quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Lisboa sedia encontro de presidentes

Pavilhão Atlântico, nas margens do Rio Tejo, em Lisboa
A imprensa européia destaca, hoje, em todos os seus jornais, rádios e telejornais a grande conferência de líderes dos 27 países membros da União Européia que está acontecendo em Lisboa. E todos são unânimes em voltar suas atenções para os gêmeos polacos. Segundo o jornal "Público" de Portugal, Os irmãos Kaczyński, Presidente e primeiro-ministro da Polónia, voltaram a admitir a possibilidade de bloquear um acordo sobre o tratado europeu na cimeira de Lisboa, insistindo na satisfação de todas as reivindicações do país. Apesar das reticências polacas, a maioria dos líderes europeus acredita que será possível um consenso na reunião que começa esta tarde.“Não queremos mais nada do que aquilo a que temos direito”, afirmou o Presidente Lech Kaczynski, numa entrevista à rádio pública polaca antes de partir para Lisboa. Questionado sobre a possibilidade de os parceiros europeus não aceitarem as exigências de Varsóvia, o chefe de Estado respondeu: “então, teremos de adiar a discussão”.A Polónia, um dos países que mais obstáculos tem levantado ao novo tratado, exige que o texto definitivo – que a presidência portuguesa espera aprovar em Lisboa – consagre o compromisso de Ioannina, uma cláusula que permite a um grupo de países minoritários suspender uma deliberação. Isto, porque no prazo de sete anos a maioria dos temas europeus passará a ser aprovada pelo sistema de dupla maioria (55 por cento dos Estados representando 65 por cento da população), o que dará maior poder de decisão aos países mais populosos. Lech Kaczynski espera que os países europeus respeitem o que foi acordado na última cimeira europeia, em Junho, sublinhando que a Polónia não tem “margem de manobra” nesta matéria. “E Porquê? Porque já concluímos um compromisso em Bruxelas e os acordos são vinculativos. Concluímos esse acordo e não queremos mais nada", declarou o chefe de Estado polaco.Na altura foi decidido incluir o compromisso numa declaração separada, mas Varsóvia insiste na sua inclusão no texto do novo tratado, garantindo-lhe o mesmo valor jurídico do que os restantes pressupostos. “Se isso não for resolvido como foi acordado em Bruxelas, seremos obrigados a esperar por um acordo definitivo, pois trata-se de uma situação inaceitável para nós”, afirmou, por seu lado, o primeiro-ministro, Jaroslaw Kaczynski. A Itália é a outra grande dificuldade porque se recusa a ter menos eurodeputados do que a França e o Reino Unido, de acordo com a última proposta do Parlamento Europeu para a repartição dos assentos na próxima legislatura (2009-2014). Roma afirma "não poder aceitar" uma tal perspectiva, segundo avisou quarta-feira o chefe do governo Romano Romano Prodi. Contudo, parece muito improvável que este antigo Presidente da Comissão Europeia assuma a responsabilidade pelo fracasso na aprovação do Tratado de Lisboa, admitindo-se que tente resolver a questão à posteriori, ao contrário do que pretende a presidência portuguesa da UE.Por seu lado, o Primeiro-Ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker disse que "haverá acordo em Lisboa porque é preciso que haja um acordo". Afirmou ainda: "É preciso acabar com o umbiguismo e as lamentações sobre o nosso próprio destino".No mesmo sentido pronunciou-se quarta-feira o chefe do Governo britânico, Gordon Brown, que declarou ter "chegado a altura de acabar com este período de prolongado debate institucional introspectivo".O novo tratado visa adaptar a União à sua extensão ao antigo bloco comunista da Europa do Leste, que a fez passar de 15 para 25 e, desde o início deste ano, para 27 países, com a adesão da Roménia e da Bulgária. Se o texto for aprovado restará apenas a sua ratificação pelos 27 países membros. O cenário da ratificação tem vindo a complicar-se com o cada vez maior número de opiniões públicas a exigirem que se faça por referendo. Qualquer rejeição reeditaria o drama da rejeição francesa e holandesa da Constituição europeia em 2005 que mergulhou a Europa nesta crise institucional. Em princípio o único país obrigado a proceder a uma consulta popular é a Irlanda que tem essa obrigação constitucional. Os restantes países correm menos riscos com a ratificação parlamentar, apesar das dificuldades sentidas nos últimos dias pelo executivo de Gordon Brown que vê aumentar diariamente o número dos que fazem campanha pelo referendo e o acusam de não cumprir a palavra dada. A Cimeira de Lisboa tem início às 18h00 de Lisboa no Pavilhão Atlântico.

P.S. são necessárias algumas observações ortográficas, de acentuação e de vocabulário neste texto do jornal português, para o idioma falado no Brasil. Não que seja tão difícil como o idioma da Polônia, mas algumas palavras os brasileiros não hão de entender. Então vamos lá: Cimeira - reunião de alta cúpula.
Polónia - os português falam o segundo O aberto, nada mais natural que acentuem com acento agudo e não circunflexo como no Brasil. Polacos - os portugueses não conhecem a discrimatória palavra poloneses, bem como os demais sete países de língua portuguesa (incluído Portugal).
Na altura - naquele momento.
repartição - no Brasil o mais usual seria usar a palavra divisão.
matéria publicada no site do jornal português em http://www.publico.pt
Na foto de Peter Andrews... o presidente Lech Kaczyński e o primeiro-ministro português e presidente de turno da União Européia José Sócrates.

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