domingo, 2 de janeiro de 2011

Saiu hoje na Gazeta


Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
 Iarochinski: repreeendido em público por usar a palavra “polaco”

História

“Polaco ou polonês?”, uma questão delicada

O jornalista e doutor em Cultura Internacional Ulisses Iarochinski provoca polêmica com livro que defende o uso de termo considerado pejorativo

Publicado em 02/01/2011
Marcio Renato dos Santos

Ulisses Iarochinski entrou em uma briga de ripa. Desde que co­­meçou a defender o uso da palavra polaco, ao invés de polonês, passou a conquistar desafetos. Mas o jornalista e pesquisador não perde o sono. Fala sobre o assunto com conhecimento de causa. Passou oito anos na Polônia, onde concluiu programas de mestrado e doutorado, além de aprimoramento na língua dos seus ancestrais.
De volta a Curitiba, onde trabalhou por anos como jornalista, Iarochinski acaba de lançar "Polaco – Identidade Cultural do Brasileiro Descendente de Imigrantes da Polônia", adaptação de sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Iaguielônia, de Cracóvia. Nem a chuva, torrencial, impediu que centenas de pessoas fossem dar um abraço no autor, na noite de 24 de novembro, quando o autor lançou seu livro no Centro Paranaense Feminino de Cultura.
Mas isso nem sempre acontece.
Iarochinski já passou apuros em sessões de lançamento de seu livro anterior, Saga dos Polacos. Em Erechim (RS), estava autografando um exemplar quando um sujeito chegou até ele, apertou o seu braço e disse: “Aqui não tem polaco, só polonês.” A mesma situação praticamente se repetiu em São Paulo, em outra sessão de lançamento. Um homem, de mais de 50 anos, apertou o braço do autor e gritou: “Você é burro! Aqui não tem polaco, só polonês.”
O autor de Saga dos Polacos quis saber as razões de tanto ressentimento em relação a uma mera palavra. A partir desse impulso, viajou à Polônia. Durante a temporada de pesquisa, decifrou o mistério. No fim do século 19 e no início do 20, um grupo mafioso judeu, chamado Tzvi Migdal, ou Zvi Migdal, realizava tráfico de mulheres brancas, da Europa para a América do Sul. Elas acabavam trabalhando como prostitutas, principalmente no Rio de Janeiro e em Buenos Aires e, como eram loiras e de olhos claros, passaram a ser chamadas de polacas – apesar de não serem nascidas na Polônia.
A comunidade polaca brasileira, em alguma medida, se incomodou. Em 1927, no Consulado Geral da Polônia em Curitiba, foi decidido que a expressão polaco seria banida do vocabulário. A partir de então, ficou combinado chamar de poloneses os nascidos na Polônia, bem como os seus descendentes.
Desde o fim da década de 1920, não apenas no Paraná, mas em todo o Brasil, uma guerra sutil e silenciosa está em andamento. De um lado, estão aqueles que lutam pelo uso da expressão polonês. Do outro, gente como poeta Thadeu Wojciechowski e o jornalista Iarochisnki, que defendem, bravamente, a palavra polaco.
“É um equívoco usar a expressão polonês apenas por causa da presença de prostitutas europeias no Brasil, que nem eram da Polônia. Faço questão de afirmar, falar e usar apenas o termo polaco”, diz Iarochinski.
O jornalista estava em Cracóvia no dia 2 de abril de 2005, quando Karol Józef Wojtyla, o Papa João Paulo II, morreu. Imediatamente, foi solicitado para fazer comentários para emissoras de rádios e produzir reportagens para jornais brasileiros. Toda vez que falava ao vivo, ou redigia os textos, usava a expressão polaco, para se referir ao Papa nascido na Polônia. Brasileiros de todas as regiões reagiam, pedindo para que o papa fosse chamado de polonês.
Como se percebe, essa batalha linguística está longe de um fim, e Iarochinski pretende lutar pela sua causa.

Polaquices

Iarochinski nasceu em Monte Alegre (PR). O seu avô, Boleslaw, tinha sobrenome Jarosinski, mas ao registrar Casimiro, o pai de Ulisses, o escrivão do cartório escreveu Iarochinski. Outros polacos também tiveram o sobrenome alterado no Brasil. Confira, a seguir, outras informações sobre o autor.

Invenções
O sonho, o doce recheado com goiabada ou nata, e a vodca, por exemplo, são invenções de polacos. O autor vai contar isso e muito mais em um outro livro a ser lançado em 2011.

Peleja
De 1983 a 1991, Iarochinski foi o editor do Espaço 2, suplemento de cultura do Jornal do Estado. Publicou 17 matérias de capa pedindo para que o Teatro da Classe, da Rua 13 de Maio, passasse a se chamar Teatro José Maria Santos. Conseguiu. “É uma homenagem ao meu mestre, que construiu, com as suas mãos, aquele teatro”, diz Iarochinski, que por anos foi ator.

Grupo dominante
Iarochinski analisa que, pelo fato de terem sido o grupo imigrante dominante em Curitiba, os polacos se tornaram motivo de piada. “Preto do avesso, polaco da nhanha, polaco da barreirinha e outras ofensas não são aleatórias. Veja, o brasileiro faz piada de português pelo fato de o lusitano ser o elemento dominante. O mesmo raciocínio vale para o polaco em Curitiba”, afirma.

Acesso
O autor comercializa os seus livros por meio do blog iarochinski.blogspot.com ou por contato direto pelo telefone (41) 9919-6607.

sábado, 1 de janeiro de 2011

50 mil na Festa Sylwestrowa de Cracóvia

Foto: Jakub Ociepa

Foto: Jakub Ociepa

Cinquenta mil pessoas se divertiu no Rynek de Cracóvia na passagem do ano ouvindo artistas e DJ´s polacos. A presença internacional da cantora Norteamericaca Kelis foi o ponto alto da festa.
Pouco antes da meia-noite, o prefeito de Cracóvia, Jacek Majchrowski (reeleito recentemente pela terceira vez) saudou o povo dizendo: "Espero que esta noite tenha começado como um ano de sucesso, ano que será bom para todo mundo em todos os aspectos, mas também para a nossa cidade. Desejo a todos os melhores votos de Feliz Ano Novo.".

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O reveillon de Cracóvia promete agitar o frio

Foto: Mateusz Skwarczek
No Rynek Główny (Praça do Mercado Principal) de Cracóvia está quase tudo pronto para a véspera de Ano Novo. Nesta noite de sexta-feira, uma estrela da vanguarda da música dançante, Kelis, vai cantar músicas de seu mais recente CD "Flesh Tone". Antes de sua apresentação, o público vai ser aquecido por DJs polacos.
As performances dos artistas serão acompanhadas por espetáculos de laser, show pirotécnico e efeitos visuais em telas enormes.
Para este show, foi montada no Rynek uma estrutura metálica de 200 m quadrados, incluindo 25 metros de plataforma ao longo da lateral do Palácio Sukiennice.
Na entrada para praça, a partir das ruas św. Anna, Szewska e Sławkowska foram colocados portais. Em uma armação de metal foi montado o sistema de som com capacidade para 140 mil Watts, cerca de 250 lâmpadas e 12 emissoras de laser a cores. Para as três enormes telas de LED, com uma área total de 150 metros quadrados - foi preparado para o show de Kelis, pirotecnia e efeitos especiais de gelo.
Uma grande noite....calororosa com temperatura baixo de zero... para ser mais preciso 12 graus negativos!!!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo em Polaco



Gdy sylwestrowy bal obsypie cię deszczem konfetti
i oplącze zwojami serpentyn,
pamiętaj, że to ja obsypałam Cię swoimi życzeniami
i oplątałam pamięcią.
które tęskni, kocha i czeka.

Niech petardy zabłysną wysoko na niebie,
niech Nowy Rok szczęściem spłynie,
a los nigdy nie zostawi w potrzebie.
Najlepsze życzenia noworoczne
przesyła... oraz

Życzy
Ulisses i Rodzyna

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A Polônia na guerra dos outros

Foto: Damian Kramski

A Polônia mantém no Afeganistão um contingente de 2600 soldados da 10. Brigada da Cavalaria Brindada, sob o comando do general Andrzej Reudowicz.

Infelizmente, desde o início de 2010, morreram seis soldados polacos e 108 ficaram feridos. Neste mesmo período foram mortos 239 afegãos e presas 243 pessoas suspeitas de atividades rebeldes e cooperação com os talibãs. Os polacos também detetaram mais de 200 armadilhas, confiscaram mais de 5 toneladas de materiais para a produção destes artefatos.
A guerra do Afeganistão custa cada vez mais para os cofres polacos. Em 2009, apenas para as tropas de manutenção (sem equipamento), o governo gastou 314 milhões de złotych. Neste ano que se encerra, foram mais 374 milhões.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal em polaco

Radosnych Świąt Bożego Narodzenia
oraz
wszystkiego najlepszego w nadchodzącym,
pełnym ciekawych miłości,
Nowym Roku!
życzy...

Ulisses e família

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

54% dos polacos votariam hoje no PO

Primeiro-ministro Donald Tusk, do PO 
Foto: Sławomir Kamiński 



Se as eleições fossem, hoje, na Polônia, o PO-Partido da Plataforma Cívica poderia formar um governo inteiramente com membros da própria agremiação política. Este foi o resultado da pesquisa de opinião realizada pela empresa GfK Polonia para o jornal Rzeczpospolita.

Os 54% obtidos na pesquisa dão ao Plataforma 261 lugares no Sejm (Câmara dos Deputados). Em segundo lugar, colocou-se o PiS - Partido Lei e Justiça com o apoio de 26% do eleitorado entrevistado. Na próxima legislatura o partido de Kaczynski teria 124 deputados.


SLD pode contar com 10% e o PSL outros 6%

O levantamento da GfK Polonia foi realizado em nome do "Rzeczpospolita", entre 16 a 19 de dezembro, com um universo de 1000 pessoas.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Wajda faz filme sobre Lech Wałęsa

No Outono do próximo ano, Andrzej Wajda termina seu mais recente filme sobre Lech Wałęsa (atenção, pronuncia-se Léérrrrheee Vauenssa).
"Por agora, temos uma idéia do roteiro e sabemos que queremos falar sobre Lech como nosso herói nacional, o que é de um valor inalienável para nós. E é uma personalidade inalienável, porque quem teria pensado que, de repente um simples trabalhador iria se tornar um líder. E isto é o mais maravilhoso", disse nesta semana, o cineasta polaco mais premiado do mundo Andrzej Wajda (pronuncia-se andjei váida) sobre seu mais recente projeto.
O título do filme remete a um discurso de Wałęsa no Congresso dos Estados Unidos, em novembro de 1989, quando o líder do Sindicato Solidariedade começou a falar com as palavras "We the People".
"Nas últimas cenas do filme eu quero mostrar este discurso", disse Wajda. O cineasta acrescentou que o filme vai começar a partir da cena, na qual Wałęsa, numa manhã de Agosto de 1980, chega ao estaleiro Lenin de Gdansk, para apoiar os trabalhadores em seus protestos.
O diretor enfatizou que as filmagens do herói do Solidariedade são consideradas por ele como seu dever a ser cumprido. Repetidamente, Wajda, ameaçou contar sobre Lech Wałęsa, que se preocupar com os embaraços políticos pertinentes.
O roteiro foi criado em colaboração com o escritor Janusz Głowacki, famoso pela sua especial forma colorida de descrever a realidade.
Permanece, porém, o mistério, sobre quem Andrzej Wajda, vai designar para o papel principal. Ele argumenta que é muito cedo para falar sobre isso, mas promete que vai ser ator polaco.
São muitos os possíveis, aqui alguns dos mais cotados:


Novos DVDs de filmes estrangeiros


Filmes estrangeiros lançados em DVD no mercado consumidor da Polônia, nesta véspera de Natal... de Leonardo de Caprio com "Incepcja" a Dusan Milic com "Gucza".
Como não poderia deixar de ser os cartazes (posters) polacos continuam originais mesmo quando só se utilizam de fotos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Repatriados se encontram em Cracóvia

Foto: Jakub Ociepa
Mais de 50 famílias de repatriados reuniram-se, na tarde de domingo, em uma mesa de Natal comum. Perguntados sobre os problemas que passaram, um deles respondeu: "A Véspera de Natal está chegando, os obstáculos da vida pode ser adiados para outra hora".
Organizado pela Polska Akcja Humanitarna (Ação Humanitária Polônia) o evento trouxe ao Dom Polonii da Wspólnota Polska no Rynek Główny de Cracóvia, 140 pessoas. E como disse, Małgorzata Olasińska-Char, organizadora do encontro, "para os repatriados é importante se realizar estas reuniões conjuntas, pois estamos cultivando aqui as tradições polacas". O encontro foi organizado pela oitava vez.
A entidade está envolvida ativamente em ajudar os repatriados. Para tanto, desenvolve um programa especial de assistência. Neste sentido são promovidos cursos especiais de informática e idioma polaco, além de reuniões mensais realizadas no Museu, com o nome de "Mais perto de Cracóvia, Polônia perto".

domingo, 19 de dezembro de 2010

A carroça é contribuição polaca para o Brasil

Foto: Lineu Filho
É sabido entre a etnia que os polacos transformaram, no Paraná, as outroras incultas terras do Estado em celeiros agrícolas. Introduziram e difundiram novas técnicas agrícolas, novas ferramentas, novos produtos e uma mentalidade agrícola muito avançada para a época.
Mas talvez, o que mais caracterizou a imigração polaca no Paraná e no Sul do Brasil foi a aceitação e difusão, na região, da carroça. O uso em grande escala desse transporte gerou na região o que se poderia chamar de "ciclo da carroça". Houve até uma guerra em Araucária entre imigrantes polacos e nativos por causa da carroça. E tudo começou por causa das "cangas" de folhas de erva-mate. Enquanto o nativo transportava duas delas por dia pra levar as fábricas de chá mate e chimarrão "Leão" e "Real", o produto da colheita das folhas da erva, os polacos com as carroças faziam 14 viagens diárias no mesmo trajeto. Descontente, os nativos, atacaram os polacos e seus filhos. Houve muita pancadaria...tudo por causa da carroça polaca.
A imigração polaca no Paraná se destacou muito por essa difusão da carroça (wóz) puxada por dois cavalos. A carroça representou um ciclo intermediário entre o transporte em lombo de burro e o transporte ferroviário e rodoviário. A carroça possuía um cabeçalho (dyszel), na ponta do qual era atrelado o arreamento (sciengel) do cavalo. As rodas da carroça possuíam uma chapa de aço (rajfa) e raios de madeira (sprechy). Os fueiros (konica) seguravam as paredes (wasong, zotol), artisticamente entalhadas e pintadas em várias cores. A carroça podia ser usada para transportar pessoas, quando eram colocados assentos de mola, ou para transportar cargas de até meia tonelada. Em dias de festa, eram colocados os guizos na coleira dos cavalos. A carroça polaca era bastante diferente da charrete italiana, mais leve e para um cavalo apenas.
A lavoura tipicamente polaca trouxe ao Brasil ferramentas cujo modelo só é encontrado nesta região: arado (plug), aradinho de três lâminas (radło), grade retangular (brona), grade triangular (bronka), carrinho sem rodas puxado por cavalo (sanie), ventilador para cereais (mlynek), foicinha (sierp), gadanha (kosa), moedor de milho (żarny), picador de palha (siedczarka), berço balançante (kolyska), costurador de pele curtida (szydło). No prédio da casa e do paiol sempre havia o sótão (piętro), onde era possível guardar sementes ou feno para o inverno. Alguns utensílios domésticos eram típicos: fazedor de manteiga (maslanka), azedador de repolho (beczka).

O krżan, raiz branca amarga usada na świenconka, até hoje não possui um termo equivalente em português. No final do verão, o feno ou papuã era secado e empilhado ao redor de um tronco (klopa) para servir de alimento para o gado no período do inverno. Plantava-se batata-doce, batata inglesa, repolho, ervilha, centeio, feijão, arroz, linhaça, cebola, alho, beterraba. Para malhar o trigo ou para descascar o milho no paiol, havia mutirão (pisieron); que sempre acabava em baile. Quando um lavrador, passando pela estrada, enxergava um colega a capinar a lavoura, levantando o chapéu, bradava: "Deus te ajude!" (Boże pomagai! ), ao que o outro respondia: "Deus te pague!" (Bóg zapłac).
Em cada propriedade, era costume haver uma criação de animais que incluía vaca de leite, touro e porco para a carne, galos e galinhas para produção de ovos, cavalos para a tração animal. Por isso, sempre havia estábulo (stajnia), chiqueiro (chlewek), galinheiro (kurnik); incluindo residência e paiol para depósito e garagens. Em cada propriedade rural havia no mínimo cinco construções cobertas com telhas de barro. Os animais criados para a defesa da propriedade eram os cachorros; os gatos moravam no paiol para caçarem os ratos. De vez em quando, no leilão da festa da igreja, era interessante arrematar um cachaço para poder melhorar a raça da criação de porcos. O mesmo podia acontecer ao arrematar uma abóbora, um casal de marrecos ou gansos, para produzir penas para o edredom (pierzyna), um cabrito, ou um coelho.
O Brasil, com exceção dos Estados sulistas, principalmente no Paraná, foi lançado abruptamente da era do muar, das tropas, para a era dos transportes rodoferroviários. No Paraná, desenvolveu-se um ciclo intermediário de transporte: o da carroça. Embora a imigração tenha sido basicamente camponesa, também apresentou um número surpreendentemente elevado de intelectuais que, de diversas formas, contribuíram para o desenvolvimento do saber e da ciência, como o professor e coreógrafo Tadeusz Morozowicz, na área da dança; Józef Siemeradzki, geólogo, foi quem elaborou o primeiro esboço geológico do Paraná. Tadeusz Chrostoski, ornitólogo, chegou a recolher 10 mil exemplares da fauna paranaense, em 3 oportunidades diversas. Os compêndios organizados por ele, com os pássaros paranaenses para o Museu de Varsóvia registraram mais verbetes do que o próprio Atlas Ornitológico do Brasil. Outro importante polaco foi o médico Szymon Kossobudzki, que como um dos fundadores da primeira universidade brasileira (a do Paraná), instalou a cirurgia, na então, nascente Universidade do Paraná, sendo justamente considerado o patrono da cirurgia médica no Paraná.  Juliusz Szymański (1870-1958), veio para o Paraná em 1912, e instalou clínicas de oftalmologia, além de ter redigido, em português, o primeiro manual desta especialidade para a universidade brasiliera. O padre Józef Góral elaborou um dicionário português-polaco/polaco-português que serviu inúmeras gerações até 1938, quando foi proibido pelo governo de Getúlio Vargas.
Outra importante contribuição ao Paraná e ao Brasil foi dada por Miguelina Issak, entomóloga, que em 1926, percorreu os sertões do Paraná e deixou o resultado de suas pesquisas. Outros inúmeros exemplos poderiam ser mencionados, entre aqueles que transformaram o Paraná a partir do final do século passado.
Ainda é necessário acrescentar que a cultura polonesa tem como seu maior legado em Curitiba a religião católica, pois são inúmeras as igrejas espalhadas pelas colônias e que hoje são bairros da capital paranaense. Além é claro da culinária, pois por influência da cozinha polaca, o curitibano aprendeu e gostou de comer repolho azedo, pastel de requeijão cozido (pierogi), sonho, cueca virada, cuque (pão doce) e as tradições folclóricas criadas no Clube União Juventus, Sociedade Tadeusz Kosciuszko, Sociedade Józef Pilsudzki, Centralny Zwiazek Polaków e que atualmente estão presentes nas festividades do Bosque do Papa e no Festival de Etnias do Paraná.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Palestra e lançamento de "Polaco" em Telêmaco Borba

Isabel Parneski na Biblioteca de Telêmaco Borba

Oscar Hey Neto recebendo o autógrafo no livro "Polaco"

Palestra sobre "Origens Polacas" em Telêmaco Borba

Com a presença do Prefeito Municipal Eros Danilo Araújo, do secretário de Cultura Amauri Pukanski, do secretário de obras José Reinaldo Antunes Carneiro, da secretária de educação Claudicéia Rosa Nievola, do vereador Neri Mangoni e amigos e parentes, Ulisses Iarochinski proferiu aula sobre "Origens Polacas" na Casa de Cultura de Telêmaco Borba, seguida do lançamento do livro "Polaco - Identidade Cultural do brasileiro descendente de imigrantes da Polônia", durante reinauguração da Biblioteca Municipal.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Levantadas dúvidas sobre corpo de Kaczyński

Foto: Filip Klimaszewski
O principal jornal da Polônia, o Gazeta Wyborcza, publica hoje reportagem sobre as declarações do advogado Rafał Rogalski sobre o acidente com o avião presidencial em Smoleński eximindo-se de responsabilidade.
As primeiras frases do texto são: "Não há dúvida de que no local do acidente, em Smoleński, foi encontrado morto o presidente. Isso está demonstrado em filmes feitos por oficiais do BOR. Alertamos que devido ao trágico detalhe do ocorrido, chegamos a pensar que não deveríamos publicar esta reportagem. Pois as declarações do Sr. Rogalski podem levar a opinião pública a um engano. Por isto, vamos imprimir parte da descrição."
Rafał Rogalski, advogado das vítimas do desastre de Smoleński, afirmou em entrevista à Rádio RMF, que existem duvidas de que, na cripta Wawel estejam realmente os restos mortais Presidente Lech Kaczyński e sua esposa. Ele também disse que não existe "nenhuma dúvida" sobre como morreu Przemysław Gosiewski, uma das vítimas do desastre. Questionado sobre estes detalhes, respondeu que o inquérito corre sob secreto de justiça. Abaixo está a reprodução de um trecho da entrevista de Rogalski à Rádio RMF FM:


Konrad Piasecki (RMF FM): Você tem certeza de que realmente sã os restos mortais de Maria e Lech Kaczyński que estão depositados na cripta da Catedral de Wawel?

Rafal Rogalski: Eu adoraria ter essa certeza. Os materiais estão sendo analisados com muito cuidado pelo Ministério Público e também pela defesa da vítimas.

RMF FM: Isso significa que para o senhor esta certeza não existe?

Rogalski: Eu não sei. Há meio ano o material colhido no local vem sendo analisado em detalhes, mesmo aqueles que foram enviados recentemente pelo promotor russo que investiga o acidente. Assim, ainda não temos certeza.


O jornal diz que possui uma descrição detalhada da catástrofe, e que para o Estado o corpo continua a ser o do presidente morto. A descrição, segundo o jornal, é baseada em dezenas de fotos e filmes feitos no local do acidente por cinco oficiais da BOR. As descrições dizem desde o início não existir dúvida de que o corpo do presidente foi encontrado. Também não é verdade que ele permaneceu na lama, como repetiu o deputado do PiS, (Partido Lei e Justiça) Joachim Brudziński.
Por estes trágicos detalhes é que o jornal pensou bastante se deveria publicar a entrevista. No entanto, o discurso do Sr. Rogalski (e não é o primeiro de seu tipo) pode vir a enganar a opinião pública e foi somente por isso, que enfim se decidiu imprimir também a descrição oficial.
Mas também é verdade que vídeos e fotos "top secret" provavelmente nunca serão tornados públicos, justifica-se a Gazeta. A tarefa do BOR no local do acidente foi encontrar e identificar o corpo do presidente Lech, e depois documentar, como um cadáver estava sendo preparado para ser transporte até o local da autópsia.
O corpo do presidente foi horrivelmente mutilado e como, muitos outros cadáveres, também foi despojado de suas roupas. Ele teria sido identificado pelo pé esquerdo, pois a perna direita, abaixo do joelho, estava destruída inteiramente. Ele também perdeu uma mão. Seu rosto não permitiu qualquer diagnóstico porque o crânio do presidente foi completamente esmagado. Junto ao cadáver foi colocado a mão e o pé com o sapato e fragmento de calça cinza.
Os corpos das vítimas foram transferidos para uma área localizada próxima à cerca do aeroporto. Ali, o caixão roxo foi preparado. Na grama, sobre sacos plásticos foram colocados os corpos. Imediatamente os corpos foram sendo cobertos com um material branco. Em outro local, separado, foram colocados os restos, que não combinavam com qualquer corpo.
Junto aos corpos que já tinham sido identificados, foi colocado um pedaço de papel branco onde foi escrito à mão o nome do corpo. Se o corpo não era reconhecido (maioria dos casos), foi escrito em russo apenas: "Não há cadáver". No corpo do presidente foi colocada uma placa: "Priezident Polszy, Kaczinskij". Polacos, que tiveram acesso a esta confirmação, dizem que foi mostrado apenas a parte superior do corpo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Gralha azul polaco do Paraná



Pensei inicialmente em responder ao comentário postado no texto sobre o lançamento de meu livro em Telêmaco Borba, no próprio espaço dos comentários. Mas o tema é longo e merece um tratamento mais adequado. Assim vamos começar respondendo, dizendo que - não tenho procuração para defender a Klabin. 
Mas... A história registra que por determinação da Klabin, na década de 40, foi criado o Departamento de Reflorestamento da Klabin do Paraná, com sede na localidade de Lagoa, na Fazenda Monte Alegre, então pertencente ao município de Tibagi. Fugindo dos horrores da Segunda Guerra Mundial, um engenheiro polaco Zygmunt Wieliczka, junto com outros seis engenheiros vindos da Polônia, viu na Araucária Angustifolia - o Pinheiro do Paraná, a solução para o papel que iria começar a ser fabricado em Harmonia.
O engenheiro Wieliczka (o primeiro à direita)
Wieliczka nasceu, na Polônia, em 25 de setembro de 1890 e combateu na 1ª. e na 2ª. Guerra Mundial. Logo após desembarcar no Brasil foi contratado pelos irmãos lituanos-polacos Klabin e Lafer para trabalhar nas Indústrias Klabin do Paraná.
Logo ao chegar em Lagoa, na Fazenda Monte Alegre, ele percebeu que o trabalho seria imenso. Enquanto quando maus paranaenses e imigrantes gaúchos estavam devastando o Sudoeste do Paraná, eliminando toda a araucária daquela região, o engenheiro polaco Wielicka, a partir de 1944, começou em Monte Alegre um trabalho extraordinário. Daquele ano até 1954, este verdadeiro gralha azul polaco plantou mais de 100 (cem) milhões de pés de araucária. Algum tempo depois de tudo estar plantado, fez novas pesquisas e substituiu o pinheiro pelo pinus e pelo eucalipto.
Ninguém plantou mais pinheiro no Paraná do que ele. Assim a Klabin não pode ser acusada de devastar as terras paranaenses. Pois mesmo com a substituiçao das espécies, a plantação de pinheiros continuou a crescer. Um grande número morreu é verdade, outro tanto foi cortado para construção de habitações para os trabalhadores dos diversos acampamentos e localidades da Fazenda. Uma outra grande parte das árvores foi tragicamente atingida da década de 60, pelos grandes incêndios florestais que atingiram não só Monte Alegre, como todo o Estado do Paraná.
Mas milhares de árvores continuam balançando na Fazenda Monte Alegre, preservando não só a flora, mas também a fauna paranaense. Além da mata de pinheiros plantada, a Klabin mantém no município de Telêmaco Borba uma mata virgem original intacta.
Quanto a Wieliczka, antes de se desligar da empresa, naturalizou-se brasileiro, em 30 de março de 1951. Pela lei das indenizações (anterior ao FGTS) após 9 anos de trabalho na Klabin foi morar no Estado de São Paulo, e assim a partir da década de 50, dividiu residência entre São Paulo e Bragança Paulista. O Engenheiro Wieliczka faleceu em 5 de junho de 1975.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"Polaco" chega em Telêmaco Borba


Nesta quarta-feira, dia 15 de dezembro, Telêmaco Borba, cidade na região Centro-Leste do Estado do Paraná, recebe, Ulisses Iarochinski, para o terceiro lançamento do livro "Polaco - Identidade Cultural do brasileiro descendente de imigrantes da Polônia".
O município de 47 anos tem sua origem em Monte Alegre, terras descobertas em 1739, e que nos séculos 18 e 19 foi de propriedade de José Félix da Silva. No século 19 passou às mãos do Barão de Monte Carmelo, casado com uma descendente de José Félix. Em 1934, os lituanos-polacos Klabin e Lafer arremataram a antiga Fazenda dos Campos Gerais Paranaenses e ali construíram uma das maiores fábricas de papel e celulose, além do maior parque de reflorestamento particular do mundo. Foi ali, muito próximo das margens do rio Harmonia, que o autor de "Polaco" nasceu.
Pode não parecer, pois Monte Alegre, Harmonia, Cidade Nova, Telêmaco Borba nunca foram reconhecidas como uma colônia de imigrantes polacos, mas é significativo o número de moradores da cidade que descendem de imigrantes da Polônia, a começar pelos próprios Klabin, que são originários da Grande República das Duas Nações Polônia-Lituânia. Sobrenomes polacos é o que não falta no catálogo telefônico da cidade... Iarochinski, Pukanski, Kulcheski Fialkowski, Adamowski, Kelsczko, Kaweski, Wilczek, Malinowski, Piotrowski são bastante comuns ali. Todos polacos de outras colônias que a partir da década de 40 (do século passado) acorreram ao novo eldorado paranaense: Monte Alegre.
Este é o terceiro lançamento do livro que é uma versão parcial da dissertação de mestrado de Iarochinski, na Universidade Iaguielônica de Cracóvia, na Polônia. Os dois lançamentos anteriores ocorreram em Curitiba e Araucária.
Na Capital do Papel, o lançamento de "Polaco" acontece na Casa da Cultura, às 15 horas.  

sábado, 11 de dezembro de 2010

As memórias da ulica Dzielna, 27

Este "post", publicado originalmente no site http://www.ruajudaica.com/ , foi indicado pelo leitor Gerson Guelman, de Curitiba. Tomei a liberdade de substituir o termo gentílico utilizado pelo autor pela palavra polaco, polaca. No mais, espero que a republicação aqui possa contribuir para as pesquisas sobre as famílias que moravam naquela rua varsoviana de belas memórias, apesar de seu fim trágico na segunda guerra mundial que destruiu a cidade.

Até poucas semanas nunca tinha ouvido falar na Rua Dzielna, que se pronuncia djélna. Na realidade, nem sabia em que cidade ou país estava localizada ou até mesmo se existia – ou teria existido – uma rua com esse nome. Quem abriu meus olhos para a importância da Ulica (rua em polaco) Dzielna foi o Cirurgião e Artista Plástico brasileiro Julio Hochberg, radicado há muitos anos nos Estados Unidos, durante uma agradável caminhada pelas movimentadas alamedas da Feira Internacional do Livro de Miami.



Feira Internacional do Livro de Miami
A mãe do meu interlocutor, Sra Maria Sukkiennik, Z”L”, havia residido no número 27 da Dzielna, em Varsóvia, onde passou a infância e parte da adolescência. Os Sukiennik faziam parte de uma família que havia se dedicado, geração após geração, ao ramo das confecções, ao passo que os Hochberg, sobrenome do futuro esposo de Maria Sukiennik, também por tradição familiar, ao dos calçados. Maria logo se destacou como talentosa modista em um estúdio de alta costura da capital polaca assim que concluiu o ginásio e começou a trabalhar.


Em um determinado dia de 1927, Maria Sukiennik, então com 16 anos e já requisitada pela melhor sociedade polaca em razão da originalidade e beleza de suas criações, chegou em casa esbaforida após um dia de intenso trabalho. Chamou os pais e quatro irmãos, inclusive o pequeno José, de apenas 3 anos e revelou-lhes um trágico pressentimento: - Precisamos deixar a Polônia, pois algo de muito grave irá acontecer com os judeus daqui a exatos dez anos! Imaginem a cara de espanto de seus pais e irmãos mais velhos ante aquela súbita revelação, mas Maria, apesar de bastante jovem, já era respeitada por toda a família, por sua aguçada inteligência e conhecida dedicação às tarefas que lhe eram confiadas. Como dispunham de tempo, pois a profecia havia estabelecido um prazo de dez anos para os terríveis acontecimentos que estariam por vir, a família pode se preparar com calma para a longa viagem com destino ao Brasil, país escolhido como porto seguro para livrá-los da tragédia que iria se abater – como de fato aconteceu – sobre a sofrida coletividade judaica da Polônia. Três anos depois da revelação, os Sukiennik pegaram um navio rumo ao porto de Santos, onde desembarcaram no dia 26 de junho de 1930, uma quarta-feira. Parte da família se estabeleceu em São Paulo, outra no Rio e Maria, com seus pais, se dirigiu para o Rio Grande do Sul, onde casou, criou seus filhos e assistiu ao nascimento de uma penca de netos, bem distante do que previra acontecer na sua querida Varsóvia e, especialmente, na ulica Dzielna da sua adolescência.

Ulica Dzielna
Em setembro de 1939, as tropas nazistas invadiram a Polônia, dando início à Segunda Guerra e, quatorze meses depois, em novembro de 1940, começaram a confinar os israelitas no antigo bairro judaico da capital, que passou para a história como o tristemente conhecido Gueto de Varsóvia. A Dzielna, que acabou sendo incluída no gueto, formava um dos eixos residenciais e comerciais mais importantes da região e fazia esquina com a Zamenhof, por onde circulava uma movimentada linha de bondes, ironicamente obrigados a ostentar, como seus passageiros, uma Estrela de David. Na Dzielna, famosa pela feira livre que atraía comerciantes e fregueses de diversas regiões de Varsóvia, funcionavam estabelecimentos bastante conhecidos, como a Biblioteca Zycie, no número 4, a fábrica de espartilhos da Sra. Zulkowa, no 5, a Sinagoga Moriah, no 7 e o Salão de Cabeleireiros de Estera Frenzel, entre tantos outros.

Bonde trafegando pela ulica Zamenhof
Quase em frente ao número 27, onde os Sukiennik haviam morado antes da providencial transferência para o Brasil, funcionaram, no número 34, as sedes dos movimentos juvenis Ashomer Atzair e Dror. Nesse histórico endereço foram estabelecidas as diretrizes para a resistência militar à planejada exterminação dos judeus da Polônia pelas tropas alemãs. Da tradicional Dzielna praticamente nada restou após os intensos combates entre os partisans judeus - precariamente armados e municiados - e as forças hitleristas, com exceção do muro e o portão do antigo presído Pawiak. Mais tarde, findos os combates, o próprio muro dessa prisão acabou sendo implodido e, do portão, só restou uma pequena parte, que está lá até hoje, como testemunha muda do massacre perpetrado contra a indefesa população judaica do gueto.

O Gueto em chamas
Maria costumava contar aos filhos que, da janela de sua casa, no número 27, era possível avistar o portão de ferro da prisão, localizada no 24 e 26, do outro lado da rua. Esse fato aguçou a curiosidade do Dr. Júlio, um incansável pesquisador sobre a presença judaica na Polônia. Além de ter viajado várias vezes à terra natal de seus ancestrais, Júlio devorou grande parte da literatura referente aos habitantes do bairro judaico de Varsóvia, antes e depois da instalação do gueto, recolhendo informações a respeito de cada casa, de cada família, de cada estabelecimento existente na Rua Dzielna, desde o número 1, onde funcionou o Teatro Eldorado, que sucedeu ao Skala, até o 95, já na esquina da ulica Okupowna, vizinha ao Cemitério Judaico.

MONTANDO O QUEBRA-CABEÇAS
Com auxílio de diferentes fontes, foi sendo possível descobrir o nome de cada uma das famílias que residiram nessa rua, muitas das quais não sobreviveram à barbárie hitlerista, mas, pela lista de sobrenomes e também os números das residências e estabelecimentos nela localizados o Dr. Júlio pretende reconstituir, nos mínimos detalhes, a vida da outrora movimentada e borbulhante Ulica Dzielna, onde sua família materna residiu em uma casa de cuja janela da sala era possível contemplar, do outro lado da rua, o portão de ferro da Prisão Pawiak, como sua mãe, tantas vezes, lhe relatara.

Ruínas do portão da prisão atualmente
Ele conseguiu recuperar uma extensa lista de sobrenomes e de praticamente todos os números das casas e apartamentos onde essas pessoas residiram e agradece a colaboração dos leitores da Rua Judaica que puderem ajudá-lo a terminar a montagem desse verdadeiro quebra-cabeças comunitário. Qualquer informação sobre as famílias que moraram na Dzielna antes e depois da instalação do gueto será extremamente bem-vinda, pois irá auxiliá-lo em seu paciente e laborioso trabalho de reconstituição de um passado interrompido de forma brutal pelo ódio e a violência da máquina de guerra nazista.  

Informe para: nmenda@hotmail.com