quarta-feira, 14 de abril de 2010

A legendária Anna estava no avião

Walentynowicz e Wałęsa - Foto: AP

Com o título "Anna Walentynowicz, provocadora polaca que estimulou a queda do comunismo, morre aos 80", Douglas Martin escreveu artigo detalhado no jornal New York Times, lembrando Anna Walentynowicz, lendária ativista do Movimento Solidariedade, que, juntamente com o presidente Lech Kaczyński foi morta no acidente de avião perto de Smoleński.
Martin lembra o papel fundamental de Walentynowicz no lançamento das greves no estaleiro de Gdańsk, em agosto de 1980 e as suas atividades na oposição ao regime soviético, no final dos anos 70, quando foi uma das fundadores dos sindicatos Livres.
O articulista Norte-americano compara a polaca a ativista Rosa Parks, negra americana, cuja atitude foi catalisadora do movimento negro na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Em 1955, em Montgomery, Alabama, Parks se recusou a deixar o espaço destinado para os brancos num ônibus.
Outra americana famosa, comparada a Anna Walentynowicz, pela jornalista e Crystal Lee Sutton, conhecida ativista sindical numa fábrica de roupas, na Carolina do Norte, nos anos 70 Ela inspirou a personagem principal do filme "Norma Rae", executada em 1979, com Sally Fields no papel principal.
Martin escreveu que "a Sra. Walentynowicz, que tinha seus 50 anos quando ganhou proeminência, era reconhecida como - a avô do Solidariedade” e a “consciência do movimento.”
Ele diz ainda que, "em maio de 1978, a Sra. Walentynowicz ajudou a criar sindicatos independentes para se opor aos patrocinados pelo Estado. Ela também se associou aos Comitêsde Auto-Defesa Social, que surgiu após os aumentos nos preços dos alimentos e que desencadearam os motins em julho de 1976".
No artigo sobre Anna Walentynowicz é mostrada sua foto com Lech Wałęsa (pronuncia-se lérrrh vauensa) na greve do estaleiro de Gdańsk, em 1980. O autor não faz menção a uma disputa ocorrida mais tarde entre Walentynowicz e Wałęsa e outras controvérsias relacionadas.

Cripta Wawel sendo preparada

Cripta Pilsudski sendo preparada
no Wawel para Lech Kaczyński

"Não sei bem quem negociou a decisão. Já foi feita uma consulta com o núncio apostólico na Polônia. Em certa medida, isso deverá ser acordado com o Vaticano. (...) Aconselharia refletir antes de se inclinar para esta decisão." Esta é a opinião do historiador, Prof. dr Hab. Andrzej Chwalba, da Universidade Iaguielônia de Cracóvia sobre o enterro do Presidente Lech Kaczyński e esposa, na cripta da Catedral de Wawel, no Castelo Real de Cracóvia.
Embora nada esteja oficialmente concretizado, a ideia de fazer o sepultamento do presidente Kaczyński ao lado das tumbas dos reis e heróis polacos, causou polêmica no país em comoção.
Tão logo a ideia ganhou as telas das TVs e páginas de jornais, um grupo de cerca de 300 manifestantes, portando faixas e sinais de luto, posicionaram-se sob a janela do Papa, em frente a Cúria Metropolitana de Cracóvia. Numa das faixas se podia ler as frases: "Não no Wawel", "Isto é grave". Outro painel dizia: "Será você realmente digno dos reis?"
Também os políticos se manifestaram, "O pedido para o casal presidencial ser enterrado em Wawel, penso que é uma manifestação de megalomania. Lech Kaczyński era um homem modesto, certamente não concordaria com isso". disse o deputado do SD, Jan Widacki.
Seja como for, operários já trabalham na cripta do Presidente Józef Pilsudzki, o herói da independência em 1918. Também existe a possibilidade do Presidente no exílio, Ryszard Kaczorowski ser enterrado na mesma cripta. A sugestão teria partido do Cardeal Stanisław Dziwisz. Contudo a freira paulina de Jasna Góra, Eustachy Rakoczy, manifestou-se dizendo que "Abaixo minha cabeça ante Cardeal Metropolitano de Cracóvia, que realmente disse que a Catedral de Wawel está aberta também ao Presidente Kaczorowski. Mas de acordo com a vontade da família Kaczorowski, o ex-presidente Ryszard deverá ser enterrado em Varsóvia."
A discussão chegou até a artes e cultura. O maior cineasta da história da Polônia e um dos maiores do mundo, Andrzej Wajda (pronuncia-se andjei váida) enviou carta ao jornal Gazeta Wyborcza, assinada por ele e sua esposa onde comenta a ideia do enterro no Wawel, "O presidente Lech Kaczynski foi um homem bom, humilde, mas o Wawel não é o lugar certo." Assinado Andrzej Wajda e Krystyna Zachwatowicz-Wajda.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Assim rasteja a Humanidade

Assim caminha, ou, rasteja a Humanidade. Acidentes, tragédias, etc,
etc. Se houver uma grande catástrofe, não haverá sinais da existência do
Homem na Terra em dentro de 2 mil anos. Pode?
É a reação da Natureza.
Grande abraço,
Solda.

As aeromoças na tragédia polaca


Justyna Moniuszko, 24 anos, estudou na Wydziale Mechanicznym, Energetyki i Lotnictwa da Universidade de Varsóvia, onde foi Miss Politécnica 2006.

Barbara Maciejczyk, 29 anos, formada pelo
Studium Zarządzania Zasobami Ludzkimi

Natalia Maria Januszko, 23 anos, estudante da
Szkoły Głównej Gospodarstwa Wiejskiego.

Corpo de Maria em Varsóvia

Foto: Pawel Supernarki

O corpo da primeira dama Maria Kaczynski chegou nesta terça-feira, na Polônia, para ser velado junto com seu marido. Centenas de pessoas recepcionaram a chegada do caixão, entre elas sua filha e o irmão gêmeo de Kaczynski, Jaroslaw.

Polacas estranham brasileiros


A polaca Barbara Radwanska, de Cracóvia, reagiu assim à decretação de luto de Lula da Silva, "estou feliz de ler sobre o ato do presidente do Brasil que decretou um luto de três dias em relação a tragédia da Polônia".
Mas ao mesmo tempo, outros polacos, que leem em português, analizam negativamente os comentários de brasileiros, nos sites de jornais brasileiros, que noticiaram o decreto de Lula. Grande parte destes brasileiros se manifestaram pelo desejo de que o acidente tivesse acontecido com o presidente Lula.


Sobre isto a estudante Magdalena Sawicka disse estranhar os brasileiros, "os comentários são muito tristes .. desculpe, mas ler que alguém quer a morte de seu presidente.. isto para não mencionar as outras descrições, por favor. O fato de que no Brasil também se tenha uma tragédia tão grande... Mas os brasileiros provavelmente ao lamentar a morte de tantas pessoas no próprio país se incomodem com um político estrangeiro é estranho... Eu não entendo estes estranhos comentários".

Já o estudante brasileiro de Gestão e Marketing da Universidade Iaguielônia, Janderson Lazarotto Faganello, reagiu assim aos comentários das colegas polacas, "tem razão,são comentários tristes... mas você sabe como é ... como aqui na Polonia antes da morte do Kaczyński quase ninguém gostava dele (tirando a Rádio Maria) ... no Brasil também há pessoas que não gostam do nosso presidente ... fazer o quê? Faz parte...".

Preparativos para o Funeral presidencial

Catedral de Wawel - Foto: Ulisses Iarochinski

O ministro das relações exteriores da Polônia, Radosław Sikorski, disse hoje que além do presidente da Rússia e Estados Unidos deverão comparecer aos funerais do Presidente Lech Kaczyński (pronuncia-se Lérrrh catchinhsqui) os chefes de Estado e de governo da França, Itália, Alemanha, República Tcheca, Eslováquia, Lituânia, Letônia, Estônia, Finlândia, Hungria, Romênia, Bulgária, Eslovênia, Croácia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão.

O primeiro-ministro da Grã-Bretanha e o príncipe de Gales Charles, porque segundo o costume, a rainha não vai aos funerais estrangeiros serão os representantes britânicos. Outras monarquias europeias, podem ser representadas por uma cabeça coroada. A Comissão Europeia, estará representada pelo português José Durão Barroso seu Presidente, além do Presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, o presidente do Parlamento Europeu, o polaco Jerzy Buzek e o secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen.
"Cada país irá dar informações oficiais sobre a composição da delegação apenas após a recepção da nota diplomática polaca, que irá informá-los sobre as datas e os detalhes do funeral, e nós não sabemos ainda", informa o Ministério.
Nenhuma informação sobre a presença do Presidente do Brasil, que foi um dos únicos países a decretar um luto de três dias.
A família do presidente falecido concordou em que os corpos dele e sua esposa Maria sejam sepultados nas criptas mortuárias da Capela do Castelo Real de Wawel, em Cracóvia. Assim os corpos ficariam ao lado dos sarcófagos de quase todos os reis e familiares, além dos heróis civis e militares da Pátria polaca. Contudo não existe nada oficial a respeito.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Primeiras páginas da Polônia

Capa do jornal Rzeczpospolita desta segunda-feira, dia 12 de abril de 2010.


Primeiras páginas do jornal Gazeta Wyborcza, editado em Varsóvia, do domingo e hoje, segunda-feira.

Funeral de Estado na Polônia

O Brasil, a Lituânia, a Geórgia, a Rússia e a União Europeia foram os países que decretaram luto pela tragédia de Smolenski. No caso, apenas o Brasil e a Lituânia decretaram 3 dias. Na Polônia a comoção continua, mas também o governo do primeiro-ministro Donald Tusk e o presidente em exercício Bronislaw Komorowski tiveram muito o que fazer. A princípio tudo aponta para que o funeral aconteça no próximo sábado, na plaça Pilsudski, em Varsóvia.
"Convidar-se-á os chefes de Estado estrangeiros para a ceremônia", informou o gabinete da presidênia da República. Ol ministro de Exteriores polaco, Radoslaw Sikorski, adiantou nesta segunda-feira, que no ato poderão participar os presidentes russo e estadonidense, Dimitri Medvedev e Barack Obama, embora não haja confirmação oficial.
Lula da Silva deveria ir ao funeral, pois os polacos estão comovidos com a atitude do presidente brasileiro de decretar 3 dias de luto. "Vejam só! Do outro lado do mundo e o Brasil se condói da nossa tristeza", disse a estudante de medicina Agnieszka Domanski, nas ruas de Cracóvia. "Obrigado Sr. Lula. muito obrigado mesmo!", completou. Lula durante seu governo ainda não visitou a Polônia. Esteve perto, na República Tcheca, Ucrânia e Alemanha, mas ainda não cruzou as águas do rio Vístula.
Segundo os meios de comunicação polacos, tanto o gabinete do presidente como o Governo polaco consideram que deveria haver um funeral conjunto das 96 vítimas mortais do acidente aéreo, porém corresponde aos familiares tomar esta decisão. Em todo caso, dada a lentidão com que avançam as identificações - só 17 corpos foram identificados até agora.
Entretanto, as autoridades do país tentam restabelecer a ordem e preencher os cargos vagos pela morte dos altos funcionários que acompanhavam Kaczynski em sua viagem para assistir a ceremônia em memória dos 40.000 oficiais polacos assassinados pelos soviéticos em Katyn, Oeste da Rússia.
O presidente em exercício, Bronislaw Komorowski, deputado do Plataforma Cívica (PO, de centro) partido de Tusk, anunciou hoje que nomeou alguns postos chaves no gabinete do presidente, que se viu gravemente afetado pelo acidente.
Por outra parte, Komorowski disse que nomeará o novo presidente do Banco Central Polaco tão logo seja possível, já que Slawomir Skrzypek, também faleceu no sinistro de Smolenski. Seja como for, o subdiretor do Banco, Piotr Wiesiolek, tomou as rédeas do cargo.
"Estou orgulhoso de como nação reagiu, é algo para se estar orgulhoso sim, mas também temos que ser responsáveis e prudentes", assinalou o ex-presidente Lech Walesa. "Temos que nos perguntar por qué ocorreu isto. Não se trata de discutir ou de colocar a culpa em alguém, mas sim de tirar conclusões, lições para o futuro", em declarações a televisão polaca.

Cracóvia, o sino da Pátria tocou


No sábado ainda, antes da Missa na Catedral do Castelo Real de Wawel, em Cracóvia, o sino de Zigmund tocou suas pesadas baladas de 10 toneladas, derramando as "Lágrimas da Pátria polaca" em homenagem às vítimas de Katyn Dois. Na Igreja Mariacka, no Rynek, praça central da cidade, o toque de clarim, tocou dois minutos e todos que por ali passavam e nas ruas das imediações pararam e ficaram estáticos em silêncio.
O sino de 10 toneladas, colocado há 4 séculos pelo Rei Zigmund toca sempre em ocasiões especiais da Pátria polaca. A última vez foi na morte do Papa João Paulo II.

Luto no Brasil pela Polônia

Foto: Jornal Zero Hora

A decretação de Luto por três dias, pelo presidente Luiz Inacio Lula da Silva, no Brasil pelos mortos no acidente de Smolenski, fez seguidores no Sul do país.
Uma bandeira da Polônia e uma fotografia do presidente Lech Kaczynski com a fita preta indicando luto foram levadas ao altar por crianças com trajes típicos polacos, em Áurea, no norte do Estado do Rio Grande do Sul.
A exemplo da igreja Santo Estanislau, em Curitiba, que reuniu em duas missas neste domingo, uma rezada em idioma polaco e outra em português, centenas de polacos e brasileiros descendentes de polacos, a homenagem póstuma, durante a missa das 19 horas, na Igreja Matriz, ainda no sábado, foi a forma da comunidade lamentar o acidente que vitimou o presidente da Polônia. Em Áurea, 94% da população é de origem polaca.
O padre Robert Jacenty Domina, que veio da Polônia e está desde 2005 no Brasil, fez a celebração em língua polaca, um costume da comunidade que preserva a cultura e costumes dos ascendentes.
"A comunidade ficou chocada, mesmo à distância eles prezam muito a terra dos seus antepassados", disse Domina. O prefeito de Áurea, também de origem polaca, Gilson Martovicz (PP) decretou luto oficial por três dias.
Em Centenário, outro município da região onde a colonização polaca é predominante, um jantar típico havia sido marcado para a noite de sábado, na "Festa do Pierogi". Durante o jantar, os organizadores também anunciaram no microfone a morte do presidente da Polônia e lamentaram a perda trágica para a nação.
Em Curitiba, durante toda a semana, o Consulado estará expondo livro de condolências para que os curitibanos possam assinar seus mensagens de pesar.


O mundo olha a Polônia

A imprensa do mundo inteiro saiu com seus jornais e revistas nas bancas ontem e hoje com manchetes e fotos na primeira página sobre a tragédia que se abateu sobre a Polônia.
No Brasil, a TV Globo, imediatamente enviou seu correspondente em Lisboa, Pedro Bassan para Varsóvia. Correta e boa pronúncia dos nomes e sobrenomes polacos por parte de Bassan, o que infelizmente não está sendo seguido pela RPC- Canal 12 de Curitiba, que insiste em ler os nomes como se fossem em português. Logo Curitiba que concentra o maior contingente da etnia em toda a América Latina com quase metade de sua população ligada as origens polacas.