Indicado pelo amigo Fabricio Vicroski, de Erechim, acessei o site da revista National Geografic, edição brasileira deste mês de janeiro. A principal reportagem é sobre alpinistas polacos. Não é o caso de reproduzir o texto todo da reportagem de Mark Jenkins com fotos de Tommy Heinrich, o que se pode fazer clicando aqui em National Geografic. Mas alguns trechos coloco aqui, pois pela primeira vez, vi na chamada grande imprensa do Brasil, um texto que reproduz muito do que é a história da Polônia e o espirito dos polacos de forma correta e verdadeira. Talvez por que não tenha sido escrito por um brasileiro, mas por um Norte-americano do Wyoming. Jenkins além de um jornalista viajante é autor de vários livros como “A Man’s Life: Dispatches From Dangerous Places”, "Off the Map: Bicycling Across Siberia, To Timbuktu: A Journey Down the Niger" e "The Hard Way: Stories of Danger, Survival, and the Soul of Adventure". São estes os trechos que reproduzem o espírito fênix dos polacos:
1 - "Mesmo nesse transe miserável, eles entendem e aceitam a situação. São poloneses, afinal de contas, e essa é uma típica façanha polonesa: o montanhismo invernal em grandes altitudes."
2 - "Nanga Parbat, a "Montanha Nua", é um dos mais cobiçados prêmios para os valentes montanhistas poloneses. Quatro equipes do país já tentaram a escalada, e todas falharam."
3 - "Os poloneses dariam qualquer coisa, inclusive alguns membros do corpo e a própria vida, para ter competido pela primazia na escalada do Nanga Parbat - coisa que lhes era interdita na época pelo governo comunista. A Polônia já havia perdido 1 milhão de vidas na Primeira Guerra. Nos anos 1940, assolada pela Segunda Guerra, um quinto da população polonesa pereceu - quase 6 milhões de pessoas, metade judeus."
É a primeira vez que leio na imprensa brasileira, o reconhecimento de que não foram 6 milhões de judeus, mas que esta cifra representa pessoas de todos os credos que foram assassinadas em território europeu. Segundo, o historiador polaco Czesław Madejczyk (autor de Polityka III Rzeszy w okupowanej Polsce - As Políticas do Terceiro Reich na Polônia Ocupada, foram 2 milhões e 700 mil os judeus (na maioria polacos) dizimados na II Guerra Mundial.
4 - "Nos anos da Guerra Fria, intelectuais, ativistas e quem quer que sustentasse suas opiniões eram manietados pela opressão soviética. Só mesmo com o surgimento de Lech Walesa e do sindicado livre Solidariedade, em 1981, em Gdansk, é que as primeiras fissuras começaram a aparecer no edifício petrificado do comunismo. Esse prolongado período de sofrimentos deixou sua marca na alma da nação. O povo polonês aprendeu a suportar as mais terríveis circunstâncias, demonstrando reconhecimento pelos heróis que lutam e são derrotados - nem por isso menos heróis. Pelo menos em cinco ocasiões, durante o milênio passado, conquistadores varreram a nação do mapa da Europa, dispostos a apagar sua memória. De algum modo, sempre, a identidade polonesa conseguiu sobreviver."
5 - "Muitos alpinistas ainda acreditavam que o montanhismo de inverno em grandes altitudes era suicídio. Mas Zawada sabia umas coisas que os outros desconheciam, pois os poloneses vinham treinando para isso havia duas gerações. Caráter, desejo, experiência, tudo isso, nos montanhistas do país, fora curtido no frio, no vento, na escuridão e no perigo. Em 17 de fevereiro de 1980, Leszek Cichy e Krzysztof Wielicki chegaram ao topo do Everest, na primeira conquista de inverno do cume de um pico de 8 mil metros."
6 - "O acampamento 1 é escavado na crista a 5 070 metros, em 12 de dezembro. Faz um frio de rachar, 25º negativos à noite. "Para um polonês", como diz Jawien, "dá para se virar bem com isso. Os ânimos estão elevados, há energia no ar frígido. Pouco importam as avalanches, a longa subida - a velha valentia polonesa está de volta."
7 - "Estávamos ansiosos naquela época", confessa Wielicki, "ansiosos por escrever nossa própria história." Para obter sucesso, eles tiveram de fazer algo inédito. "Ninguém havia escalado o Himalaia no inverno", diz ele. "Mas os poloneses conhecem o frio. O frio nos torna mais criativos. A escalada do Everest, em 1980, foi o início, um primeiro capítulo."
8 - "Nessa história de montanhas e homens, de inverno e força de vontade, de sofrimento e sobrevivência, oito capítulos já foram escritos. Faltam apenas seis - e não há dúvida de que os poloneses irão escrevê-los. Quem mais o faria?"
2 - "Nanga Parbat, a "Montanha Nua", é um dos mais cobiçados prêmios para os valentes montanhistas poloneses. Quatro equipes do país já tentaram a escalada, e todas falharam."
3 - "Os poloneses dariam qualquer coisa, inclusive alguns membros do corpo e a própria vida, para ter competido pela primazia na escalada do Nanga Parbat - coisa que lhes era interdita na época pelo governo comunista. A Polônia já havia perdido 1 milhão de vidas na Primeira Guerra. Nos anos 1940, assolada pela Segunda Guerra, um quinto da população polonesa pereceu - quase 6 milhões de pessoas, metade judeus."
É a primeira vez que leio na imprensa brasileira, o reconhecimento de que não foram 6 milhões de judeus, mas que esta cifra representa pessoas de todos os credos que foram assassinadas em território europeu. Segundo, o historiador polaco Czesław Madejczyk (autor de Polityka III Rzeszy w okupowanej Polsce - As Políticas do Terceiro Reich na Polônia Ocupada, foram 2 milhões e 700 mil os judeus (na maioria polacos) dizimados na II Guerra Mundial.
4 - "Nos anos da Guerra Fria, intelectuais, ativistas e quem quer que sustentasse suas opiniões eram manietados pela opressão soviética. Só mesmo com o surgimento de Lech Walesa e do sindicado livre Solidariedade, em 1981, em Gdansk, é que as primeiras fissuras começaram a aparecer no edifício petrificado do comunismo. Esse prolongado período de sofrimentos deixou sua marca na alma da nação. O povo polonês aprendeu a suportar as mais terríveis circunstâncias, demonstrando reconhecimento pelos heróis que lutam e são derrotados - nem por isso menos heróis. Pelo menos em cinco ocasiões, durante o milênio passado, conquistadores varreram a nação do mapa da Europa, dispostos a apagar sua memória. De algum modo, sempre, a identidade polonesa conseguiu sobreviver."
5 - "Muitos alpinistas ainda acreditavam que o montanhismo de inverno em grandes altitudes era suicídio. Mas Zawada sabia umas coisas que os outros desconheciam, pois os poloneses vinham treinando para isso havia duas gerações. Caráter, desejo, experiência, tudo isso, nos montanhistas do país, fora curtido no frio, no vento, na escuridão e no perigo. Em 17 de fevereiro de 1980, Leszek Cichy e Krzysztof Wielicki chegaram ao topo do Everest, na primeira conquista de inverno do cume de um pico de 8 mil metros."
6 - "O acampamento 1 é escavado na crista a 5 070 metros, em 12 de dezembro. Faz um frio de rachar, 25º negativos à noite. "Para um polonês", como diz Jawien, "dá para se virar bem com isso. Os ânimos estão elevados, há energia no ar frígido. Pouco importam as avalanches, a longa subida - a velha valentia polonesa está de volta."
7 - "Estávamos ansiosos naquela época", confessa Wielicki, "ansiosos por escrever nossa própria história." Para obter sucesso, eles tiveram de fazer algo inédito. "Ninguém havia escalado o Himalaia no inverno", diz ele. "Mas os poloneses conhecem o frio. O frio nos torna mais criativos. A escalada do Everest, em 1980, foi o início, um primeiro capítulo."
8 - "Nessa história de montanhas e homens, de inverno e força de vontade, de sofrimento e sobrevivência, oito capítulos já foram escritos. Faltam apenas seis - e não há dúvida de que os poloneses irão escrevê-los. Quem mais o faria?"
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