Após vencer com maioria absoluta as eleições gerais de 25 de outubro, a primeira-ministra Beata Szydło disse imediatamente que seu país não tem capacidade para receber os sete mil refugiados aceitos pelo governo anterior, e informou que os atentados de Paris de 13 de novembro "mudaram a situação".
O novo ministro de Relações Exteriores, Witold Waszczykowski, aberto defensor de uma maior aproximação com os Estados Unidos, chegou a sugerir a possibilidade de armar os refugiados sírios para que formem um exército para voltarem ao seu país para combater o Estado Islâmico.
Além disso, o executivo liderado pelo Partido Direito e Justiça é contra os novos cortes nas emissões poluentes e na redução do uso do carvão (item básico da cesta energética polaca) para combater a mudança climática.
De forma simbólica, o distanciamento com a Europa ficou palpável há poucos dias quando a bandeira da União Europeia foi retirada da sala onde a primeira-ministra concede uma entrevista coletiva semanal após as reuniões do conselho de governo.
A sala passou a ser decorada somente com uma série de bandeiras polacas, "um fundo mais belo", esclareceu então Beata Szydło, justificando a decisão por meras razões estéticas.
Durante a campanha eleitoral já se especulava que um governo com Szydło, uma política considerada moderada dentro de seu partido, poderia seguir os passos do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
O Direito e Justiça, presidido por Jarosław Kaczyński, é um partido nacionalista-conservador de inspiração católica, que quer ratificar uma visão diferente da Europa, com uma política externa que situa o país na linha do chamado grupo de Visegrado, formado também por República Tcheca, Eslováquia e Hungria.
De fato, Orbán recebeu com satisfação a vitória eleitoral do Direito e Justiça, triunfo que pôs fim a oito anos de governo do partido europeísta de centro-direita Plataforma Cívica, que foi liderado pelo hoje presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
O novo governo polaco não só está mudando a relação da Polônia com a UE, mas também sacudiu as estruturas nacionais, o que levou a oposição de acusar o PiS Direito e Justiça de protagonizar um autêntico "golpe de estado".
Szydło substituiu rapidamente os responsáveis pelos serviços secretos do país, o que para a oposição representa o risco de serem usados com fins políticos, e também empreendeu modificações no Tribunal Constitucional que o permitirão assumir seu controle e contar com seu consentimento diante de possíveis mudanças na Carta Magna.
O Direito e Justiça nunca escondeu seus planos de modificar a Constituição polaca para aumentar os poderes do presidente da República, reduzir o papel do parlamento, minimizar a separação entre a Igreja e o Estado e inclusive incluir a proibição do aborto.
Sua margem de ação é ampla, já que a vitória nas eleições foi precedida pela vitória nas eleições presidenciais de maio, que colocaram o conservador Andrzej Duda à frente da chefia do Estado.
Outro dos efeitos da chegada do Direito e Justiça ao poder foi a reabertura do debate em torno da tragédia aérea de Smolensk (Rússia), onde em 2010 o avião presidencial polaco caiu, matando todos os seus 96 ocupantes.
Entre os passageiros da aeronave estava o então presidente do país, Lech Kaczyński, irmão gêmeo de Jarosław.
O partido nacionalista nunca deixou de defender a teoria de que o acidente não foi um simples acidente, mas o resultado de um complô contra a cúpula do Estado.
O grau de polêmica é tamanho que a porta-voz do novo governo polaco, Elżbieta Witek, afirmou que o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, deveria ser julgado por sua atuação como primeiro-ministro da Polônia após o acidente aéreo de Smolensk.
Beata Szydło, nascida Beata Kusińska é deputada, vice-presidente do PiS Partido Direito e Justiça.
É membro do Sejm (Câmara dos Deputados) desde 25 de setembro de 2005.
É primeira-ministra da Polônia desde 16 de novembro de 2015.
Texto com informações do portal Terra
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