Cena do filme "O homem de ferro" de Andrzej Wajda |
O nome inventado por Krzysztof Dowgiałło serviu para simbolizar o trabalhador de dezoito anos assassinado na cidade de Gdańsk pelo exército polaco no dia 17 de dezembro de 1970, durante as revoltas dos trabalhadores contra o regime soviético.
A imagem de um jovem anônimo levado nos ombros através de cordões policiais e tanques inspirou Dowgiałło a escrever a poesia.
Como o poeta não conhecia o verdadeiro nome daquele jovem anômico, decidiu dar-lhe um nome muito comum na Polônia. Janek, ou Janku são diminutivos carinhosos de João. E Wiśniewski é um dos sobrenomes bastante comuns no país.
Mais tarde se descubriu que Janek era na verdade Zbigniew Godlewski, jovem trabalhador que vivia na cidade vizinha de Elbląg.
Zbigniew Eugeniusz Godlewski nasceu em 3 de agosto de 1952, na cidade de Zielona Góra (Sudoeste da Polônia), e morreu em 17 de dezembro de 1970, em Gdynia (Norte do país). Ele era um funcionário do Estaleiro Gdynia, antigamente chamado pelo nome de Estaleiro da Comunidade de Paris.
Godlewski foi atingido por um tiro durante os confrontos entre trabalhadores e exército nas imediações da estação de trem da Szybka Koleje Miejskiej Gdynia Stocznia (Trem rápido municipal do Estaleiro de Gdynia).
Seu corpo foi levado pelas ruas ulica Czerwone Kosynierów (hoje rua Morska), através de um túnel sob as plataformas da estação ferroviária Gdynia Główna (Estação Central de Gdynia), pela rua ulica Dworcowa, pela ulica 10 Lutego e pela ulica Świętojańska até a sede do Conselho Nacional da Cidade na ulica Czołgistów (Petroleiros), atual aleja Marszałka Józefa Piłsudskiego.
Em 1970, foram mortas a disparos quarenta e uma pessoas pelo exército nas manifestações dos trabalhadores.
De acordo com fontes oficiais, como resultado da repressão em dezembro de 1970, 41 pessoas foram mortas: 1 em Elbląg, 6 em Gdańsk, 16 em Szczecin e 18 em Gdynia. 1164 pessoas ficaram feridas.
Mas outras fontes dizem que, na verdade, foram algumas centenas de mortos. Como resultado das repressões, cerca de 3.000 pessoas foram presas. Milhares de pessoas foram perseguidas pela polícia por sua participação nos protestos.
Os documentos do IPN - (Sigla para Instituto da Memória Nacional) mostram que os incidentes de dezembro não se limitaram à Costa Báltica. As manifestações e greves também ocorreram em Cracóvia, Wałbrzych e outras cidades.
De acordo com as descobertas dos historiadores, mais de 20 mil pessoas estavam em greve no país naquele momento.
O poema de Krzysztof Dowgiałło e homenagem àquele menino-homem foi popularizado mais tarde na canção "Pieśń o Janku z Gdyni" (Canção de Janek de Gdynia) composta por Mieczysław Cholewa.
Já a balada tornada famosa em todo o mundo foi interpretada pela atriz Krystyna Janda durante os créditos finais do filme "O homem de Ferro", do cineasta Andrzej Wajda, em 1981.
Janda foi acompanhada por Jacek Kaczmarski e Przemysław Gintrowski e a música passou a ser chamada "Ballada o Janku Wiśniewskim" (A Balada sobre Janek Wiśniewski).
Num outro filme, mais recente, agora, do cineasta Antoni Krauze "Czarny Czwartek" (Quinta-feira negra), de 2011, o cantor de rock Kazik Staszewski foi o intérprete da "Balada sobre Janek Wiśniewski". O filme de Krauze trata exclusivamente daquela quinta-feira de dezembro de 1970. O diretor Krauze faleceu no último dia 7 de fevereiro de 2018, aos 81 anos de idade.
Um video-clip promovendo o filme de Krause foi feito especialmente para a música.
Kazik Staszewski colocou a música em seu CD "Bar La Curva / Plamy na słońcu", de 2011. Além disso, foi lançado (como uma segunda versão) fazendo parte do CD com a trilha sonora do filme, desta vez, composta por Michał Lorenc.
Depois da queda do socialismo soviético na Polônia, os nomes de Zbigniew Godlewski e de Janek Wiśniewski foram dados a várias ruas do país.
Foto original da marcha com o corpo de Godlewski |
BALLADA O JANKU WIŚNIEWSKIM
Letra: Krzysztof Dowgiałło
Melodia: Mieczysław Cholewa e Jacek Kaczmarski
Chłopcy z Grabówka, chłopcy z Chyloni
Dzisiaj milicja użyła broni
Dzielnieśmy stali, celnie rzucali
Janek Wiśniewski padł
Na drzwiach ponieśli go Świętojańską
Naprzeciw glinom, naprzeciw tankom
Chłopcy, stoczniowcy, pomścijcie druha
Janek Wiśniewski padł
Huczą petardy, ścielą się gazy
Na robotników sypią się razy
Padają starcy, dzieci, kobiety
Janek Wiśniewski padł
Jeden raniony, drugi zabity
Krew się polała grudniowym świtem
To Partia strzela do robotników
Janek Wiśniewski padł
Krwawy Kociołek to kat Trójmiasta
Przez niego giną dzieci, niewiasty
Poczekaj draniu, my cię dostaniem
Janek Wiśniewski padł
Stoczniowcy Gdyni, stoczniowcy Gdańska
Idźcie do domu, skończona walka
Świat się dowiedział, nic nie powiedział
Janek Wiśniewski padł
Nie płaczcie matki, to nie na darmo
Nad stocznią sztandar z czarną kokardą
Za chleb i wolność, i nową Polskę
Janek Wiśniewski padł
em português....
Meninos de Grabówka, meninos de Chylonia
Hoje, a polícia usou arma
Corajosamente estamos em pé, atiraram com precisão
Janek Wiśniewski caiu
Sobre uma porta o levaram pela Świętojańska
Diante dos policiais, diante dos tanques
Meninos, trabalhadores do estaleiro, vingam o druida
Janek Wiśniewski caiu
Rugem petardos, os gases se espalham
Os trabalhadores, são derrubados de uma só vez
Caem os idosos, crianças e mulheres
Janek Wiśniewski caiu
Um ferido, o segundo morto
O sangue se derrama em dezembro
Este Partido dispara contra os trabalhadores
Janek Wiśniewski caiu
O sanguinário Kociołek é o executor das Três-Cidades
Crianças, mulheres são mortas por ele
Esperai bastardo, vamos pegar você
Janek Wiśniewski caiu
Trabalhadores do estaleiro de Gdynia,
trabalhadores do estaleiro de Gdańsk
Vão para casa, a luta acabou
O mundo ficou sabendo e nada disse
Janek Wiśniewski caiu
Não chore, mãe, nada foi de graça
Sobre o estaleiro, uma bandeira com arco preto
Por pão e liberdade, e uma nova Polônia
Janek Wiśniewski caiu
(Tradução: Ulisses Iarochinski)
Canta Krystyna Janda
Canta Kazik Staszewski em seu video-clip
Kazik (cantor, poeta e saxofonista) já se apresentou em Curitiba, Campo Largo, Ponta Grossa e outras cidades do interior do Paraná com seu grupo de então, KULT, no início dos anos 90.
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