A mais antiga referência sobre a presença de judeus na Polônia data do século nove. Falam sobre mercadores vindos da Espanha. No início, o assentamento permanente dos judeus na Polônia está ligado às atitudes hostis contra os judeus na Saxônia e na Bohemia. As cruzadas de 1096 e 1147 coincidem com a primeira grande onda de imigração judaica para a Polônia. Neste período o assentamento regular de judeus se concentrou na Silésia, onde em meados do século 14, eles viviam em 35 cidades. Dados sugerem que os judeus foram assentados em Płock em 1237, em Kalisz em 1287, em Cracóvia em 1304, em Lwów em 1356, em Sandomierz em 1367 e em meados do século 14 em Lublin. Os judeus no final do século 15 já eram 6% da população da Polônia, ou cerca de 24 mil habitantes vivendo em 85 cidades.
Kazimierz Dolny - Foto: Ulisses Iarochinski
Os judeus chamavam a Polônia de "Polin", que de acordo com uma etimologia específica era interpretada como "Onde eu passarei o resto de meus dias". Na coleção "Polin" editada pela "The Littman Library of Jewish Civilization", logo nas primeiras páginas se faz referência a Polônia como a "Polin" da Torah. "Nós não sabemos, mas nossos pais nos disseram, como desde o exílio de Israel chegar a terra de Polin. Quando Israel viu como o sofrimento era constantemente renovado, a opressão aumentava, as perseguições se multiplicavam e como autoridades diabólicas pilhavam e em seguida expulsavam, então quando já não havia mais como escapar dos inimigos de Israel, sairam para a estrada em busca de resposta para o caminho para algum lugar do mundo, qual seria a estrada correta para encontrar o que lhes restava de alma. Então um pedaço de papel caiu dos céus e nele estava escrito: Vá para a Polaniya (Polônia)."
Antiga sinagoga de Chełm - Foto: Ulisses Iarochinski
Em 1264, o príncipe Bolesław Pobożny (Boleslau - o Piedoso) editou o chamado Kalisian Statutes, onde os Judeus receberam leis próprias separadas e certos privilégios para viverem na Polônia. Depois da unificação da Polônia, pelo rei Casimiro - o Grande estas leis foram confirmadas para o total dos territórios da Polônia .
Antigo Rynek (praça central) de Lublin - Foto: Ulisses Iarochinski
A partir do século 16, o número de judeus vivendo na Polônia cresceu bastante. Em meados do século 17, eles já eram estimados em 500 mil habitantes, ou 5% da população. No período em que a Polônia foi dividida e ocupada pela Rússia, Prússia (depois Alemanha) e Áustria, a situação dos judeus passou a depender das autoridades invasoras. Quando o nazismo invadiu a Polônia em 1939, a população judia da Polônia era a maior entre todos os países do mundo, com mais de 3,5 milhões de habitantes.
Antigo Rynek (praça central) de Zamość - Foto: Ulisses Iarochinski
Em 1968, o governo comunista fez um espurgo dos judeus que sobreviveram aos horrores da segunda guerra mundial e restou bem pouco deles no território polaco. Depois da queda do comunismo, estimava-se que 15 mil pessoas de origem judaica estariam vivendo na Polônia. Atualmente não existe uma estatística, ou pelos menos não é divulgada, mas a verdade é que crescem os empreendimentos judaicos em várias cidades da Polônia.
Sandomierz - Foto: Ulisses Iarochinski
A região Leste, cuja principal cidade é Lublin congregou durante todos estes séculos uma maior presença judaica do que outras regiões da Polônia. Lublin e Chełm se destacam neste cenário pelo alto percentual de moradores de origem judaica. Antes da segunda guerra Chełm chegou a ter quase 19 mil habitantes de origem judaica entre seus 38 mil moradores. Alguns dos mais emitentes judeus da história contemporãnea nasceram nesta região, como os escritores Israel Joshua Singer e Itzkhak Baszevis Singer (Biłgoraj), Itskhak Leybush Perec (Zamość) o violinista e compositor Henryk Wieniawski (Lublin), a ativista política Roża Luksemburg (Zamość) e Hanka Sawicka (Lublin).
Sinagoga de Szczebrzeszyn - Foto: MaKa
As cidades da região que ainda guardam um passado judeu são: Lublin, Krasnystaw, Isbica, Zamość, Szczebrzeszyn, Zwierzyniec, Józefów Biłgorajski, Tarnogród, Biłgoraj, Frampol, Wojsławice, Tomaszów Lubelski, Łaszczów, Bełżec, Łęczna, Włodawa, Chełm, Biskupice, Piaski, Kock, Sobibór, Markuszów, Kazimierz Dolny, Annopol, Zaklików, Lipa (aqui nasceu o polaco-judeu Samuel Klein - dono das Casas Bahia - maior rede de lojas do Brasil), Modliborzyce, Kraśnik (aqui nasceu a atriz de telenovelas da Globo Ida Szczepanski Gomes), Bychawa, Byway, Bobowniki, Puławy, Lubartów, Wohyń, Parczew e Międzyrzec Podlaski.