quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cancelados concertos de Preisner no Brasil

O Consulado Geral da Polônia em Curitiba informou que os concertos que o compositor polaco faria em São Paulo, Brasília e Curitiba foram cancelados.
O cancelamento dos concertos seriam motivados por desentendimentos entre Zbigniew Preisner e Groska Productions, empresa de São Paulo, que traria o maestro polaco ao Brasil.
Segundo a Cônsul Dorota Barys do Consulado em Curitiba, o embaixador polaco Jacek Junosza Kisielewski tentou negociar com Zbigniew Preisner, mas não foi possível sua vinda.
Não foi apresentada oficialmente nenhuma explicação para o cancelamento. Os concertos do compositor hollywoodiano seriam para comemorar a presidência da União Europeia.
Pelo sistema rotativo de exercício da presidência da UE, desde primeiro de julho de 2011, a Polônia assume a presidência do Conselho da União Europeia. É a primeira vez que a Polônia assume o posto. Durante seis meses o presidente polaco Bronisław Komorowski coordenará os trabalhos do Conselho que tem ainda como membros o Reino da Dinamarca e a República de Chipre. O exercício da presidência é uma consequência natural da integração da Polônia à União Europeia no ano de 2004, e uma obrigação que resulta do status de país-membro.
Outro polaco, o professor polaco Jerzy Buzek, é desde 14 de julho de 2009, o presidente da outra instância de poder da UE, o Parlamento Europeu. Buzek fica no cargo por 30 meses.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Encontro de ex-moradores do Dom Piast

Nesta foto: Bartek Ramdowar, Bassam Fahed, Erdosi-Szucs Maria, Nicolas Obeid, Halina Vergara, Paul Ryzak, Marek Salem Tawakol, Peter Horoszewicz, Hassan Al-Mousfi, Marcin Al-Mousfi (fotos), Fadi Chammas.


Refeitório do Akademiko Dom Piast

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O envolvimento com a "questão polaca"



De como cheguei ao tema Saga dos Polacos
Tinha comprado meu primeiro computador nos Estados Unidos, durante a Copa do Mundo de Futebol. Voltei da final de Los Angeles e logo inscrevi-me no primeiro servidor de Internet de Curitiba, o Kanopus. Logo em seguida fiz minha primeira homepage. Era 1994 e já tinha na rede uma página sobre trânsito.
Eram poucos os acessos à página, pois o Brasil ainda não sabia o que era Internet. Os anos se passaram e em 1998, aquela página sobre Segurança no Trânsito recebeu da Agência Estado o reconhecimento de o “Site da Semana”. Não houve premiação e nem troféu, ficou apenas registrado no site da agência noticiosa.
Um professor da USP vendo o “Site da Semana” e o sobrenome do autor entrou em contato comigo, dizendo que estava preparando uma tese sobre imigrações no Brasil. Como o autor era de Curitiba e tinha um sobrenome polaco ele disse que me procurou em busca de material sobre a imigração polaca, pois já tinha bastante material sobre italianos, alemães e japoneses, mas não havia encontrado referências sobre a presença polaca no Brasil.
Perguntou-me se tinha alguma coisa e solicitou-me material. Respondi-lhe que o pouco que tinha era resultado de alguns recortes de jornais de matérias próprias sobre a história da Polônia e Lech Walesa, além de cópias de dois programas “Polska” (de uma série semanal de seis meses que eu havia produzido para a Televisão Educativa do Paraná). Disse ao professor paulista que se ele quisesse, disponibilizaria cópias dos recortes e das fitas de vídeo e lhe enviaria.
Foi quando ele perguntou se tinha sido eu mesmo quem havia confeccionado a homepage de trânsito. Respondi que sim. Então o professor propôs que eu fizesse o mesmo com o material sobre a Polônia. No momento, respondi que o assunto não fazia parte de minhas prioridades, mas que registraria a sugestão. Estava nascendo ali, sem eu pudesse prever o alcance que teria o projeto “Saga dos Polacos”. Isso era maio de 1998. Passadas algumas semanas da conversa, reuni o material, fruto de coletas esparsas em bibliotecas, revistas e alguma coisa cedida pelo Consulado Geral da Polônia e comecei a digitar tudo aquilo no computador.
Uma das séries de reportagens publicadas por mim no Jornal do Estado (Curitiba) tinha o título, “Polaco, um povo sofrido”. Enquanto dava formas a homepage, pensava não seria o caso de repetir o título já utilizado na série do jornal. Aliás, a série de nove páginas inteiras fez bastante sucesso. A Biblioteca Pública do Paraná, a Secretaria Estadual de Cultura e a Câmara Municipal enviaram cartas de congratulações à direção do Jornal. Mas isso tinha sido em 1987, há mais de dez anos. Depois disso, o mesmo material serviu de base na produção dos programas de TV, o “Polska”, em 1992. Outras referências bibliográficas usadas então foram “História Geral da Polônia”, editado em idioma espanhol e cedido pelo Consulado; e o Boletim “Quem é o Polonês”, de autoria do médico e historiador Edwino Tempski.
Saga
Sempre interessado pela etimologia das palavras, descobri que a palavra “Saga” era de origem norueguesa e praticamente escrita com a mesma grafia e pronúncia em vários idiomas e que seu significado era: “viagem intrépida de muitos acontecimentos”.
Mas não era isso mesmo, o que haviam feito os imigrantes? Uma viagem de muitos acontecimentos? O título da homepage surgiu naturalmente, ou seja, “Saga dos Polacos”.
Concluído o trabalho de digitação, coloquei no ciberespaço o site Saga dos Polacos e… Surpresa! A quantidade de acessos imediatamente superou a outra página existente sobre segurança no trânsito, que naquele momento completava quatro anos. Numa primeira parcial, os números comparativos de acessos às duas páginas demonstrava o sucesso do tema étnico: Trânsito: 05 acessos por mês. Polacos: 50 acessos por dia.
Além disso, passei a receber uma média de 10 e-mails por dia solicitando mais informações. Estava criado um dilema: como responder a tantas inquietações se eu mesmo não tinha as respostas e tampouco tinha material disponível em português para responder?
Comecei novamente buscas por Consulado, Bibliotecas, Instituto Histórico, Círculo Bandeirantes, sociedades polacas e muita, muita pesquisa em sites polacos, franceses, ingleses, alemães e Norte-americanos. Tratei de traduzir todas estas informações com a ajuda apenas de dicionários bilíngues. Quanto aos e-mails, tentava responder ou encaminhar os solicitantes. Todas estas mensagens foram sendo arquivadas e não eram de imediato, publicadas na homepage. Ao longo de um ano havia sido coletado tanto material que já não tinha como mantê-lo no Hard Disk. Passei então a gravar em CD. Dei-me conta que este processo de responder as inquietações era na verdade uma pesquisa de opinião pública.
Se um especialista em marketing gasta dinheiro e horas analisando o comportamento do mercado consumidor antes de lançar um novo produto, este processo de responder às perguntas dos internautas era a mesma coisa. Com a diferença de que, de certa forma, era gratuito e barato, portanto. Podia assim, balizar todo o projeto em função desta pesquisa de opinião espontânea.
Entre centenas de mensagens recebidas neste período apenas uma, de um professor de Porto Alegre, que tomando a liberdade, elogiou bastante o conteúdo da homepage, mas que não podia deixar de qualificar o autor de estúpido e ignorante, pois ele não admitia que partisse de um descendente a iniciativa de cunhar a palavra “polaco”, tantas vezes nos textos.
A mensagem foi mostrada ao Cônsul Geral da Polônia que argumentou que a insistência no uso da palavra polaco iria criar uma série de problemas para mim. O que deveria servir de censura, ao contrário, serviu de estímulo. Orientei-me minhas pesquisas no sentido de saber porque a comunidade polonesa no Brasil esconjurava o termo polaco. A quem perguntasse, a resposta era sempre a mesma: “é pejorativo”. Mas ninguém sabia explicar o porquê.
Começava a se delinear assim, um grande projeto. Ousar é a palavra que melhor qualifica a ideia de se fazer um filme longa-metragem na linha das grandes epopeias.
Entusiasmado em transformar o tema num projeto de cinema, comecei a escrever um roteiro cinematográfico. Ambientado em seu início na Polônia de 1910. Período em que meu bisavô provavelmente decidiu emigrar para o Brasil. Meu bisavô, aos 31 anos, era casado e pai de dois casais de filhos. Mas se eu não conhecia perfeitamente a história do bisavô e da Polônia como contá-la num filme?
Conversando com amigos, fui convencido a abandonar o longa-metragem e colocar meus esforços num curta-metragem documental. Sem enredo e personagens, além de mais barato e minha experiência nessa área teria maior possibilidade de êxito. O longa-metragem era justamente isso: um sonho. Mas o projeto sofreria novas interferências. Outras pessoas propuseram deixar de lado o projeto cinematográfico e partir para o literário. Por que não escrever um livro? E foi assim que surgiu o livro “Saga dos Polacos – a Polônia e seus emigrantes no Brasil”


O livro “Saga dos Polacos”
Destinado inicialmente a brasileiros descendentes de imigrantes polacos. Principalmente descendentes de segunda a sétima geração que não dominam o idioma polaco.
Nos grandes centros como Curitiba e Porto Alegre, a colônia de imigrantes polacos perdeu muito de sua identidade. Estas pessoas se diferenciam apenas porque trazem um sobrenome complicado aos ouvidos brasileiros e possuem cabelos geralmente loiros.
As tradições, costumes, culinária, música se perderam pela miscigenação e identificação com a terra em que nasceram. Corroborando com isto, a Lei de Nacionalização do Presidente Getúlio Vargas, no final dos anos 30, contribuiu bastante para este afastamento, chegando até mesmo a atemorizar os imigrantes. Os mais velhos passaram a proibir seus filhos e netos a conversar no idioma polaco até em casa.
A Segunda Guerra Mundial, o período comunista na Polônia e o período da ditadura militar no Brasil foram outros componentes importantes nesse afastamento das origens e que deixou grande parte dos descendentes impedida de contato com a Polônia.
O sistema educacional nesse período procurava se orientar no sentido de valorizar a cidadania brasileira e despertar o sentimento patriótico de cada um. Durante o regime militar brasileiro isto foi ainda mais acentuado. Slogans como “Ame-o ou deixe-o” e canções como “Eu te amo meu Brasil” completavam a política de distanciamento. Os livros didáticos, as bibliotecas, os jornais pouco falavam, registravam e arquivavam sobre assuntos relacionados à Polônia.
Por outro lado, durante este período de pouco mais de 40 anos os descendentes das demais imigrações como a italiana, portuguesa, alemã, espanhola e francesa, em maior, ou menor grau sempre tiveram contato com a pátria mãe.
A colônia italiana, por exemplo, a maior do Brasil, sempre manteve um intercâmbio bastante grande com a Itália. Não havia impedimento nenhum para que brasileiros visitassem a Itália e italianos viessem ao Brasil. Em todos os campos houve um permanente relacionamento. Atores, cantores e diretores do mundo artístico, além de historiados, políticos e empresários divulgaram sua arte, seus pensamentos, seus negócios tanto no Brasil quanto na Itália. Muito foi escrito sobre a cultura e a história italiana no Brasil. Peças teatrais, filmes, músicas, novelas de televisão foram produzidas sobre a Itália e seus imigrantes no Brasil. Parece até que o Brasil foi colonizado só por italianos. Diferentemente de uma grande parcela dos descendentes dos imigrantes da Polônia. Os laços que unem os dois países foram quase que cortados no período entre as décadas de 40 e 80. Muitas cartas não chegaram a seus destinos.
Não fosse pelo trabalho de alguns poucos poderia se afirmar que os laços entre os que ficaram na Polônia e os que partiram para o Brasil foram completamente extintos. Tanto os estudiosos da imigração polaca no Brasil, quanto os da Polônia nunca conseguiram chegar à grande parcela da comunidade. Seus trabalhos invariavelmente bastante localizados e pontuais não transpunham as portas das universidades e ficaram restritos a um pequeno grupo de iluminados. Estes, por sua vez, procuraram tirar vantagem do parco conhecimento e buscaram estabelecer contato com as autoridades da Polônia.
Os mais de três milhões (número impreciso) de pessoas de origem polaca no Brasil com a redemocratização dos dois países no final da década de 80 de repente se viram polacos num outro país. A sede de informações, principalmente, quase os frustra. Na fosse pela Internet dos anos 90 até agora, muito pouco se teria avançado no intercâmbio de informações. Apesar da infinidade de homepages na rede mundial de computadores, os polacos do Brasil ainda não conseguem se informar sobre as coisas da Polônia, pois lhes falta o básico: a compreensão do idioma de seus bisavôs.
Conteúdo do Livro
A história milenar e atual da Polônia. Tradições, crendices, religião, música, danças, trajes, receitas de culinária e tradução de nomes e sobrenomes. As causas da imigração. Os primeiros polacos no Brasil. Cursos de idioma polaco em Curitiba e Polônia. Endereços de cartórios e arquivos na Polônia.
Segundo estudiosos, como W. Surowiecki, a Polônia, como território e povo existe há mais de três mil anos. Os polacos são descendentes da cultura luzaciana que se sobressaiu entre 1400 a 1200 a.C.
O livro de Iarochinski, “Saga dos Polacos”, revela o sofrimento, as frustrações e a identidade de um povo que soube se manter fiel à língua, credo e sentimento de nacionalidade, mesmo sob as atrocidades de invasores germânicos, suecos e russos. Sofrimento que os acompanhou em terras brasileiras, onde falando uma língua estranha foram motivo de discriminações e agressões. Provocando a irritação dos próprios descendentes contra o adequado termo polaco. Por isto, muitos destes preferem o galicismo “polonês”.
Um povo que se moldou na esperança e em vários momentos da história mundial deu sua contribuição para as mudanças, evolução, desenvolvimento e sucesso da humanidade.



O livro "Polaco - Identidade cultural do brasileiro descendente de imigrantes da Polônia"
Polêmica centenária explicada finalmente num livro de fácil leitura, sem deixar de ser científica. POLACO traz em detalhes linguísticos, sociológicos, culturais e antropológicos porque o Brasil deixou de falar “Polaco” para incorporar o galicismo termo “Polonês”.
O professor de história Rui Wachowicz contava que na década de 20, em Curitiba, realizou-se um encontro no recêm inaugurado Consulado da Polônia.
Incomodados com a degradação que o termo “polaco”, tinha sofrido naquelas décadas, os presentes no coquetel, aceitaram a sugestão do embaixador francês no sentido de trocar a palavra “polaco” para a afrancesada “polonês”. A razão para que aquela comunidade se envergonhasse do termo era sem sentido, isto porque, a causa de “polaco” se ter tornado pejorativo não tinha relação com a etnia polaca, mas sim com prostitutas judias que eram leiloadas por seus maridos judeus no largo da Carioca, no Rio de Janeiro, no fim do século 19.
Se há uma palavra que deveria ser pejorativa então, seria judeu e não polaco. Mas aquela elite da comunidade polaca do Estado do Paraná não queria ser confundida com “filhos de uma polaca”, ou melhor, de uma “puta judia”.
Assim, o Brasil passou a ser o único país lusófono a adotar o galicista termo “Polonês”. A palavra “Polaco”, a partir de então, passou a ser sinônimo de agressão para os ditos “Poloneses”.
Incomodado com as respostas evasivas de, “ora é pejorativo e pronto”, o autor deste livro, buscou as origens do preconceito contra a correta adoção em língua portuguesa da tradução de Polak para “Polaco”.
O resultado foi nota máxima na defesa da dissertação no mestrado de Cultura Internacional, na Faculdade de Estudos Internacionais e Políticos da Universidade Iaguielônica de Cracóvia, na Polônia.
Quem é?
Ulisses Iarochinski, é natural de Harmonia - Monte Alegre, então município de Tibagi, (atualmente Telêmaco Borba), no Paraná, tem raízes em Minas Gerais e na Polônia. Neto do imigrante Polaco Boleslaw Jarosinski, que chegou ao Brasil em 1911, procedente de Wojcieszków, na voivoda Lubelska, junto com seus pais Piotr e Anna e os irmãos Józef, Wiktoria e Marianna, o autor deste livro costuma dizer que é “polaqueiro”, ou seja, paranaense, metade polaco, metade mineiro.
Jornalista e ator já atuou nas duas áreas. Como ator trabalhou em 31 peças teatrais e cinco filmes. Como jornalista trabalhou em rádio, TV, jornal, revista e Internet. Além da experiência como correspondente internacional, cobrindo desde Cracóvia, a morte e enterro do Papa João Paulo II, as visitas do Papa Bento XVI na Alemanha e na Polônia,
a Copa do Mundo da Alemanha, para o jornal o “Estado de SPaulo” e para a “TV Bandeirantes”, teve passagem ainda pela “Rádio Nederland”, como chefe da Seção Brasileira daquela emissora internacional, na Holanda. Na cobertura internacional esteve nas Copas da França, Estados Unidos, Itália e na Copa Mundial de Voleibol, realizada em 2007, na Katowice.
Na Polônia, desde 2002, onde fez dois cursos de idioma polaco e a defesa da dissertação de mestrado em Cultura Internacional, pela Universidade Jagiellonski de Cracóvia, está para defender, na mesma universidade sua tese de Doutoramento
em história sobre a colônia Cruz Machado.
Antes de ir a Polônia estudar, lançou o livro “Saga dos Polacos”, em 27 cidades brasileiras, onde a presença da etnia polaca é bastante significativa.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Aventura e idealismo de um polaco no Brasil



Bruno Bronislaw Lechowski (1887 – 1941) era um aquarelista, pintor e desenhista polaco, que passou um período de sua vida no Paraná e nos 16 anos em que viveu no Brasil deixou sua influência na base da pintura moderna brasileira. Nasceu na Polônia e morreu no Rio de Janeiro.

Bruno Lechowski chegou ao Brasil no dia 04 de setembro de 1925, no Rio de Janeiro. A motivação para a viagem foi uma aposta com os amigos: “percorrer todos os continentes como andarilho, num prazo de três anos, comunicando-se apenas através do idioma polaco, sem aceitar qualquer auxílio em dinheiro e viver apenas do resultado de sua arte”. O prêmio para o desafio correspondia a 300 mil zloty que, previamente, Lechowski destinou para a construção da primeira sede da Casa Internacional do Artista, em Varsóvia.

Impulsionado por esse projeto, a proposta previa a instalação de sedes semelhantes no maior número possível de países. Foi a forma que expressou seu ideal de liberdade e democratização da arte. A viagem foi preparada entre 1922 e 1924, iniciando sua turnê em 1925 pelo interior da Polônia e, em seguida, por diversos países europeus.

No caminho, expunha seus trabalhos em parques e praças públicas.“Eu produzo como uma força virgem da natureza e tudo o que produzo pertence a todos ..”, afirmava Lecowski. Foi a última vez que os trabalhos de Lechowski foram vistos na Europa, há 80 anos.

Carismático e de forte caráter humanista, sua passagem pelo Paraná foi marcada pela intensa troca com a nova geração de artistas e intelectuais, entre 1926 e 1927. A concentração de grande número de imigrantes polacos no Paraná foi o que o atraiu para o Sul do país. Após sua passagem pelo Estado, há uma importante fase de sua vida em São Paulo, onde viveu a agitação provocada pelo movimento modernista brasileiro, antes de retornar para o Rio.

Desde que chegou ao Brasil, o também jovem artista sempre foi presente como um pensador engajado ao meio artístico e social. No Rio, foi um dos principais criadores e orientadores do curso livre da Escola Nacional de Belas Artes, no então Núcleo Bernardelli, em 1931. Foi no Núcleo Bernardelli que Lechowski transmitiu seus conhecimentos e ideais a outros jovens pintores brasileiros da década de 30, como José Pancetti. Lechowski faleceu no Rio em 1941.

Nos três Estados, suas atuações foram intercaladas por sucessivas e comentadas exposições. Apontado como um “ardoroso trabalhador”, para produzir suas obras, Lechowski manteve, em todos os lugares, a inesgotável criatividade na pesquisa de novos pigmentos naturais, nas combinações cromáticas, na paciente observação das luzes e das cores tropicais e nos movimentos dos corpos celestes. “O pintor é um músico da cor e um poeta da linha.”

P.S. O que restou das obras do polaco Lechowski fazem parte do acervo permanente do Museu Oscar Niemayer, em Curitiba.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Zbigniew Preisner se apresenta pela primeira vez no Brasil


O polaco hollywoodiano será acompanhado de coros brasileiros adulto e infantil e de solistas polacos e brasileiros em programa que inclui composições criadas para trilhas sonoras de filmes mundialmente cultuados.
Zbigniew Preisner estará no Brasil de 26 de julho a 9 de agosto para uma série de três apresentações com orquestras brasileiras acompanhado pela soprano polaca Elzbieta Towarnicka e pelo pianista polaco Konrad Mastylo.
Os concertos, com a duração de 1h15min, acontecerão em São Paulo no dia 29 de julho no SESC Pinheiros, em Brasília no dia 9 de agosto no Teatro Nacional e, em Curitiba, no Teatro Guaíra no dia 4 de agosto, com a Orquestra Sinfônica do Paraná e o Coral Champagnat da PUC - Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Integram o programa trilhas sonoras compostas por Preisner para filmes de diretores como Krzysztof Kieślowski, Hector Babenco, Louis Malle e Agnieszka Holland, mundialmente consagrados. Não só por isto, mas Zbigniew Preisner é um dos principais compositores de música para cinema no mundo e é considerado um dos mais marcantes de sua geração. Preisner estudou história e filosofia em Cracóvia. Como não teve instrução formal em música, mas aprendeu sozinho, ouvindo e transcrevendo partes de gravações em vinil.




Durante os últimos doze anos compôs músicas e inúmeras trilhas sonoras para longa-metragens internacionais, entre eles: "Brincando nos Campos do Senhor" e "Coração Iluminado", dirigidos por Hector Babenco e "Perdas e Danos" dirigido por Louis Malle; a convite de Francis Ford Coppola criou a trilha sonora do filme "O Jardim Secreto" da cineasta polaca Agnieszka Holland.
Trabalhou em conjunto com o diretor Krzysztof Kieślowski em filmes como: a série "Decálogo", "A dupla vida de Verônica" e na trilogia das cores - "A liberdade é azul", "A igualdade é branca" e "A fraternidade é vermelha".
Entre os muitos prêmios e indicações que Preisner recebeu em sua carreira, destacam-se o "Urso de Prata" do Festival de Berlim, por "The Island on Bird Street". O "Cesar" da Academia Francesa de Filmes, ele recebeu duas vezes, a primeira em 1995, por "A fraternidade é vermelha" e, em 1996, por seu trabalho em "Élisa" de Jean Becker. Além de indicações por "Decálogo" e "A Dupla Vida de Verônica" de Kieślowski e mais duas indicações ao "Globo de Ouro" por "Brincando nos Campos do Senhor" e "A Liberdade é Azul".
A trilha de alguns desses filmes de Kieslowski é creditada a um certo “compositor flamengo do século 18”, Van den Budenmayer. Na verdade, toda música composta no contexto do filme é de autoria dele. Por exemplo, em Trois couleurs: "Bleu" (“A liberdade é azul”, no Brasil), a “Canção pela unificação da Europa”, de Preisner, seria supostamente de um dos personagens.
Em 1998, estreou "Requiem for My Friend", seu primeiro trabalho em larga escala sem vinculação com o cinema. A intenção era compor uma narrativa a ser escrita por Krzysztof Piesiewicz e dirigida por Kieślowski, mas a morte deste o fez transformar o trabalho em um tributo. Originalmente lançado pela Erato Disques (Warner Classics), em outubro de 1998, o trabalho recebeu a sua estreia mundial no Teatr Wielki de Varsóvia, em 1 de outubro de 1998. O álbum foi recentemente relançado em CD e vinil pela Sony Polônia. Outro de seus trabalhos fora do cinema é "Silence, Night and Dreams", composto para orquestra, coro e solistas, com base em textos do livro de Job. A gravação apresenta a voz de Teresa Salgueiro (do grupo português Madredeus) e foi lançado mundialmente pela EMI Classics em 2007. A estréia mundial da obra ocorreu em 04 de setembro de 2007 no Teatro Herodion na Acrópole, em Atenas. Sua obra registra também lançamentos de CD´s como "10 peças fáceis para piano", "Moje Koledy", "Vozes de Preisner" e "Danse Macabre".
Em 2005, Preisner recebeu encomenda de David Gilmour para organizar nove canções em seu álbum "On An Island" para uma orquestra de cordas com 40 instrumentos. O álbum foi lançado mundialmente, em 2006, e Preisner conduziu a seção de cordas da Orquestra Filarmônica Báltico Polaco, no último concerto em turnê de Gilmour de 2006, nos estaleiros de Gdansk, na Polônia. A gravação ao vivo e filmes foram feitos do evento e versões destes foram lançados em vários formatos e embalagens, sob o título "Live In Gdansk".
Preisner grava e mixa todas suas composições em seu próprio estúdio em Niepolomice (20 km de Cracóvia), na Polônia. Entre suas produções mais recentes estão "Earthshine", o segundo álbum post-rock da "Tides From Nebula" e dois álbuns para o pianista de jazz Leszek Mozdzer, "Time" e "Between Us And The Light".
O estilo de Preisner é basicamente romântico, reconhecidamente influenciado por Jean Sibelius.
Por três anos consecutivos, Preisner foi indicado como o mais excepcional compositor de música para cinema do ano, pelos membros do Los Angeles Critics Association Awards.
A vinda do compositor ao Brasil marca também o início da Presidência da Polônia, no Conselho da União Europeia. Para celebrar essa data o Consulado Geral da República da Polônia de Curitiba e Urszula Groska Produções, com o apoio da Embaixada da República da Polônia no Brasil, da Secretaria da Cultura do Estado do Paraná e do Consulado Geral da República da Polônia em São Paulo trazem pela primeira vez ao Brasil o compositor e maestro polaco Zbigniew Preisner.

Mais informações em seu site: www.preisner.com

Programa
Parte 1 – Dekalog (Decálogo)
1. Decálogo I
2. Decálogo V
3. Decálogo VI
4. Decálogo VIII
5. Nymph

Parte II - O Mundo do cinema
6. Cascade (A Cascata)
7. Homecoming (De volta ao lar)
8. Conte d´ Amour (Conto de Amor)
9. People's Century (O século do povo)
10. Damage (Perdas e Danos)
11. Dawn (Aurora)

Parte III - A Dupla Vida de Véronique e A Trilogia das Cores
12. Marionnettes (Da Vida das Marionetes)
13. The Double Life Of Veronika (A Dupla Vida de Veronica)
14. Bolero
15. Tango
16. Song for the Unification of Europe (Canção para a Unificação da Europa)
17 .Lacrimosa
18. Eminent Domain (Domínio eminente)
19. Labyrynt (Labirinto)

SERVIÇO:

ZBIGNIEW PREISNER, CORO E ORQUESTRA no Teatro Guaíra de Curitiba
Comemoração da Presidência da Polônia no Conselho da União Européia
Solistas: Elzbieta Towarnicka (soprano), Konrad Mastylo (piano)

Dia 4 de agosto, Quarta-feira, às 20h
Teatro Guaíra, Auditório Bento Munhoz da Rocha Netto (Guairão)
Rua Praça Santos Andrade
Classificação indicativa: 7 anos
Ingressos: R$ 20,00 (50% de desconto com Cartão Teatro Guaira)
Duração: 75 minutos
Lotação: 2100
Telefone para informações: (41) 3304-7982

O funcionamento da bilheteria do Teatro Guaíra é de Segunda à Sábado., das 12h00 às 21h00 . Aceitam-se (confirmar) cheque, cartões de crédito (Visa, Mastercard, Diners Club International e American Express) e débito (Visa Electron, Mastercard Electronic, Maestro).

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Canções tradicionais polacas


São numerosas as canções polacas. A obra de Oskar Kolberg apresenta diversos volumes relatando a história da canção polaca. Mas elas podem ser agrupadas em canções familiares e comemorativas. Algumas das antigas canções tinham um tom satírico como a que se refere a Maciek (Mátcheq) : " Morreu Maciek, morreu - Está deitado sobre a tábua - se lhe tocassem algo - ainda dançaria."
O tema é vasto, mas pode se resumir que as canções comemorativas são bastante antigas, as canções religiosas surgiram na idade média e canções eróticas do século XVIII.
Frederyk Chopin talvez tenha sido o maior representante de uma música que possui características específicas de melodia e ritmo que a distingue das demais européias. Tal como no temperamento eslavo polaco, a música possui acentuados contrastes com tendência para a meditação e a melancolia, mudanças bruscas do estado espiritual para a alegria exuberante e comunicativa. Daí o porquê, após o Dur sobrevem o Moll e vice-versa, após o lacrimoso Andante, o repentino Alegro e até o Presto.
Kolberg em sua obra conclui que "o que se pode tornar a música polaca para o nosso cancioneiro nacional e como ela constitui um fator construtivo e de excepcional valia para a música artística, basta lembrar que Chopin, embora não utilizasse a melodia popular para a composição de seus poemas musicais, nela buscou os impulsos e as criou em consonância com o seu espírito.".
Oskar Kolberg
Etnógrafo, folclorista e compositor. Nasceu em 1814 e morreu em 1890.
Em 1873, tornou-se membro correspondente da Academia das Ciências, e depois foi nomeado presidente da seção da Comissão etnológica e antropológica da Academia. Em 1878, suas publicações foram expostas no Pavilhão Etnográfico Austríaco, quando recebeu uma medalha de bronze.

terça-feira, 12 de julho de 2011

As belas montanhas polacas



Fotos: divulgação Żywiec Zdrój
As fotos são das montanhas Beskidy... próximas a cidade de Żywiec, na Silésia. Terra da água mineral Żywiec Zdrój e da mais vendida cerveja do Sul da Polônia...Żywiec... e também do meu amigo Michał Severa.

Beskidy é o nome tradicional para uma série de cadeias de montanhas no leste da República Tcheca, Noroeste da Eslováquia, Sudoeste da Ucrânia e Sul da Polônia.
Beskidy tem aproximadamente 600 km de comprimento e 5 a 70 km de largura. Começam na Morávia, prosseguem em direção ao Norte para o encontro com as Montanhas Tatra e terminam na Ucrânia.
A fronteira oriental da Beskidy ainda é disputada: De acordo com fontes mais antigas, a fronteira final é a fonte do rio Tisza, enquanto as informações mais recentes dizem que ela fica na passagem Ushok na fronteira polaco-ucraniana. O pico mais alto da parte ocidental da Beskidy é a Góra (Montanha) Babia Hora localizado na fronteira polaco-eslovaca.
A origem do nome da montanha permanece um mistério. A origem mais antiga sugere o povo da Trácia ou da Ilíria. No entanto, até agora, nenhuma teoria tem apoio majoritário entre os lingüistas. A Beskidy atualmente é rica em florestas e carvão mineral. No passado, eram ricas em minério de ferro, com plantas importantes em Ostrava e Třinec.
Há muitas atrações turísticas ao longo da cadeia de montanhas, como históricas igrejas de madeira e os resorts de esqui.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Bisão polaco, patrimônio da humanidade


Fotos: Adam Wajrak
A Polônia é o último depositório do milenar bisão. Em duas reservas florestais eles sobrevivem sob proteção do Estado polaco.
Em todo mundo existem cerca de 3 mil bisões-europeus. O maior rebanho em área natural vive em um parque nacional da Polônia (na fronteira com Bielorrússia) e é composto por mais de 1.100 indivíduos. Os animais nascidos em todo mundo são registrados através de padrões internacionais, que ajudam a manter um banco de informações genéticas e a evitar cruzamentos consanguíneos.
Seguindo um protocolo para a espécie, com sede na Polônia, os nomes escolhidos para os bisões-europeus devem começar sempre com duas letras específicas para cada zoológico ou criadouro em qualquer lugar do mundo. Em Curitiba, por exemplo, todos os que nascem recebem obrigatoriamente nomes com as iniciais “TY”.
Uma fêmea da espécie nasceu no Zoológico de Curitiba e recebeu o nome de “Tyrina”; mais tarde uma fêmea e um macho foram batizados de Tyla e “Tytan”, respectivamente. Em 08/10/2005, esse casal teve o filhote “Tyranus”. Ele é o primeiro representante de uma geração totalmente curitibana de bisões, isto é, descendente de animais nascidos na cidade. “Os avós de Tyranus foram trazidos do Zoo de São Paulo (que tem a espécie em acervo desde 1968), mas seus pais e sua tia por parte de mãe – Tyrina, também vive no zoo de Curitiba e ainda não se reproduziu – nasceram na capital paranaense.”

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Terminal" polaco se repete em Guarulhos



Texto Folha: LAURA CAPRIGLIONE
Aeroporto de Guarulhos, desembarque internacional. Assim que saiu pelo portão e ganhou a rua, Robert Wladyslaw Parzelski, 44, em vez de pegar um táxi, como todo mundo, sentou-se em um banco frio de cimento. Foi lá que, protegido apenas por um cobertor fino, e tendo ao lado a mala de viagem, passou 15 dias _sozinho, sem ter para onde ir, como falar, com quem falar, sem poder voltar.
Cidadão polaco, Parzelski chegou ao Brasil no dia 17 de junho, voo 247 da British Airways. Veio de Londres. Monoglota na língua eslava, não conseguia se comunicar com ninguém no Brasil, a não ser por mímica.A quem lhe dirigia a palavra, acendia os olhos azulíssimos e balbuciava: "I'm Poland" -- algo como "Sou Polônia", em inglês.
O estrangeiro contou com a solidariedade do grupo de faxineiros do terminal aéreo. Conversando com Parzelski em português mesmo "Para ele ir se acostumando; vai que fica por aqui", Sandra Sueli, Edvaldo dos Santos Sousa e Francisca Rodrigues de Sousa levavam-lhe restos de comida (no almoço de quinta foi carne de panela), água, iogurte e cigarros.
No Posto de Atendimento Humanizado aos Migrantes, dentro do aeroporto, já chegara a notícia de que havia "um alemão" perdido por ali. Mas ninguém foi procurar. "Nossa atribuição é dar assistência a brasileiros e brasileiras inadmitidos ou deportados de outros países", explicou a coordenadora. Na Delegacia da Polícia Civil, o escrivão afirmou que não podia fazer nada: "Não há denúncia contra ele." 
No Consulado da Polônia em São Paulo, um assessor disse "desconhecer o problema". Na Infraero, que administra o aeroporto, ignorava-se a existência de Parzelski, apesar de seu aspecto miserável, a barba crescendo e ele dormindo ao relento nas noites frias deste início de inverno (na terça-feira, 28, aliás, os termômetros de Guarulhos registraram 3ºC às 6h).
Os funcionários da limpeza, porém, sem saber uma palavra de polaco, juntaram um monte de informações sobre o estrangeiro. Por exemplo, de como ele domesticava o frio. Duas garrafas vazias de vodca (uma custou R$ 36 e a outra, R$ 54) foram encontradas, escondidas, no canteiro atrás do banco de Parzelski. Outro canteiro, diga-se, fazia as vezes de WC. Banho não houve nenhum nos 15 dias de aeroporto. Nem troca de roupas.
Foi quando o jornal Folha de São Paulo pediu ao médico polaco Witold Broda, 70, há 47 anos no Brasil, que ajudasse a resolver o mistério do viajante perdido -- até aí, só se sabia que o nome do homem era Robert (a turma da faxina já apurara também essa informação). Foi às 21h de quinta (30) que Broda chegou ao aeroporto. Encontrou seu conterrâneo dormindo, mas engatou mesmo assim uma prosa em polaco. O homem acordou e até se iluminou num leve sorriso. Era a primeira vez, desde que saíra da Europa, que conversaria com alguém.
A Broda, ele mostrou o passaporte, cuidadosamente guardado em uma carteira de couro no bolso de trás da calça. Na foto do documento confeccionado há 5 anos, ele aparece com bigodão à la Stálin, os cabelos bem pretos, colarinho de camisa social --parece outra pessoa.
Está lá o carimbo da imigração brasileira, que deixou Parzelski entrar mesmo sem ter a passagem de volta, requisito básico para a admissão de turista em quase todos os países. Parzelski contou que era eletricista de automóveis em Cracóvia, na Polônia. Casado e pai de cinco filhos, foi para a Grã-Bretanha, arriscar um emprego na construção civil. Vivia apenas entre polacos como ele. Mas, colhido pela crise econômica européia, caiu no desemprego.
Foi quando um conterrâneo propôs a viagem ao Brasil. Parzelski disse que recebeu a passagem só de ida e a recomendação: que esperasse dois dias no aeroporto. O amigo viria encontrá-lo.
O plano era dar um passeio por São Paulo e voltar a Londres. Parzelski só teria de levar para a Europa dois aparelhos de telefone. "De telefone?", indagou o médico-tradutor. "Para quê?" Não obteve resposta. O amigo não apareceu e Parzelski, sozinho, ficou à deriva. Na sexta-feira à tarde, o consulado enviou um táxi para resgatar o náufrago do aeroporto. Na despedida, com a ajuda do Google Translator, a reportagem escreveu uma mensagem a Parzelski: "Jestesmy tu aby pomóc" ("Estamos aqui para ajudar"). Parzelski bateu no coração, juntou as mãos, como se rezasse, e foi-se com o taxista. Levaram-no para o consulado, em Perdizes (zona oeste de São Paulo).
Na representação consular polaca, um assessor disse que amanhã, o cônsul informará quais providências adotará no caso.

Polaco fica 15 dias morando em aeroporto de SP

domingo, 3 de julho de 2011

Nevou no verão polaco

Foto: Marek Podmokły
A neve voltou a cair na Polônia, em pleno verão europeu. Caiu mais de 8 cm de neve nas montanhas Tatras, ao Sul do país, acima de 1500 m acima do nível do mar.
Em Kasprowy, nesta manhã, o termômetro indicou meio grau.
Ontem a temperatura estava em 7 graus positivos em Zakopane. E Segundo o Observatorio Meteorológico, a temperatura máxima na região Podhale será de aproximadamente12 graus.
"A neve nas montanhas durante os meses de verão não são nada de especial. Em agosto de 1993, nesta mesma Kasprowy caiu 90 centímetros de neve.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Vivo, Miłosz completaria cem anos

Foto: Grzegorz Dąbrowski
 Czesław Miłosz (pronuncia-se Tchessuaf Miuóch), Prêmio Nobel de Literatura de 1980 estaria completando 100 anos de idade se estivesse vivo hoje, dia 30 de junho.
O que seria motivo de comemorações está se transformando em polêmica. Tudo porque, o poeta tinha nacionalidade Norte-americana e polaca. Mas nasceu, em 1911, na localidade de Szetejnie. Como se sabe este lugar atualmente está no território da Lituânia. Mas em 1911, era território da Polônia ocupada pelo Reino Russo. Para complicar, ele sempre escreveu em idioma polaco descrevendo o lugar que nasceu como sendo a Lituânia.
As comemorações deste centenário estão acontecendo na Califórnia (EUA) onde ele viveu a maior parte de sua vida e foi professor de literatura eslava na prestigiada Universidade de Berkeley, na Polônia, onde o presidente da República Bronisław Komorowski inaugura um Centro Internacional de Diálogo, em Krasnogruda, e na Fundação Família Miłosz, na Lituânia.
O nome do poeta em idioma lituano "Eeslovas Milošas" não existe, por exemplo, em nenhuma comunidade do Facebook. Isto para Ryszard Jankowski, diretor da União dos Polacos na Lituânia é um sinal de que o país praticamente ignora o ganhador do Prêmio Nobel. "Em 1992, o poeta esteve aqui. Eu corri para a escola gritando: "crianças vamos lá, esta aqui o mundialmente renomado poeta e vencedor do Prêmio Nobel. Eles olharam para mim e disseram: "Esse Polaco da América está aqui sim. Por que deveríamos estar curiosos de conhecê-lo?".
Hoje, no centésimo aniversário do dia do poeta, Milosz é mostrado como um construtor de pontes, uma pessoa que se encaixa na identidade da Polônia e da Lituânia. Contudo, os polacos residentes na Lituânia relatam que são perseguidos, depois que foi implantada uma nova lei da educação. Eles acreditam que isso enfraqueceu as escolas polacas. Por sua vez, a embaixadora da Lituânia, em Varsóvia, Loreta Zakarevicziene, disse em uma entrevista, que os polacos não são cidadãos leais na Lituânia.
"Pessoas como ele são os piores", afirma Antanas Karbaukis, estudente de história na Universidade de Wilno. "Ele era um lituano. Ele enfatizou isso muitas vezes. Mas ele escolheu o caminho mais fácil: ser polaco. Ele sequer tentou aprender lituano. Ele devia pensar que pelo polaco teria mais acesso à cultura ocidental. Eu posso entender estas escolhas, mas por favor não faça dele nosso herói!".
Para Biruta Jonuškaite, vicepresidente da União Lituana de Escritores, "Miłosz escreveu em polaco, e para a linguagem do escritor esta foi a chave. Mas aqui, em Szetejnie, onde ele cresceu, passou sua juventude estava a fonte de sua obra. Esses lugares são descritos no excelente O Vale Issa."
Segundo Alice Rybalko, poeta polaca nascida em Wilno, "Miłosz nunca sentiu-se na Polônia e na Lituânia. Na Califórnia, ele foi um estranho. O mundo que ele pertencia, o Multicultural Grão-Ducado da Lituânia e a República das Duas Nações deixaram de existir."

CAMPO DI FIORI

W Rzymie na Campo di Fiori
Kosze oliwek i cytryn,
Bruk opryskany winem
I odłamki kwiatów.
Różowe owoce morza
Sypią na stoły przekupnie,
Naręcza ciemnych winogron
Padają na puch brzoskwini.

Tu na tym właśnie placu Spalono Giordana Bruna.
Kat płomień stosu zażegnął
W kole ciekawej gawiedzi.
A ledwo płomień przygasnął,
Znów pełne były tawerny,
Kosze oliwek i cytryn
Nieśli przekupnie na głowach.

Wspomniałem Campo di Fiori
W Warszawie przy karuzeli,
W pogodny wieczór wiosenny,
Przy dźwiękach skocznej muzyki.
Salwy za murem getta
Głuszyła skoczna melodia
I wzlatywały pary
Wysoko w pogodne niebo.

Czasem wiatr z domów płonących
Przynosił czarne latawce,
Łapali płatki w powietrzu
Jadący na karuzeli.
Rozwiewał suknie dziewczynom
Ten wiatr od domów płonących,
Śmiały się tłumy wesołe
W czas pięknej warszawskiej niedzieli.

Morał ktoś może wyczyta,
Że lud warszawski czy rzymski
Handluje, bawi się, kocha
Mijając męczeńskie stosy.
Inny ktoś morał wyczyta
O rzeczy ludzkich mijaniu,
O zapomnieniu, co rośnie,
Nim jeszcze płomień przygasnął.

Ja jednak wtedy myślałem
O samotności ginących
O tym, że kiedy Giordano
Wstępował na rusztowanie,
Nie znalazł w ludzkim języku
Ani jednego wyrazu,
Aby nim ludzkość pożegnać,
Tę ludzkość, która zostaje.

Już biegli wychylać wino,
Sprzedawać białe rozgwiazdy,
Kosze oliwek i cytryn
Nieśli w wesołym gwarze.
I był już od nich odległy,
Jakby minęły wieki,
A oni chwilę czekali
Na jego odlot w pożarze.

I ci ginący, samotni,
Już zapomniani od świata,
Język ich stał się nam obcy
Jak język dawnej planety,
Aż wszystko będzie legendą
A wtedy po wielu latach
Na nowym Campo di Fiori
Bunt wznieci słowo poety.

Varsóvia, 1943

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Lech Wałęsa esteve internado no hospital


Durante as três últimas semanas, o ex-presidente Lech Wałęsa ficou internado num hospital de Gdańsk. O polaco mais famoso do mundo depois do Beato João Paulo II ficou doente devido uma pneumonia.
O lendário líder do Solidarność teve os cuidados dos médicos do Centro Clínico da Uniwersytet Gdańsk. Na verdade, ele sentia dores no estômago e febre alta, mas não foi confirmada a pneumonia.
Wałęsa há alguns anos tem problemas no coração. Em fevereiro de 2008, ele esteve internado na Clínica Methodist DeBakey Heart and Vascular Center, em Houston, no Texas quando foi diagnosticado a doença do coração. Também sofre de diabetes.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Imigrantes: Cartas de saudade e esperança

Cartas escritas por imigrantes polacos revelam saudade e esperança


Marielise Ferreira| marielise.ferreira@zerohora

QUERIDOS PAIS E AMADA ESPOSA”
Cartas escritas por imigrantes polacos revelam saudade e esperança

As letras correm desenhadas sobre o papel, expressando novidades, angústias, saudade. Enfrentando a distância e a separação da pátria mãe, imigrantes polacos que buscavam no Brasil uma nova vida, depositavam nas cartas aos seus familiares, a esperança de revê-los. Muitas delas jamais chegaram ao destino, interceptadas pelo governo russo, que tomara a Polônia no final do século.
No museu João Modtkowski, em Áurea, no norte do Estado, onde mais de 90% da população descende de polacos, as cartas fazem parte do acervo que conta a história dos imigrantes, junto a objetos utilizados nas colônias, documentos e passaportes que permitiram a chegada ao Brasil. De gente como o bisavô do curador do museu, o professor Artêmio Adão Modtkowski, que chegou ao Brasil em 1889 e mudou-se para Áurea no natal de 1911, junto com outras 12 famílias.
- As cartas eram a forma de manter vivos os laços entre os familiares _ conta Modtkowski.
Nos Anais da Comunidade Polonesa publicados em 1977 em Curitiba (PR), uma série de cartas enviadas pelos imigrantes entre 1890 e 1891 são verdadeiro relato histórico da saga destas famílias. As viagens desde Bremen ao Rio de Janeiro, cruzando o oceano por 18 dias e novamente de barco outros 12 dias para chegar a Porto Alegre, eram finalizadas com semanas viajando no lombo de burros ou em carroças puxadas por bois até chegar às colônias.
Quem escolheu ficar no Rio de Janeiro e em São Paulo, nem sempre teve o melhor destino. O imigrante J. Gasiorowski de São Paulo, conta em carta que profissões como carpinteiro, marceneiro e celeiro eram bem remuneradas. Mas trabalhadores sem conhecimento específico acabavam construindo estradas para o governo e quem não tinha vontade de trabalhar, passava fome.
”Os que não trabalham passam fome e andam maltrapilhos. Outros venderam suas esposas aos pretos, obtiveram grande lucro e se retiraram. Ninguém sabe para onde foram. Outros maridos deixaram as mulheres com crianças e fugiram para outras regiões. As mães e as crianças andam pelas ruas, esmolando um pedaço de pão ou ingressam na vida fácil. Outros ainda transformaram suas casas, em públicas, onde trabalham as mulheres e filhas. Várias coisas acontecem que é difícil de descrever” relata em carta.
Quem chegou da Polônia e optou pelos estados do sul do país, ingressou numa aventura desbravadora. Receberam grandes extensões de terra que deviam desmatar e sobre ela cultivar seus víveres. Entre estes não houve fome, nem miséria, ganharam casas do Governo brasileiro, e sustento até a primeira colheita. As cartas contam da abundância encontrada no Brasil e fazem um apelo aos familiares que ficaram para trás, como o registro de João Jaras, escrito de São Feliciano para a esposa que ficara em Zyrardow:
Agora imploro-te a fim de te preparares para chegar o mais depressa ao Brasil. Querida esposa informo que ganhei muita terra que nem sei quantos eitos podem ser e ainda existem algumas tiras de mato, para completar”.
A miséria que ficou para trás e as novas perspectivas de vida no Brasil, só não suplantavam as perdas. As mortes registradas ainda durante a viagem de navio e outras tantas já em solo brasileiro, minavam as forças dos imigrantes, como no relato de João Wietrzykowski de Caxias do Sul aos pais que ficaram na Polônia:
”Queridos pais. Uma coisa me corrói. Faleceram os meus filhos. Marta morreu no primeiro entreposto, faleceu de sarampo. Boleslaw e Olga morreram em Caxias, atingidos por uma espécie de varíola. Os dois foram sepultados no mesmo túmulo. Isto me aborrece bastante. Também morreram muitas crianças dos meus conhecidos. Os médicos não ajudaram a ninguém”.

- EXCERTOS DE CARTAS DE IMIGRANTES AOS FAMILIARES


-João Baginski de São Feliciano, Rio Grande do Sul à família, em 1/01/1891.
”Saúdo-vos querida família inteira. Estamos aqui vivos e todos com saúde, toda a família. Descrevo a viagem toda, de Bremen a Rio de Janeiro. Levamos 18 dias até Rio de Janeiro; nesta cidade ficamos de quarentena, durante 12 dias; em outro navio viajamos durante 12 dias até Porto Alegre navegamos três horas até a ilha. Nesta ficamos 12 dias e partimos de trem, viajando três horas. Da ilha cavalgamos em bois e viajamos com carretas de duas rodas, tiradas por cinco parelhas e viajamos durante sete dias. Chegamos a colônia São Feliciano, onde nos estabelecemos. Até agora não recebemos colônias e não sabemos quando nos darão, mas esperamos que ganharemos em breve essas colônias. No momento participamos de trabalhos diários pelo que ganhamos diariamente 2 rublos. Com isto adquirimos os víveres e a vida é cara”.
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- Antônio Bartnicki de Santo Antônio da Patrulha, Rio Grande do Sul ao filho Adão, em 24/03/1891.
”Quanto à produção, basta perguntar aqueles que conhecem a Geografia Universal e eles te dirão que a América Latina é a mais rica em todo o mundo. Aqui até sobre pedras crescem enormes cactus e ao longo dos caminhos medram enormes árvores de “oleander”, e laranjeiras. Sobre jardins, nem fale pois neles crescem frutas e flores que entre nós não crescem nem em vasos e aqui medram em qualquer canto".
***
- Antônio Czerwinski de Alfredo Chaves, Rio Grande do Sul para a família de Zyrardów, em 3/03/1891.
“Ainda não vimos nata, nem broa, a não ser no navio. A nossa situação é triste porque ficamos sem um vintém, o que nunca imaginava em Zyrardów. Agora novamente tenho que voltar a trabalhar porque não teremos o que comer. O Natal aqui é muito triste porque não vimos nem sequer um pedaço de carne, mas apenas um pouco de farinha escura de segunda categoria. Ambos choramos nesta Vigília a tal ponto que o coração quase partiu-se de dor. Em verdade o Brasil é um país católico, mas o que adianta se a gente não entende nada? Além disto à distância para a igreja é grande e é difícil ir até a cidade. (…) Se tiverem planos para chegar, não esbanjem dinheiro como eu fiz, isto eu vos alerto”.
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- Ludovico Gier do Rio de Janeiro para uma destinatária desconhecida, em 3/02/1891
“Certamente vais-te admirar que ouso escrever-te e por isso peço escusas. (…) É verdade fui um tresloucado, mas o que se há de fazer. Certamente sou e serei forçado a peregrinar pelo mundo e pensar em você dia e noite. Ainda não estou desesperançado, algum dia, mesmo que seja uma hora antes da morte tenho que te ver. Hoje sinto o que você significava para mim, querida Maria!!! (…)Ganho aqui muito bem, pelo menos uns 12 rublos mensais e depois poderei ganhar até mais. Eis a razão de minha pergunta, se me é permitido interrogar, minha Maria: você não quer vir? Pelo menos ficarás 100 vezes melhor do que na Europa. Imediatamente alugarei uma casa bonita e jamais te abandonarei até a morte. Isto jurarei na Igreja”.
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-José Jaczynski de São Mateus do Sul, Paraná, aos pais em 22/02/1891.
“O Brasil é um país vasto que pode abrigar a todos os polacos e ainda sobrará lugar, ao mesmo tempo é um país onde corre leite e mel e de liberdade excepcional. Portanto o ladrão e o assassino é melhor que apodreça nas masmorras russas antes que veja o Brasil! Há perfume o ano inteiro. Sobre os pássaros: faisões, galinhas do mato, pombos, galinhas de angola, e mais outras 50 variedades de outros que não conheço abundam. Não existem aves de rapina. Tenho terra à vontade, basta que Deus dê saúde. Existem enormes plantações de laranjeiras, citrus, figos, uva, café e castanhas, o que também nos vamos implantar em nosso pomar com o tempo. Graças te sejam dadas, ó Deus, que conduzistes os meus passos para esta região. Peço-te somente saúde, pois com a ajuda divina, serei com o correr do tempo, um colono próximo da cidade. Não tenho nada a escrever, senão beijar a todos milhões de vezes e amando-vos a todos até o túmulo, filho e irmão”.
***
- Adalberto Jakukowski de Jaguari, Rio Grande do Sul, para a irmã em 15/02/1891.
“A capela fica na cidade e existe padre católico. Reza missa diariamente e aos domingos a Missa Solene, como acontece em cada igreja. Peço-te que venha porque ficará bem melhor do que na fábrica. Peço-te querida irmã que me traga o Quadro de Nossa Senhora e o Escapulário do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora. Já tenho duas morgas de terra preparadas; a casa já esta construída; 18 pés de uva, no ano que vem já se poderá tomar vinho; cinco pés de marmelo e do terreno já colhemos 4 quartas de feijão, 12 sacos de milho do que dou ao colono uma quarta mensalmente, durante quatro meses”.
***
- Martim Knaczynski, de Silveira Martins, Rio Grande do Sul a seu irmão em 6/04/1891.
”Querido irmão comunico-te que no Brasil é bom e ficaria satisfeito se você viesse para junto de nós no Brasil, porque aqui nós não temos miséria. Venda sua propriedade e traga consigo o dinheiro. Ganharás uma colônia gratuitamente, não pagarás nada por ela e no que respeita a sementes, ganharás cereais e tudo é assim como entre vocês na Polônia. Os cavalos são baratos de forma que o preço que vocês pagam por um na Polônia, aqui se pode comprar cinco. Os porcos e o gado são baratos sobremaneira. Quanto à propriedade, existem galinhas, marrecos, gansos e toda espécie de criação. Não temam nada porque não passareis miséria, porque eu não a experimento. E vocês sabem que miséria eu tinha e eu sei qual é a vossa fartura na Polônia. Vão ter produtos melhores do que na Polônia. Eu estou melhor do que um patrão na Polônia que possui dez propriedades”.
***
- Mariana e Casemiro Kurków de Indaial, Santa Catarina ao irmão em 28/12/1890.
“Aqui não temos rei, mas República. Os antigos moradores eram selvagens e até o presente bandos deles perambulam aos quais tememos, porque se atacarem e se por acaso seu número for maior do que o nosso, exterminar-nos-iam como ratos. O povo daqui são estrangeiros que chegaram não antes que vinte anos atrás. Antigamente aqui era um grande deserto, com montanhas cobertas de matas que agora temos que transformar em terra de cultura”.
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- Mateus Lesinski de São Feliciano, Rio Grande do Sul à esposa.
“Queridíssima esposa, estou muito aborrecido porque não sei o que acontece em casa se todos estão com saúde, como estás vivendo com as crianças na Polônia. Onde quer que me encontre, você e as crianças estais diante dos meus olhos. Durante o dia trabalho e à noite dormimos em barracos e eu não tenho nenhuma coberta e no Brasil as chuvas são freqüentes, as noites frias por isso a minha vida é difícil. No instante em que te escrevo esta carta deixamos de viajar. Eu sozinho não sei como vai ficar daqui para a frente porque em breves dias devemos receber propriedades com matas”.
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- Stanislaw Sabelski, de Brusque para seus pais em 15/03/1891.
“Queridos pais, por graça de Deus, estou com saúde, juntamente com minhas crianças. O filho que Deus me deu, tive que entregar para ser criado por outros. Envio-vos notícias tristes, queridos pais, Mariana, minha esposa querida e vossa filha, separou-se de nós. Tivemos ao todo nove dias de doença e faleceu no dia 9 de novembro. No final de sua vida pediu orações pelo descanso eterno e uma Ave Maria. Que o Pai e a Mãe não esqueçam sua alma”.
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- Alexandre Slwaski, de Encruzilhada, Rio Grande do Sul a familiares, em 27/12/1890.
“Peço-te, meu irmão, depois de receber a minha carta, responda o mais depressa possível e eu escreverei e explicarei melhor. Comunique-me, porque aqui se fala que mataram o Tsar russo, bem como o seu sucessor. Peço-te que me informe sobre tudo o que está acontecendo. Agora informo que no navio morreram muitas crianças, morreram 30 no navio e agora continuam perecendo. Faleceu a filha dos Tomkowski, Estanislava e outras seis estão doentes. Talvez Deus ajudará e elas superarão a doença”.
***
-José, Josefa e Estanislau Sobiesiak de Alfredo Chaves, Rio Grande do Sul aos pais de Zyrardów, em 3/04/1891
“O Brasil fica 2.740 milhas distante e só pelas águas a viagem é de 18 dias, através do Grande Oceano. Viajamos ainda no Brasil, 5 dias, igualmente através de águas. Estamos muito aborrecidos porque não nos podemos entender com os padres e com outras pessoas. (…) Aqui os dias santificados são guardados da mesma forma que na Polônia, mas não o fazem da mesma forma que nós. A Páscoa é muito curiosa, não temos ovo bento, nem doces como na Polônia. Quando conseguirmos alguma fortuna, faremos do mesmo modo como na Polônia, mas agora é muito difícil”.
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- João Wietrzykowski de Caxias do Sul aos pais.
“Os primeiros dias de nossa viagem foram muito difíceis, porque o navio balouçava bastante nos três primeiros dias, de forma que as pessoas caíam das camas. Cada um dormia quase sem alma. Depois nos acostumamos e o resto da viagem foi razoável. Uma coisa me corrói. Faleceram os meus filhos. Marta morreu no primeiro entreposto, faleceu de sarampo. Boleslaw e Olga morreram em Caxias, atingidos por uma espécie de varíola. Os dois foram sepultados no mesmo túmulo. Isto me aborrece bastante. Também morreram muitas crianças dos meus conhecidos. Os médicos não ajudaram a ninguém”.
***
-Estanislau Ratas de Alfredo Chaves, Rio Grande do Sul aos pais, em 23/03/1891.
“Cada família recebeu uma colônia de 5 “wlocas” de terra com mato. A terra é boa e fértil. A comida durante a viagem foi boa e farta e nas colônias ninguém experimentou fome. O governo ajuda-nos em tudo. Deu a cada uma a colônia, todas as ferramentas indispensáveis para o trabalho e ajuda para a construção da casa própria. Quem construir por conta própria recebe 75 mil réis, o que equivale a 85 rublos, em dinheiro russo. Numa palavra, no Brasil, é melhor do que na Polônia”.

Fonte: Anais da Comunidade Polonesa, Volume VIII .- Ano 1977 Editado pela Superintendência do Centenário da Imigração Polonesa ao Paraná