segunda-feira, 15 de julho de 2019

A história da Polônia através das pinturas

Na história da arte pictórica da Polônia pode ser muitas vezes difícil explicar o que realmente está sendo demonstrando, que fatos históricos estão sendo representados em algumas de suas pinturas mais famosas.
Este texto pretende tornar mais claros o que significam e que importância tem cada um destes famosos quadros expostos em museus nacionais da Polônia. O primeiro é:

A BATALHA DE LEGNICA  de 1241
Fragmento da "A Batalha de Legnica" em "Vita Beatae Hedwigis" de Nicolau da Prússia e outro pintor desconhecido. O quadro é de 1353. Foi pintado em pergaminho encadernado entre tábuas de madeira cobertas com pele de porco manchada de vermelho. Reprodução: Getty Museum
Em 1241, após a invasão das terras de Kiev, as forças mongóis (ou tártaras) iniciaram uma incursão militar pelas terras da Hungria e da Polônia.

Em março de 1241, os tártaros se apoderaram de Cracóvia e, em 9 de abril de 1241, encontraram-se em Leignica com forças polacas comandadas pelo Duque da Silésia Henrique II - o Piedoso. A batalha foi uma grande vitória para as forças mongóis. Entretanto, imediatamente após a batalha, os mongóis se retiraram e, em 1242, todo o exército retornou à Rutênia de Kiev.

A ilustração acima mostra o início da batalha com as tropas inimigas que ainda estavam em ordem de batalha. A segunda, abaixo, mostra o momento seguinte da batalha e a morte do duque polaco Henryk.

Era característico de artistas medievais incluir elementos inconsistentes com o assunto principal de uma pintura - mesmo aqueles que podem ter acontecido em um lugar ou horário diferentes.

Na imagem abaixo, pode-se discernir a figura do Duque vestido com um casaco azul e com uma águia negra silesiana no escudo e no capacete, no momento exato de sua morte por um dos cavaleiros inimigos. Ao mesmo tempo, podemos seguir alguns dos desenvolvimentos posteriores: seu corpo, decapitado e despojado de armadura, pode ser visto no canto inferior esquerdo, enquanto no canto superior direito, sua alma, juntamente com as almas de outros cavaleiros, está sendo levada para o céu por dois anjos, segurando um lençol branco.

Fragmento II da "Batalha de Legnica" de 1353 - Ilustração: Getty Museum

CASIMIRO E ESTER

"Rei Casimiro - o Grande visitando Ester", de Władysław Łuszkiewicz. Quadro de 1870.
Acervo: Galeria Nacional de Arte de Lwów, Ucrânia.
Ester, Esterka, ou Esterke em iídiche, era a semi-lendária amante judia do rei Casimiro III - o Grande, da Polônia.

O relacionamento amoroso do rei polaco se tornou o grande tema da literarura iídiche da Polônia e  refletiu uma simbiose nas relações entre as populações católica romana e judaica em terras polacas.

Segundo alguns relatos, o casal teve filhos. Enquanto permaneceu incerta ou não a história do envolvimento da judia Ester com o monarca polaca, a comunidade judaica polaca esteve sob proteção real e ascendeu socialmente.

A história teve diferentes versões dependendo da cidade polaca onde era contada, mas uma delas recebeu o nome em polaco e iídiche  de Kazimierz ou Kuzmir. A pequena cidade que recebeu o nome do rei no rio Vístula se tornou o centro mais famoso e próspero da comunidade judaica na Polônia. A paisagem pitoresca e montanhosa da pintura sugere o atual bairro judeu do Kazimierz, em Cracóvia.


 JADWIGA - REI DA POLÔNIA de 1384 a 1399

"Królowa Jadwiga i Dymitr z Goraja" de Wojciech Gerson, quadro de 1869, óleo sobre tela,
Acervo: Museu de Lublin.
Se não tens certeza do que está acontecendo neste quadro, não se preocupe, está longe da obviedade. A mulher está segurando um machado, mas ela não o está empunhando contra o homem,  um velho companheiro.

Uma coisa é certa. Sim, ele tem as chaves. Atrás da porta, presumivelmente, está Guilherme, o duque da Áustria, de quem ela se apaixonou à primeira vista. Pelo menos é o que dizem ...

A lenda conta que a mulher, Jadwiga (ou Edvirges), sacrificou seu verdadeiro amor e astutamente se casou com o duque Jagiełło da Lituânia que se tornaria o rei Władysław II da Polônia.

O casamento resultou na criação de dinastias poderosas na Europa. A dinastia jaguelônica iria construir o maior império da Polônia junto com o Grão-Ducado da Lituânia. Juntos, a polaca e o lituano possibilitaram que anos mais tarde fosse criada a primeira república do mundo moderno: República das Duas Nações Polônia - Lituânia, de 1569.

Parte da lenda afirma que a prudência de Jadwiga exigiu algum reforço de Dymitr de Goray, um rico magnata da corte polaca. O velho companheiro barrou a porta, para que a jovem não pudesse fugir com o belo Wilheln (Guilherme).

Jadwiga primeiramente se tornou rei da Polônia (sim, rei e não rainha - o Rex!). Ela reinou de 1384 até sua morte em 1399. Ela permaneceria a única mulher monarca na história da Polônia.


A BATALHA DE GRUNWALD - 1410


"A Batalha de Grunwald" de Jan Matejko, quadro de 1878, óleo sobre tela, Acervo: Museu Nacional em Varsóvia

A "Batalha de Grunwald", também conhecida também como a primeira "Batalha de Tannenberg" ou a "Batalha de Žalgiris", é uma das batalhas mais famosas da história militar polaca e da idade média europeia..

Esta representação do renomado pintor polaco Jan Matejko é, por sua vez, uma das pinturas mais amplamente reconhecidas na história da arte polaca.

Em Grunwald, na Polônia, um exército conjunto de polacos, lituanos, rutenos e tártaros, comandados pelo rei Władysław II Jagiełło (Ladislau Yogaila), derrotou o exército dos Cruzados Teutônicos. Sua vitória mudou o equilíbrio de poder na Europa Oriental, abrindo caminho para a futura ascensão da Comunidade Polaco-Lituana.

O quadro de Matejko é notório por seu enorme tamanho: a tela mede 4,26 m X 9,87 metros. O rei polaco pode ser visto no canto superior direito. No centro da pintura, Vytautas - o Grande,  governante do Grão-Ducado da Lituânia, parece estar aproveitando o ataque fatal ao Grão-Mestre da Ordem Teutônica, Ulrich von Jungingen, feito por dois camponeses transformados em soldados vestidos de couro, talvez da região da Samogícia. Um deles usa um capacete de forca e empunha um machado - o que sugere que o ato é de justiça decretada.


"STAŃCZY" de 1514

"Stańczyk" de Jan Matejko, quadro de 1862, óleo sobre tela, Acervo: Museu Nacional em Varsóvia
Pintado por Jan Matejko, em 1862, Stańczyk (1480-1560) pode ser o mais representativo representante simbólico da história polaca.

O bobo da corte fabulosamente perspicaz se apresentou na corte dos reis polacos. A profunda melancolia de Stańczyk é uma reação às notícias da captura de Smoleńsk, dos Moscovitas, ocorrida em julho de 1514 (Veja a data na carta sobre a mesa).

Este evento viria a simbolizar o poder crescente dos moscovitas no Oriente durante este período. Um processo que acabaria por trazer o fim do Estado repúblicano polaco-lituano, quase três séculos mais tarde.

O humor grave de Stańczyk e a preocupação com o futuro do país são apresentados em contraste com a atmosfera alegre no salão real, que pode ser visto atrás da porta.


BATALHA DE ORSZA de 1514

"Batalha de Orsza", de 1530 a 1542, atribuída a Heins Kreil - Acervo: Museu Nacional em Varsóvia
A reação do bobo da corte Stańczyk era justificada - a captura de Smoleńsk pelos moscovitas provocou uma reação das forças polaca e lituana.

A batalha de Orsza, localidade atualmente no território da Bielorrússia, foi travada apenas alguns meses após a tomada de Smoleńsk. Embora tenha terminado em vitória para as forças polaco-lituanas unidas, a batalha não levou à recaptura de Smoleńsk.

Isso aconteceria apenas 100 anos depois, e apenas por um curto período de tempo. A pintura desse artista é notável pelo uso da narração "contínua" medieval, apresentando muitos episódios ocorrendo em momentos diferentes. É por isso que alguns números aparecem várias vezes. A pintura deve ser lida da direita para a esquerda e de cima para baixo.

UNIÃO DE LUBLIN de 1569

"União de Lublin" de Jan Matejko - Acervo: Museu Nacional em Lublin
As guerras com a Cidade-Estado de Moscou consolidaram a cooperação militar e política polaca e lituana. No ano de 1569, os dois países assinaram a União de Lublin.

Isso efetivamente criou um novo estado multiétnico, a Comunidade Polaco-Lituana, que já havia se esboçado em 1530 e fundou a primeira república pós-renascimento no mundo: a República das duas Nações. A República Polaca-Lituana viria a ter o maior território bi-nacional da Europa dos séculos 14/15/16 e 17. Território que ocupava as terras que iam do Mar Báltico ao Mar Negro. 

A "União de Lublin" de Matejko foi pintada no 300º aniversário do acordo, em 1869. A figura central, com um crucifixo na mão direita, é o rei polaco Zygmunt I Augustus. O homem ajoelhado com a espada é Mikołaj Radziwiłł, o grande marechal da Lituânia - um ardente oponente do Congresso e o único senador que não assinou o documento.

POLACOS EM MOSCOU de 1610 a 1612

"Os polacos se rendem no Kremlin de Moscou para o príncipe moscovita Dmitry Pozharsky", quadro de Ernst Lissner, de 1938, aquarela sobre papel - Acervo: Galeria Tretnyakov
Em 9 de outubro de 1610, tropas polacas entraram em Moscou. Este evento é relatado na história da Polônia como as Dmitriades, e na história russa como a invasão polaca ou intervenção polaca.

Moscou foi ocupada por tropas polacas até o ano de 1612, quando os polacos entregaram o Kremlin ao príncipe Dmitry Pozharsky.

Em Moscou, este momento é considerado o fim do longo período de turbulência interna chamado "O Tempo das Perturbações".

Desde 2005, este evento é comemorado anualmente como o Dia Nacional da Unidade Russa, de 4 de novembro.

BATALHA DE CHOCIM de 1621

‘Batalha de Chocim’, quadro de Józef Brandt, de 1867, óleo sobre tela - Acervo: Museu Nacional em Varsóvia
Ao longo dos séculos XVI e XVII, a Comunidade Poloca-Litunana travou uma série de guerras com o Império Turco-Otomano.

Durante este período, as elites polacas tenderam a pensar em si mesmas como defensoras das fronteiras de uma Europa cristã, tendo a Polônia como a "antimurale Christianitatis", ou o Baluarte do Cristianismo.

A cidade fronteiriça de Chocim, na Podólia polaca (atualmente no território da Ucrânia), foi o local de pelo menos duas grandes batalhas.

Esta pintura de Józef Brandt retrata a batalha que ocorreu em 1621. Por essa época, a Comunidade Polaca-Lituana atingiu o seu maior tamanho em território, com cerca de 990.000 km² de território e uma população de 11 a 12 milhões de pessoas.

"BATALHA DE VIENA" de 1683

"Batalha de Viena" entre 1633-1685, de Pauwel Casteels, óleo sobre tela,
Acervo: Museu do Palácio do Rei Jan III Sobielski

Esta batalha se lutou em 12 de setembro de 1683. Viena estava citiada há dois meses pelas tropas turco-otomanas.

A batalha foi vencida Legião da Comunidade Polaca-Lituana combinadas com as forças do Sacro Império Romano-Germânico, comandadas pelo Rei Jan III Sobieski da Polônia.

A Batalha de Viena foi vista como um momento decisivo na história e considerada por muitos como a mais importante defesa da Europa Católica feita pelo Rei da Polônia. Sobielski foi o primeiro polaco a ser eleito rei na história da República das Duas Nações.

Após esta batalha, os turcos otomanos deixaram de ser um adversário para as forças cristãs. O conflito também ficou conhecido pela inclusão da maior força de cavalaria da história mundial.

A PRIMEIRA PARTIÇÃO DA POLÔNIA em 1773

"Tadeusz Rejtan", ou a "Queda da Polônia" de Jan Matejko, quadro de 1866, óleo sobre tela
Acervo: Castelo Real em Varsóvia
Outra pintura de Matejko descreve a cena que teria ocorrido no Castelo Real de Varsóvia.

Em Varsóvia, em 21 de abril de 1773, o Sejm (Congresso Polaco-Lituano) declarou a legal a primeira partição da Polônia.

A figura central da pintura, vista à direita, é Tadeusz Rejtan, um dos deputados do Sejm. Rejtan estava tentando, sem sucesso, impedir essa revogação de acontecimentos, impedindo que os membros do Sejm deixassem a câmara.

A CONSTITUIÇÃO POLACA DE 3 DE MAIO  de 1791

"Juramento da Constituição de 3 de maio de 1791" de Jean-Pierre Norblin de La Gourdaine, gravura de 1867,
Acervo: Museu Nacional de Varsóvia

A Constituição de 3 de maio adotada, em 1791, é considerada a primeira constituição moderna da Europa. Foi também a segunda constituição nacional codificada mais antiga do mundo, após a Constituição dos Estados Unidos de 1789.

O estadista irlandês Edmund Burke descreveu a lei polaca como "o benefício mais nobre recebido por qualquer nação a qualquer momento" ... A constituição tentou reformas que reprimiriam o sistema imperfeito da democracia polaca - com as chamadas Liberdades Douradas dos nobres e a anarquia fomentada pelos magnatas do país.

Apesar de seu caráter moderno, acabou sendo um pouco tarde demais. As duas outras partições (invasões e ocupações estrangeiras) da Polônia, que se seguiram em 1793 e 1795, encerraram a existência do próprio país.

Este foi um enorme choque e trauma para as elites polacas, e foi muitas vezes referido como "Finis Poloniae". Em última análise, a Polônia permaneceria fora do mapa da Europa por 123 anos.


A INSURREIÇÃO DE KOŚCIUSZKO de 1794

"Oração antes da batalha de Racławice" de Józef Chełmoński, quadro de 1906, óleo sobre tela,
Mesmo antes da terceira partição (invasão e ocupação estrangeira) acontecer, o primeiro levante nacional polaco tinha começado.

O Levante de 1794 (ou Insurreição, como também é chamado), liderado por Tadeusz Kościuszko, um general polaco, que havia lutado na independência das 13 colônias inglesas para criar os Estados Unidos, abraçou a maioria dos antigos territórios da Comunidade Polaco-Lituana.

O maior sucesso militar do exército insurgente veio em abril com a Batalha de Racławice. A batalha foi vencida graças a um ataque dos "kosynierzy" (foice ou escudeiros), na maioria membros de uma milícia camponesa, armados com foices de guerra.

O Kosynierzy rapidamente se tornou um dos símbolos da luta pela independência da Polônia, mas a revolta ocorreu no mesmo ano.

SOLDADOS POLACOS NO HAITI de 1802

"Batalha em San Domingo", também conhecida como a "Batalha pelas Colina das Três Palmeiras", em janeiro de 1802,
de Suchodolski. Quadro de 1845
A partir de 1797, em uma tentativa de recuperar a independência, os soldados polacos formaram as chamadas Legiões e se juntaram ao exército de Napoleão para lutar na Itália e no Egito, mas também no Haiti.

No Caribe, em uma virada irônica do destino, os polacos que se ofereceram para o exército inspirado pelos ideais napoleônicos de liberdade e igualdade foram agora encarregados de suprimir a rebelião do povo do Haiti contra o domínio colonial francês.


POLÔNIA COMO PROMETEU de 1831

"Prometeu polaco" de Horace Vernet, quadro de 1831, óleo sobre tela,
A Revolta de Novembro de 1830 começou em Varsóvia e logo cobriria grandes partes dos territórios que, depois de 1795, eram ocupados pela Rússia.

Em muitos países ocidentais, a supressão da insurreição, que ocorreu um ano depois, foi recebida com desânimo, na Polônia. Mas ela começou um novo período marcado pela intensa emigração para a França e Inglaterra.

Esta pintura de Horace Vernet simboliza o esmagamento da insurreição, com a águia preta simbolizando a Rússia.

MASSACRE DA GALÍCIA de 1846

"Massacre da Galícia" de Jan Nepomucen Lewicki, óleo sobre tela, quadro de 1871.

O seguinte levante polaco irrompeu, em Cracóvia, em 1846.

A revolta durou apenas nove dias. Liderado por membros da nobreza polaca e dirigido contra o Império Austríaco foi logo reprimido por um protesto social muito maior, o dos camponeses galegos.

Os camponeses, liderados por Jakub Szela, revoltaram-se contra a opressão da servidão e trabalho com arado. No rescaldo da matança galega (também chamada de Revolta Camponesa de 1846), cerca de mil nobres polacos foram mortos e 500 casas foram destruídas.

Os incidentes ficaram famosos por sua brutalidade e, em certa medida, inspirados pela administração austríaca. A pintura mostra camponeses chegando aos representantes da administração austríaca junto com os chefes dos nobres polacos, pelos quais eles receberam uma recompensa.


REVOLTA DE JANEIRO de 1863

"Batalha" da série "Polonia" de Artur Grottger,
A Polônia de Artur Grottger apresenta uma série de nove desenhos em preto e branco, representando cenas da Revolta de Janeiro de 1863, a terceira das revoltas nacionais.

Como nas duas revoltas anteriores, esta também não teve sucesso. O estilo de Grottger foi essencial para desenvolver uma representação da identidade patriótica polaca.

SIBÉRIA

"Morte no Palco" de Jacek Malczewski, quadro de 1891, óleo sobre tela.
O impulso polaco para a liberdade que se manifestou em insurreições nacionais, bem como muitas formas mais brandas de resistência, teve severas repercussões.

Ao longo do século XIX, milhares de patriotas polacos que se opunham ao domínio russo foram deportados para a Sibéria.

"Morte no Palco" do pintor simbolista Jacek Malczewski retrata a morte de um dos deportados ao longo do caminho até o ponto de destino, uma jornada que podia levar vários meses.

REVOLUÇÃO DE 1905


"Demonstração 1905" de Witold Wojtkiewicz, desenho de 1905, Acervo: Museu Nacional em Varsóvia
A Revolta de 1905 levou protestos dos trabalhadores por todo o país. Uma manifestação em Varsóvia que terminou em derramamento de sangue é retratada aqui pelo artista expressionista Witold Wojtkiewicz.


O MILAGRE DO VÍSTULA de 1921

"Cud nad Wisłą" de Jerzy Kossak, quadro de 1930.
Considerada uma das batalhas mais importantes da história do mundo, a Batalha de Varsóvia, em 1920, interrompeu efetivamente a marcha comunista em direção à Europa Ocidental.

Na Polônia, firmou-se a posição e a lenda do marechal Józef Piłsudski. Chamado (inicialmente com intenção irônica) de "Milagre no Vístula", o termo se tornou uma referência comum da batalha na Polônia.

Vestígios dessa perspectiva quase religiosa podem ser vistos nesta pintura, com Santa Maria Mãe de Deus cercada por coros beligerantes descendo do céu.


EXECUÇÕES NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

"Execução VIII (surrealista)" de Andrzej Wróblewski, quadro 1949, óleo sobre tela, 130 x 199 cm
Acervo: Museu Nacional em Varsóvia
Uma das mais representativas representações pictóricas da experiência polaca da Segunda Guerra Mundial foi pintada por Andrzej Wróblewski.

Nascido em 1927, Wróblewski pintou sua série "Execuções", em 1949, ano em que o realismo socialista foi introduzido na arte polaca.

Indiscutivelmente a mais famosa das séries, a "Execução surrealista (VIII)" parece retratar um grupo de homens sendo executado. De fato, é mais a representação de uma pessoa em diferentes fases da morte.


COMUNISTAS RECONSTRUÍNDO O PAÍS

"Passe-me um tijolo" de Aleksander Kobzdej, quadro de 1950, óleo sobre tela, 133x162 cm
Acervo: Museu Nacional em Wrocław
"Passe-me um tijolo" de Aleksander Kobzdej Mais do que qualquer outro trabalho passou a simbolizar a arte do realismo socialista polaco.

Pintado em 1949, esta grande tela mostra uma equipe de três pedreiros (chamados trójka murarska) no processo de construção de uma casa.

O método trójka, no qual uma pessoa prepara o tijolo, um segundo o passa e um terceiro o coloca na parede sendo construída foi desenvolvido após a Segunda Guerra Mundial como a maneira mais eficaz e rápida de construir.

O esforço de reconstrução praticado em numerosos locais de construção da devastada Varsóvia, como Mariensztat ou MDM, foi essencial para levantar a capital das ruínas.

LEI MARCIAL de 1981

"13 de Dezembro de 1981 - Manhã" de Łukasz Korolkiewicz, quadro de 1982, óleo sobre tela, 89 x 190 cm
Acervo: Museu Nacional em Varsóvia

Pintado em 1982 por Łukasz Korolkiewicz, "13 de dezembro de 1981 - Manhã" é uma foto-realista e assumiu um dos momentos mais familiares da história recente da Polônia.

Neste dia, no início da manhã, o general Wojciech Jaruzelski anunciou na TV em rede nacional a introdução da Lei Marcial na Polônia. A medida impediu a oposição democrática e introduziu toda uma série de restrições e repercussões, com os líderes-chave da oposição como o ex-presidente da República (democrática) Lech Wałęsa e o ex-primeiro ministro Tadeusz Mazowiecki serem aprisionados.

Para muitos jovens polacos, a Lei Marcial tornou-se uma experiência de formação cívica.


SMOLEŃSK 2010

"Smoleńsk" de Zbigniew Dowgiałło, quadro de 2011,
Acervo: Museu de Arte Moderna de Varsóvia (MSN)
As artes plásticas polacas continuam acompanhando a história do país. Uma das mais controversas pinturas polacas contemporâneas é a obra "Smoleńsk" de Zbigniew Dowgiałło.

Inspirado na tragédia do acidente de avião presidencial polaco do dia 10 de abril de 2010, nas proximidades da cidade de Smoleńsk, não muito longe de Katyń, na Rússia. Acidente aéreo em que 96 pessoas foram mortas, incluindo o presidente da República Lech Kaczyński e sua esposa, a pintura apresenta vítimas do acidente, com seus corações arrancados de seus peitos no momento da explosão.

A pintura foi uma peça chave em uma exposição dedicada à nova arte nacional exibida no Museu de Arte Moderna de Varsóvia (MSN) em 2014.



Texto: Mikołaj Gliński
Tradução para o português e adaptação: Ulisses Iarochinski

Nenhum comentário: