segunda-feira, 29 de maio de 2017

Mapa da Polônia de 1570


Mapa polaco de 1570 mostrando as áreas de cidades no ano em que a Polônia já não era mais Reino, visto que, em 1530, pelo acordo de Lublin, tinha sido criada a República das Duas Nações Polônia Lituânia.
A Polônia naquele ano se transformou na primeira República do mundo pós-renascença.
No canto inferior esquerdo vemos os algarismos romanos que datam MDLXX, o que corresponde ao ano de 1570.

Clique neste link para ver este mapa em grande formato e com os nomes da cidades mais visíveis


A precisão é surpreendente. No canto inferior esquerdo, em latim está o nome do autor, o cartógrafo, "Authore Venceslao Grodecio Polono", ou seja, Wacław Grodecki Radwan (pronuncia-se Vatssúaf grotsqui dvan).


Grodecki Radwan nasceu por volta de 1535.
Como esta impressão é de 1570, o autor tinha na época 35 anos de idade, e segundo estudiosos, a impressão, na verdade, é uma cópia de um mapa que tinha sido publicado em 1558.

Em detalhes, veja abaixo, algumas regiões:

A foz do rio Vístula, Gdańsk e a península de Hel, ao Norte.



E assim se apresentava a Małopolska. Pode-se ver no centro, Cracóvia Tarnów mais à direita.



Na parte central do mapa da Mazóvia está Varsóvia, que se tornou capital da República, apenas em 1596.




E a Volínia, região que atualmente está no território da Ucrânia (república criada em 1922, por Lênin). No canto inferior esquerdo, está a cidade polaca de Lwów, que os ucranianos renominaram para Lviv.




A VERDADE
Ucranianos encontram este mapa, abaixo, datado de 1648, na Internet, e tentam justificar que a atual República da Ucrânia já existia há séculos.
Buscam esconder com isso que o país só foi criado em 1922, pelo russo Vladimir Lênin, como República Socialista Soviética da Ucrânia. E também esconder, que antes desta data, este valoroso povo, vivia em terras do Reino e depois República da Polônia (ocupada ou não) como rutenos que são. Sua nação está registrada em livros do Vaticano, na idade média e após, como Rutênia.
Também buscam ocultar que o famoso Principado Kievano (de Kiew) do século 10 foi criado não pelo povo ruteno, mas pelo guerreiro Oleg, um viking e suas hordas vindas das terras da Escandinávia.
E escondem, que parte dos rutenos, que se negaram, em 1922, a trocar o nome da nação e do gentílico - Rutênia e Ruteno - são tratados como um minoria étnica, no sudoeste do atual território da Ucrânia, e mais: como se fossem outro povo. 

MAPA DA POLÔNIA DE 1648
O mapa, abaixo, foi uma encomenda da República da Polônia ao militar francês Guilherme le Valseur de Beauplan.

Como aparece na legenda a palavra polaca Ukraina, os atuais ucranianos tentam justificar uma existência anterior do país a 1922.

Na verdade, no idioma polaco, a palavra Ukraina significa Campos Desertos, conforme atesta a legenda escrita em latim: "Projeto Geral dos Campos Desertos, vulgo Ucrânia, com províncias adjacentes. Bem público criado por Guillaume le Valseur de Beauplan. S.R.M. Arquiteto militar e capitão".



sexta-feira, 26 de maio de 2017

Melhor filme polaco 2017: Estados Unidos pelo Amor

Filme polaco participante do 66º Festival de Cinema de Berlim

Olhar sobre a miséria emocional (e sexual) de um grupo de personagens femininas, tendo como pano de fundo a Polônia recentemente “libertada” de 1990, United States of Love (no Brasil recebeu o título "Estados Unidos pelo Amor") é o primeiro filme de Tomasz Wasilewski, uma das coqueluches do novo cinema polaco.


Primeira crítica
É um filme lúgubre até dizer chega, mesmo em questões relacionadas com a superfície da imagem — por exemplo aquela fotografia desbotada, reminiscente da cores de uma VHS deteriorada, como se a reconstituição de uma memória da época também passasse por aí (e, na verdade, há mesmo uma cena em que é preponderante um cassete VHS).


United States of Love
Direção:
Tomasz Wasilewski
Atrizes:

Mas se o filme tem méritos, principalmente o trabalho sobre os planos longos (em especial um, quase no final, pontuado por um grande poster de Whitney Houston), a imbuírem o sexo e a nudez, ambos abundantes, de uma atmosfera desolada que homenageia o pornográfico para ser “anti-porno”, nunca encontra a forma de ultrapassar a ilustração de uma agenda temática binária e contrastante.

Que é isto: a Polônia livrou-se do comunismo, tem aberto o caminho para a democracia e para o “mundo livre”, e no entanto não há euforia nenhuma, o sexo é triste, as pessoas vivem num torpor que, simbolicamente, talvez comece a ser sacudido (ou “expelido”) no último plano, que mostra uma das personagens a vomitar.

Psicologicamente entranhado, desenhando cuidadosamente (para não dizer calculisticamente), através de detalhes, um mapa social da Polônia de 90 (do catolicismo, através da personagem do padre, à imigração, no marido ausente que podia ser uma das personagens do Moonlighting de Skolimowski), United States of Love é uma miniatura esquemática que se vê como uma espécie de adendo, ou de posfácio apócrifo, ao Decálogo de Kieślowski, que com maior complexidade e muito menos cinismo estabeleceu um retrato, “ao vivo”, da vida polaca nos últimos anos da década de 80 e da época do comunismo.

A relação é claramente permitida pelo filme, porventura até deliberadamente, mas onde Kieślowski ampliava, fazendo tudo vibrar num novelo de ressonâncias morais (ou mesmo moralistas), Wasilewski reduz, nada ressoando senão o eco de um niilismo que devota às suas personagens ao abandono — e a um certo desprezo por parte da câmara (consequência involuntária dos planos longos e fixos: o enquadramento, a composição, são valores absolutos, incapazes de se comoverem pelas personagens). Objeto interessante mas limitado, e resolutamente “pós”, mais no mau sentido da expressão do que no bom.
Crítica de: Luís Miguel Oliveira
Adpatação para o português do Brasil: Ulisses Iarochinski
Fonte: Jornal "Público", de Lisboa

Segunda Crítica
É difícil adentrar o universo deste drama polaco. Começamos sem uma apresentação propriamente dita: num jantar, as personagens principais conversam sobre fatos específicos, íntimos, sem que o espectador entenda quem é cada uma delas, ou em que contexto os diálogos se inserem. Elas falam depressa, atropelando as frases alheias.

A direção de fotografia é outro empecilho: as imagens estão estranhamente dessaturadas, com poucos objetos em cor viva, como em determinados filtros do Photoshop ou Instagram.

"Estados Unidos Pelo Amor" surpreende pela artificialidade. A cidade vazia, a simetria perfeita dos planos e os terraços de prédios filmados como se estivessem sobre um fundo verde indicam um universo fantástico, próximo do pesadelo. Os conflitos são múltiplos, mas desprovidos de contexto: as cenas de sexo se multiplicam sem causa nem consequência, os fatos são às vezes fortuitos, às vezes implausíveis (a mulher que vê o padre nu sem ser percebida, a personagem idosa que se infiltra na piscina para admirar uma vizinha).

Este é um filme essencialmente voyeurista, operando numa lógica além do real. Depois de algum tempo de projeção, talvez seja possível atravessar a espessa camada de estetismo para chegar ao cerne humano da história.

A narrativa acompanha a vida de quatro mulheres, descritas por problemas afetivos: Agata (Julia Kijowska) detesta o marido e tem desejos pelo padre; Iza (Magdalena Cielecka) é uma diretora de escola apaixonada pelo pai de um aluno, mas rejeitada; Renata (Dorota Kolak) acaba de se aposentar e desenvolve uma fascinação erótica pela vizinha modelo; e a própria vizinha, Marzena (Marta Nieradkiewicz), sofre com a falta de perspectivas profissionais.

Todas são vistas nuas, em cenas de sexo deprimentes no melhor dos casos, ou abusivas nos casos mais graves. As histórias se desenvolvem em segmentos separados, mas sem divisão formal em tela (nada de letreiros ou algo do tipo). Estados Unidos Pelo Amor mira num objetivo ousado: as ânsias amorosas e profissionais das mulheres num país em crise financeira e de valores.

Os homens da história são distantes ou dominadores, completando o cenário no qual nenhum personagem é realmente feliz. Talvez a maior deficiência do projeto seja o retrato invariavelmente patológico: as mulheres são obsessivas ou paranoicas, neuróticas ou histéricas. Nenhuma é definida pelos gostos, pelas posturas ideológicas ou pelos planos futuros.

O diretor Tomasz Wasilewski oferece uma galeria de sintomas ambulantes. Mesmo assim, as atrizes oferecem uma ótima construção de personagens difíceis, que poderiam se tornar caricaturas nas mãos de intérpretes menos qualificadas. Rumo ao final, conhecemos melhor estas mulheres tristes, mas a estranheza do projeto se mantém: este é um drama que fala sobre questões realistas com estética artificial, uma narrativa melodramática em condução fria, um retrato ora atento ao sofrimento feminino, ora condescendente com os abusos psicológicos que pretende denunciar.
Crítica: Bruno Carmelo
Site: Adoro Cinema

O filme realizado em 2016 e foi lançado no Brasil, em dezembro do ano passado, em algumas salas de cinema apenas.

Recebeu os prêmios:
- Prêmio do Cinema Europeu de Melhor Roteirista 2016: Tomasz Wasilewski,
- Prêmio da Academia Polaca de Melhor Edição 2017: Beata Liszewska
- Prêmio da Academia Polaca para melhor atriz 2017: Dorota Kolak
- Prêmio Passaporte Polityka para melhor Filme de 2017: Tomasz Wasilewski

Trailer exibido em Portugal:





Trailer exibido no Brasil

terça-feira, 16 de maio de 2017

Palavras polacas - 18



Pronúncia

Nożyczki - nójitchqui (tesoura)
Obcinarka do paznokci - óbtchinárca dó pasktchi (cortador de unha)
Pilnik - pilnik (lima para unhas)
Pęseta - penseta (pinça)
Cążki do skórek - tssonjiqui dó scurék (alicate de cutícula)
Dłutko do skórek - dúutco dó scurék (cinzel de cutícula

A maioria das palavras polacas são paroxítonas, portanto a sílaba tônica, ou forte é a penúltima.
Estão sublinhadas e em negrito as sílabas fortes, tônicas.
Uma consoante sozinha no final das palavras, não é uma sílaba, portanto, não é a última.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Fotógrafa brasileira expõe em Cracóvia

Uma brasileira, carioca, paulista de adoção, filha de polaca expulsa junto com seus avôs da Polônia, pelas atrocidades da Segunda Guerra Mundial, teve três de suas fotos, escolhidas para representar o Brasil, na exposição "Polish Paradise", que abre neste 19 de maio, na Galeria Lue Lue, na ulica (pronuncia-se ulitssa e traduzida para rua) Miodowa (pronuncia-se miódóva e traduzida para "do mel") nrº 22, no bairro judeu do Kazimierz (pronuncia-se cájimiéj e traduzida para Casimiro), em Cracóvia.

Seu nome: Ana Cristina Panek.

As fotos escolhidas:
"Não existe escuridão suficiente no mundo capaz de apagar a chama de uma pequena vela."
Gautama Buddha

"Ao longo de um inverno, eu aprendi, que existe dentro de mim, um indestrutível verão."
Albert Camus
"Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história."
Hannah Arendt

























As três fotos já fizeram parte da exposição "Minha Polônia", que Ana Cristina realizou, em São Paulo, no Espaço Oficina, ano passado, de 8 de março a 15 de maio.
Agora é a vez destas fotos transporem o Atlântico mais uma vez, agora não mais na memória da máquina fotográfica, mas em painéis e poderem ser vistas por milhares de pessoas em Cracóvia, na Polônia.

A exposição "Polish Paradise" (Paraíso Polaco) com fotos de nove fotógrafos  estrangeiros apresenta as perspectivas e impressões que fizeram da Polônia a casa de cada um deles. Através das lentes de suas câmeras, eles capturaram com nitidez incomum a beleza, simplicidade e nuances da realidade polaca.
Segundo os organizadores da mostra é extremamente importante enfatizar a presença destas pessoas na sociedade polaca, a contribuição delas no contexto da tradição, língua e história. E principalmente mostrar a forma como estes fotógrafos moldam sua compreensão da identidade polaca.
Ainda segundo os objetivos da exposição, este olhar estrangeiro, captura em um ambiente de diversidade étnica verdadeiramente multicultural, os valores e crenças que coexistem não só como um elemento bonito, mas também como impulsos no sentido de prosperar ainda mais o acolhimento tão necessário no processo de adaptação e assimilação.

Nos meios de divulgação da exposição é salientado que a questão do pluralismo cultural "nunca foi mais importante do que é hoje, mas que se a identidade foi igualmente crucial para as gerações anteriores, assim o é para as sociedades modernas".

No convite, a frase do mais importante jornalista polaco de todos os tempos Ryszard Kapuściński, "Inny (…) to zwierciadło, w którym się przeglądam, które uświadamia mi, kim jestem.” (Outros (...) são o espelho no qual eu olho para mim e que me diz quem eu sou.) soa como um epíteto, mas também traduz de forma clara qual é o objetivo da exposição cracoviana.

A representante brasileira Ana Cristina Panek se define como "uma brasileira totalmente polaca". Ela explica dizendo que, "parece fácil me definir com essa simples frase, mas ao refletir em sua essência, sinto uma súbita asfixia, um caso de melancolia Vistuliana."

Panek reconhece que precisou de muita coragem para se definir desta forma, "pois significa dizer que sou descendente de um país obsessivamente insano sobre sua própria história, mas que adora ostentar sua magnífica alma heróica."

Segundo ela, "ser polaco, é nunca ser neutro". Assim ao se assumir com este perfil, ela está aceitando seu envolvimento através de "emoções extremas de amor e ódio".
Talvez tenha sido isso que motivou essa cientista brasileira a buscar na fotografia um meio de "sublimar estes sentimentos, permitindo-me um distanciamento da realidade de forma a conhecer e muitas vezes entender".



Ana Cristina Panek começou a, de fato, conhecer a Polônia em 2008, quando pela primeira vez acompanhou a mãe Anita em seu retorno à sua terra natal, Cracóvia.
Junto com a mãe percorreu ruas, praças, lugares desconhecidos de seus olhos, mas vivos em sua memória, através das recordações maternas. Foram momentos de reconhecimento de sua própria identidade. Desde então procurou formas de registrar estas emoções através das lentes da máquina fotográfica.


Ao analisar o resultado de suas impressões nas centenas de fotos que foi clicando pelos caminhos da capital cultural e coração da Polônia, Ana Cristina afirma que, a "Minha Polônia é um estado de espírito: uma loucura coletiva dócil e uma beleza singela. Existe um profundo paradoxo: vejo a beleza e vejo o lado obscuro de quase tudo. Para mim, estas lições de impermanência são amaciadas pelos imutáveis escapes da minha vida. Preciso sempre de mais tempo. Sempre preciso, deixá-la de forma a poder voltar com uma nova perspectiva".

Ana Cristina Panek, nasceu no Rio de Janeiro, onde viveu até 1986, quando mudou-se para São Paulo. Filha da imigrante polaca Anita Dolly Panek. Casada com Pedro Soares de Araújo, tem um casal de filhos.

Formada em Biomedicina pela Universidade do Estado da Guanabara, especializou-se em Patologia. É mestre em biofísica e doutora em bioquímica.



A abertura da coletiva acontece no dia 20 de maio às 19 horas e permanece aberta até 30 de junho.

As fotos de Ana Cristina Panek, Behit Onat, Chris Wilson,  Cinar Timur, Lilit Muradian, Lylia Khudzik, Luca Mattia Vigilante, Nuno Vilela, Penny Turner poderão ser adquiridas na galeria cracoviana até o final de julho.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Hungria e Polônia cada vez mais autoritárias

Hungria e Polônia estão cada vez mais autoritárias e menos democráticas.


Estado da democracia na Europa Central e de Leste é cada vez mais preocupante, de acordo com o relatório Nations in Transit 2017.

Na Rússia, o nível de repressão e de violência contra a sociedade civil poderá aumentar este ano. O retrato para 2017 é tudo, menos animador: existem mais países em declínio democrático do que a melhorar, de acordo com o relatório da organização sem fins lucrativos Freedom House, apresentado este mês.

E quando concentramos a atenção na Europa Central e do Leste, o cenário chega a ser alarmante. E claro, existe ainda a Rússia, classificada como um regime autoritário consolidado. No que diz respeito ao país de Vladimir Putin, a Freedom House prevê que "com as autoridades a continuar evitando mudanças democráticas num ambiente turbulento, isso poderá significar um aumento do nível de repressão e mesmo violência contra a sociedade civil e atores políticos e de meios de comunicação independentes".

Mas enquanto o índice democrático tem piorado cada vez mais na Rússia nos últimos anos - numa escala de 1 a 7, sendo que o 7 é um regime pouco democrático, Moscou tem estado sempre acima dos 6,5 desde 2009 -, atualmente alarmante é a situação na Europa Central e de Leste.

Nesta região, 18 dos 27 países desceram o seu coeficiente democrático e, tendo em conta que dez deles pertencem à União Europeia, o cenário torna-se ainda mais preocupante. De acordo com o Nations in Transit 2017, são dois os que se destacam: Hungria e Polônia, países tidos como casos de sucesso na transição do comunismo para o capitalismo, mas que se estão se tornando regimes cada vez mais autoritários e menos democráticos.

"A grande diferença entre a Hungria de Orbán e a Polônia de Kaczyński, no entanto, é que o PiS está transformando o cenário polaco numa velocidade rápida e violando as próprias leis do país. Com uma supermaioria parlamentar, o Fidesz foi capaz de reescrever a Constituição e a estrutura legislativa de maneira formalmente legal, apesar de clara violação dos princípios da democracia liberal", explica num ensaio Nate Schenkkan, o diretor do Nations in Transit.

Outra das grandes diferenças entre os dois países é o fato de Viktor Orbán ser o primeiro-ministro eleito da Hungria e Jarosław Kaczyńsky ser apenas o líder do Partido Direito e Justiça (PiS) - uma condenação por fraude eleitoral impede-o de ocupar cargos públicos -, mas é ele quem controla governo e presidente. Classificada no relatório como uma democracia semiconsolidada, a Hungria tem visto o seu o índice democrático descer desde que Orbán chegou ao poder, em 2010, tendo este ano apresentado o maior declínio entre os países analisados.

"Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orbán e o seu partido Fidesz têm-se consolidado no poder cada vez mais desde 2010, alimentando o fanatismo e o ódio através de uma campanha anti-imigração. Tendo passado os primeiros anos reescrevendo a Constituição, tomando conta dos tribunais e pervertendo o sistema eleitoral, o governo eliminou agora a maior parte dos jornalistas críticos e criou uma eficiente máquina de uso do Estado para fins privados e uma grande corrupção. Com as eleições de 2018 perto, o Fidesz está a virar as suas atenções para a sociedade civil, ameaçando varrer organizações suportadas por fundos estrangeiros", refere Schenkkan. O caso mais mediático tem que ver com a Universidade Centro-Europeia (CEU), localizada em Budapeste e fundada em 1991, pelo norte-americano de cidadania, mas húngaro de nascimento, George Soros.

A União Europeia abriu processo legal contra a Hungria por causa da ameaça de encerrar a CEU, afirmando que a nova lei de ensino superior húngara viola a liberdade acadêmica e os valores democráticos, dando um mês ao governo para responder. Horas antes, num debate no Parlamento Europeu, Orbán defendeu sua lei e disse que a Hungria continua comprometida com a UE, mas acusou Soros de "atacar" o seu país.

A UE pode impor sanções à Hungria se esta não responder de forma adequada, mas a margem para punir o país é limitada. A aplicação de sanções implicaria em unanimidade dos outros 27 Estados membros e Orbán conta com o apoio dos seus aliados da Polônia para impedir qualquer ação mais radical. Luta contra o Constitucional. A Polônia registou este ano a sua pior classificação no Nations in Transit desde a sua criação em 1995, o que se deve ao facto do PiS ter atuado de forma muito semelhante aos primeiros anos do Fidesz.

"Imediatamente depois de ganhar as eleições no final de 2015, o PiS montou um flagrante ataque ao Tribunal Constitucional e apressou uma ainda influente comunicação social pública ao mudar a lei de nomeação dos seus diretores de alto escalão e ao mudar a política editorial", escreveu o diretor da Freedom House. As mudanças no Constitucional - que Kaczyński já classificou como "o bastião de tudo o que é mau na Polônia" - levaram a Comissão Europeia a abrir uma investigação sobre o funcionamento do Estado de direito. Sem consequências até agora.

A situação no Parlamento também não é pacífica. Os deputados da oposição ocuparam a sala do plenário dias à fio por causa da decisão em limitar o acesso dos jornalistas aos trabalhos parlamentares, mas também porque pretendiam a repetição do debate e votação do Orçamento para 2017, que foi votado fora do plenário e só na presença de deputados aliados do governo.

Já este mês soube-se que Varsóvia está trabalhando num projeto de lei que permita deter candidatos a asilo em campos fronteiriços, defendendo que tal política teve bons resultados na Hungria.

Fonte: Diário de Notícias - Lisboa
Texto: Ana Meireles
Adaptação de texto para o português do Brasil: Ulisses Iarochinski