sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Polônia Colonialista

Terras de Angola - Foto Neni Glock

O leitor deste blog, Jaime Jantas., enviou indicação do blog "Da Rússia" mantido pelo português José Milhazes. Nele há um artigo transcrito do jornal russo "Regnum", que pode ser acessado por aqueles que leem no idioma russo em www.regnum.ru. O artido assinado por I. Gavrilov fala das “Ambições coloniais polacas nos anos 30 do séc. XX”, no Brasil e nas então colônias portuguesas de Angola e Moçambique.
Segundo Gavrilov, "...Em Fevereiro de 1928, sob a direção do então cônsul polaco em Curitiba (Brasil), Kazimierz Gluchowski, foi criada a União dos Pioneiros Coloniais (Związek Pionerów Kolonialnych), cujo objetivo era propagar o domínio da Polônia sobre colônias ultramarinas. No mesmo ano, essa União passou a fazer parte da Liga Żegługi Polskiej (Liga Marítima Polaca), que, em 1930, passou a chamar-se Liga Morska i Kolonialna (LMK, Liga Marítima e Colonial). Não se tratou apenas de uma mudança de nome, mas uma mudança de cunho político: no programa da organização aprovado no primeiro congresso, em outubro de 1928, já tinham sido incluídos artigos sobre que a organização iria lutar pela aquisição de colônias por parte da Polônia, mas, agora, tratava-se da realização prática desse programa...”.
...”A imprensa russa e a direcção da LMK compreendia várias formas de "colonialismo".
Primeiro, tratava-se da transferência de colonos polacos para novas terras, no estrangeiro. Desse modo, criava-se de forma organizada uma forte diáspora em territórios pertencentes a potências estrangeiras. Claro que isso não transformava esses territórios em possessões da Polônia, mas podia permitir explorar novas regiões em prol da economia polaca (visto que os imigrados, em troca de créditos para a transferência, deviam pagar com matérias-primas). Semelhante “colonialismo” era praticado por uma grande quantidade de organizações na Polônia, bem como era ativamente apoiado pelo governo. Porém, isso não podia dar resultados significativos, porque os imigrados não conseguiam realizar a extração industrial de matérias-primas.
Segundo, podia ser a criação de grandes plantações com base em concessões de governos de potências pouco desenvolvidas. Semelhantes concessões, dirigidas centralizadamente por companhias polacas, deviam ser a base para a importação massiva de matérias-primas baratas para a Polônia. A LMK apostava precisamente neste tipo de “colonialismo”.
A terceira tática era a criação de colónias clássicas, isto é, submissão política de determinados territórios à Polônia. Esta abordagem também gozava de grande apoio na LMK...
“... Além das exigências e da propaganda, organizações e governo polacos (e claro que a LMK) tentaram levar à prática projetos de colonização de territórios deste ou daquele país... Analiso apenas os projetos mais conhecidos, realizados pela LMK ou pelo Governo da Polônia."

Brasil
Não foi por acaso que a União dos Pioneiros Coloniais foi criada por um antigo cônsul no Estado do Paraná. O fato é que, no Sul do Brasil, no início do séc. XX, vivia e trabalhava uma diáspora polaca bastante significativa: no Estado do Paraná viviam perto de 150 mil polacos, no início dos anos 30, ou a seja, 18% da população do Paraná, configurando no maior contigente imigratório do Estado. O general-brigadeiro Stefan Strjemeński, representante da LMK, propôs um grandioso plano: construir, com os meios das companhias polacas, uma estrada de ferro, através do Estado do Paraná, do Rio Iguaçu a Guarapuava, com o objetivo de ligar as colonias polacas e, ao mesmo tempo, melhorar as condições de transporte da produção agrícola e de madeiras (que deviam ser enviadas para a Polônia). Em troca, a LMK devia receber dois milhões de hectares de território de uma reserva índia nas margens da estrada de ferro. Mas as altas despesas que implicariam na construção (11 milhões de dólares a preços da época) levaram à uma correção substancial do plano. Em vez dos milhões de hectares, foram adquiridos cerca de sete mil hectares de terra para uma localidade chamada “Morska Wolia” (Liberdade Marítima). Um pouco mais tarde, com meios da LMK, foram adquiridos mais 20 mil hectares para a aldeia “Orlic-Dresher”. Em 1935, começou o povoamento das “colônias”, mas a dimensão do projeto está patente no fato de que na “Liberdade Marítima” foram assentadas cerca de 350 pessoas, o que não é surpreendente, visto que os gastos com a transferência de uma família podiam chegar a três mil dólares. Além disso, a campanha colonial intensa na imprensa polaca obrigou o governo brasileiro de Getúlio Vargas a olhar de forma diferente para a questão do povoamento das terras. Como resultado, em 1937, a “Liberdade Marítima” povoou apenas 50% do planejado. Ao mesmo tempo, as relações das autoridades brasileiras, extremamente nacionalistas, e dos colonos polacos levaram ao aparecimento de recomendações de parte do MNE da Polônia no sentido de parar o posterior povoamento e o projeto foi encerrado.

Angola
Logo após a criação, a União dos Pioneiros Coloniais se dedicou ativamente ao trabalho. Uma das primeiras tarefas da União foi a tentativa de criar uma rede de plantações polacas nas colônias portuguesas. Por exemplo, em 1928, para Angola foi enviada uma expedição com o objetivo de visitar e encontrar territórios para a criação de plantações agrícolas. Como resultado, foi encontrada a terra necessária e o trabalho começou: foram criadas duas companhias (“Polangola” para resolver questões de comércio e compras, e “Alfa” para resolver questões de povoamento) e os colonos polacos membros da LMK começaram a comprar parcelas de terra (de 600 a 2000 hectares) para as plantações. Porém, os planos de criação de fazendas em Angola estavam condenados a não se realizarem: o governo português, preocupado com tão inesperadas ações polacas, tornou mais complicado o processo de imigração para as colônias, bem como passou a prestar mais atenção aos colonos polacos. Como resultado, a maior parte dos grandes plantadores foi obrigada a abandonar Angola depois de 1938.

Moçambique
“...A LKM revelou interesse também para com Moçambique, onde se planejava realizar o a construção de uma enorme fazenda denominada "Lacerda", com uma área de 20 hectares para 100 agricultores. O valor do projeto era colossal: cerca de 15 mil libras esterlinas para a aquisição de terras, isso sem falar dos equipamentos para os colonos e dos subsídios para o início dos trabalhos. Jamais saberemos como terminaria esse plano, porque, em 1939, antes do início da guerra foram realizados apenas os trabalhos preparativos (prospecção geológica, estudos de agronomia).

Um comentário:

Carlos Alberto Surek dos Prazeres disse...

Ou seja...russos atribuem participação da Polõnia com países colonialistas (é de se esperar que tal calúnia venha deles). Os russos conhecem o artigo 342 do Código Penal que define o crime de Falso Testemunho ou Falsa Perícia, verbis: ''Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, ...
8º MANDAMENTO: NÃO DIRÁS FALSO TESTEMUNHO NEM MENTIRÁS.

Algum russo vai ler isto?