Krzysztof Piesiewicz - Foto: Marzena Hmielewicz |
No dia seguinte do fim da imunidade parlamentar, com a posse dos novos deputados e senadores no Congresso polaco, o Ministério Público de Varsóvia anunciou a retomada das investigações por posse de drogas do ex-senador e mundialmente conhecido roteirista de cinema Krzysztof Piesiewicz.
Com a tomada de posse dos senadores recém-eleitos - que aconteceu na terça-feira - o mandato de Piesiewicz expirou e consequentemente sua imunidade.
Na filmografia de Piesiewicz constam filmes premiados no exterior e reconhecidos mundialmente como obras primas. Em sua carreira cinematográfica ele foi o parceiro fiel de um dos maiores diretores da história do cinema na Polônia, Krzysztof Kieślowski (pronuncia-se kchischtóf kiéchlóvski).
A trilogia das cores ("A liberdade é azul" com Juliete Binochet, "A igualdade é branca” com Zbiniew Zamachowski e “A fraternidade é vermelha” com Irene Jacob), o "Decálogo" (série de 10 filmes para TV, que rendeu dois longas-metragens "Não Matarás" e "Não Amarás". Além de outros filmes como "A Dupla Vida de Véronique".
A parceria com seu amigo cineasta começou em 1982, quando Krzysztof Kieślowski estava planejando dirigir um documentário sobre os julgamentos políticos na Polônia sob lei marcial. Piesiewicz concordou em ajudar, mas ele duvidou que um filme poderia ser feito dentro dos limites do sistema judicial, da época. Na verdade, os cineastas descobriram que a presença deles no tribunal parecia estar afetando os resultados dos casos, muitas vezes melhorando as perspectivas do acusado, mas tornando difícil a captura dos abusos judiciais.
Kieślowski decidiu explorar a questão através da ficção e assim, os dois colaboraram pela primeira vez como roteiristas na produção do filme "No End", lançado em 1984.
Logo após, Piesewicz voltou para sua carreira de advogado, mas permaneceu em contato com Kieślowski e três anos mais tarde, foi persuadido a criar uma série de filmes baseados nos Dez Mandamentos. Nesta série, de dez filmes de uma hora de duração, encomendada pela TVP - Telewizja Polska, Piesiewicz explorou o interesse dele e do amigo cineasta pelos dilemas éticos e morais na vida social e política contemporânea, e conseguiu (tardiamente) aclamação da crítica em todo o mundo.
Suas colaborações mais tarde, em "A Dupla Vida de Véronique" e nas três cores (azul, branco, vermelho), com foco em questões metafísicas e aparentemente apolítica, a ideia de Piesiewicz foi dramatizar os ideais políticos franceses da liberdade, igualdade e da fraternidade, da mesma forma que anteriormente tinha dramatizado os Dez Mandamentos.
Piesiewicz foi creditado como co-roteirista em todos os projetos de Kieślowski, depois de "No End", inclusive no último "Nadzieja" (esperança) dirigido por Stanisław Mucha, após a morte de Kieślowski. Ele então começou a escrever uma nova série de filmes, como "Estigmatizado", sendo o primeiro deles, "Silêncio", dirigido por Michał Rosa, lançado em 2002.
A carreira política de Piesiewicz começou em 1989, quando foi trabalhar no Movimento de Solidariedade Social para Ação Eleitoral (RS AWS), originalmente a ala política do sindicato Solidariedade e do principal partido da coalizão de centro-direita AWS. Em 1991, ele foi eleito para o Senado polaco, cumprindo um mandato de dois anos. retornou ao Senado em 1997. Em 2002, a RS AWS mudou seu nome para RS e elegeu Piesiewicz como seu líder.
Nesta quarta-feira o Vice-Procurador Distrital do escritório do bairro de Praga, em Varsóvia, Mariusz Piłat, afirmou que "Vamos notificá-lo para comparecer a audiência. Queremos ouvir sua explicação". O promotor principal da investigação sobre a posse de cocaína por parte de Piesiewicz, Józef Gacek tinha já declarado, em agosto deste ano, que o perito encarregado do inquérito mostrou claramente que o senador Piesiewicz estava de posse de cocaína. O Tribunal Distrital da zona central de Varsóvia, prevê uma condenação ao ex-senador de 1,5 anos de prisão. Zbigniew Sz. é culpado de chantagear o senador, e de Joanna D. e Halina S. realizarem o ato colocando a cocaína junto aos pertences de Piesiewicz.
"Hoje, nos meios de comunicação eletrônicos ainda são reproduzidos materiais gravados de forma criminosa por criminosos. Nesta situação, aconteceu com um candidato ao Senado", reagiu no mesmo dia Krzysztof Piesiewicz.
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