segunda-feira, 16 de outubro de 2023

O sistema eleitoral e as listas partidárias da Polônia

O Sejm - Congresso Nacional da Polônia

Primeiro é preciso explicar que as eleições democráticas na Polônia funcionam no sistema de listas eleitorais. Estas são as listas de candidatos de um determinado partido, ou coalizão de partidos que concorrem nas eleições de um determinado distrito eleitoral, ou okręg, ou seja, que é parte do território em que o país é dividido durante eleições parlamentares, presidenciais, de governo local, no sentido de criar listas eleitorais uniformes para uma determinada área, com cujos representantes são eleitos.

Na Polônia, existem 41 distritos eleitorais nas eleições do Sejm, com 7 a 20 deputados eleitos, enquanto nas eleições para o Senado desde 2011, existem 100 círculos eleitorais uninominais, ou seja, nos quais se pode ganhar apenas um mandato. Há 13 assentos nas eleições para o Parlamento Europeu, sendo de 2 (distrito n.º 8 para o Parlamento Europeu, abrangendo a voivodia de Lublin) a 7 assentos parlamentares (Distrito n.º 10 para o Parlamento Europeu, abrangendo as voivodias de Świętokrzyskie e Małopolskie). No total, 52 eurodeputados são eleitos na República da Polônia.

O número de deputados eleitos nos distritos eleitorais é determinado dividindo o número de habitantes do país pelo número total de deputados eleitos nos distritos eleitorais. Por sua vez, o Distrito Eleitoral é uma unidade territorial permanente estabelecida dentro da área do município para realizar eleições e referendos.

Distritos especiais também são criados em hospitais e unidades de saúde se pelo menos 15 eleitores estiverem presentes no dia das eleições, bem como em prisões e centros de detenção, o mais tardar 45 dias antes do dia das eleições.

Também podem ser criados em navios polacos que hasteiam a bandeira polaca e fica sob o comando de um capitão polaco, pertencente a um armador polaco - desde que haja pelo menos 15 eleitores e os resultados possam ser transferidos.

Os distritos de votação também são estabelecidos nas missões diplomáticas e consulares polacas. Os distritos gerais (abrangendo 500 a 4.000 habitantes) são criados pelo comissário eleitoral.

As listas das eleições parlamentares de 2023:

Lista 1 - BEZPARTYJNI SAMORZĄDOWCY (Povo apartidário do governo local) é um movimento político polaco que opera principalmente no nível do governo local, cobrindo inicialmente a voivodia da Baixa Silésia e depois todo o país. Desde dezembro de 2020, a sua parte principal está concentrada na Federação Polaca de Associações Não Partidárias e Autônomas. Desde 2023, o movimento é representado pelo partido político Bezpartyjni Samorządowcy - Łączy nas Polska (foi registrado em 2022 por outro grupo). É norteado por uma ideologia de direita, liberalismo econômico, conservadorismo e regionalismo.

Lista 2 - TRZECIA DROGA (nome completo: Trzecia Droga Polska 2050 Szymon Hołownia - Polskie Stronnictwo Ludowe ) é uma coligação política polaca estabelecida para as eleições parlamentares de 2023, composta pelo Partido Popular Polaco e Polska 2050 Szymon Hołownia, de um lado, um centrista e democrata-cristão e de outro um liberal. O objetivo da coligação é criar uma alternativa aos PiS - Partido Direito e Justiça e ao PO - Partido da Plataforma da Cidadania, que dominam a cena política na Polônia há mais de uma década, ao mesmo tempo que coopera com outros partidos da oposição ao governo centrado no PiS e anuncia o estabelecimento de um governo de coligação com eles. Além dos dois partidos que formam formalmente o TD, um grupo de aliados deste partido estão dentro da Coligação, como os círculos conservadores (o partido Centro para a Polônia, a associação Jovem Polônia, e, entre outros, os candidatos associados ao partido do Acordo e o presidente dos Libertadores) e da União dos Democratas Europeus. A ideologia é da democracia cristã, liberalismo, centrismo, liberalismo e pró União Europeia.

Lista 3 - NOWA LEWICA (Nova esquerda) é um partido político polaco de esquerda, criado como resultado da fusão da Aliança da Esquerda Democrática e do Wiosna (Primavera). O caráter ideológico do grupo é social-democrata, social-liberal, anticlerical, feminista e pró-ecológico. A formação pertence ao Partido dos Socialistas Europeus e no Parlamento Europeu à Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas. O símbolo do partido é idêntico ao logotipo da Coalizão de Esquerda, que Nowa Lewica co-cria com Lewica Razem (Juntos Esquerda), o Partido Socialista Polaco, o Sindicato Trabalhista e a Social Democracia Polaca - NL, Razem (Juntos) e PPS formam o Clube Parlamentar da Coalizão de Esquerda.

Lista 4 - PRAWO i SPRAWIEDLIWOŚĆ (Partido Direito e Justiça) é partido político fundado em 29 de maio de 2001 pelos irmãos gêmeos Lech e Jarosław Kaczyński, registrado em tribunal em 13 de junho de 2001. Foi estabelecido na onda de popularidade conquistada por Lech Kaczyński durante seu mandato como Ministro da Justiça e Procurador-Geral no governo da Ação. Wyborcza Solidarność. A ideologia do partido é uma combinação de conservadorismo social e nacional, solidarismo, intervencionismo e democracia cristã. Um populista e eurocético, embora desde o início tem sido a favor da adesão da Polônia à UE União Europeia, apoia a expansão das suas estruturas, mas acredita que a UE deve ser reformada. A política europeia do PiS pode ser descrita como confederal e de apoio a uma Europa das nações. O grupo também é caracterizado como eurorrealista. O partido passou a ganhar as eleições quando iniciou uma cooperação com a Rádio nacional-católica Maryja, comandada pelo padre ultraconservador Tadeusz Rydzyk. Ao longo de sua existência demonstrou ser um partido de extrema-direita, ultraconservador, religioso, antissemita, xenófobo e as turras com o Tribunal Europeu. Está no poder desde 2015, e mantém a Presidência da República, o Governo, o Supremo Tribunal e os meios de comunicação estatais à mão de ferro. Praticamente uma ditadura extremista.

Lista 5 - KONFEDERACJA WOLNOŚĆ I NIEPODLEGŁOŚĆ (Confederação da Liberdade e Independência) é uma coligação de direita e eurocéptica, criada antes das eleições para o Parlamento Europeu, em 2019 (formalmente registrada como comissão eleitoral da Konfederacja KORWiN Braun Liroy Narodowcy). Desde julho de 2019, ela foi registrada como partido político sob o nome Konfederacja Wolność i Niepodległość. De ideologia liberal conservadora, liberalismo nacional, euroceticista, nacionalismo, liberalismo econômico. A Confederação tem como programa; - desagravamento fiscal geral: redução do IRS para 0%, contribuições voluntárias para a ZUS e abolição do imposto especial sobre o consumo da gasolina, redução de despesas (mas sem especificar quais); - “Tribunais rápidos e justos” – construir aparelhos auxiliares nos tribunais, digitalizando-os e simplificando procedimentos; - “Vale educativo” e “voucher cultural” – privatização da educação, da cultura e da arte, financiando-as por meio de vales, combatendo a “invasão” de “educadores sexuais” e “propagandistas do movimento LGBT” ; - “Segurança nacional” – limitar a admissão de refugiados e imigrantes, sair da União Europeia, opor-se Ao Direito e Justiça, promover a visão histórica e cultural polaca; - “Vida saudável” - proteção ambiental, proibição de importação de lixo para a Polônia, promoção do esporte, proibição do aborto (com excepções). - oposição à Lei de Justiça para Sobreviventes Não Compensados Hoje; - adotar a neutralidade nos conflitos armados no Médio Oriente e cessar o envolvimento dos soldados polacos; - manutenção da moeda nacional, ou seja, o złoty; - abolição do imposto sobre o rendimento; - restabelecimento da pena de morte para crimes extraordinários; - liberalização de regulamentos relativos a licenças de armas de fogo; - limitar a imigração de países não europeus; - descentralização e desburocratização do Estado; - equalização dos subsídios agrícolas aos restantes países da UE.

Lista 6 - KOALICJA OBYWATELSKA (Coalizão Cidadã) é uma coligação da PO- Plataforma da Cidania, Nowoczesna (Moderno), Iniciativa Polaca e os Verdes. Estabelecida antes das eleições locais de 2018 como uma coalizão do PO e do Nowoczesna (o comitê era então denominado Platforma Nowoczesna Coalizão Cívica). Em seguida, foi expandido para incluir o iPL, RS Agrounia Sim e o Partido Verde e continuou em várias formas (para as eleições parlamentares de 2019 e 2023, o comitê adotou o nome Coalizão Cívica PO. N iPL Zieloni e outros grupos também foram associados à coalizão). O PO é um partido de centro-direita pró-União Europeia e sua ideologia é marcada pelo liberalismo, liberalismo democrático, liberalismo social, conservadorismo liberal, feminismo e políticas verdes.

Lista 7 - POLSKA JEST JEDNA (Polônia é Uma) é um partido de direita registrado em 9 de fevereiro de 2023, estabelecido com base no movimento fundado em 25 de setembro de 2021 por Rafał Piech, prefeito de Siemianowice Śląskie (uma cidade do sul da Polônia, na voivodia da Silésia, que possui direitos distritais). A ideologia do partido está centrada no conservadorismo nacional e no euroceticismo. Usa o slogan fascista “Deus, Família, Pátria” e foi fundado com protestos contra as restrições impostas pela epidemia da Covid.

domingo, 15 de outubro de 2023

OPOSIÇÃO POLACA VENCEU AS ELEIÇÕES NO BRASIL

Donald Tusk, o grande vencedor das eleições parlamentares polacas nas duas seções eleitorais no Brasil.

As eleições para senadores e deputados do Parlamento da Polônia foram realizadas na Comissão Eleitoral Distrital número 37, no Consulado Geral da República da Polônia, na Avenida Agostinho Leão Júnior, n.º 234, em Curitiba, no sábado, dia 14 de outubro de 2023. E em Brasília, os eleitores compareceram para votar na Comissão Eleitoral número 36, no Consulado Geral da República da Polônia, Avenida das Nações, Quadra 809, lote 33, Brasília, DF. 

CURITIBA DISTRITOS 37 E 44

Inscreveram-se previamente para votar neste distrito 75 eleitores. Compareceram para votar 54 eleitores, configurando um percentual de 72% de participação. Ao final da apuração, 53 votos foram considerados válidos. Apenas um voto foi invalidado.

As eleições polacas são realizadas por meio de listas de candidatos por partido ou coalizões. Para estas eleições de outubro de 2023, apresentaram-se 7 listas para a disputa eleitoral.

Houve empate na primeira posição entre a Lista 3 da Nowa Lewica (Partido na Nova Esquerda) e a Lista 4 do PiS - Prawo i Sprawiedliwość (Partido Direito e Justiça), no poder desde 2015. Ambas as listas receberam 14 votos.

Em seguida com 13 votos ficou a lista 6 da Koalicja Obywatelska PO N IPL Zielone (Coalizão da Cidadania).

Na sequência, também empatados com 4 votos cada a Lista 2 da Trzecia Droga (Terceira Via) e a Lista 5 da Konfederacja Wolność i Niepodległość (Confederação Liberdade e Independência).

E nas últimas colocações também houve empate por 2 votos entre a Lista 1 da Bezpartyjni Samorządowcy (Sem Partido de Governo) e a lista 7 da Polska Jest Jedna (Polônia é Uma).

Lista 1 = 02 votos
Lista 2 = 04 votos
Lista 3 = 14 votos
Lista 4 = 14 votos
Lista 5 = 04 votos
Lista 6 = 13 votos
Lista 7 = 02 votos

O ex-primeiro-ministro da Polônia e ex-presidente do Conselho Europeu da União Europeia, Donald Franciszek Tusk com 11 votos da Lista 6 do PO - Platforma Obywatelska (Partido da Plataforma da Cidadania).

O segundo mais votado foi o ex-ministro da Cultura e do Patrimônio Nacional, ex-primeiro-ministro e atual vice-primeiro-ministro Piotr Tadeusz Gliński do PiS (Partido Direito e Justiça) com 7 votos.

Na soma das listas, a oposição polaca venceu as eleições em Curitiba com 31 votos contra 13 da situação e o grande vitorioso foi Donald Tusk.

Na eleição para o Senado, referente ao Distrito Eleitoral 44 foram considerados 54 votos válidos. 

Venceu o candidato da Coalizão da Cidadania, Adam Piotr Bodnar com 37 votos contra a candidata do Partido do Direito e Justiça, Alicja Żebrowska que fez 15 votos. Vitória da Coalizão da Plataforma da Cidadania co 68,51% 

BRASÍLIA DISTRITOS 36 E 44

No Consulado Geral da Polônia, em Brasília, 43 votos foram considerados válidos e os resultados por listas foram:

Lista 1 = 00 votos
Lista 2 = 04 votos
Lista 3 = 03 votos
Lista 4 = 14 votos
Lista 5 = 02 votos
Lista 6 = 19 votos
Lista 7 = 01 voto

A oposição fez com soma das Listas 2, 3 e 6,  26 votos e a situação 14 votos.

Donald Tusk da Plataforma da Cidadania fez 13 votos e Piotr Gliński 10 votos.

Na eleição para o Senado, referente ao Grupo Eleitoral 44, venceu o candidato da Coalização Cívica, Adam Piotr Bodnar com 23 votos contra 18 votos da candidata do Partido direito e Justiça, Alicja Żebrowska.

No resultado geral das duas comissões eleitorais, Brasília e Curitiba, a oposição ganhou com ampla maioria com 57 votos contra 27 votos, ou com 67,8% dos votos válidos, na eleição para a Câmara dos Deputados.

Nas duas comissões eleitorais para o Senado, no Brasil, a vitória da oposição foi de 60 votos para Adam Piotr Bodnar e 33 votos para Alicja Żebrowska. A oposição vitoriosa fez 60,85%.

Fonte: Państwowa Komisja Wyborcza (Comissão Eleitoral Estatal)


sábado, 7 de outubro de 2023

Kwaśniewski: A Polônia precisa votar na esquerda

Foto: Mateusz Marek / PAP

O ex-presidente da Polônia, Aleksander Kwaśniewski, manifestou-se sobre as eleições parlamentares que acontecerão na Polônia, no próximo dia 15 de outubro.

No sábado, realizou-se na cidade Będzin a convenção da Coalização de Esquerda, quando foi apresentado um vídeo gravado e exibido durante a convenção. A apresentação em vídeo foi resultado do ex-presidente ter sido levado ao hospital, onde passa por uma cirurgia.

O ex-presidente também avaliou políticos de esquerda, falou sobre possíveis sucessores de Jarosław Kaczyński e Donald Tusk e revela o que mais o preocupa na política polaca hoje.

"Sempre votei na Esquerda, o meu coração está na esquerda e voltarei a fazê-lo com a convicção e a certeza de que é um voto bem colocado", disse o ex-presidente.

Segundo o ex-presidente "A Polônia precisa de uma coligação que será criada pelos partidos da atual oposição democrática, mas onde a esquerda desempenhará um papel importante. A esquerda é a garantia dos direitos das mulheres e de um Estado laico. É uma garantia de que alcançaremos progressos nos serviços públicos, na boa educação e em melhores cuidados de saúde. Na construção de creches e jardins de infância para que as famílias possam desenvolver-se sem receios nas suas carreiras profissionais".

O porta-voz da Coligação da Esquerda, Marek Kacprzak, informou que o ex-presidente enfrenta problemas de saúde. "Ele tem que fazer outro procedimento".

Kwaśniewski foi recebido por um dos líderes da Esquerda, Włodzimierz Czarzasty, que lhe disse: "Senhor presidente, caro Alexander. Você foi o melhor presidente do nosso país. Eu sei que você está no hospital porque conversamos muito. Desejamos-lhe muita saúde. Queríamos que você nos liderasse diretamente, mas sabemos que você nos lidera mesmo a partir daí do hospital". Ou de onde Aleksander Kwaśniewski esteja.

"Na minha opinião, estamos hoje numa situação tal que vale a pena pensar estrategicamente, para que a Terceira Via possa estar presente no parlamento e para podermos realmente mudar o governo do país, porque é muito necessário."

"Parece que o resultado ainda está indeciso. As chances de ambos os campos são meio a meio. Talvez uma bomba exploda, mas pessoalmente não creio que nada vá mudar radicalmente" — diz Kwaśniewski, a pouco mais de uma semana das eleições — "Acho que não é ruim que existam três listas e que todas funcionem em ambientes diferentes".

"Isso amplia até mesmo a frente de ação. É bom que haja acordo e há muito que ouvimos falar que estes três partidos, se entrarem no parlamento e tiverem maioria, formarão governo" - afirma o ex-presidente — "Era uma política diferente que visava nos tornar diferentes, mas independentemente das nossas diferenças, conseguimos trabalhar pelo interesse comum. E agora tudo foi para o inferno", diz Kwaśniewski, relembrando os anos de sua atividade política

Aleksander Kwaśniewski nasceu em 15 de novembro de 1954 em Białogard. Político e jornalista polaco foi Presidente da República da Polônia por dois mandatos consecutivos de 1995 a 2005.

Nos anos 1985 a 1989, ainda no período socialista soviético que estava se findando, foi ministro-membro do Conselho de Ministros nos governos de Zbigniew Messner e de Mieczysław Rakowski.

Nos anos de 1985 a 1990, também foi membro do "presidium" do Conselho para a Proteção da Memória da Luta e do Martírio e nos anos 1988–1991 foi presidente do Comitê Olímpico Polaco.

Kwaśniewski é o fundador da Social Democracia da Polônia. Foi membro do Parlamento polaco nos 1.º e 2.º mandatos em 1991 a 1995.

Fonte: Agências de notícias e Onet.

domingo, 1 de outubro de 2023

Eleições na Polônia: Um milhão de polacos nas ruas de Varsóvia

Ao fundo se vê o Palácio da Cultura e Ciências

Participação impressionante na "Marcha dos Milhões de Corações" pelas ruas de Varsóvia, neste domingo, 1º de outubro de 2023.

O evento, convocado pelo líder do Partido PO - Plataforma da Cidadania, começou às 12 horas no Rondo (rotatória) Demowski e terminou às 15 horas, no Rondo Radosława.

O ex-primeiro-ministro da Polônia e ex-presidente da Comissão da União Europeia, o ex-deputado Donald Tusk, encerrou a marcha dizendo em seu discurso, perante a multidão, que,"quero lhes dizer que somos mais de um milhão. Vocês estão participando de um evento verdadeiramente único."



"E não se trata de recordes do Guinness, não se trata da maior manifestação política da história da Polônia, é certamente a maior reunião política do mundo hoje", acrescentou.

Depois apelou aos que estavam indecisos para irem às urnas e votarem “pelas gerações futuras”.

"Também quero prometer-lhe o fim da guerra polaco-polaca no dia seguinte às eleições".

"Após perseguir o agressor, não faz sentido lutar", disse Tusk.

Quando a marcha começou, pode-se ver a sua escala total. Esta foi impressionante.

No cartaz está escrito: Senhor Kaczyński o mundo se muda. Amedronte-se, Senhor no Acerto de Contas

"Mais de 1.000.000 de corações vermelhos e brancos em Varsóvia", escreveu Donald Tusk no site X. 

"Esta é a maior manifestação da história de Varsóvia", acrescentou a porta-voz da Câmara Municipal da capital.

A marcha teve aproximadamente 4,5 km de extensão e ocupou uma área de mais de 350 mil metros quadrados.


"Você já ganhou. (...) Dezenas, senão centenas de milhares de pessoas estiveram ao longo de todo o percurso. Nunca estive tão cansado de sorrir! (...) Vocês representam a maioria da nação polaca, que está farta destes anos sombrios, e vieram aqui e sorriram para mim e para si próprios", disse Tusk.

"Como nunca na minha vida, sorri por três horas, por isso mal consigo falar agora", brincou o líder da Coalização da Cidadania. O ex-primeiro-ministro pediu, então, que o final da Marcha dos Milhões de Corações começasse com a entoação do hino nacional da Polônia.

"Somos normais. As autoridades que agiram contra todos os interesses polacos foram anormais. Quando olho para estes políticos cínicos que poluem o Mar Báltico e derrubam árvores, digo: isto não é a Polônia. Você é a Polônia", enfatizou o líder do Platforma Obywatelska.

"Se tenho alguma obsessão política na minha vida e depois da minha experiência política. Há muito tempo eu pensava que era um verdadeiro cavaleiro da liberdade, mas estava perdendo. Não consegui fortalecer ou convencer os outros a lutar pela liberdade, pela honestidade, pela verdade com tanta determinação como quase na guerra (...). Toda a nossa vida é uma luta constante".


"Nossos avós incutiram em nossos corações a luta pela nossa orgulhosa pátria e é isso que estamos fazendo", disse Donald Tusk.

O líder da maior manifestação partidária da história recente da Polônia agradeceu a todos os heróis do Armia Krajowa (Exército da Pátria) e do Sindicato Solidarność (Solidariedade). A multidão começou a gritar “obrigado”.

"Foram eles que levantaram a Polônia que estava de joelhos. Mas literalmente, não em slogans. Tudo o que sempre foi amor verdadeiro e solidariedade agora está aqui. Não permitiremos que ninguém nos tire isso novamente. Dia 15 de outubro também para nossas heroínas e heróis dos insurgentes. Para que o seu esforço não seja em vão", conclamou Tusk.

No próximo dia 15 de outubro ocorrerão eleições parlamentares na Polônia. (No Brasil, nos consulados de Brasília e Curitiba, os polacos e brasileiros com cidadania polaca, votarão no dia 14).

O PO - Platforma Obywatelska (Partido da Plataforma da Cidadania) de Donald Tusk pretende desocupar do poder o PiS - Prawo e Sprawiedliwość (Partido do Direito e Justiça), que se encontra comandando a Polônia desde 2015.

O ex-líder do Solidariedade, ex-presidente da República e Prêmio Nobel da Paz, Lech Wałęsa (pronuncia-se Lérrr Váuensa) se manifestou neste domingo dizendo que, "infelizmente, se não fosse Lech, Jarosław Kaczyński não teria crescido tanto".

Lech a quem ele se refere é o ex-presidente da República da Polônia, Lech Kaczyński, irmão gêmeo do líder do partido de extrema-direita PiS, Jarosław Kaczyński, que se mantém na dianteira das pesquisas de opinião com pouco mais de 2% nas intenções de voto.

Lech Kaczyński morreu na tragédia aérea com o avião presidencial da Polônia, com 96 autoridades polacas, em abril de 2010, nos arredores da cidade de Smolensk, na Rússia, quando iria homenagear os 22 mil oficiais polacos assassinados por Józef Stalin, na floresta de Katyń, no início da Segunda Guerra Mundial.

Vários relatórios sobre aquela tragédia foram apresentados, nenhum aceitável. Muitas autoridades e muitos do povo polaco acreditam que Vladimir Putin mandou derrubar o avião da Polônia

domingo, 10 de setembro de 2023

Cemitério com joias do séc. IV desencavado na Polônia

Wdecki Park Kajorazowe

Em uma floresta na região Norte da Polônia, arqueólogos fizeram uma descoberta notável: um cemitério antigo com mais de dois mil anos, composto, até agora, por 50 túmulos, repletos de relíquias que contam a história daqueles habitantes da região.


No local da escavação, especialistas encontraram colares de prata, broches de metal, contas de âmbar e urnas funerárias.


A época em que esse cemitério era usado coincide com o período em que a região foi habitada pelos godos. Aquelas tribos ocuparam o norte da Polônia entre os séculos I e V, durante sua descida da Escandinávia para terras mais quentes.

Até o momento, mais de 2.000 sepulturas foram desenterradas na região, tornando essa descoberta uma contribuição significativa para o entendimento da história e cultura dos godos na Polônia.

As cinquenta sepulturas desenterradas revelaram que os godos, um antigo povo escandinavo, produziam joias de qualidade tão alta quanto as do Império Romano.



O arqueólogo Olaf Popkiewicz, que lidera as escavações, estima que a área escavada abranja mais de um hectare, revelando a extensão surpreendente deste antigo cemitério. Ele encontrou joias de prata que datam do século 4 depois de Cristo  quando passeava ao longo do rio Wda, no Parque Nacional de mesmo nome.



Popkiewicz encontrou dois colares de prata; dois broches e contas que pertenciam a um terceiro colar. “Em três semanas, conseguimos examinar mais de 250 metros quadrados de área do cemitério e descobrir 50 túmulos”, relataram em 7 de agosto funcionários do parque.

A área escavada, provavelmente, representa apenas uma fração do antigo cemitério, que os arqueólogos acreditam ser mais de 1 hectare, ou 10 mil m². “Este é provavelmente apenas o começo da nossa aventura nesse lugar." 



O solo arenoso revelou restos enterrados em covas e cremações em urnas. Além dos objetos de prata, foram encontrados bens funerários ao lado dos mortos, como cerâmicas, broches, contas de âmbar e mais joias decoradas com motivos de cobras.

Na época em que o cemitério, certamente, foi formado, tribos de godos considerados pelos romanos como "bárbaros", migravam desde a Escandinávia rumo ao Império Romano.



Essa população saqueou Roma, em 410 d.C., e mais tarde se dividiu em dois reinos: os visigodos, que dominaram a Península Ibérica e o sudoeste da Gália (atual França); e os ostrogodos, que dominaram a Itália.

Magdalena Natuniewicz-Sekuła, da Academia Polaca de Ciências, acredita que os métodos dos godos de fabricação de joias eram semelhantes em qualidade aos produtos feitos dentro das fronteiras do Império Romano. “Portanto, temos mais provas de que não se justifica chamar os povos que viviam fora do Império, de bárbaros ou menos avançados”, ela disse.


Os arqueólogos agora correm contra o tempo para escavar o resto do cemitério gótico descoberto no parque paisagístico Wda. “Infelizmente, as condições de grande parte do cemitério significam que são necessárias escavações urgentes para salvar e preservar o local”, disseram funcionários do Parque de Wda.

O Parque Paisagístico Wdecki é área protegida no centro-norte da Polônia, criado em 1993, cobrindo uma área de 237,86 quilômetros quadrados.


O parque fica dentro da voivodia da Cuiava-Pomerânia, nos município de Świecie e Tuchola e cobrem os distritos de Drzycim, Jeżewo, Lniano, Osie, Warlubie, Cekcyn e Śliwice. 

Dentro do Parque existem cinco reservas naturais, que formam a Reserva da Biosfera da Floresta de Tuchola, designada pelo Programa Homem e Biosfera da UNESCO, em 2010.


Fontes diversas
Tradução: Ulisses Iarochinski

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Levante de Varsóvia 1944

Cansados das atrocidades... Sim!
Mas jamais esmorecidos.

Adolescentes polacos da Armia Krajowa

Os moradores de Varsóvia, naquela 17ª hora, do dia 1º de agosto, insurgiram-se.

O que garantiu a vitória contra o nazismo não foi a atuação do imperialismo civilizado, mas as insurreições revolucionárias do povo ocupado pelo Nazismo Alemão.

O Levante de Varsóvia foi a luta armada na cidade de Varsóvia, capital da Polônia, durante a 2ª Guerra Mundial. Foi a maior força de resistência contra o exército invasor que se viu na história. A verdadeira insurreição do povo de um país ocupado pelo nazismo durante a 2ª Guerra Mundial.

Quase de 50 mil moradores participaram do levante. A insurreição começou pontualmente às 17 horas, chamada de hora “W”.

Brasão da Armia Krajowa (Exército do País)

Neste ano de 2023, no mesmo horário deste dia 1º de agosto, as sirenes tocam e os varsovianos fazem 1 minuto de silêncio em memória daqueles que lutaram no Levante.

A força de resistência polaca, em Varsóvia contou com homens, mulheres de todas as idades e muitas crianças. Foi uma das maiores e a mais ativa força de resistência da Europa. Um verdadeiro movimento com o desejo de libertar a Polônia.

A principal estratégia foi tentar sabotar as operações alemãs e municiar os exércitos aliados com informações de inteligência. Stalin tinha prometido, numa reunião, em Moscou, com o governo polaco no exílio, auxiliar os moradores de Varsóvia, mas o que se viu foi o exército vermelho cruzar os braços do outro lado do rio Vístula e esperar...

... sabe-se lá o quê!

Locais dos embates na cidade de Varsóvia

A pausa russa permitiu que os alemães se reagrupassem e derrotassem a resistência polaca e destruíssem a cidade em retaliação. A Revolta durou 63 dias sem nenhum apoio externo. Cerca de 16 mil membros da resistência polaca foram mortos, e 6 mil gravemente feridos. Cerca de 200 mil civis foram mortos, principalmente em execuções em massa.

Durante o combate, cerca de 25% de prédios de Varsóvia foi destruído. Em Varsóvia, estavam a serviço cerca de 12 mil soldados alemães.

A força nazista era menor em números, mas estava abastecida de considerável poder bélico. Com o início do levante, apesar de forças de resistência polaca serem maiores em número, não estavam, suficientemente, armadas.

Hitler interpretou que o Exército Vermelho de Stalin não tinha intenção de auxiliar os polacos, e ordenou a destruição total de Varsóvia. Porém, a resistência tomou de assalto o armazém de mantimentos, dificultando a operação alemã.

A resistência conseguiu acessar armas de fogo e roupas militares, e para evitar ser confundido com nazistas, colocou braçadeiras para se identificarem. Os combates começaram antes da "hora W", notavelmente em Żoliborz, e em torno da Praça Dąbrowski.

Os alemães haviam antecipado a possibilidade de uma insurreição, embora não tivessem percebido seu tamanho ou força, e às 16h30 o governador Fischer colocou a guarnição alemã em alerta máximo.

Naquela noite, a resistência capturou um importante arsenal alemão, a principal estação de correios e a central elétrica e o prédio da Prudential.

No entanto, a Praça do Castelo, o distrito policial e o aeroporto permaneceram nas mãos dos alemães. Após as primeiras horas de luta, muitas unidades adotaram uma estratégia mais defensiva, enquanto civis começaram a erguer barricadas, apesar de todos os problemas, em 4 de agosto a maioria da cidade estava em mãos polacas, embora alguns pontos-chave estratégicos permanecessem inalterados.

Bach-Zelewski

Neste mesmo dia 4 de agosto, o general da SS Erich von dem Bach foi nomeado comandante de todas as forças empregadas contra a revolta.

Os contra-ataques alemães visavam unir-se aos bolsões alemães remanescentes e depois cortar a Revolta no rio Vístula. Entre as unidades de reforço estavam forças sob o comando de Heinz Reinefarth, tais forças retomaram brutalmente o bairro de Wola.

Muitos civis se juntaram à resistência, construindo barricadas. No dia 05 de agosto de 1944 chegou à Varsóvia o comandante da SS Erich vom dem Bach-Zelewski, que reúniu tropas e iniciou o contra-ataque.

A Armia Krajowa (Exército do País), no entanto, estava com moral alta por ter reconquistado pontos importantes, e o ataque alemã não obteve resultado esperado. Outro empecilho era união dos polacos e a existência da Brigada Kamiński entre a tropa nazista, que era composta de membros nacionalistas bielorrussos, ucranianos, russos. Isso aumentou ainda mais a união de resistência polaca.

Bronislav Kamiński

A Brigada Kamiński foi uma das responsáveis por crimes bárbaros ocorridos em Varsóvia, como chacinas e estupros. Apesar de ter declarado lealdade aos nazistas, o líder da brigada foi executado após ser condenado, na corte marcial, acusado de crime de apropriação indevida de propriedade do Reich.

No dia 07 de agosto de 1944 a tropa alemã reconquistou alguns prédios públicos e libertou tropas que estavam no poder de resistência.

Mas a Armia Krajowa era resiliente.

Em 19 de agosto de 1944 a resistência ocupou o prédio de telefonia, mantendo 120 soldados alemães como prisioneiros. O exército vermelho estava do outro lado do rio Vístula imóvel, assistindo a tudo com sorriso nos lábios.

O governo polaco no exílio, sediado em Londres, realizou frenéticos esforços diplomáticos para obter o apoio dos aliados ocidentais antes do início da batalha, mas os aliados não iriam agir sem a aprovação soviética.

O governo polaco, em Londres, pediu várias vezes aos britânicos que enviassem uma missão aliada à Polônia, no entanto, a missão britânica não chegaria, até dezembro de 1944, logo após a sua chegada, eles se reuniram com as autoridades soviéticas, que os aprisionaram.

No entanto, de agosto de 1943 a julho de 1944, mais de 200 voos da Força Aérea Britânica (RAF) lançaram cerca de 146 militares polacos treinados na Grã-Bretanha, mais de 4 mil caixas de suprimentos e US$ 16 milhões em notas e ouro para a Armia Krajowa.

A Inglaterra, na tentativa vergonhosa de ajudar os polacos, fez 200 lançamentos aéreos com suprimentos de baixa altitude pelas forças aéreas. Os Estados Unidos da América do Norte, através da Operação Frantic, lançou um lançamento aéreo de suprimento de alto nível. Mas, infelizmente, 80% desses lançamentos aterrissaram em áreas controladas pelos alemães. Apesar de toda resistência, a Armia Krajowa não foi páreo diante da força bélica alemã, que estava municiada dcom tanques, lança-chamas e metralhadoras.

A "Operação Tempestade" (outro nome para o Levante) deveria durar apenas alguns dias, até que o Exército Soviético chegasse à cidade, conforme prometido por Józef Stalin, em Moscou, ao governo polaco no exílio.

O avanço soviético, no entanto. nunca aconteceu, mas a resistência polaca continuou por 63 dias, até sua rendição às forças alemãs em 2 de outubro.

Tadeusz Bór-Komorowski
comandante da Armia Krajowa

Entre tantos objetivos dos insurgentes estava a libertação da cidade antes da chegada dos soviéticos, conquistando assim seu direito de soberania e desfazendo a divisão da Europa Central em esferas de influência sob os poderes aliados. Os revoltosos esperavam reinstalar as autoridades de seu país antes que o Polski Komitet Wyzwolenia Narodowego (Comitê de Liberação Nacional Soviético Polaco) assumisse o controle.

O líder soviético Józef Stalin esperava pelo fracasso da insurreição para que pudesse assim ocupar a Polônia de forma incontestável. Após a rendição das forças polacas, as tropas alemãs destruíram sistematicamente, quarteirão a quarteirão, 35% da cidade.

Juntamente com os danos provocados pela Invasão da Polônia, em 1939, e o Levante do Gueto de Varsóvia, em 1943, mais de 85% da cidade estava destruída, em 1945, quando os soviéticos finalmente ultrapassaram suas fronteiras.


CRONOLOGIA

25/04/1943:
Stálin rompe relação Polônia-URSS após ser denunciado pela Alemanha pela morte de oficiais polacos no Massacre de Katyn. Stalin alegou ser propaganda alemã.

26/10/1943:
Emissão de uma instrução do governo polaco no exílio, em que, caso as relações diplomáticas com a URSS não fossem retomadas antes da entrada dos sovietes na Polônia, as forças do ARMIA KRAJOWA (Exército do País) permaneceriam no subterrâneo, aguardando novas decisões.

20/11/1943:
Comandante do Armia Krajowa, Tadeusz Bór-Komorowski esboçou o seu próprio plano, a “Operação Tempestade”. Quando a forças soviéticas se aproximassem, as unidades locais do Exército do País soviéticas quando possível. Embora existissem dúvidas sobre a necessidade militar de uma grande revolta, o general Bór-Komorowski foi autorizado pelo governo no exílio a proclamar uma revolta geral.

13/07/1944:
ofensiva soviética cruzou a antiga fronteira polaca.

20/07/1944:
fracasso do plano para assassinar Adolf Hitler, através da “Operação Valquíria”. Os alemães de Varsóvia estavam fracos e visivelmente desmoralizados, mas receberam reforços no final de julho.

27/07/1944:
o governador do distrito de Varsóvia solicitou que 100 mil polacos trabalhassem em fortificações ao redor da cidade. O povo ignorou, e o comando do Exército do País ficou preocupado com as represálias. As forças soviéticas aproximaram da cidade, e através de transmissão de rádio incitaram o povo para pegar em armas.

31/07/1944:
as forças polacas marcaram a “hora-W (explosão)”, para início da revolta para às 17 h do dia seguinte. A decisão foi um erro de cálculo estratégico, porque as forças de resistência estavam mal equipadas e não estavam prontas para uma série de ataques coordenados surpresa.
Além disso, embora muitas unidades já estivessem mobilizadas e aguardando nos pontos de reunião, em toda a cidade, era difícil esconder a mobilização de milhares de jovens homens e mulheres. Os combates começaram antes da “hora W”, notavelmente em Żoliborz, e em torno da Praça Dąbrowski.
Os alemães haviam antecipado a possibilidade de uma insurreição, embora não tivessem percebido seu tamanho ou força, e às 16h30, o governador Fischer colocou a guarnição alemã em alerta máximo. Naquela noite, a resistência capturou um importante arsenal alemão, a principal estação de correios e a central elétrica e o prédio da Prudential. No entanto, a Praça do Castelo, o distrito policial e o aeroporto permaneceram nas mãos dos alemães.

01/08/1944:
às 17 horas, inicia o Levante da Varsóvia, como parte de uma revolta nacional, a “Operação Tempestade”. O levante deveria durar apenas alguns dias, até a chegada do Exército Soviético à cidade.

03/08/1944:
O chefe do governo polaco no exílio se reuniu com Stalin, em Moscou, e levantou as questões da libertação iminente de Varsóvia, o retorno ao poder do governo na Polônia, bem como as fronteiras orientais de Polônia, embora tenha recusado categoricamente a reconhecer a Linha Curzon como base para as negociações. Comandante nazista Erich von dem Bach-Zelewski entrou na Varsóvia, reunindo a tropa.

05/08/1944:
Sob o comando de Bach-Zekewski, começa o contra-ataque alemão.

07/08/1944:
A tropa alemã reconquistou alguns prédios públicos e libertou tropas que estavam no poder de resistência. Mas a resistência polaca era resiliente.

09 a 18/08/1944:
Travaram-se batalhas em torno da Cidade Velha e da praça Bankowy, com ataques bem-sucedidas dos alemães e contra-ataques dos polacos. As táticas alemãs dependiam do bombardeio por meio do uso de artilharia pesada e bombardeiros táticos, contra os quais os polacos não conseguiam se defender com eficácia, pois não dispunham de armas de artilharia antiaérea. Mesmo os hospitais claramente marcados foram bombardeados por Stukas.

19/08/1944:
Resistência polaca ocupou o prédio de telefonia, mantendo 120 soldados alemães como prisioneiros.

07/09/1944:
O general nazista Rohr propôs negociações, que Bór-Komorowski concordou em prosseguir no dia seguinte.

8 a 10/09/1944:
cerca de 20 mil civis foram evacuados por acordo de ambos os lados, e Rohr reconheceu o direito de soldados da Resistência de serem tratados como combatentes militares. 

14/09/1944:
o lado leste do rio Vístula, do outro lado da resistência polaca, foi tomada pela tropa polaca que combatia sobre o comando soviético. 1200 soldados polacos atravessaram o rio, mas eles não receberam o reforço do Exército Vermelho, apesar de base aérea soviética estar localizado a 5 minutos de voo.

02/10/1944:
Rendição oficial da Resistência polaca.

12/01/1945:
Reinício de ataque do Exército Vermelho, ocupando a Varsóvia devastada.

Até 1950:
Sobreviventes do Levante fugiram para a floresta, sendo conhecidos como partizans anticomunistas da floresta. Eles começaram a atacar os membros do governo soviético.

Varsóvia devastada



Fontes: Diversas
Texto: Ulisses iarochinski


terça-feira, 11 de julho de 2023

Lembrando o Massacre da Volínia 1943

Um passado difícil tem complicado a estada dos refugiados ucranianos na Polônia.

Memórias polacas de "pogroms" étnicos causados por bandoleiros ucranianos, na década de 1940, chocam-se com o trauma  da invasão russa na Ucrânia.

Ryszard Marcinkowski, filho de sobreviventes da Volínia
Foto: Maciek Nabrdalik

Em um vilarejo rural com menos de 500 moradores, os estranhos se destacam. Até mesmo Anna Osinska, uma senhora de 93 anos, portadora de deficiência visual, percebeu quando pessoas, que ela não reconhecia – refugiados da guerra na Ucrânia – começaram a aparecer na rua estreita do lado de fora da janela de sua cozinha.

Osinska sentiu pena dos ucranianos e ficou feliz por seu país estar fazendo o possível para ajudá-los. Ela também lutou com emoções menos caridosas.

"Graças a Deus não sinto nenhuma necessidade de vingança", disse Osinska, lembrando como, em 1943, ela fugiu de sua casa de infância em antigas terras polacas no leste da Polônia (entregues por Stalin a Ucrânia, em 1946) depois que nacionalistas ucranianos atacaram a vila de sua família, massacrando a maior parte de seus 160 habitantes.

Os assassinatos em Niemylnia, a vila onde ela nasceu, não existe mais, mas fizeram parte de eventos horríveis que a Ucrânia chama de "Tragédia de Volínia", e que a Polônia chamda pelo que realmente foi, "Genocídio na Volínia". Nesses "pogroms" étnicos de bandoleiros ucranianos, mais de 60.000 polacos, muitos deles mulheres e crianças, foram assassinados sem piedade.

Anna Osinska, 93, fugiu de militantes ucranianos através de campos de trigo
perto da casa de sua família, em Niemila, em 1943.
Foto: Maciek Nabrdalik

Ligados pela hostilidade compartilhada em relação às ambições imperiais da Rússia e à determinação de resistir ao ataque militar ordenado pelo presidente Vladimir V. Putin, a Polônia e a Ucrânia também compartilham passados ​​dolorosamente emaranhados. A carnificina de 1943 tem sido uma fonte de tensão há décadas, mas agora é um episódio de importância urgente, enquanto a Polônia lembra os 80 anos neste 11 de julho.

A Polônia se irrita com a glorificação da Ucrânia aos assassinos do tempo de guerra responsáveis ​​pelo Massacre, mas, cautelosa em dar conforto à visão da Rússia da Ucrânia como um ninho de fascistas sedentos de sangue, ela pediu “reconciliação e perdão”, o tema de um culto na semana passada em uma Catedral de Varsóvia teve a presença de padres da Polônia e da Ucrânia. No domingo, o presidente Andrzej Duda, da Polônia, e o presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, visitaram uma igreja em Luck, no atual oeste da Ucrânia, para lembrar o massacre. Os gabinetes presidenciais de Duda e Zelensky postaram no Twitter fotos da cerimônia, usando a mesma linguagem para homenagear as vítimas.

A Sra. Osinska, que foi reassentada, quando adolescente, após a Segunda Guerra Mundial ,no sudoeste da Polônia, junto com dezenas de milhares de outros refugiados polacos da Ucrânia, cresceu em uma comunidade traumatizada pelos massacres de 1943 e fervendo de ódio contra os ucranianos.

Ela ainda se ressente “que eles não demonstrem remorso” e não esqueceu os gritos frenéticos de “mate os polacos, mate os polacos” que ecoaram em sua vila natal, quando ela tinha 13 anos.

Acompanhada, em maio, por seu filho e polacos idosos que viveram o mesmo trauma, ela colocou flores em um memorial de mármore com a inscrição: “Não esqueceremos nossos parentes assassinados por bandoleiros ucranianos durante a guerra “porque eram poloacos”.

Enquanto os ucranianos “fizeram coisas terríveis conosco”, disse Osinska durante uma entrevista, em sua cozinha, no vilarejo de Slupice, os descendentes “não podem ser culpados pelo que seus pais e avós fizeram” e merecem ajuda em sua luta contra a Rússia.

“Minhas opiniões sobre os ucranianos”, disse ela, “mudaram lentamente”.

Um projeto de arquivo polaco-ucraniano em Wrocław, na Polônia, compara desenhos feitos por crianças polacas, em 1946, com desenhos contemporâneos feitos por crianças ucranianas que vivem a guerra agora.
Foto: Maciek Nabrdalik

Sua mudança de opinião, embora limitada por um trauma pessoal,
destaca como a Rússia lutou para derrotar a Ucrânia
não apenas no campo de batalha,
mas em um de seus campos de combate favoritos e mais vantajosos
- as guerras de memória.
Esse é um conflito que está acostumado a vencer
por causa dos milhões de russos que morreram 
lutando contra a Alemanha nazista.

Moscou iniciou sua invasão em grande escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022, com um arsenal bem abastecido com história, grande parte dela adulterada por Putin, mas parte verdadeira - incluindo relatos horríveis dos massacres de Volínia realizados por seguidores de Stepan Bandera, o líder de uma facção particularmente brutal da Organização dos Nacionalistas Ucranianos.

Funcionários e historiadores polacos expressaram frustração com o que vêem como a recusa da Ucrânia em reconhecer e expiar totalmente os pecados de militantes nacionalistas leais a Bandera, que foi assassinado por agentes soviéticos, em 1959. Ele é reverenciado por muitos ucranianos, hoje, como um herói nacional - ou festejado, alegremente, como uma curiosidade folclórica inofensiva. Ele é com justa razão, na Polônia, e também na Rússia, como fascista e colaborador nazista.

Łukasz Jasina, porta-voz do ministro das Relações Exteriores da Polônia, disse a um jornal polonês em maio que, embora Zelensky “tenha muitas outras coisas em mente no momento”, a Ucrânia precisava se desculpar pelos massacres de 1943, que ele descreveu como “uma questão tão importante que deve ser tratado.”

Em vez de um pedido de desculpas, a Polônia recebeu uma repreensão irritada do embaixador da Ucrânia em Varsóvia, Vasyl Zvarych. Em uma postagem no Twitter que posteriormente apagou, o embaixador rejeitou o que chamou de demandas “inaceitáveis ​​e infelizes”, dizendo que os ucranianos “lembram da história e pedem respeito e equilíbrio nas declarações, especialmente na difícil realidade da agressão russa genocida”.


O presidente Andrzej Duda, da Polônia, falando no ano passado, em Varsóvia,
em uma cerimônia no Dia Nacional em Memória das vítimas do genocídio
Foto: Pawel Supernak/EPA

Apesar desses atritos no passado, os esforços de Putin para usar a história, ou pelo menos uma versão altamente seletiva dela, para destruir a Ucrânia em nome da "desnazificação" foram minados por memórias rivais e muitas vezes mais fortes da própria Rússia. ações passadas.

Nacionalistas ucranianos, disse Damian Markowski, um historiador polaco e autor de "The Shadow of Volhynia" (A Sombra de Volínia), um livro a ser lançado, sobre os massacres de 1943, cometeram "crimes horríveis" durante a Segunda Guerra Mundial contra os polacos que viviam em sua terras, mas que atualmente são território da Ucrânia, cenário de combates sangrentos entre nazistas e soldados soviéticos.

Mas, acrescentou Markowski, os assassinatos de polacos, em 1943, simplesmente, por serem polacos foram um crime também pela polícia secreta de Moscou, que foi pioneira em assassinatos baseados em etnia durante o Grande Terror de Stalin de 1937 a 1938, com uma campanha de “liquidação total” visando polacos rotulados falsamente como espiões. Algumas vítimas foram selecionadas em listas telefônicas por causa de seus nomes que soarem polacos. Mais de 120.000 polacos foram mortos.

Os assassinos de Stalin então assassinaram mais de 22.000 polacos, em 1940, despejando seus corpos na floresta de Katyń, uma atrocidade sobre a qual Moscou mentiu por décadas e reconheceu apenas, em 1990.

Inspirados pelos exemplos soviéticos e posteriormente nazistas de matança étnica, disse Markowski, os bandoleiros ucranianos na década de 1940 “perceberam que era possível eliminar pessoas de outras nacionalidades”.

O esforço para limpar Volínia de polacos étnicos, que os ucranianos viam como uma pré-condição essencial para o estabelecimento de um Estado independente, atingiu seu auge no domingo, 11 de julho de 1943, quando o Exército Insurgente Ucraniano lançou ataque coordenado a 90 cidades e vilas polacas, matando cerca de 11.000 pessoas em um único dia. O dia foi escolhido, segundo Markowski, porque “eles sabiam que muitas pessoas estariam na igreja”.

Marcinkowski, sobrinho de Osinska, visitou o vilarejo da tia muitas vezes,
desde o colapso da União Soviética para cuidar de sepulturas em Niemylnia,
e erguer cruzes, em memória dos mortos.
Foto: Maciek Nabrdalik

A vila da Sra. Osinska foi atacada algumas semanas antes, em 27 de maio. Ela se lembra vividamente da noite de luar. Cães de repente começaram a latir, e seu pai, temendo um ataque de militantes ucranianos após o assassinato e mutilação alguns dias antes de um amigo, levou a família para um campo próximo para se abrigar.

Ela se lembra de ter rasgado o vestido enquanto rastejava no meio do trigo – e os vizinhos gritando enquanto os ucranianos atacavam. “Eles queriam matar todos nós”, disse ela, “só porque éramos polacos”.

Quando ela e sua família retornaram brevemente no dia seguinte, descobriram que a vila havia sido incendiada e estava repleta de corpos de amigos e parentes. “Lembro-me de uma tia, com a cabeça aberta com insetos pretos rastejando em seu rosto”, lembrou ela.

Com sua casa incinerada e seu vilarejo cheio de bandos de saqueadores de ucranianos e seus ajudantes alemães nazistas, a Sra. Osinska e sua família fugiram a pé e depois de trem. Eles finalmente chegaram a Varsóvia quando a guerra estava chegando ao fim. De lá, eles foram enviados para a cidade de Wrocław, no sudoeste, que havia sido reconquistada pela Polônia.

"Todos nós desejamos voltar para Volínia", disse ela. “Isso foi tudo em que pensamos por muitos anos.” Mas sua antiga casa, expurgada de seus residentes polacos remanescentes ao cair firmemente sob o domínio de Moscou, após a guerra como parte da Ucrânia soviética, estava fora de alcance.

De seus parentes próximos, apenas um sobrinho, Ryszard Marcinkowski, 74, voltou. O líder da Associação de Fronteiríssos, um grupo de polacos interessados ​​na cultura desaparecida de terras perdidas no leste, visitou o atual oeste da Ucrânia muitas vezes, desde o colapso da União Soviética, em 1991, para cuidar de túmulos no antigo vilarejo de sua família, em Niemylnia, e erguer cruzes em memória dos mortos.

Embora tenha sido criado ouvindo histórias de horror sobre os ucranianos contadas por sua tia e seus pais, ele viajou para lá, novamente, depois que a guerra começou, no ano passado, para mostrar seu apoio contra a Rússia e entregar suprimentos.

“Viver com ódio”, disse ele, “nunca é saudável”.

Fonte: The New York Times
Texto: Andrew Higgins
Tradução: Ulisses Iarochinski

Andrew Higgins é o chefe do escritório do "The New York Times" da Europa Central e Oriental baseado, em Varsóvia. Anteriormente foi correspondente e chefe do escritório, em Moscou, para o The Times. Ele fez parte da equipe que recebeu o Prêmio Pulitzer de Reportagem Internacional de 2017, e liderou uma equipe que ganhou o mesmo prêmio em 1999, quando era chefe do escritório de Moscou do "The Wall Street Journal".

TERRAS DA POLÔNIA
No meu livro publicado em agosto de 2022, em três capítulos, trato dos massacres cometidos por ucranianos em territórios polacos da Volínia, Podólia e Małoposka.