Okocim - a minha cerveja polaca preferida A tradição de beber cerveja na Polônia é anterior à criação do reino Polaco em 966 d.C. O primeiro rei polaco, coroado em 1025, Bolesław – o Bravo, conhecido também pelos povos germânicos como "Tragbier", ou seja, portador de cerveja, costumava receber suas visitas estrangeiras oferecendo a cerveja polaca. A cerveja foi também a bebida preferida de Leszek Biały e depois de Władysław Jagiełło. O mais antigo documento polaco que menciona a existência de cervejarias na Polônia é de 1272. Por sua vez, Aeneas Silvius, cardeal e bispo de Warmia, em 1405 descrevia para o papa Pio II, que a cerveja era a bebida preferida dos polacos. O cronista Mikołaj Rej, o primeiro a publicar uma coleção de livros sobre piadas, escreveu estes versos a Jan Dantyszek, em forma de versos uma apologia das vantagens da cerveja:
"Niechaj ten o winie śpiewa
Kto nie zaznał między nami
Napoju nad napojami
Przymiotów piwa"
Tradução livre:
“Que este sobre o vinho cante
Quem não experimentou entre nós
Drinque após drinques
Os atributos da cerveja"
Já no início do século 13 (anos 1200), o rei polaco já regulamentava a produção da cerveja em todo o reino, muito antes dos demais países europeus. Pois já existiam nessa época cervejarias na região da Wielkopolska (Grande Polônia), em Węgrów e Kościan, além de Gdańsk na Pomerânia. Em 1378 , cervejeiros protestavam contra a introdução de cervejarias em Varsóvia, alegando que perderiam importante mercado consumidor. Nessa época Cracóvia ainda era a capital do reino.
Belgas e alemães se ufanam de terem sido os primeiros a colocar o lúpulo nesta bebida fermentada que já era conhecida desde 4.000 a.C. pelos sumérios, egípcios e mesopotâmios. Poisa cerveja como conhecemos hoje deve ter a adição de lúpulo, senão não é cerveja, sendo apenas uma bebericagem de cereais fermentados. Os saxões alegam a primazia, baseando-se na existência de um documento que registra o uso do lúpulo na cerveja, em 1067, pela Abadessa Hildegarda de Bingen, onde esta diz: "Se alguém pretender fazer cerveja da aveia, deve prepará-la com lúpulo."
Mas muito antes disso, os mestres cervejeiros polacos já adicionavam lúpulo, substância que tornava as cervejas mais frescas devido à sua acidez natural e que, por outro lado, as ajudava a conservar. Os polacos ao dosarem a quantidade de malte e lúpulo, passaram a produzir uma cerveja com pouco álcool para consumo diário e uma cerveja mais pesada e alcoólica para ocasiões festivas.
Pesquisadores polacos divergem de suíços e alemães que alegam que os monastérios mais antigos que iniciaram a produção de cerveja foram os de St. Gallen, na Suíça, e os alemães Weihenstephan e St. Emmeran. Segundo os saxões, os beneditinos de Weihenstephan foram os primeiros a receber, oficialmente, a autorização profissional para fabricação e venda da cerveja, em 1040 d.C. Assim, alegam que a cervejaria mais antiga do mundo ainda em funcionamento é hoje conhecida, principalmente, como o Centro de Ensino da Tecnologia de Cervejaria da Universidade Técnica de Munique. Para os polacos, tal autorização não configura anterioridade na fabricação da cerveja usando os ingredientes básicos como água, malte, levedo, cevada e lúpulo. Pois os que fabricavam esta bebida fermentada não era cerveja, já que não tinha a adição do lúpulo, substância, que garantem os polacos foi introduzida primeiramente na Polônia, contrapondo assim tanto suíços, alemães e belgas que clamam para si o privilégio de serem os primeiros a produzir a cerveja tal qual conhecemos hoje.
Consumo
Quanto a República Tcheca, saudada não só pelo seu alto consumo, (consumo de cerveja per capita de 160,5 litros por ano, é 50,6 litros a mais do que na Alemanha e mais do que três vezes ao consumo do Brasil), mas também por possuir a melhor cerveja do mundo, a Pilsner Urquell, teve o primeiro ato real de proteção a produção de cerveja apenas em 1295, quando o rei Venceslau II garantiu à Pilsen Bohemia direitos de produção de um tipo específico de cerveja. Por sua vez, na Alemanha, o primeiro decreto real que se tem notícia é o do Duque Wilhelm IV da Baviera que criou em 1516 o preceito da pureza, ou Reinheitsgebot, que rapidamente foi aderido cervejeiros bávaros. De acordo com preceito real os únicos ingredientes permitidos para fabricar cervejas eram "Wasser (água), Hopfen (lúpulo) und (e) (Gersten-)Malz (cevada-malte)". O acordo foi lei até 1988.
Apesar do Brasil adorar uma “loira gelada” o consumo de cerveja no país não se compara aos países europeus. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja - SINDICERV – o brasileiro consome apenas 49 litros de cerveja por habitante ao ano. A Polônia que está no ranking mundial em 17° lugar bebe quase o dobro do Brasil com seus 74 litros por habitante por ano. Em termons de consumo percapita ninguém supera tchecos e os irlandeses. Veja o gráfico dos maiores beberrões:
Os 74 litros que cada polaco bebe por ano têm variados sabores. Quem já veio a Polônia sabe e jamais esquece da
Okocim, Lech, Tyskie, EB, Tatras, Warka, Żywiec, Żubr, 10.5, Bosman, Brok, Dojlidy, Głubczyce, Jabłonowo, Kiper, Kmicic, Konstancie, Kormoran, Krajan, Krotoszyn, Królewskie, Kujawiak, Lubelskie, LwówekŚląski, Łódzkie, Namysłów, Piast, Regina, Relakspol, Sierpc, Spiż, Strzelec, Van Pur, Zabrze e da Zwierzyniec.P.S. Enquanto a maioria dos países que consomem cerveja têm no vinho um excelente companhieor, na Polônia, os polacos só contam com a vodca, essa sim a bebida de maior consumo. Definitavemnte, não se pode dizer que o vinho faça parte da preferência polaca. A produção vinícola praticamente não existe e só agora com a entrada na União Européia é que começaram a abrir as Winiarnia - lojas de vendas de vinhos. Mesmo assim só dá para comprar vinho barato procedentes da Hungria, Bulgária e Moldávia. Franceses, alemães, italianos, espanhóis e portugueses são simplesmente proibitivos.