segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Presidente da Polônia trai os eleitores que votaram na oposição

Presidente da República da Polônia - Andrzej Duda

O presidente da República da Polônia sendo o presidente de honra do PiS - Partido do Direito e Justiça.

O Sr. Andrzej Duda resolveu desconsiderar os votos majoritários na coligação de partidos que venceu as últimas eleições parlamentares da Polônia de 15 de outubro último.

As coalizões e partidos de oposição conseguiram a maioria dos postos na Câmara dos Deputados, com 248 cadeiras contra o partido do presidente da República, que embora tenha eleito 194 deputados, não deveria formar o novo governo.

Mas Duda decidiu que Mateusz Morawiecki é o seu a receber a missão de formar o novo governo da Polônia. Morawiecki é o atual primeiro-ministro. Duda, na qualidade de presidente da República, tem a missão de indicar o candidato a primeiro-ministro, e segundo ele, está seguindo a tradição e a constituição: o partido que obtém o maior número de cadeiras no parlamento é que forma o novo governo.

"Após calmas análises e consultas, decidi confiar a missão de formar um governo ao primeiro-ministro Mateusz Morawiecki." disse Duda, em pronunciamento à nação.

Em sua mensagem especial, o Presidente Andrzej Duda comentou os resultados das eleições parlamentares. Agradeceu a todos os polacos pela elevada participação e lembrou que após o anúncio dos resultados eleitorais pela Comissão Nacional Eleitoral, realizou consultas com todas as comissões que terão os seus representantes no parlamento.

Em mensagem especial, o presidente Andrzej Duda indicou a quem confiaria a missão de formar o governo, "após calmas análises e consultas, decidi confiar a missão de formar um governo ao primeiro-ministro Mateusz Morawiecki."

A decisão de Andrzej Duda não surpreendeu os políticos da oposição que estão apenas a terminar as negociações para estabelecer um governo comum.

"É uma pena que o senhor presidente não tenha ficado do lado do Estado, do lado dos cidadãos e do lado da democracia. Em 15 de outubro, a democracia indicava claramente quem deveria formar o governo", afirmou Krzysztof Hetman, do partido PSL - Partido Popular.

O vice-presidente do Partido Popular Polaco, afirmou que o Presidente quis ficar do lado do seu partido, o PiS. "É apenas uma perda de tempo, da Polônia e de fundos públicos, que se têm espalhado excessivamente nos últimos dias", declarou Hetman.

As repercussões não param. A Confederação, que teve 7,6 dos votos, por meio de um de seus deputados eleitos, Przemysław Wipler, declarou: "Nenhum dos deputados da Confederação apoiará Mateusz Morawiecki na obtenção de um voto de confiança". Na sua opinião, o fato do presidente confiar a tarefa de formar um governo ao atual primeiro-ministro é uma decisão que não surpreende.

Segundo o jornalista e comentarista político do sítio de notícias Onet.pl, Andrzej Stankiewicz, "O presidente que confia a Mateusz Morawiecki a missão de formar governo tem apenas um objetivo. Bem, Andrzej Duda quer mostrar ao eleitorado do seu partido PiS que não é responsável pela queda do governo da Extrema-Direita polaca. Outra coisa e a mais importante em seu discurso, é que ele anunciou entre meias-palavras que não bloquearia a mudança de poder e a nomeação de Donald Tusk como primeiro-ministro. E ele tomou decisões específicas que mostram isso. Foi praticamente uma conclusão precipitada desde o dia das eleições. O Presidente da República confiou ao atual primeiro-ministro e deputado do seu partido eleito, Mateusz Morawiecki, a missão de formar governo, usando como pretexto os resultados da votação. Segundo ele, o PiS venceu as eleições. Claro, Duda sabe perfeitamente que se trata de uma missão fictícia porque Morawiecki não tem maioria. Sua única chance seria chegar a um acordo com o Partido Popular e a Confederação. Embora os confederados estejam em desordem e aceitem qualquer oferta, o Partido Popular, oprimido pelo PiS durante anos, não quer ouvir falar de uma aliança com Kaczyński e Morawiecki."

E Stankiewicz se pergunta:

"Quanto tempo vai durar esse show? No máximo quatro semanas a partir da primeira sessão da Câmara, que será realizada no dia 13 de novembro. O presidente tem 14 dias, a partir da primeira sessão, para nomear o chefe do governo e prestar juramento aos ministros. Depois - o mais tardar 14 dias após a sua nomeação. Então, o Primeiro-Ministro fará uma exposição e apresentará uma moção de voto de confiança no governo. Assim, em meados de dezembro iremos despedir-nos do Primeiro-Ministro Mateusz Morawiecki. 

"O presidente Andrzej Duda serviu consistentemente ao PiS”, comentou o prefeito da capital  Varsóvia, Rafał Trzaskowski, sobre o discurso do chefe de Estado. Ele observou que a maioria parlamentar está do lado da coalizão democrática, e a decisão de Duda “não é apenas um jogo de paralisação e distorção da realidade”, mas também “um jogo deliberado com as emoções de todos os eleitores”.

Já o editor chefe do portal, Onet, comentou: "Ele escolheu a última solução porque Mateusz Morawiecki tem, exatamente, as mesmas possibilidades de formar um governo que eu ou a Sra. Basia da padaria. O presidente teve a opção de estabilizar rapidamente o governo ou prolongar a agonia do atual governo. Ele escolheu a última e nenhuma outra explicação relevante é possível".

"Não haverá cooperação entre Andrzej Duda e o novo governo. Serão dois anos de boxe, um período não construtivo para a recuperação da Polônia", afirmou a socióloga Dra. Helena Chmielewska-Szlajfer. Ela não crê que Morawiecki obterá o voto de confiança do Parlamento para tomar posse mais uma vez como primeiro-ministro. Segundo a socióloga, "sua própria carreira assumiu a decisão. Apostou no partido que lhe deu tudo. Ele não vinculou a sua decisão aos votos dos eleitores, mas foi guiado pelas suas próprias necessidades internas e pelo seu destino futuro." O de ser herdeiro do seu líder Jarosław Kaczyński.

Texto: Ulisses Iarochinski
Fontes: Veículos de comunicação da Polônia.

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