pessoas que viveram no passado.



A exposição é dividida em setores que refletem a paisagem e a diversificação etnográfica da região de Lublin: do planalto de Lublin, ácaros (aranhas, escorpiões), região do rio Vístula, da região da Podlaska (Podláquia - sob a floresta) e região do rio Bug, setores feudais e súditos.


Construções como um moinho de vento de Zygmuntów - o primeiro objeto que foi transferido para o Museu. Além disso, no segundo setor mencionado há uma igreja greco-católica de Tarnoszyn.



O objeto principal do setor feudal é a mansão do século 18 de Żyrzyn (com os interiores dedicados à nobreza proprietária de terras de classe média) localizada quase no centro da exposição e cercada por um jardim pitoresco.


A paisagem encantadora das regiões do rio Vístula e da Podláquia incentiva a caminhada e o descanso perto da água.

A natureza do Museu não só cria uma paisagem harmoniosa como também é um elemento vital que enriquece a exposição a céu aberto.

O modelo de vila rural da década de 1930, é encantadora.

Pode-se visitar no museu exposições de cabeleireiro, ferraria, cozinha judaica, correios, tabacaria, cervejaria, casa do prefeito e três oficinas: carpinteiro, sapateiro e sapateiro.

O complexo da igreja católica romana tem uma igreja de Matczyn, o presbitério de Żeszczynka.


Visitando este museu etnológico a impressão é a de que o tempo acabou de parar. Pode se tornar uma chance de vivenciar uma jornada especial e conhecer o passado.

Texto: Ulisses Iarochinski
Com informações e fotos de várias fontes.

terça-feira, 25 de abril de 2023

Sułoszowa a famosa da foto

Em vermelho, a vila polaca com a rua mais longa do país

Semanas atrás publiquei uma foto, no meu Facebook, e reproduzida no Instagram, de uma zona rural do Sul da Polônia. Horas depois levei um susto: nunca uma foto minha no Facebook desde que entrei na rede, em 2005, teve tantas curtidas.

Este foi o texto que escrevi acompanhando a foto:

Zona rural da Polônia.

A reforma agrária ocorrida no país mudou a paisagem. Ao lado das estradas foram divididos lotes retangulares. As casas construídas às margens das estradas estão na frente das terras cultivadas. Em sua maioria, os sítios (ou fazendas) foram divididos com 2 hectares cada. Esta foi a primeira imagem que vi da janela do avião que sobrevoava a terra do meu avô quando cheguei na Polônia, em 1995.

E esta foi a foto:


São exatas 328 curtidas, 66 comentários e 366 compartilhamentos do dia 19 de março até hoje 25 de abril. O número de compartilhamentos superou as curtidas. Nos comentários, até apareceu ignorantes comentando bobagens como:

"passando pra lembrar que lá tanto o naz--- quanto o comunismo são crimes (pois para eles, ambos são igualmente terríveis)"

Ou esta, fora de contexto: 

"Sai fora, petista. Isso não foi reforma agrária. Vai mentir mais?"

Esta então foi mais longe na ignorância:

"arrancaram toooooodas as arrrrvoooores também!!!! Na verdade, literalmente está o mundo todo com a cabeça na lua!!!!!!sem árvores, sem floresta sem bichos sem rios...fim da humanidade!!!!"

Não resisti e tive que esclarecer esta parva:

Não! A Polônia é conhecida pela preservação das árvores, como nenhum outro país no mundo. A Polônia possui muitos bosques e florestas. Inclusive a única floresta primária intacta do continente europeu está na Polônia. Bielowieża é seu nome e também a única a abrigar uma manada nativa de 500 bisões.


Claro, tenho absoluta certeza que não foi minha postagem nem os compartilhamentos que de repente colocaram a vila rural de
Sułoszowa na lista das fotos e reportagens mais vistas e reproduzidas dos últimos dias. Mas a verdade é que não é só esta vila polaca, com esta particularidade de todas as casas serem ao longo de ruas ou estradas vicinais, rodovias do território da República da Polônia.

Mas já que a repercussão maior é a do vilarejo localizado na voivodia (Estado) da Małopolska (Pequena Polônia), no distrito de Olkusz, no município de Cracóvia, conto que já em 1595, a vila, então pertencente ao município de Proszów era propriedade de Stanisław Szafraniec, um oficial do exército polaco. Nos anos de 1975 a 1998, a pequena vila pertenceu administrativamente à voivodia de Cracóvia. Em 2013, a vila tinha 5.805 habitantes.



Geograficamente, Sułoszowa (pronuncia-se suúchóvá) está localizada no planalto de Olkusz, a 26 km a noroeste do centro da cidade de Cracóvia. A parte sul de Sułoszowa, está Pieskowa Skała, faz parte do Parque Nacional Ojcowski.

As nascentes do rio Prądnik estão localizadas na vila, em seu curso inicial é chamado Sułoszówka.

Ela ganhou esta notoriedade na Internet por constatarem que uma das ruas (estrada) mais longas da Polônia - ela se estende por cerca de 9 km ao longo da estrada desde o n.º 773 Sieniczno - Wesoła perto de Słomniki.




Antes da Segunda Guerra Mundial, a vila tinha 6.000 habitantes e o comprimento dela era estimado em 14 km., ou seja, ela até diminuiu nas últimas décadas.

Além de sua impressionante paisagem e atrações históricas, Sułoszowa também é um local de visitação constante, por ser a rota “Via Regia”, que por ela, já que liga a antiga capital polaca ao santuário da Czarna Madono (Madona Negra) de Jasna Góra (Monte Claro) na cidade de Częstochowa (pronuncia-se tchenstórróva) onde está o quadro milagroso de Nossa Senhora de Częstochowa.

Estátua de São João Nepomuceno no alto de um bloco calcário

Sułoszowa  faz parte de um modelo de assentamento agrícola muito comum da Polônia. Um país onde não se fala a gíria brasileira "agronegócio", por lá ainda chamam de agricultura e de pecuária. E agricultor e pecuarista não é negociante, mas aquele que enfrenta sol, chuva e principalmente a neve gelada.


A agricultura da Polônia é o principal motor econômico do país. O país possui a sexta maior economia da União Europeia. Com uma tradição agrícola muito forte, que se debate com desafios que não são estranhos e onde surgem oportunidades.

A contribuição da agricultura para o PIB é muito superior à média europeia. As áreas rurais constituem 93% do território polaco e abrigam cerca de 40% da população do país. O setor agrícola é um importante componente do potencial econômico do país, contribuindo com 7% do valor do PIB. É ainda empregador de quase 20% da população ativa. As exportações de produtos agro-alimentares chegam a cerca de 12% do total de exportações. O setor de carnes também possui grande relevância. Produtos como aves e suínos compõem as exportações do país.

Capela moderna

Dados de 2021 mostram que a Polônia aumentou sua produção total de trigo, centeio, grãos mistos, triticale, milho de cevada e aveia de 2020 a 2021, de acordo com um relatório do Serviço de Agricultura Estrangeira do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

A produção totalizou 33,3 milhões de toneladas. A safra de grãos de inverno atingiu 19,5 milhões de toneladas, um aumento de 13% em relação ao ano anterior, e a safra de grãos da primavera é estimada em 9,5 milhões de toneladas, um aumento de 21% em relação a 2019-20.

A produção de trigo aumentou 9% em relação a 2019-20 e atingiu 12 milhões de toneladas. A área plantada e área colhida para trigo permaneceu quase a mesma do ano de mercado anterior, em 2,5 milhões de hectares.

A IGREJA

A paróquia do Sagrado Coração de Jesus em Sułoszowa foi fundada, em 1315, de acordo com o historiador Jan DługoszA igreja paroquial foi mencionada em 1325–1327.


Stanisław Szafraniec, meados do século 16, transformou em uma igreja calvinista. O atual edifício de tijolos é dos anos de 1933 a 1939. Igreja afiliada de Nossa Senhora Rainha da Polônia, construída em 1984–1989. Há também uma capela do Castelo de Pieskowa Skała dedicada a São Jorge desde 1661. O castelo é o principal ponto turístico da região.

O CASTELO

O castelo foi construído no século XIV. Sua principal tarefa era proteger a estrada que ligava Cracóvia à região da Silésia. O castelo inferior ficava no lugar do atual pátio renascentista. O Castelo Superior estava localizado próximo a uma rocha de difícil acesso.



Em 1377, o castelo foi doado à família Szafraniec, como compensação pelos ferimentos sofridos em um confronto com os cortesãos do rei. O castelo permaneceu com ela até 1608, quando morreu o último membro da família Szafraniec. Durante este tempo, o castelo foi ampliado várias vezes. Até que tomou uma forma semelhante à atual. Devemos a reconstrução do castelo em estilo renascentista a Stanisław. Entretanto, durante a invasão sueca, o castelo foi invadido e parcialmente destruído.


Pátio interno do Castelo

CLAVA DE HÉRCULES

Maczuga Herkulesa é um montículo de calcário de 30 metros próximo ao castelo de Pieskowa Skała. Seu nome, em polaco, significa "porrete (ou clava) de Hércules", devido ao seu formato.




A topografia cárstica de rocha solúvel caracteriza todo o parque. A área é conhecida por suas formações rochosas, embora Maczuga é a mais famosa. Além dos pedregulhos de calcário, existem numerosos penhascos, ravinas e mais de 400 cavernas na área.


Estrada que passa por Sułoszowa era o antigo caminho real do Castelo de Wawel, em Cracóvia, até o mosteiro de Montes Claros, em Częstochowa.

Texto: Ulisses Iarochinski

sábado, 22 de abril de 2023

Repolho: Senhor das mesas polacas

Como diz o ditado: "Nenhum repolho é igual a um estômago vazio."


Nenhum repolho é igual a um estômago vazio - diz um dos ditados populares polacos, e parece bastante preciso quando se constata para o que a maioria dos polacos comeu ao longo de sua história.

"Comi repolho e bebi caldo, não vi carne, mas fiquei feliz" – dizia uma velha cantiga popular, que resume muito bem séculos de dieta camponesa. O repolho é sem dúvida um dos vegetais mais apreciados da Polônia, fornecendo vitaminas às massas desde tempos imemoriais. Mas o que fazer com ele e como se faz?

Fermentação

Repolho em conserva, foto: Andrzej Zygmuntowicz / Repórter / East News

O repolho em conserva - conhecido no Brasil, principalmente, pela designação alemã de "chucrute" - o popular Kapusta Kwaśna, ou simplemente repolho azedo, é um dos alimentos mais populares da culinária polaca.

Enquanto o repolho fresco já é uma ótima fonte de vitaminas C e K, e é conhecido por reduzir a inflamação, diminuir os níveis de colesterol e melhorar a digestão, quando fermentado ganha outro valor e se torna um verdadeiro superalimento, que pode ser consumido frio – como uma surówka, muitas vezes com cenouras e maçãs acompanha peixe frito ou carne e batatas – ou quente, quando transformado em sopa (kapuśniak), ensopado (bigos), panquecas (fuczki das montanhas Bieszczady) ou misturado com batatas (ciapkapusta, um prato popular na Silésia) ou ervilhas (groch z kapustą, em muitas casas feitas na véspera de Natal; o nome é mais uma expressão relacionada ao repolho, que significa caos ou desordem.

Com cogumelos

Bigos - a feijoada de polaco sem feijão, mas com repolho azedo e fresco

No entanto, a combinação mais icônica é chucrute e cogumelos – pode-se dizer que esses dois ingredientes, que são tão essenciais para a cultura culinária polaca, combinam como ervilhas e cenouras. Quando vários tipos de carne são adicionados com ameixas, especiarias e vinho, têm-se o bigos ou ensopado de caçador - possivelmente o mais polaco de todos os pratos polacos. Quando deixada sem carne, a dupla costuma ser servida como um dos pratos da véspera de Natal ou se torna o recheio de uma variedade de pratos à base de massa.

Como recheio

Repolho azedo com cogumelos é um dos recheios mais típicos de pierogi – e sempre uma opção segura para veganos em restaurantes tradicionais polacos. No entanto, há mais bolinhos e bolos salgados que se  pode rechear com esta mistura: entre os mais populares estão os paszteciki – rissóis à base de fermento ou massa folhada e servir como lanche ou então com beterraba clara, o barszcz biały – e kulebiak (a versão polaca do coulibiac russo, que foi incluída no clássico de Auguste Escoffier, " The Complete Guide to the Art of Modern Cookery".

Enchido com ingredientes

Gołąbki, foto: East News

Nos bairros de maioria polaca nos Estados Unidos, nos restaurantes polacos-americanos servem não apenas pierogi, mas também gołąbki (que significa pombinhos), também conhecido como glubkis ou golumpki. Folhas grandes de repolho fresco são cozidas, recheadas com uma mistura de carne e arroz e servidas com molho à base de tomate. Versões sem carne com cevada, lentilhas e cogumelos também são bastante populares. Assim como os pierogi pertencem à grande família dos bolinhos de massa de trigo, os gołąbki estão entre a grande variedade de charutos de repolho servidos no mundo todo, o que só prova a incrível versatilidade desse vegetal. O que para muita gente no Brasil associa o charuto com origem libanesa, síria ou árabe, o que difere é que nestas nações o charuto é feito com folha de parreira (uva), portanto, a origem do charuto brasileiro é polaca, pois é feito com folha de repolho e não de parreira.

Sessenta pratos com repolho

Tão versátil quanto é, prova o livro de guerra 60 potraw z kapusty (60 Pratos de Repolho) de Zofia Piechowa, publicado em 1940, como parte da série de guias econômicos domésticos Radź Sam Sobie (Cuide-se) iniciada, em Cracóvia, pelo Centro Conselho de Bem-Estar. A série de publicações continha volumes sobre como viver uma vida razoavelmente normal nos momentos mais difíceis, e a comida era obviamente um de seus assuntos mais importantes.

Festival do Repolho, oficinas especiais dedicadas ao processo de decapagem, Centro Cultural Wilanów,
foto: Joanna Borowska / Fórum


Bolesława Kawecka-Starmachowa escreveu Sto Potraw z Ziemniaków (Cem pratos de batata), enquanto Zofia Piechowa apresentou um livro sobre como conservar, conservar e cozinhar vegetais (Potrawy z Jarzyn. W Tym Obiady Jednodaniowe oraz Kiszenie i Konserwowanie Jarzyn, 1941) e outro sobre como fazer sessenta pratos de repolho. Ela propõe várias sopas e saladas feitas com repolho em conserva ou fresco, repolho refogado com maçãs, tomates ou linguiça, "schnitzels" de repolho e vários tipos de pierogi e gołąbki (até sarma sérvio).

Nos peitos


Embora os benefícios do repolho para a saúde se apliquem principalmente ao comê-lo, conforme a medicina popular, esfregar-se com suas folhas pode reduzir a inflamação e ajudar a curar hematomas. Pode parecer um típico conselho de vovó, mas ainda hoje as maternidades dos hospitais polacos tendem a cheirar a folhas de repolho que as novas mamães colocam nas mamas inchadas. Como se pode perceber – a Polônia não poderia existir sem repolho, mesmo que às vezes não o tratemos corretamente e chamemos as pessoas estúpidas de "cabeças de repolho".

Texto: Natalia Mętrak-Ruda
Tradução para o português: Ulisses iarochinski

sábado, 1 de abril de 2023

Gomułka: um comunista forte da Polônia

"Ele era forte não graças ao apoio dos polacos, porque - convenhamos - ele não precisava disso. Como todo governante comunista, precisava do apoio de Moscou. Por que ele os perdeu? Bem, também porque ele era independente à sua maneira. Ele não era um "chefe de esquerda" da Polônia que poderia ser convocado ao Kremlin e observar de cima a baixo como Stalin lidava com Bierut. (...) Vale a pena considerar onde estaríamos hoje se não fosse pela determinação dele em relação às suas negociações na fronteira polaca no rio Nysa Łużycka. Certamente seria mais difícil para nós negociarmos tal acordo sobre este assunto após a reunificação da Alemanha".

A opinião é do historiador professor Jerzy Eisler, diretor da filial em Varsóvia do Instuto da Memória Nacional, a respeito de um dos últimos dirigentes socialistas da Polônia:

WŁADISŁAW GOMUŁKA

Gomułka em 1960

Nascido em 6 de fevereiro de 1905 na vila rural de Białobrzegi Franciszkańskie nos arredores da cidade de  Krosno, em uma família de trabalhadores que vivia na ocupação austríaca da Polônia (renominada por Viena como Província da Galícia).

Seus pais se conheceram e se casaram nos Estados Unidos, para onde imigraram em busca de trabalho no final do século XIX.
Eles voltaram para a Polônia ainda ocupada no início do século XX porque o pai dele não conseguiu encontrar um emprego remunerado na América.

Jan Gomułka trabalhou como operário na Indústria Petrolífera Sobcarpatia. A irmã mais velha de Władysław, Józefa, nascida nos Estados Unidos, retornou ao completar dezoito anos, juntando-se aos demais membros da família que haviam permanecido e também pensando em preservar sua cidadania americana.

Władysław e seus outros dois irmãos viveram uma infância pobre. Viviam em uma choupana em ruínas e comiam principalmente batatas. Władysław recebeu apenas uma educação rudimentar antes de ser empregado na indústria petrolífera da região.

Gomułka frequentou escolas, em Krosno, por seis ou sete anos. Isto, até os treze anos, quando teve que iniciar o aprendizado em uma serralharia.

Ao longo de sua vida, Gomułka foi um leitor ávido e autodidata, embora tenha sido motivo de piadas devido a sua falta de educação formal e comportamento.

Gomułka discursando no congresso do Partido Unido dos Trabalhadores Polacos 

Em 1922, Gomułka passou nos exames de aprendizagem e começou a trabalhar em uma refinaria local. O jovem trabalhador se aproximou da esquerda radical, juntando-se à organização juvenil Siła (Poder), em 1922, e ao Partido Camponês Independente, em 1925.

Gomułka era conhecido por seu ativismo nos sindicatos dos metalúrgicos e, a partir de 1922, da indústria química. Esteve envolvido em greves organizadas por sindicatos e, em 1924, durante uma reunião de protesto, em Krosno, participou de um debate polêmico com Herman Lieberman.

Publicou textos radicais em jornais de esquerda. Em maio de 1926, o jovem Gomułka foi preso pela primeira vez, mas logo foi liberto pelas demandas dos trabalhadores. O incidente foi objeto de uma intervenção parlamentar feit pelo Partido Camponês.

Em outubro de 1926, Gomułka tornou-se secretário do conselho administrativo do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Química do distrito de Drohobych e permaneceu envolvido com esse sindicato dominado pelos comunistas até 1930. Nessa época, ele aprendeu por conta própria o idioma ucraniano básico.

No final de 1926, enquanto estava em Drohobych, Gomułka tornou-se membro do Partido Comunista da Polônia (Komunistyczna Partia Polski, KPP), ilegal, mas em funcionamento, tendo sido preso por agitação política. Tecnicamente, nessa época ele era membro do Partido Comunista da Ucrânia Ocidental, que era um ramo autônomo do Partido Comunista da Polônia.

Gomułka estava interessado principalmente em questões sociais, incluindo o movimento comercial e trabalhista, e se concentrou em atividades práticas. Em meados de 1927, Gomułka foi para Varsóvia, onde permaneceu até ser convocado para o serviço militar no final do ano.

Depois de vários meses, os militares o liberaram devido a um problema de saúde na perna direita. Gomułka voltou ao trabalho do Partido Comunista, organizando greves e falando em reuniões de trabalhadores em todos os principais centros industriais da Polônia. Nesse período foi preso diversas vezes e vivia sob vigilância policial.

Gomułka foi ativista nos sindicatos de esquerda desde 1926 e no Departamento Central de Comércio do Comitê Central do KPP desde 1931.

Ainda no verão de 1930, Gomułka embarcou ilegalmente em sua primeira viagem ao exterior com a intenção de participar da Internacional Vermelha do Trabalho. Quinto Congresso de Sindicatos realizado, em Moscou, de 15 a 30 de julho. Viajando da Alta Silésia para Berlim, ele teve que esperar pela emissão dos documentos soviéticos e chegou a Moscou tarde demais para participar das deliberações do Congresso.

Gomułka ficou, em Moscou, por algumas semanas e depois foi para Leningrado, de onde embarcou para Hamburgo. Passou por Berlim novamente e voltou para a Polônia, através da Silésia.

Em agosto de 1932, ele foi preso pela polícia do Saneamento enquanto participava de uma conferência de delegados de trabalhadores têxteis, em Łódź. Mais tarde, quando ele tentou escapar, levou um tiro, a bala, na coxa esquerda que o deixou com deficiência permanente para andar.

Apesar de ter sido condenado a quatro anos de prisão em 1º de junho de 1933, ele foi temporariamente libertado para cirurgia na perna ferida em março de 1934.

Após sua libertação, Gomułka solicitou que o KPP o enviasse à União Soviética para tratamento médico e outras questões políticas. Ele chegou à União Soviética, em junho, e passou várias semanas na Crimeia, onde se submeteu a banhos terapêuticos.

Em seguida, passou mais de um ano, em Moscou, onde frequentou a Escola Lenin sob o nome de Stefan Kowalski. As aulas orientadas para a ideologia foram organizadas separadamente para um pequeno grupo de estudantes polacos (um deles era Roman Romkowski (Natan Grünspan, Grinszpan - Kikiel), que mais tarde perseguiria Gomułka na Polônia stalinista) e incluiu um curso de treinamento militar conduzido por Karol Świerczewski.

Em um parecer escrito emitido pela escola, Gomułka foi caracterizado em termos altamente positivos, mas sua estada prolongada na União Soviética o deixou desiludido com as realidades do comunismo stalinista e altamente crítico da prática de coletivização agrária.

Em novembro de 1935, ele voltou ilegalmente para a Polônia. Retomou suas atividades conspiratórias comunistas e trabalhistas e continuou avançando dentro da organização KPP até que, como secretário da filial do Partido na Silésia, foi preso na cidade de Chorzów, em abril de 1936.

Gomułka foi então julgado pelo Tribunal Distrital, em Katowice, e condenado a sete anos de prisão, onde permaneceu preso até o início da Segunda Guerra Mundial. Ironicamente, esse internamento provavelmente salvou a vida de Gomułka, porque a maioria das lideranças do KPP seria assassinada na União Soviética, no final dos anos 1930, apanhada no Grande Expurgo sob as ordens de Józef Stalin.

As experiências de Gomułka o transformaram em uma pessoa extremamente desconfiada e contribuíram para sua convicção ao longo da vida de que o Saneamento Polônia era um Estado fascista, mesmo que as prisões polacas fossem o lugar mais seguro para os comunistas polacos. Ele diferenciou essa crença de seus sentimentos positivos em relação ao país e seu povo, especialmente os membros da classe trabalhadora.

GOMUŁKA NA II GUERRA MUNDIAL

A eclosão da guerra libertou Gomułka de sua prisão. Em 7 de setembro de 1939, ele chegou a Varsóvia, onde permaneceu por algumas semanas, trabalhando na capital sitiada na construção de fortificações defensivas. De lá, como muitos outros comunistas polacos, Gomułka fugiu para o leste da Polônia, que foi invadido pela União Soviética, em 17 de setembro de 1939.

Em Białystok, ele administrava um lar para ex-prisioneiros políticos que chegavam de outras partes da Polônia. Para se reunir com sua esposa felizmente encontrada, no final de 1939, Gomułka mudou-se para Lwów, controlada pelos soviéticos.

Como outros membros do Partido Comunista da Polônia tinha sido dissolvido, Gomułka procurou se filiar ao Partido Comunista Soviético de Toda a União (bolcheviques). As autoridades soviéticas permitiram tais transferências de membros apenas a partir de março de 1941 e em abril daquele ano, Gomułka recebeu seu cartão do partido em Kiev.

As circunstâncias da vida dos comunistas polacos mudaram drasticamente após o ataque alemão de 1941 às posições soviéticas no leste da Polônia. Reduzidos à penúria em Lwów, agora ocupada pelos alemães, os Gomułkas conseguiram se juntar à família de Władysław, em Krosno, no final de 1941.

No entanto, algo bastante importante logo ocorreu na esfera da atividade política comunista: em janeiro de 1942, Józef Stalin havia restabelecido, em Varsóvia, um partido comunista polaco sob o nome de Partido dos Trabalhadores Polacos (PPR).

Em 1942, Gomułka participou da reforma de um partido comunista polaco (o KPP foi destruído nos expurgos de Stalin, no final dos anos 1930) sob o nome Polska Partia Robotnicza - PPR.

Gomułka se envolveu na criação de estruturas partidárias na região sobcarpática e começou a usar seu pseudônimo conspiratório de guerra "Wiesław". Em julho de 1942, Paweł Finder trouxe Gomułka para a Varsóvia ocupada.

Em agosto, o secretário do Comitê regional de Varsóvia do PPR foi preso pela Gestapo e "Wiesław" foi encarregado de seu cargo. Em setembro, Gomułka tornou-se membro do Comitê Central Temporário do PPR. No final de 1942 e início de 1943, o PPR passou por uma grave crise por causa do assassinato de seu primeiro secretário, Marceli Nowotko.

Gomułka participou da investigação do partido dirigida contra outro membro da liderança, Bolesław Mołojec, que resultou na execução deste. Junto com Paweł Finder, que foi nomeado Primeiro Secretário do partido, e Franciszek Jóźwiak, Gomułka (sob o pseudônimo de "Wiesław") foi incluído na nova liderança interna do Partido, estabelecida em janeiro de 1943.

O Comitê Central foi ampliado nos meses seguintes para incluir Bolesław Bierut. Em fevereiro de 1943, Gomułka liderou o lado comunista em uma série de reuniões importantes em Varsóvia entre o PPR e a Delegação do Governo do governo polaco no exílio com sede em Londres e o Exército do País (Armia Krajowa).

selo do correio com Władzysław Gomułka

As conversações não produziram resultados devido aos interesses divergentes das partes envolvidas e à falta de confiança mútua. A Delegação interrompeu oficialmente as negociações, em 28 de abril, três dias após o governo soviético ter rompido relações diplomáticas com o governo polaco.

Gomułka  se tornou o principal ideólogo do Partido. Ele escreveu o "Pelo que lutamos?" (O co walczymy?) publicação datada de 1º de março de 1943, e a declaração muito mais abrangente que surgiu sob o mesmo título em novembro.

"Wiesław" supervisionou o principal empreendimento editorial do Partido. Fez esforços, em grande parte sem sucesso, para garantir a cooperação do PPR de outras forças políticas na Polônia ocupada.

Bierut, entretanto, era indiferente a tais tentativas e contava simplesmente com a compulsão fornecida por uma futura presença do Exército Vermelho, na Polônia. As diferentes estratégias resultaram em um conflito agudo entre os dois políticos comunistas.

Gomułka e a moça que sob no púlpito para lhe beijar

No Conselho Nacional de Estado do Comitê Polaco de Libertação Nacional, no outono de 1943, a liderança do PPR começou a discutir a criação de um corpo polaco quase parlamentar, liderado pelos comunistas, a ser nomeado como Krajowa Rada Narodowa, -  KRN.

Depois da Batalha de Kursk, a expectativa era de uma vitória soviética e libertação da Polônia e o PPR queria estar pronto para assumir o poder. Gomułka teve a ideia de um conselho nacional e impôs seu ponto de vista ao restante da liderança. O PPR pretendia obter o consentimento do líder do Comintern e de seu contato soviético, Georgi Dimitrov.

No entanto, em novembro, a Gestapo prendeu Finder e Małgorzata Fornalska, que possuía os códigos secretos de comunicação com Moscou e a resposta soviética permaneceu desconhecida.

Na ausência de Finder, em 23 de novembro, Gomułka foi eleito secretário-geral do PPR e Bierut ingressou na liderança interna de três pessoas. A reunião de fundação do Conselho Nacional do Estado ocorreu no final da noite, de 31 de dezembro de 1943.

O novo presidente do órgão, Bierut, estava se tornando o principal rival de Gomułka. Em meados de janeiro de 1944, Dimitrov foi finalmente informado da existência do KRN, o que surpreendeu a ele e aos líderes comunistas polacos em Moscou, cada vez mais liderados por Jakub Berman, que tinha outras ideias concorrentes sobre o estabelecimento de um partido e governo comunista polaco.

Gomułka sentiu que os comunistas polacos, na Polônia ocupada, tinham uma melhor compreensão das realidades polacas do que seus irmãos em Moscou e que o Conselho Nacional do Estado deveria determinar a forma do futuro governo executivo da Polônia.

Entretanto, para obter a aprovação soviética e esclarecer quaisquer mal-entendidos, uma delegação do KRN rumou em março para Moscou, onde chegou dois meses depois. Naquela época, Stalin concluiu que a existência do KRN era algo positivo e os polacos que chegavam de Varsóvia foram recebidos e saudados por ele e outros dignitários soviéticos.

A União dos Patriotas Polacos e o Escritório Central dos Comunistas Polacos, em Moscou estavam agora sob pressão para reconhecer a primazia do PPR, do KRN e de Władysław Gomułka, o que acabaram fazendo apenas em meados de julho.

Em 20 de julho, as forças soviéticas sob o comando do marechal Konstantin Rokossovsky abriram caminho através do rio Bug e, no mesmo dia, a reunião combinada de comunistas polacos das facções de Moscou e Varsóvia finalizou os arranjos relativos ao estabelecimento (em 21 de julho) do Comitê Polaco de Libertação Nacional (PKWN), um governo temporário chefiado por Edward Osóbka-Morawski, um socialista aliado dos comunistas. Gomułka e outros líderes do PPR deixaram Varsóvia e seguiram para o território controlado pelos soviéticos, chegando a Lublin, em 1º de agosto, dia em que a Revolta de Varsóvia eclodiu na capital polaca.

POLÔNIA SOCIALISTA

Gomułka, em Varsóvia, em 1945

Gomułka foi vice-primeiro-ministro no Governo Provisório da República da Polônia (Rząd Tymczasowy Rzeczypospolitej Polskiej), de janeiro a junho de 1945, e também no Governo Provisório de Unidade Nacional (Tymczasowy Rząd Jedności Narodowej), de 1945 a 1947.

Como ministro dos Territórios Recuperados de 1945 a 1948, Gomułka exerceu grande influência na reconstrução, integração e progresso econômico da Polônia dentro de suas novas fronteiras, supervisionando o assentamento, desenvolvimento e administração das terras revertidas da ocupação Alemã.

Usando sua posição no PPR e no governo, Gomułka liderou as transformações sociais na Polônia e participou do esmagamento da resistência ao regime comunista durante os anos do pós-guerra.

Ele também ajudou os comunistas a vencer o referendo Trzy razy tak ("Três vezes sim") de 1946. Um ano depois, ele desempenhou um papel fundamental nas eleições parlamentares de 1947, que foram arranjadas de forma fraudulenta para dar aos comunistas e seus aliados uma vitória esmagadora.

Após as eleições, toda a oposição legal remanescente na Polônia foi efetivamente destruída e Gomułka era agora o homem mais poderoso da Polônia. Em junho de 1948, devido à iminente unificação do PPR e do PPS, Gomułka fez uma palestra sobre a história do movimento operário polaco. Em um memorando escrito a Stalin, em 1948, Gomułka argumentou que "alguns dos camaradas judeus não sentem nenhum vínculo com a nação polaca ou com a classe trabalhadora polaca ... ou mantêm uma postura que pode ser descrita como 'niilismo nacional'".

Como resultado, ele considerou "absolutamente necessário não apenas parar qualquer crescimento adicional na porcentagem de judeus no Estado, bem como no aparato partidário, mas também diminuir lentamente essa porcentagem, especialmente nos níveis mais altos do aparelho".

Gomułka na capa da revista norte americana TIME de  1.º dezembro 1956

Nikita Khrushchev, que esteve intimamente envolvido nos assuntos polacos na década de 1940, de acordo com as memórias do próprio, acreditava que Gomułka tinha razão em se opor às políticas de pessoal adotadas por Roman Zambrowski, Jakub Berman e Hilary Minc, todos descendentes de judeus trazidos da União Soviética para a Polônia. 

No entanto, Khrushchev atribuiu a subsequente queda de Gomułka a seus rivais, tendo conseguido retratar Gomułka como sendo pró-iugoslavo. As acusações não foram tornadas públicas, mas foram levadas ao conhecimento de Stalin e se tornaram cruciais em sua tomada de decisão de que lado ele apoiaria - em vista da divisão soviético-iugoslava que ocorreu em 1948.

No final da década de 1940, o governo comunista da Polônia foi dividido pela rivalidade entre Gomułka e o presidente Bolesław Bierut. Gomułka liderou um grupo nacional de origem, enquanto Bierut liderou um grupo criado por Stalin na União Soviética. A luta acabou levando à remoção de Gomułka do poder, em 1948. Enquanto Bierut defendia uma política de total subserviência a Moscou, Gomułka queria adaptar o projeto comunista às circunstâncias polacas.

Entre outras coisas, ele se opôs à coletivização forçada e era cético em relação ao Cominform. A facção Bierut tinha a atenção de Stalin e, por ordem deste, Gomułka foi demitido do cargo de líder do partido por "desvio nacionalista de direita", sendo substituído por Bierut.

Em dezembro, logo após a fusão do PPR e do Partido Socialista Polaco para formar Partido Unido dos Trabalhadores Polacos (PZPR), que era essencialmente o PPR com um novo nome), Gomułka foi retirado do Politburo do partido fundido.

Gomułka foi destituído de seus cargos restantes no governo, em janeiro de 1949, e expulso do partido em novembro. Nos oito anos seguintes, ele não desempenhou funções oficiais e foi submetido a perseguições, incluindo quase quatro anos de prisão de 1951 a 1954.

Bierut morreu, em março de 1956, durante um período de desestalinização na Polônia que se desenvolveu gradualmente após a morte de Stalin. Edward Ochab tornou-se o novo primeiro secretário do Partido. Logo depois, Gomułka foi parcialmente reabilitado quando Ochab admitiu que Gomułka não deveria ter sido preso, enquanto reiterava as acusações de "desvio nacionalista de direita" contra ele.

Em junho de 1956, violentos protestos de trabalhadores eclodiram na cidade de Poznań. Os distúrbios dos trabalhadores foram duramente reprimidos e dezenas de trabalhadores foram mortos.

No entanto, a liderança do Partido, que agora incluía muitos funcionários reformistas, reconheceu até certo ponto a validade das demandas dos participantes do protesto e tomou medidas para aplacar os trabalhadores.

Os reformadores do Partido queriam uma reabilitação política de Gomułka e seu retorno à liderança do Partido. Gomułka insistiu que lhe fosse dado poder real para implementar novas reformas. Ele queria a substituição de alguns dos líderes do partido, incluindo o ministro da Defesa pró-soviético Konstantin Rokossovsky.

A liderança soviética viu os eventos na Polônia com alarme. Simultaneamente com os movimentos das tropas soviéticas na Polônia, uma delegação soviética de alto escalão voou para Varsóvia. Ela foi liderado por Nikita Khrushchev e incluiu Anastas Mikoyan, Nikolai Bulganin, Vyacheslav Molotov, Lazar Kaganovich, Ivan Konev e outros.

Ochab e Gomułka deixaram claro que as forças polacas resistiriam se as tropas soviéticas avançassem, mas garantiram aos soviéticos que as reformas eram assuntos internos e que a Polônia não tinha intenção de abandonar o bloco comunista ou seus tratados com a União Soviética.

Os soviéticos cederam. Seguindo os desejos da maioria dos membros do Politburo, o Primeiro Secretário Ochab cedeu e em 20 de outubro o Comitê Central trouxe Gomułka e vários associados para o Politburo, removeu outros e elegeu Gomułka como o primeiro secretário do Partido.

Gomułka, o ex-prisioneiro dos stalinistas, gozou de amplo apoio popular em todo o país, expresso pelos participantes de uma grande manifestação de rua em Varsóvia, em 24 de outubro.



Manifestação no dia do trabalho pró-Gomułka

Vendo que Gomułka era popular entre o povo polaco, e dada sua insistência de que queria manter a aliança com a União Soviética e a presença do Exército Vermelho na Polônia, Khrushchev decidiu que Gomułka era um líder com quem Moscou poderia conviver.

Um fator importante que influenciou Gomułka foi a questão da linha Oder-Neisse. A Alemanha Ocidental recusou-se a reconhecer a linha Oder-Neisse e Gomułka percebeu a instabilidade fundamental da fronteira ocidental imposta unilateralmente pela Polônia. Ele se sentiu ameaçado pelas declarações revanchistas feitas pelo governo Adenauer e acreditava que a aliança com a União Soviética era a única coisa que impedia a ameaça de uma futura invasão alemã.

O novo líder do partido disse ao 8º Plenário do PZPR, em 19 de outubro de 1956 que: "A Polônia precisa de amizade com a União Soviética mais do que a União Soviética precisa de amizade com a Polônia ... Sem a União Soviética não podemos manter nossas fronteiras com o Oeste".

Gomułka discursando diante de milhares de polacos em 1956

O tratado com a Alemanha Ocidental foi negociado e assinado, em dezembro de 1970. O lado alemão reconheceu as fronteiras pós-Segunda Guerra Mundial, que estabeleceram uma base para a futura paz, estabilidade e cooperação na Europa Central.

Durante os eventos da Primavera de Praga, Gomułka foi um dos principais líderes do Pacto de Varsóvia e apoiou a participação da Polônia na invasão da Tchecoslováquia, em agosto de 1968.

Em 1967-68, Gomułka permitiu explosões de propaganda política "anti-sionista", que se desenvolveu inicialmente como resultado da frustração do bloco soviético com o resultado da Guerra dos Seis Dias árabe-israelense.

Acabou sendo uma campanha anti-semita velada e expurgo do exército, perseguido principalmente por outros no Partido, mas utilizado por Gomułka para se manter no poder, desviando a atenção da população da economia estagnada e má administração.

O resultado foi a emigração da maioria dos restantes cidadãos polacos de origem judaica. 

Naquela época, ele também era responsável por perseguir estudantes protestantes e endurecer a censura dos meios de comunicação.

Em dezembro de 1970, as dificuldades econômicas levaram a aumentos de preços e protestos subsequentes. Gomułka, juntamente com seu braço direito Zenon Kliszko, ordenou que o Exército regular comandado pelo general Bolesław Chocha, atirasse em trabalhadores em greve com armas automáticas nas cidades de Gdańsk e Gdynia.

Mais de 41 trabalhadores de estaleiros da costa do Báltico foram mortos na violência policial-estatal que se seguiu, enquanto mais de mil pessoas ficaram feridas.

Gomułka e seu substituto Gierek

Os eventos forçaram a renúncia e aposentadoria de Gomułka. Em uma substituição geracional da elite governante, Edward Gierek assumiu a liderança do Partido e as tensões diminuíram.

A imagem negativa de Gomułka na propaganda comunista após sua remoção foi gradualmente modificada e algumas de suas contribuições construtivas foram reconhecidas. 

Władzysław Gomułka é visto como um crente honesto e austero no sistema socialista, que, incapaz de resolver as formidáveis ​​dificuldades da Polônia e satisfazer demandas mutuamente contraditórias, tornou-se mais rígido e despótico mais tarde em sua carreira.

VIDA PRIVADA 

Władysław Gomułka mantinha um relacionamento com Liwa Szoken, uma ativista comunista polaca de origem judaica,que conheceu durante sua atividade sindical em Zawiercie, em 1928.

O casal realizou um casamento civil, em 21 de abril de 1951, antes de Gomułka ser preso. Mas já em 1930, nasceu seu filho Ryszard Strzelecki (em 1970 Vice-Ministro de Comércio Exterior e Economia Marítima), que mais tarde adotou o sobrenome Strzelecki-Gomułka.

O segundo filho morreu na infância. Nos anos de 1932 a 1944, o filho Gomułka estava sob os cuidados de seus avós, devido à prisão de seus pais, na Polônia entre guerras e, em seguida, em conexão com suas atividades clandestinas durante a ocupação.

Este filho foi membro do conselho da Fundação de Arquivos de Documentação Histórica da República Popular da Polônia.

Em 1960, Ludwika Paczosowa, irmã de Władysław Gomułka, morreu em um incêndio em Krosno.

Desde que voltou a Varsóvia após a ocupação, Gomułka viveu na Aleja Wojska Polskiego, n.º 16. Após sua libertação, Gomułka e sua esposa viveram, em Varsóvia, na Aleja na Skarpie, n.º 19, apartamento 6.

A casa em Konstancin

Ao mesmo tempo, ele tinha uma casa de férias em Śródborów, perto de Otwock. Depois de renunciar ao cargo de primeiro secretário do Partido dos Trabalhadores Unidos Polacos, ele recebeu uma casa de propriedade do Gabinete do Conselho de Ministros, em Konstancin, na ulica Rada Narodowa, n.º 20 (agora Potulickich, n.º 42).

Ele era um homem excessivamente frugal, especialmente em comparação com outros políticos influentes, como Józef Cyrankiewic. De acordo com Eleonora Salwa-Syzdek Gomułka foi o mais trabalhador dos primeiros secretários. Ele era famoso por seus longos discursos. Ele ía para a cama dormir relativamente cedo.

Um fumante inveterado, Gomułka morreu, em 1982, aos 77 anos de câncer de pulmão. As memórias de Gomułka só foram publicadas em 1994, muito depois de sua morte e cinco anos após o colapso do regime comunista ao qual ele serviu e liderou.

O jornalista americano John Gunther descreveu Gomułka, em 1961, como sendo "professional nas maneiras, indiferente e anguloso, com um peculiar sabor apimentado"

Gomułka morreu na manhã de 1º de setembro de 1982 de câncer de pulmão, em Konstancin. O caixão com o cadáver foi exposto no Salão da Coluna do Sejm, em 5 de setembro de 1982. Ele foi enterrado na Aleja Zasłużonych no Cemitério Militar Powązki em Varsóvia (seção A27-Aleja Zasłużonych-1), em 6 de setembro de 1982.

Gomułka foi enterrado no Cemitério Militar Powązki, em Varsóvia.

Texto baseado em várias fontes, entre elas:

- Rothschild and Wingfield: Return to Diversity, A Political History of East Central Europe Since World War II OUP 2000
- Harriman Institute (1999). "The defection of Jozef Swiatlo and the Search for Jewish Scapegoats in the Polish United Workers' Party, 1953-1954" (PDF) (em inglês). Columbia University, New York City. Consultado em 14 de fevereiro de 2013.
- George Washington University: The National Security Archive (2002). "Notes from the Minutes of the CPSU CC Presidium Meeting with Satellite Leaders, October 24, 1956" (PDF) (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2013. 
- Time Magazine (10 de dezembro de 1956). "POLAND: Rebellious Compromiser" (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2013.