Foto: Filip Klimaszewski |
O principal jornal da Polônia, o Gazeta Wyborcza, publica hoje reportagem sobre as declarações do advogado Rafał Rogalski sobre o acidente com o avião presidencial em Smoleński eximindo-se de responsabilidade.
As primeiras frases do texto são: "Não há dúvida de que no local do acidente, em Smoleński, foi encontrado morto o presidente. Isso está demonstrado em filmes feitos por oficiais do BOR. Alertamos que devido ao trágico detalhe do ocorrido, chegamos a pensar que não deveríamos publicar esta reportagem. Pois as declarações do Sr. Rogalski podem levar a opinião pública a um engano. Por isto, vamos imprimir parte da descrição."
Rafał Rogalski, advogado das vítimas do desastre de Smoleński, afirmou em entrevista à Rádio RMF, que existem duvidas de que, na cripta Wawel estejam realmente os restos mortais Presidente Lech Kaczyński e sua esposa. Ele também disse que não existe "nenhuma dúvida" sobre como morreu Przemysław Gosiewski, uma das vítimas do desastre. Questionado sobre estes detalhes, respondeu que o inquérito corre sob secreto de justiça. Abaixo está a reprodução de um trecho da entrevista de Rogalski à Rádio RMF FM:
Konrad Piasecki (RMF FM): Você tem certeza de que realmente sã os restos mortais de Maria e Lech Kaczyński que estão depositados na cripta da Catedral de Wawel?
Rafal Rogalski: Eu adoraria ter essa certeza. Os materiais estão sendo analisados com muito cuidado pelo Ministério Público e também pela defesa da vítimas.
RMF FM: Isso significa que para o senhor esta certeza não existe?
Rogalski: Eu não sei. Há meio ano o material colhido no local vem sendo analisado em detalhes, mesmo aqueles que foram enviados recentemente pelo promotor russo que investiga o acidente. Assim, ainda não temos certeza.
O jornal diz que possui uma descrição detalhada da catástrofe, e que para o Estado o corpo continua a ser o do presidente morto. A descrição, segundo o jornal, é baseada em dezenas de fotos e filmes feitos no local do acidente por cinco oficiais da BOR. As descrições dizem desde o início não existir dúvida de que o corpo do presidente foi encontrado. Também não é verdade que ele permaneceu na lama, como repetiu o deputado do PiS, (Partido Lei e Justiça) Joachim Brudziński.
Por estes trágicos detalhes é que o jornal pensou bastante se deveria publicar a entrevista. No entanto, o discurso do Sr. Rogalski (e não é o primeiro de seu tipo) pode vir a enganar a opinião pública e foi somente por isso, que enfim se decidiu imprimir também a descrição oficial.
Mas também é verdade que vídeos e fotos "top secret" provavelmente nunca serão tornados públicos, justifica-se a Gazeta. A tarefa do BOR no local do acidente foi encontrar e identificar o corpo do presidente Lech, e depois documentar, como um cadáver estava sendo preparado para ser transporte até o local da autópsia.
O corpo do presidente foi horrivelmente mutilado e como, muitos outros cadáveres, também foi despojado de suas roupas. Ele teria sido identificado pelo pé esquerdo, pois a perna direita, abaixo do joelho, estava destruída inteiramente. Ele também perdeu uma mão. Seu rosto não permitiu qualquer diagnóstico porque o crânio do presidente foi completamente esmagado. Junto ao cadáver foi colocado a mão e o pé com o sapato e fragmento de calça cinza.
Os corpos das vítimas foram transferidos para uma área localizada próxima à cerca do aeroporto. Ali, o caixão roxo foi preparado. Na grama, sobre sacos plásticos foram colocados os corpos. Imediatamente os corpos foram sendo cobertos com um material branco. Em outro local, separado, foram colocados os restos, que não combinavam com qualquer corpo.
Junto aos corpos que já tinham sido identificados, foi colocado um pedaço de papel branco onde foi escrito à mão o nome do corpo. Se o corpo não era reconhecido (maioria dos casos), foi escrito em russo apenas: "Não há cadáver". No corpo do presidente foi colocada uma placa: "Priezident Polszy, Kaczinskij". Polacos, que tiveram acesso a esta confirmação, dizem que foi mostrado apenas a parte superior do corpo.
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