sexta-feira, 30 de maio de 2014

Estreia nos cinemas do Brasil o filme Lech Wałęsa

Filme resgata vida de sindicalista que virou presidente. Da Polônia

Longa-metragem de Andrzej Wajda refaz trajetória de Lech Walesa em sua luta pela liberdade e pelos direitos dos trabalhadores

Texto: Xandra Stefanel

Passadas quase quatro três décadas desde quando os movimentos grevistas começaram a se espalhar pela Polônia, é de se espantar que ninguém, até então, tivesse feito um filme sobre Lech Wałęsa, o eletricista de origem humilde que se tornou o maior líder sindical do país e elegeu-se presidente.
Eis que, em abril de 2011, Andrzej Wadja – um dos mais importantes nomes do cinema político do mundo – declarou ao jornal inglês The Guardian que pretendia fazer um filme para “fazer brilhar uma nova luz” sobre o personagem que mudou os rumos da Polônia e do Leste Europeu. Wałęsa – O Homem de Esperança foi lançado em setembro do ano passado no Festival de Veneza e estreia nesta quinta-feira, 29, no Brasil.
O longa completa a trilogia do cineasta sobre o comunismo na Polônia, ao lado de O Homem de Mármore (1987) e O Homem de Ferro (1981). Todo o filme é construído a partir da entrevista que Wałęsa (Robert Wieckiewicz) concede à jornalista italiana Oriana Fallaci (Maria Rosaria Omaggio) na década de 1980, que é intercalada pelos fatos vivenciados por ele e pela agitação política de um país que clamava por liberdade.
Wajda resgata a história de Wałęsa desde o começo da década de 1970, período em que era eletricista no estaleiro naval Gdansk. Ele começa a organizar o sindicato Solidariedade quando a empresa passa a reprimir o movimento dos trabalhadores. Sua liderança naturalmente se destaca, ele ganha notoriedade frente à sociedade e acaba estimulando um movimento de greve geral no país. O ativismo faz com que ele perca constantemente seus empregos e seja perseguido pelo regime. E é aí que se apresenta o drama pessoal do eletricista.
Frequentemente desempregado e preso, resta à sua mulher, Danuta (brilhantemente interpretada por Agnieszka Grochowska) cuidar praticamente sozinha dos sete filhos e da casa, sempre cheia de militantes. Sua aparência frágil contrasta com sua energia, ela é o suporte emocional de Lech e aguenta firme os infortúnios pelos quais passa a família. Mesmo que o filme trate Wałęsa como um grande herói vindo do povo (a tradução do título original é Nós, o Povo), as entrelinhas também mostram suas fraquezas: o personalismo, uma certa arrogância e suas contradições não são o foco do diretor, mas trazê-los à tona dá um caráter humano ao mito que criou a primeira federação de sindicatos independentes do bloco comunista.
Wajda encerra a história de Wałęsa quando o líder recebe o Nobel da Paz, em 1983. Fica de fora o fato de o militante ter sido eleito, em 1990, o primeiro presidente da Polônia depois da derrocada do comunismo. Ao contornar essa fase da vida de Lech, o diretor evita tratar sobre sua atuação como presidente, muitas vezes considerada controversa e impopular. É compreensível que um filme não baste para contar a história de uma vida toda.
Partindo desse princípio, parece natural que o diretor tenha trazido ao público os fatos que realmente marcaram a história da Polônia e que impulsionaram importantes mudanças políticas no Leste Europeu, inclusive a queda do Muro de Berlim. O movimento polaco – primeira grande manifestação do Leste Europeu contra um regime fiel à herança stalinista naquele bloco desde a Primavera de Praga, uma década antes – teria peso importante para o que seria mais adiantes o fim da ex-URSS. E teria influenciado até a primeira eleição do polaco Karol Wojtyła, então denominado João Paulo II, em 1978, o primeiro papa não italiano desde 1522 – outro grande adversário do regime soviético que deixou claro seu lado na Guerra Fria.
Em entrevista o jornal The New York Times, Andrzej Friszke, historiador e consultor do filme afirmou: “Mesmo para aqueles que não são muito fãs de Lech Wałęsa, é impossível questionar a autenticidade de sua batalha contra o comunismo”.
Talvez este tenha sido o último longa de Andrzej Wajda. Do alto de seus 88 anos, o diretor resgatou boa parte da história de seu país, foi indicado três vezes ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ganhou, em 2000, o Oscar honorário pela sua contribuição ao cinema. Com Wałęsa – O Homem de Esperança, ele apresenta ao público a importância da luta pela liberdade e pelo direito do trabalhador.
Sem no entanto, entrar no mérito se o regime capitalista que tomou assento era o sonhado pelos operários de Gdansk.

Fonte: Revista do Brasil

Wałęsa critica protestos no enterro de Jaruzelski


Em entrevista a televisão TVN24, o ex-presidente Lech Wałęsa afirmou que em sua opinião, muitas coisas não devem ser contabilizados para a General Jaruzelski, porque não se sabe as razões que o levaram a tomar a decisão mais difícil. "Em face da morte devemos se comportar de forma humana, pois ainda estamos corrigindo, construindo e devastando".
Disse ainda que "geração após geração o General participou da traição. Traiu-nos em 1939, traiu-nos em 1945. O que esta geração teve para escolher? Alguns entraram para comunismo, talvez para esmagá-lo a partir de seu interior, outros por medo de atrapalhar suas carreiras, outros ainda por outras razões".
Wałęsa lamentou que "gostaria que o general abordasse, que dissesse o que levou às decisões difíceis que tomou, mas não teve sucesso", e acrescentou que após cada tentativa dele os polacos o acusaram de trair os ideais. Os polacos na hora de seu enterro querem protestar. Eu não gosto disso". E disse mais: "Um País livre tem instituições para contabilizar e assegurar. E eles precisam de contabilizar isto. Os polacos têm o direito de discordar, mas nós não podemos lutar por cada coisa". Wałęsa disse que o estado da democracia polaca e europeia parecem ruim, mas as pessoas não entendem o que significa a liberdade e a democracia.
"Eu queria que estivesse organizada de forma diferente. Não foram dadas a mim fazer isso, porque a Polônia está em tal estado em que ela é assim", disse ele.
O ex-presidente acrescentou que seu filho Jarosław foi eleito para o Parlamento Europeu. "Meu filho é realmente capaz e trabalhador. Ele tem todos as condições para ser muito melhor do que eu. Estou contente por ele ter ganho, porque ele pode servir dignamente a Polônia até mais do que seu pai." Jarosław Wałęsa foi eleito para o parlamento europeu nas eleições realizadas no último domingo pela Platforma Obywatelska, o mesmo partido do atual presidente e primeiro-ministro da Polônia.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Jaruzelski foi uma pessoa honrada e honesta


Uma pesquisa de opinião pública realizada pela CBOS, em dezembro de 2011, dizia que 44% avaliaram a decisão de impor a lei marcial pelo General Jaruzelski como legítima. Dez anos antes, em 2001, para a mesma pergunta 51% por cento pensavam assim também.
"Essa diferença em apoio à decisão de impor a lei marcial é uma diferença geracional medida que o tempo tenderá a diminuir a porcentagem dos polacos que irão avaliar positivamente a decisão de impor a lei marcial. O que não quer dizer que esta avaliação vai crescer inequivocamente para negativa da geral", disse o professor Janusz Czapiński, psicólogo social da Universidade de Varsóvia.
Segundo Czapiński, Jaruzelski foi uma figura clássica de tragédia grega, também nas mentes de muitos polacos e nas mentes daqueles que absolutamente não aceitam suas ações nos anos 80, que culpam-no por tentar implodir o Sindicato Solidariedade. "Mesmo que eles estejam cientes de que ele estava entre a cruz e a espada, ele teve que tomar uma decisão."


Para Czapiński, "Por isso, essa relação nunca será tão inequivocamente negativa, como a do general Augusto Pinochet, no Chile. Este era um formato diferente de homem. Ele não só matou as pessoas, porque ele estava com medo de oposição. Tentou fazê-lo de luvas brancas, através de detenções. Vítimas, sim eram, mas eles não foram vítimas, que ele tenha planejado deter, ao introduzir a lei marcial", disse Czapiński.
De acordo com o sociólogo, ele foi uma figura política extremamente expressiva e assim vai entrar para a história da Polônia. "Os jovens vão julgá-lo pelo prisma de votos de seus pais. Para a minoria daqueles que são hoje, com 15 anos ou até menos, entenderam que ele estava fazendo a sua própria sentença, com base em documentos, livros e materiais de arquivo. Portanto, acredito que os pais jovens passarão a ter uma avaliação muito diversificada sobre Jaruzelski. E entre essas avaliações também irão ter uma positiva", explicou o sociólogo.
Gen. Wojciech Jaruzelski com a esposa  Barbara e a filha Monika
Para o prof. Czapiński, "Nunca houve uma situação em que a maioria dos polacos e até mesmo após vários anos do fim da lei marcial, nutrissem forte ressentimento , acentuado contra o general, ou contra a decisão dele de impor a lei marcial, embora, é claro, uma parte significativa dos seus compatriotas que tinham um forte pesar de que o primeiro sindicato Solidariedade tivesse acabado de tal forma e que o país estivesse pacificado e ainda levando uma longa demora de 8 anos para a tão sonhada independência".
A condução daquela crise por Jaruzelski foi muito mais positiva, mesmo quando essa avaliação vinha de setores à direita da política polaca, especialmente do PiS - Partido Lei e Justiça. Essa relação começou a evoluir e foi ficando cada vez mais negativa. Isto é, a direita polaca viu o general comunista Jaruzelski, depois de 1989, como alguém necessário no processo de independência do país.

Ele foi capaz de manter-se com honra
"Do ponto de vista de muitos polacos o general Jaruzelski é um personagem trágico, muito ambíguo em muitos aspectos; Jaruzelski, sem dúvida, é considerado um homem que se comportou dignamente", explica Czapiński.
A avaliaçao positiva de Jaruzelski nos últimos anos corresponde, na opinião do professor ao comportamento do próprio general. "Quando o Presidente Lech Kaczyński, ferrenho adversário dos comunistas e do próprio general, concedeu-lhe uma grande honra, e mais tarde descobriu-se, que foi um erro de um dos funcionários de seu gabinete, o general respondeu muito rapidamente àquela situação constrangedora para a presidência do país: Ele, Jaruzelski, renunciou às honras. Para muitos polacos, foi o comportamento de uma pessoa honrada e honesta", observou Czapiński.
O sociólogo lembrou também o debate social acalorado quando quiseram saber se o general deveria ir com o presidente Bronislaw Komorowski a Roma para a beatificação de João Paulo II. "O general não esperou pela decisão final sobre o assunto, ele anunciou imediatamente que não iria participar da cerimônia, porque não queria causar problemas para pessoas lembrando de tais comportamentos", observou o prof. Czapiński.
Prof. dr. hab. Janusz Czapiński
Na opinião do professor de psicologia social da Universidade de Varsóvia, na Polônia existe um culto da honra, e, além disso os polacos possuem uma atitude positiva para com o exército. "No contexto de uma percepção positiva do caráter do general Jaruzelski esses dois aspectos se sobrepõem". Segundo Czapińskiego Jaruzelski, "mesmo entre pessoas muito hostis a ele, como compatriotas que se ressentem da introdução da lei marcial, ele sempre foi considerado como um soldado honrado." Completa Czapiński.
Nos últimos anos, processos contra o general Wojciech Jaruzelski e demais acusados ​​pelos homicídios de trabalhadores em dezembro de 1970 foram abertos. "Aquilo foi há 40 anos, aquelas pessoas, hoje, tem mais de 60 anos de idade. As novas gerações tendem a tratar aquele fato como um registro da história. Mas admiram que Jaruzelski já não seja tão hostil como em dezembro de 1970."
"O general Jaruzelski, no entanto, foi importante para alguns polacos pois se ele não se apresentasse ao comando do Politburo russo, deixaria de ser um general,  e não seria ministro da Defesa. O que iria acontecer, em 1981, para muitos polacos Jaruzelski pode ter impedido o derramamento de sangue e o caos no país naquele ano ícone na história recente da Polônia", concluiu o prof. Janusz Czapiński.

Fonte: jornal Gazeta Wyborcza, Varsóvia

sábado, 17 de maio de 2014

Cineasta Rybczyński quer renunciar a cidadania polaca

O cineasta polaco e vencedor do Oscar de filme de animação "Tango", Zbigniew Rybczyński anunciou que deseja renunciar a cidadania polaca.
Rybczynski, após o conflito com o Ministro da Cultura, Bogdan Zdrojewski, decidiu vender sua coleção de ilustrações (algumas raríssimas e verdadeiras obras de arte) e deixar a Polônia.
"Fui humilhado, assassinado e não quero viver em um país onde os métodos aplicados são da era stalinista. O mesmo ministro que me caracterizou como contribuidor da cultura polaca, serviu-me um balde de água suja, com a aprovação tácita da maioria dos representantes mais importantes da cultura polaca. Alguns em silêncio por medo de perder os subsídios estatais". Declarou Rybczynski em uma entrevista para o site do jornal dziennik.pl, acrescentando que estará pedindo a revogação de sua cidadania polaca ao presidente da República e ao primeiro-ministro.
O diretor anunciou que tem a intenção de deixar a Polônia para viver nos Estados Unidos. "Tenho 65 anos de uma vida muito bem realizada, sou respeitado no mundo, e quando retornei ao meu país em 2009 e quis realizar um grande projeto na área de técnicas de audiovisual, fui destruído por um grupo de funcionários", disse Rybczynski.
Zbigniew Rybczyński também tem cidadania norte-americana. Sob a lei polaca, a cidadania pode ser renunciada desde que a pedido pessoal e após aprovação do Presidente da Polônia.

O motivo da discórdia
O diretor passou a maior parte de sua vida no exílio, mas em 2009, ele voltou para a Polônia. Foi-lhe oferecido o cargo de diretor artístico do CETA Centro Audiovisual em Wrocław. No início de outubro de 2013, o Diretor do CETA Robert Banasiak anunciou a demissão de Rybczyński.
Bogdan Zdrojeswski
Ao mesmo tempo, informou que o Ministério Público o colocava sob suspeita de cometer um crime, o qual era devido "a remoção de financiamento público para a WFF Film Studio, em Wrocław, e em seguida, do CETA, por falsificação de documentos, má gestão e celebração de contratos desfavoráveis ​​para serviços prestados às obras e serviços da instituição".
Um relatório relacionava-se com as direções anteriores da entidade. Banasiak listou os nomes do ex-diretor Robert Gawłowski, Zbigniew Rybczyński e o gerente de um dos projetos de David Kmiecik. O Ministério da Cultura e do Patrimônio Nacional salientou então que, nesta fase do caso "não queria antecipar a culpa de Rybczyński".
Em resposta, Rybczyński apresentou uma queixa ao escritório do promotor de justiça em Wrocław,  contra o ministro da Cultura e o atual diretor do CETA Robert Banasiak. Ele os acusou de que no momento certo não informaram sobre a acusação de desvio de fundos públicos. O Ministro da Cultura Resort alegou que Rybczyński induziu a opinião pública ao erro. Depois de ambos os relatórios, os promotores Wrocław abriram  investigação sobre irregularidades no CETA.

Venda de coleção de arte

Ontem, Rybczyński informou que decidiu vender suas obras de arte para ter dinheiro para os
advogados no processo contra o Ministro da Cultura Bogdan Zdrojewski.
"Depois da divulgação pública do fato de roubo e desperdício de dinheiro público feito por funcionários desonestos, eu fui punido. Junto com a minha coleção de obras de arte foram fui jogado na calçada, e o Instituto da Imagem foi convertido em um clube de supermercado ( ... ). Sou forçado a me despedir das minhas obras de arte, as quais nunca tive a intenção de vender", explicou Rybczyński no site da casa de leilões de arte.
O Tribunal Distrital de Wrocław já realizou a primeira audição de ações privadas em que o vencedor do Oscar processou o ministro Zdrojewski. O processo diz respeito à publicação no jornal "Gazeta Wroclaw", na qual o ministro afirmou que Rybczyński exigiu emprego para sua esposa num cargo gerencial no CETA. O processo foi adiado até 12 de junho, mas é apenas uma das várias questões em que Rybczyński está processando Bogdan Zdrojewski.

Quem é Rybczyński
Ao receber o Oscar em 1983
Ele nasceu em Łódź (pronuncia-se uúdji), na Polônia, em 27 de janeiro de 1949. É o cineasta polaco que mais ganhou prêmios de prestígio na indústria cinematográfica e audiovisual, tanto nos EUA como internacionalmente. Ele também foi professor de cinema e de filmagem eletrônica. Atualmente é pesquisador de tecnologia da composição na Ultimatte Chroma Corporation.
Ele estudou na famosa universidade do cinema Escola Superior de Cinema de  Łódź  (PWSFTViT), onde também estudaram os principais diretores e cinegrafistas polacos como Andrzej Wajda, Krzysztof Kieślowski, Romam Polanska, Agnieszka Holland, Krzysztof Zanussi, Piotr Sobociński, Janusz Kamiński e Adam Sikora.
Rybczyński começou sua carreira como diretor assistente. Os filmes deste período incluem: "Rozmowa-TV"  e "Po Omacku" de​ Piotr Andrejew, "Wideokaseta" de Filip Bajon, "Wanda Gościmińska włókniarka" de Wojciech Wiszniewski e o longa-metragem de Grzegorz Krolikiewicz "Tańczący Jastrząb".
Rybczyński também participou do grupo de vanguarda "Warsztat Formy Filmowej" e colaborou com "SE-MA-FOR estúdios" em Łódź, onde rodou seus filmes de arte, incluindo: "Plamuz" 1973, "Zupa" 1974, "Nowa książka" 1975 e "Tango" 1980. Este último  foi seu grande sucesso e com ele ganhou o Oscar de melhor filme curta de animação em 1983.
É pioneiro na tecnologia reconhecida na televisão como HD (HDTV).
Em 1990, ele produziu um programa em HDTV "A orquestra" para o mercado japonês, com o qual ganhou inúmeros prêmios, incluindo o prêmio Emmy de "Excelência em Efeitos Visuais Especiais ". O programa, que foi criado em HDTV foi entregue em resolução padrão em PBS como parte da grande série "Great Performances". O formato HDTV ainda não estava disponível para os telespectadores, o que só foi acontecer mais de uma década depois. Fragmentos deste programa regularmente é exibido em canais clássicos como Arts (canal Clássico Arts Showcase ) dos EUA.
Rybczyński criou muitos videoclipes de artistas mundialmente famosos como como os Art of Noise, Mick Jagger, Simple Minds, Pet Shop Boys, Chuck Mangione, The Alan Parsons Project, Yoko Ono, Lou Reed, Supertramp, Rush, Propaganda, Lady Pank, Michel Jackson e também para "Imagine" de John Lennon.


P.S. Tive a oportunidade de conhecer o CETA - Centro Audiovisual em Wrocław e de almoçar com Zbigniew Rybczyński e sua esposa, acompanhado de meu amigo Szymon Straburzyński, que foi quem me apresentou ao ganhador do Oscar de 1983. Ah! O almoço e a garrada de vinho foi Rybczyński quem pagou.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Perspectivas das eleições para o Parlamento Europeu

Aproximam-se as eleições europeias. A União Europeia ganhou novos membros nos últimos anos, e conta atualmente 28 países. Para alguns destes países, a adesão traduziu-se em mudanças significativas.


A TV FR2  (Francesa) foi observar de perto o caso da Polônia.
A Polônia mudou muito, nos últimos dez anos. Os fundos europeus – 67 mil milhões de euros na totalidade – deram grande impulso ao desenvolvimento.
2.800 km de auto-estradas, um porto de águas profundas no mar Báltico. Nas grandes cidades, telas publicitárias gigantes, centros comerciais. Com o złoty, a moeda nacional, os polacos compram o que há de mais moderno.
Com dez anos de comunidade europeia, a Polônia tem hoje um novo peso político e joga na divisão dos grandes.
Apesar disto, os eleitores não revelam grande reconhecimento: a mádia de abstenção nas europeias é de 70%. Apesar da ajuda de Bruxelas, o projeto europeu não faz sonhar os polacos.
A União Europeia representa transformações para uns, decepção para outros. Em vários países da União Europeia os protestos multiplicam-se contra a política europeia de austeridade que faz explodir o desemprego. Em Portugal, os estudantes fizeram uso de um humor cáustico para criticar Bruxelas.

A TV TSR suíça foi conhecer o que dizem os estudantes portugueses
A festa da Queima das Fitas de Coimbra é a mais célebre do país. Não é demasiado difícil este ano escolher os carros alegóricos do cortejo: a crise, a emigração ou a auteridade imposta pela União Europeia. A Universidade de Coimbra data de 1290, é uma das mais antigas do mundo e mantém tradições. Para os trinta mil estudantes de Coimbra, o futuro é sombrio, como se vê pelo carro alegórico da faculdade de medicina. Em Portugal, estão no desemprego 37% dos jovens.
Durante várias semanas, os estudantes decoraram os carros alegóricos, mais de 120 este ano, por um custo entre 5 e 10 mil euros cada. E apesar das críticas, ainda se acredita no ideal europeu. Apesar de todas as dificuldades, Portugal permanece um país profundamente ligado à União Europeia.
A União Europeia espera uma taxa de abstenção recorde. Em 2009, foi de 57%. Como encorajar os cidadãos a não se afastarem das urnas no dia 25 de maio? Na Dinamarca, o parlamento optou pela divulgação de um vídeo feito para chocar, com sexo e violência. As reações negativas exigiram que fosse retirado de emissão.
A RTP deu a conhecer o que está em jogo
Votar para quê? Esta é a questão que muitos cidadãos da União Europeia se colocam. Muitos ignoram quais sãos os poderes do parlamento europeu e como funciona o voto. ‘‘Porque razão vais votar?’‘ O canal francês FR3 fez a pergunta a cidadãos que tencionam votar.

Fonte: Copyright © 2014 euronews

terça-feira, 13 de maio de 2014

Licheń: A maior igreja da Polônia

Basílica Menor de Nossa Senhora de Licheń
Considerado um dos países mais católicos do mundo, a Polônia possui 36,6 milhões de fiéis no país dos 39,6 milhões de habitantes.
Existem 10.114 paróquias no país e 17.533 igrejas e capelas. São 28.546 sacerdotes, incluindo 22.221 padres diocesanos, 6325 frades, 23.304 freiras, 1522 monges e sete diáconos permanentes.
A Igreja Católica Apostólica Romana na Polônia tem 135 bispos, 14.418 catequistas, e outras 1.081 pessoas pertencem a institutos seculares. São 15 cardeais metropolitanos.
A Polônia tem centenas de santos e bem-aventurados. Quatro deles foram elevados à categoria de padroeiros polacos, Święty Wojciech (São Adalberto – principal padroeiro da Polônia), św. Stanisław Biskup (São Bispo Estanislau – principal padroeiro da Polônia), św. Stanisław Kostka (São Estanislau Kostka) e św. Andrzej Bobola (São André Bobola).
Também são cultuados os demais santos polacos com bastante fervor: św. Królowa Jadwiga (Santa Rainha Edwirges - Padroeira da União Europeia e da Universidade), św. Faustyna Kowalska (Santa Faustina), św. Albert Chmielowski, św. Urszula Ledóchowska, bł. Jerzy Popiełuszko (Beato Jorge) e o mais famoso e recente em todo o mundo św. Jan Paweł II (São João Paulo II - cardeal Karol Wojtyła).
Atualmente existem 1803 candidatos ao sacerdócio em escolas de ensino médio e 6427 clérigos em seminários de ensino superior.

Catedral de Nossa Senhora de Częstochowa
A Igreja Católica administra 1240 jardins de infância e escolas primárias, com a participação de quase 133 mil estudantes, 417 escolas de ensino médio, com quase 83 mil alunos e 69 faculdades e universidades, com mais de 100 mil estudantes. A Igreja Católica polaca administra 33 hospitais, 244 ambulatórios, 267 asilos, centros de acolhimento de pessoas com deficiência e menores de idade, 538 orfanatos e lares de cuidados infantis, 1.820 clínicas e centros para a proteção da educação para a vida familiar em 1462 e centros de reeducação e 287 outras instituições de caridade e educação. A igreja de Roma é proprietária de 160 mil hectares de terras.
Igreja de Santo André
Somente em Cracóvia, cidade com mais de 750 mil habitantes, existem 175 igrejas e capelas. Algumas delas de reconhecimento internacional, como a Catedral de Wawel, a Basílica Mariacka, Igreja de Santo André (a mais antiga edificação em uso da cidade), Igreja de São Pedro e São Paulo, Igreja de Corpo de Cristo, Igreja de São Casimiro (com múmias em seu porão), Igreja de São Francisco (onde o Santo João Paulo II rezava todo manhã no mesmo banco próximo da porta de entrada) Igreja dos Dominicanos, Igreja de São Estanislau.
Catedral de Wawel
Basílica Maior Mariacka
Três Santuários estão entre os mais visitados do país, o da Santa Misericórdia, em Cracóvia (onde está o quadro original de Jesus Misericordioso de Santa Faustina) e Catedral de Montes Claros de Nossa Senhora de Częstochowa, (a padroeira da nação) e a Catedral de Nossa Senhora de Licheń (a maior da Polônia e 7ª. da Europa).

Outras religiões do país
Igreja Católica Apostólica Romana - 36.600.000 fiéis Igreja Ortodoxa bizantina-ucraniana - 55.000 fiéis Igreja Armênia - 5000 fiéis Igreja Neo Uniate - 147 fiéis.


A maior igreja da Polônia
Há muitos anos o Santuário de Licheń ocupa lugar de destaque no mapa mundial dos santuários marianos.
Encontra-se aqui um pequeno quadro com a imagem de Nossa Senhora, frequentemente designada pelos peregrinos como Rainha Dolorosa da Polônia.
O título que lhe conferiram os peregrinos surge por si mesmo: sobre a cabeça Maria traz uma coroa, ao peito abraça uma águia branca, e no seu manto encontram-se as insígnias da Paixão do Senhor. O culto desta imagem e a veneração de Nossa Senhora sob esta invocação têm uma história, cujos inícios remontam até ao século XIX.
A primeira aparição de Nossa Senhora aconteceu num campo de batalha perto de Lipsk, no ano de 1813, no meio de uma batalha sangrenta, onde participavam várias legiões polacas, que estavam a sofrer enormes perdas. Um dos legionários, Tomasz Kłossowski, ferreiro de profissão, encontrando-se bastante ferido por causa da batalha, começou a invocar o auxílio de Nossa Senhora, pedindo-lhe socorro.
Igreja consagrada a Santa Dorotéia

Envolto num sofrimento imenso, viu a silhueta da Virgem Maria andando pelo campo de batalha, a qual lhe prometeu ajuda e encarregou-o de encontrar um quadro com a representação da Sua imagem. Miraculosamente salvo, após vários anos de procura, o legionário encontrou o quadro com a representação da imagem de Nossa Senhora, que lhe havia aparecido no campo de batalha, perto de Lipsk. Tendo encontrado a imagem perto de Częstochowa, trouxe-a consigo para a sua casa em Izabelin, onde lhe dedicou uma especial devoção. Alguns anos depois, Tomasz Kłossowski levou a imagem para a floresta de Grąblin, situada a 3 km da sua casa. E ali colocou a imagem numa capelinha de madeira que pendurou num pinheiro, perto de uma vereda da floresta.
Em 1850, sucederam-se várias aparições de Nossa Senhora no lugar onde o quadro havia sido colocado. Numa silhueta parecida com a da imagem da capelinha da floresta, Nossa Senhora apareceu três vezes a um pastor chamado Mikołaj Sikatka, ao qual pediu que incentivasse os seus conterrâneos à penitência, à oração e à conversão.
Dois anos depois, a fama da imagem difundiu-se ainda mais, no tempo da epidemia de cólera, que se alastrou para além da população local. Os acontecimentos relacionados com a epidemia foram prenunciados por Nossa Senhora por meio do pastor Sikatka, em 1850. A população doente e ameaçada de contágio começou a reunir-se no local das aparições, diante da imagem que se encontrava na capelinha da floresta de Grąblin.
Mikołaj Sikatka
A fé, a oração fervorosa e a veneração a Nossa Senhora trouxeram aos fiéis a desejada saúde e as graças necessárias. Começou-se então a venerar ainda mais a imagem e sua a fama propagou-se por todas as localidades vizinhas. Por causa da crescente veneração da imagem e também por motivos de segurança, em 1852, a imagem foi transferida para a igreja paroquial de Licheń. Desde então a imagem foi sendo continuamente venerada naquele local e os fiéis começaram a acorrer ali em peregrinação, a fim de suplicarem as graças necessárias para si e para os seus, por intercessão de Nossa Senhora.
A eficácia da intercessão de Nossa Senhora de Licheń despertou nos fiéis a fé e o sentimento de gratidão. A sua convicção acerca da santidade e da magnificência daquele lugar fez com que ali voltassem repetidas vezes. Incentivados pela apelo de Nossa Senhora à penitência e à conversão, os peregrinos, muitas vezes, começavam a sua estadia no santuário recorrendo ao sacramento da Reconciliação. De alma purificada e de lágrimas nos olhos exprimiam assim os anseios do seu coração numa longa oração pessoal aos pés de Nossa Senhora.
Deus escolheu este local, a fim de derramar torrentes de graças para os seus fiéis, através das mãos de Nossa Senhora de Licheń.
No âmbito das comemorações do Milênio do Batismo da Polônia, no dia 15 de Agosto de 1967, a imagem foi condecorada com a coroa papal. A coroação da imagem de Nossa Senhora de LIcheń foi efectuada pelo Cardeal Stefan Wyszyński, Primaz da Polónia, o qual, enquanto aluno do Seminário Maior da Diocese de Włocławek trabalhou em Licheń  ali viveu a experiência daa cura miraculosa de uma doença incurável naquele tempo.
No ano de 1999 o Santuário foi visitado pelo papa João Paulo II, que consagrou o templo que entretanto havia sido construído em Licheń. O Sucessor de São Pedro pernoitou duas noites na cidade e durante a sua estadia a imagem milagrosa foi trazida para a sua capela privada, anexa ao quarto onde pernoitou. Acerca do templo que havia sido construído o papa disse: "Irmãos e irmãs, agradeço à Providência Divina, por me ter proporcionado passar por este Santuário durante o percurso da minha peregrinação à Pátria e por poder encontrar-me convosco no meio desta paisagem primaveril, nesta colina pitoresca, entre prados e florestas, a fim de realizar a consagração deste novo templo em honra da Santa Mãe de Deus. Olho com admiração para esta enorme construção, a qual no sua pujança arquitetônica exprime a fé e o amor a Maria e a Seu Filho. Graças sejam dadas a Deus por este templo."

Nave principal da Basílica de Licheń
O atual templo dedicado a Nossa Senhora de Licheń, no qual se encontra a imagem milagrosa é o maior templo da Polônia e por causa do seu significado para a vida da Igreja foi elevado à categoria de Basílica Menor pelo papa João Paulo II no ano de 2005.
O desenvolvimento deste local e a presença numerosa de peregrinos são acima de tudo obra de Deus. Maria, eleita para ser Mãe do Filho de Deus e, posteriormente, mãe de todos os fiéis, guia os passos dos seus filhos e incessantemente intercede por eles. A sua poderosa intercessão neste local frutifica não só nas almas e nas vidas das pessoas concretas, mas também no sinal visível do enorme templo, que, contra todas as expectativas, surgiu no meio de um campo de uma pequenina aldeia.
Para Deus não há coisas impossíveis. Alcançar a bênção de Deus é, pois, o intuito de muitos milhões de penitentes, que nas suas súplicas imploram vigorosamente a poderosa intercessão de Nossa Senhora. Ela lembra incessantemente aos peregrinos, que sem a bênção de Deus as atividades humanas não têm fundamento. O amor de Deus e a Sua Misericórdia infinita abrem diante da humanidade uma perspectiva de alegria verdadeira e definitiva. Nesta bela obra da salvação, que continuamente vamos conhecendo, esforçando-nos por realizá-la na nossa vida, acompanha-nos a nossa Mãe Santíssima. Pela Sua excelsa intercessão cheia de amor e solicitude, os peregrinos suplicam a Deus as graças necessárias para si, para os seus entes queridos, para os seus amigos e conhecidos.
A custódia do Santuário está ao encargo da Congregação dos Marianos da Imaculada Conceição, fundada pelo Beato Stanisław Papczyński em 1673. Esta Congregação é a mais antiga comunidade religiosa fundada por um polaco. A Congregação dos Marianos tem um caráter especificamente mariano. A sua missão consiste na difusão do culto à Imaculada Conceição da Beatíssima Virgem Maria, no desenvolvimento da atividade apostólica e na oração pelos fiéis defuntos.

Alojamento e alimentação
No terreno do santuário situam-se duas Casas de Peregrinos com capacidade para albergar de uma só vez mais de 1000 pessoas. O Santuário possui também uma cantina, onde os peregrinos podem fazer as refeições. Dos serviços de alojamento e de alimentação podem usufruir pessoas individuais, bem como grupos de várias centenas de pessoas.

Fonte: site www.lichen.pl

terça-feira, 6 de maio de 2014

10 anos da Polônia na UE – oportunidade bem aproveitada

Quando o premiê e o chefe da diplomacia da Polônia assinavam o tratado de adesão à União Europeia, nem imaginavam que os benefícios seriam tão vastos, tanto para a Polônia quanto para a Europa.


Há uma década, a Polônia e outros 9 países aderiram à União Europeia. Isso foi possível graças ao esforço enorme para satisfazer os critérios de adesão. Nós não nos juntamos à UE por um capricho. Nós nos tornamos parte da União, porque realizamos reformas abrangentes, praticamente remodelando nosso país de baixo para cima. Em menos de uma década, construímos uma democracia e uma economia de mercado livre - dois pilares de uma Europa unificada.

O progresso foi possível graças à entrada da Polônia no caminho da transformação sistêmica, que começou em 1989. No dia 4 de Junho, vamos celebrar o 25 º aniversário das primeiras eleições pluralistas e parcialmente livres no nosso país. Foram as primeiras eleições nesta parte da Europa, abertas aos representantes da oposição anticomunista, após décadas de totalitarismo.
Naquela época, após 40 anos de regime comunista, a Polônia era economicamente e politicamente falida. Hoje, estamos ajudando a solucionar problemas na Europa e fora dela. Somos uma prova de que com determinação e boa conjuntura, é possível mudar o curso da história.
Orgulhosos dos êxitos alcançados estamos dispostos a servir de inspiração - seja para a Ucrânia, Tunísia ou Myanmar - independentemente da nacionalidade, cor ou crença.

Neste ano especial, no qual a Polônia comemora vários aniversários das grandes conquistas do país, vale a pena conhecer o nosso caminho à liberdade e à integração europeia. Basta dizer que durante estes dez anos na União Europeia, o PIB da Polônia disparou, com aumento de 48,7%. Mesmo em 2008-2013, durante a profunda crise financeira global, a nossa economia cresceu 20% - de longe o melhor resultado na UE. Tudo isso serve para mostrar que os polacos fizeram bom uso dessa oportunidade histórica. Em 2012, os investimentos estrangeiros acumulados na Polônia valiam cerca de 178 bilhões de euros, quase quadruplicando desde 2003. Durante os dez anos da adesão à UE, a Polônia gerou dois milhões de empregos. Os números falam por si.

A integração também trouxe benefícios aos nossos parceiros. É errado afirmar que a expansão da UE estava por trás da crise econômica da Europa. De fato, dados macroeconômicos mostram que o alargamento teve um impacto positivo na maioria das economias da UE-15. Os maiores ganhadores foram os que impulsionaram o comércio com a nossa região ou abriram seus mercados de trabalho aos novos membros.
A principal fonte de benefícios para todos os países da UE (ambos estados aderentes e aqueles já presentes na União) é explorar o potencial do mercado interno, neste caso, em especial, a livre circulação de mercadorias e liberdade de movimento: fato importante, especialmente quando confrontado com uma torrente de euroceticismo populista e enganoso.

Dez anos não é mais que um piscar de olhos da história. Um quarto de século cobre uma única geração. E ainda assim, neste curto espaço de tempo, conseguimos transformar nossa parte da Europa. Orgulhosos do nosso sucesso, desejamos que ele possa ser reproduzido por aqueles que atualmente implementam reformas difíceis nos países vizinhos, que muitas vezes pagam por isso com sangue, como os heróis da Maidan. O exemplo da Polônia prova que a luta deles vale todo o esforço.

RADOSŁAW SIKORSKI
ministro da Relações Exteriores da Polônia