sábado, 29 de setembro de 2007

Veja tenta desconstruir o mito

Foto: Antonio Nunes Jimenes/AFP

A revista Veja (será que ainda é digna de ser chamada de revista?) traz nesta semana uma matéria em "comemoração" à morte de Che Guevara, ocorrido em 8 de outubro de 1967, na floresta boliviana. Como não poderia deixar de ser, o antijornalismo domina todos os parágrafos. O texto, como um todo, assinado por Diogo Schelp e Duda Teixeira, tenta destruir um mito, o qual eles próprios não ainda conseguiram entender. Mesmo porque, a imparcialidade que uma revista semanal deveria ter, é jogada fora ao optar apenas por entrevistas e fontes que fizeram da desconstrução do mito Che, o motivo de suas vida. Praticamente todas as fontes moram em Miami, (paraíso dos fugitivos da Ilha) são ou foram ligados à CIA. Ou seja, credibilidade nenhuma para serem fontes "unilaterais" do texto. Não há um contraditório na matéria, não há citação, ou depoimento de uma única voz em defesa de Guevara e seu mito. Está mais do que evidente, a intenção da revista em achincalhar com a esquerda e seus mitos. São frases, expressões, pessoas, que trazem embutidos um ódio e inverdades impressionantes. "Ler é preciso, viver não é preciso" (parodiando Pessoa), mas infelizmente estes dois "jornalistas" - fora a liberdade de expressão, que agora a Direita também goza (antes ela impedia isso com a censura) - foram infelizes. Eles tergiversam a verdade, pecam por falta de imparcialidade e tentam conscientes (ou seria inconsciente?) mudar a interpretação histórica dos fatos, demonstrando não cultuarem a honestidade e ética jornalística tão necessárias num mundo de mentes plural. Já na capa a deliberada intenção de usar o ícone para vender o exemplar para àqueles que são criticados no próprio, como sendo jovens ignorantes e manipulados pela esquerda. O uso da foto de Alberto Korda, na capa, tem o sentido evidente de atrair cultuadores, apesar da frase: a farsa do herói. Há de se perguntar, mas que é herói pra Veja e seus dois jornalistas: Pinochet? Franco? Mussolini? Mengele? Evidentemente, que num sistema democrático, o contraditório deve existir e é bem vindo. Concordar com este texto está no direito de todos os fascistas, mas discordar dele também está no direito de todos os demais. E não há nisto posicionamento nem na Esquerda e muito menos na Direita. Pois sempre existe a terceira via; o uno é tríplice e eu nasci no dia 3. Portanto longe da dialética marxista e do céu e inferno dos protestantes e do bem e do mal dos católicos e outras religiões monoteístas, não vou desejar "boa" leitura, mas sim uma leitura atenta e reflexiva. Atente-se para algumas frases com a deliberada intenção de denegrir e nunca de informar:
- era apenas "el chancho", o porco, porque não gostava de banho e "tinha cheiro de rim fervido".
- foi um ser desprezível.
- Che tem seu lugar assegurado na mesma lata de lixo onde a história.
- Politicamente dogmático, aferrado com unhas e dentes à rigidez do marxismo-leninismo em sua vertente mais totalitária, passa por livre-pensador.
- regime policialesco de Fidel Castro.
- os exilados cubanos são vozes de maior credibilidade.
- um comandante imprudente, irascível,
- A frente de comportamento mais desastroso foi a de Che,
- A maioria era apenas gente incômoda.
- Seus bens agora me pertenciam".
- se tornou um assassino cruel e maníaco.
- em uma família de esquerdistas ricos na Argentina.
- o argentino "desprezava os técnicos e tratava a nós, os jovens cubanos, com prepotência".
- Daí em diante o argentino tornou-se uma figura patética.
- Como guerrilheiro, foi eficiente apenas em matar por causas sem futuro.
- Boa-pinta, saía ótimo nas fotografias.
- mas a pinta de galã lhe garantia um aspecto juvenil.
- sua roupa imunda.
- determinação exacerbada e narcisista de conseguir tudo aqui e agora.- o supremo comandante, aparece cada dia mais roto, macilento, caduco, enquanto se desmancha lentamente dentro de um ridículo agasalho esportivo.

7 comentários:

Anônimo disse...

Ahh... Faz tempo deixei de lado qualquer tentativa de ler a Veja. Só se passa raiva com esse jornalismo parco.

Pior são aquelas pessoas que se apenas lêem esta revista e saem repetindo suas afirmações previsíveis.

Dá vontade de dizer: "Leu na Veja? Ah,azar o seu!"

Anônimo disse...

Mostrar o outro lado não é ser imparcial. Ser imparcial é emitir notícia inverídica em prol de uma das partes. Se mostrar o lado sujo de Che é ser imparcial, todos vocês amantes de Che são imparciais por só adorar e mostrar o lado "revolucionário altruísta" dele. Olhe si próprio antes, senão é isso que acontece: emite frases que vão contra a própria opinião. Interpretação histórica dos fatos? Ou *SUA* interpretação histórica dos fatos? Ah, e ,por favor, poderia passar um corretor gramatical no seu texto né. Moderação de comentários no blog? Bem ao estilo Che de assassinar quem é contra sua ideologia e esconder a opinião alheia. E ainda tem a coragem de falar da imparcialidade da revista. Você tem espelho e auto-crítica? Parabéns, sujo.

Ulisses Iarochinski disse...

Como vês anônimo, teu desaforo e maus modos foram publicados. No meu texto (agradeço pelo alerta dos esquecimentos ortográficos) em momento algum eu insulto...ao contrário de você, que ironicamente me agride no final. Enfim, estás perdoado, deves ser um inocente filhote dos carrascos da ditadura militar. Convido-o a visitar Oswiecin e Brzezinka e para comprovar de que lado você está. Paz, eu quero paz....na próxima se identifique. Pois, não terá repeteco insulto de quem não tem coragem de se expor. Ulisses

Claudio Boczon disse...

curioso que, quase invariavelmente, os anônimos tentam transmitir uma aura de que são detentores da verdade e, valendo-se da carapuça mal tecida que utilizam, têm por prazer agredir a tudo e a todos que não comunguem de seus preconceitos.

pena que a modéstia os impeça de se identificar, e assim ficamos impossibilitados de agradecer pessoalmente pela maneira "franca e transparente" com que eles entram em qualquer debate.

imagino que os anônimos sejam favoráveis a votações como aquela que livrou a cara do Renan e a tantos outros procedimentos semelhantes que grassam por aí...

Anônimo disse...

Certo ou errado, o jornalismo unilateral da Veja, por ter grande circulação no Brasil, poderá aguçar o interesse de uns adolescentes daqui em pesquisar no Google quem foi aquele que estampa as camisetas que vestem. Porque eu já vi gente na fila do Mc Donald's, usando camiseta do Che Guevara, jeans Diesel e Nike shox!
Eu dispenso a camiseta... mas isso é só uma opinião.rs

PS.: na enquete poderia ter a opção "pronúncia do polaco". Leio todas!

Anônimo disse...

Amigo Ulisses,
Você é surpreendente!
Receba minha sincera solidariedade pelo texto introdutório, honesto e corajoso.
Nem tudo está perdido “neste mundo que não é de deus nem do diabo”, é simplesmente nosso. E por ele somos responsáveis.
Você mostrou essa responsabilidade.
Receba, ainda, afetuoso abraço desse amigo da Terceira Margem do Vístula.
Êta polaco danado!
Almir.

Anônimo disse...

Mitos serão sempre amados ou odiados (uma terceira opção seria ignorá-los, tanto no sentido de desconhecer como no de desprezar). Nossa América Latina, tão rica em mitos e tão pobre em heróis, não precisava deste desserviço da revista Veja. Transformar o mito em herói é uma tarefa entregue àqueles que, mergulhando na história, refazem a própria história a partir das marcas nela deixadas por seus protagonistas. Transformar o mito em demônio é a função dos inquisidores munidos da inerrância de suas crenças(no caso da Veja sua tendência reacinária), do fio de sua espada (no caso da Veja a caneta de seus articulistas) e de umma fogueira pujante (no caso da Veja a sua tiragem semanal).