segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O antipolonismo na Alemanha

Muito se fala em antissemitismo, mas pouco em antipolonidade. Muitos israelenses que visitam os campos de concentração alemão-nazista em territórios da Polônia, quando perguntados sobre as relações polaco-judaicas, imediatamente assacam: "os polacos são antissemitas". Talvez estes ignorantes desconheçam os mil anos em que judeus viveram na Polônia, e de quantos polacos de origem judaica foram salvos da crueldade alemã durante a segunda guerra mundial.
Quando se comemora na Alemanha os 20 anos da queda do Muro de Berlim e a imprensa e jornais do mundo inteiro, inclusive brasileiros ocultam que a queda deste muro construído na decada de 60 para separar a Berlim comunista da Berlim ocidental, ocorrida em 9 de novembro de 1989 só foi possível por que um movimento iniciado no final da década de 70 nos estaleiros da cidade polaca de Gdańsk, denominado "Solidariedade" ousou enfrentar Moscou e todos os asseclas comunistas da Polônia.
Mas isto não é tão grave quanto esta placa existente num estacionamento de uma cidade alemã. Observe o preconceito estampado claramente contra os polacos, pois o aviso está escrito em língua polaca, "Nocowania w samochodach jest obronione" e diz que está "proibido estacionar à noite". E não está escrito em alemão. Só em idioma polaco, ou seja, está proibido só para polacos, pois muito poucos descendentes dos nazistas de Hitler sabem ler em idioma polaco.

Mas este antipolonismo não é privilégio só de israelitas e alemães, também norte-americanos (com suas piadas sem graça e politicamente incorretas) e até brasileiros costumam destilar seus preconceitos contra "poloneses" e polacos.
Em Curitiba, os imigrantes polacos e seus descendentes foram acometidos deste antipolonismo, desde o momento em que as primeiras 32 famílias chegaram ao Pilarzinho e começaram a ouvir das famílias saxônicas Mueller, Wolf e Schaffer, que já viviam ali, insultos como: "polacos beberrões, vagabundos, fedidos, burros e estúpidos". Os "alemães" do Pilarzinho de 1869 estavam preocupados com a concorrência que os laboriosos polacos fariam nas suas atividades de hortifruticultura. O cinturão verde desejado pelo presidente de província Lamenha Lins já tinha seus primeiros opositores, as três famílias saxônicas do Pilarzinho.

Há 20 anos caiu o muro


O jornal Gazeta Wyborcza abre sua edição desta segunda-feira, 09 de novembro de 2009 com a foto sob a frase: "Hoje se comemora em Berlim a queda do muro".
E na manchete principal: "Provas perdidas"

domingo, 8 de novembro de 2009

Sem Gdańsk não haveria a queda do Muro de Berlim

Foto: Anna Pietuszko

O general Wojciech Jaruzelski disse ao jornal italiano "La Repubblica" que, em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, o líder soviético Mikhail Gorbachov telefonou para consultá-lo. Jaruzelski completou dizendo que ajudou a acalmar o clima entre os dirigentes soviéticos, preocupados que estavam com as mudanças no bloco do Leste.
O ex-dirigente polaco salientou que a queda do Muro de Berlim foi "uma meia-surpresa". Ele lembrou que a queda do muro ocorreu antes de 7 de outubro, quando ele estava em Berlim para comemorar o 40 º aniversário da República Democrática da Alemanha. "Ouvi maravilhas de Honecker e de Gorbachov. Era só autocelebração", frisou. Ainda segundo Jaruzelski, "Algumas horas mais tarde, a juventude saiu em passeata aos gritos de Gorbi, Gorbi, socorro!.Nós, Mazowiecki e Mikhail Sergeyevich, que estávamos no palaque compreendemos sem palavras, estávamos àcaminho da mesa-redonda e da perestroika".
Para o general, que comandou a Lei Marcial em 1981, "Gorbachov tinha apoiado o avanço polaco, ele confiava em mim, e nos líderes do Solidariedade". E Gorbachov "muitas vezes consultou-se comigo em segredo". Jaruzelski enfatizou que era então apenas um militar, que conduzia o país no bloco do Leste. "Eu ajudava a tranqüilizar império em seu crepúsculo preocupado que estava com seus militares."
Falando sobre a onda de mudança, que abalou a Europa há 20 anos, Jaruzelski afirma que o papel decisivo desempenhado por Gorbachov naqueles acontecimentos. "A Polônia foi o detonador do processo, mas sem os mísseis não poderia ter havido a Perestroika", salientou. "Com Gorbachov e o Papa João Paulo II a queda do muro não teria sido tão automática e nem mesmo a reunificação da Alemanha aconteceria tão facilmente".
O Muro de Berlim começou, portanto, a cair, muito antes, na Polônia de Gdańsk e foi um movimento que desencadeou todo o resto. Falar, pois na queda do Muro de Berlim sem mencionar os polacos é trair a história.
Jaruzelski, perguntado pelo jornal italiano sobre se ele se sente um vencedor, ou um derrotado, respondeu: "Eu me sinto derrotado apenas quando penso sobre as eleições do passado. Mas me sinto vencedor, quando decidi abrir o diálogo para mudar o sistema, juntamente com Wałęsa (pronuncia-se váuensa)".

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Cabaré de lésbicas na Polônia

Da esquerda para direita Ania, Agnieszka Weseli, Ewa Tomaszewicz e Małgorzata Rawińska
Foto: Albert Zawada

Quantas lésbicas são necessárias para trocar uma lâmpada? Duas. Uma gira a lâmpada a segunda diz: Como você faz isto bem, querida!"
Com estas frases, o jornal Gazeta Wyborcza comenta sobre o primeiro espetáculo de lésbicas num Cabaré da Polônia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Polônia: Em defesa dos valores comuns


A cônsul Dorota Joanna Barys, da República da Polônia, continua brindando a comunidade curitibana e sulbrasileira com importantes realizações culturais. Apenas para lembrar um dos eventos promovidos por ela na Biblioteca Pública do Paraná com grande êxito foi, "Mil anos de Judeus na Polônia", ano passado.
Agora, nesta quarta-feira, 4 de novembro, no mesmo espaço da principal biblioteca paranaense Dorota Barys abre a exposição "Em Defesa de Valores Comuns”.
Segundo o material de divulgaçao, "esta exposição é excepcional, pois exibe documentos arquivados verdadeiramente únicos, na maioria dos casos oriundos de fontes estrangeiras, tais como: despachos de espionagem, declarações de governos, ordens e declarações de comandantes eminentes, declarações de políticos, fotografias, desenhos e, também, documentos de correios e filatelia. Esta colagem não convencional de fatos demonstra, pela primeira vez em um âmbito tão abrangente, as atitudes de vários países da Europa e do mundo perante os acontecimentos que tiveram um impacto decisivo sobre o destino da Polônia e dos polacos."

A mostra de fotos, cartazes e textos apresenta acontecimentos cruciais do século XX, abrangendo o período de mais de oitenta anos de luta dos polacos pela recuperação da independência e pelo retorno da Polônia ao mapa dos Estados europeus. A história do Estado Polaco, documentada em fontes primárias, conta mais de mil anos. As relações com a civilização mediterrânea e a da Europa Ocidental formaram nos polacos durante este período de mil anos, fortes laços e afeições para com os valores universais.
"Os polacos não somente se identificam com estes valores, mas também, contribuíram muito para a formação e fortalecimento destes valores no Velho Continente. Muitas vezes defenderam os valores comuns, pagando por isto o máximo preço.", segundo o informativo do Consulado.
A exposição inicia com painéis que fazem lembrar os acontecimentos históricos dos anos 1914 – 1921, quando tiveram lugar as lutas pela recuperação da independência e pelo retorno da Polônia ao mapa político da Europa.
A Polônia foi o primeiro país a colocar suas tropas contra a invasão nazista e, depois, contra as tropas soviéticas. A campanha de 1939 não poderia terminar com vitória. Os polacos mais enfraquecidos militarmente e abandonados pela comunidade europeia e Liga das Nações, perderam muito, mas jamais as autoridades assinaram qualquer ato de capitulação e o povo nunca se deu por vencido pela violência. No país ocupado, criou-se o Estado Clandestino e surgiram diversas organizações militares. Esse “NÃO” arrojado contra Hitler, fez com que a Grã-Bretanha e a França entrassem na guerra e proporcionou, em resultado, a criação da coligação anti-hitleriana.


Os polacos combateram em todas as frentes de batalhas na Europa, no Ocidente, no Sul e no Leste, também ao norte da África, por terra, mar e ar. No entanto, no território ocupado da Polônia, as autoridades policiais e administrativas do Terceiro Reich construíram, nos anos de 1940 – 1942 campos de concentração e centros de extermínio para os polacos cristãos, ciganos e judeus.
O símbolo histórico deste sistema são os nomes que, com o decorrer do tempo, ganharam o valor dos conceitos relacionados com a nova qualidade do crime: o genocídio. Alguns dos muitos destes nomes ficaram marcados para sempre na história da humanidade como, Auschwitz-Birkenau, Monowitz, Chelmno-Kulmhof, Treblinka, Majdanek, Sobibór, Belzek, Gross-Rosen e Stutthof.
Desta forma foram exterminados cerca de 2,7 milhões de judeus de nacionalidade polaca e e outros 3 milhões de polacos de outros credos e religiões, assassinados pelos nazistas nos centros de extermínio fundados pelo aparelho do terror do estado de Hitler nomeadamente no território ocupado da Polônia.
Mais de 2 milhões de cristãos polacos foram vítimas deste terror sangrento. Quatro em cada quatro padres católicos polacos, quatro em cada quatro intelectual polaco, cinco em cada cinco professor polaco foram vítimas do crime. Estes números não incluem as experiências de cerca de 2,3 milhões de pessoas expulsas de seus lares, mais de 2,5 milhões de trabalhadores forçados e cerca de 200 mil crianças expatriadas a fim de serem germanizadas, das quais 75% nunca regressaram para suas famílias na Polônia.
Os materiais, únicos, compilados nesta exposição, demonstram um grande esforço militar e o martírio dos polacos visto à distância, pelos olhos dos outros povos, pelos aliados. Graças aos documentos arquivados e materiais iconográficos aqui apresentados, podemos seguir o caminho do combate das Forças Militares Polacas durante todo o período da guerra, ao lado dos aliados: as lutas na França e na Noruega em 1940, a Batalha da Inglaterra e do Atlântico, as lutas no deserto da Líbia, na frente italiana nos anos de 1944 – 1945, até o vitorioso Maio de 1945, na Frente Ocidental.
É apresentado também o Exército Polaco na Frente Leste e o seu caminho na Batalha de Lenin, via Varsóvia até Berlim. Durante 2078 dias, os polacos lutaram pela Polônia livre contribuindo para a libertação dos outros povos da Europa. Na ultima fase da II Guerra Mundial, em unidades regulares de todos os países aliados houve, em conjunto, cerca de 600 mil polacos e várias centenas de milhares no Exército Clandestino. Entre os anos 1939 e 1989 constituem um período de lutas contra a supremacia nazista e comunista, de extermínio, de campos de concentração, holocausto, martírio, perseguições e exílio na “terra desumana”.
No folheto de divulgação da exposição, a explicação sobre o porque terem permanecido sob a esfera do comunismo soviético, "Uma grande parte da exposição ilustra a história dos polacos por trás da Cortina de Ferro. Nos tempos quando, sempre figurando no mapa geográfico da Europa, pertencíamos – contra nossa vontade própria – à zona dos valores e normas diferentes, mantínhamos as nossas raízes européias. A afeição pelos valores europeus, que são nossos, não poderia deixar-nos passivos perante a ocupação soviética."
Numerosas fotografias, declarações e enunciações de políticos, cartas e panfletos volantes ilustram os motins do povo contra o regime comunista nos anos de 1956, 1970, 1976 e 1980.
As seguintes gerações de polacos no país e no estrangeiro referem-se às tradições da independência. No mundo livre foram criados numerosos centros políticos e culturais, concentrando a emigração política, atuando em favor o país oprimido.
A exposição apresenta de forma muito original, o nascimento e o primeiro período de existência do “Solidariedade”, a Lei Marcial e as visitas de João Paulo II à Pátria. As transformações polacas, evoluindo dos ideais e do programa do “Solidariedade”, iniciaram a transição do Estado Totalitário para a Democracia Parlamentar. A exposição termina com um acontecimento de grande importância histórica: a entrada da Polônia em 12 de março de 1999 como membro da OTAN.
A exposição “Em Defesa de Valores Comuns” reflete o desejo humano de sempre, ou seja, o de vivermos em liberdade, segurança e democracia. Um dos autores principais das transformações que se sucederam na Europa e no mundo durante os últimos anos, João Paulo II, disse: “A paz fica não só nas mãos dos indivíduos, mas também nas mãos do povo. É aos povos que cabe a honra de construir a paz, baseada na convicção de que a dignidade humana é sagrada e no respeito da igualdade incontestável de todos”.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Como a Polônia evitou a crise

Joaquin Almudia - Foto: Thierry Charlier

A Comissão Europeia, anunciou nesta terça-feira, que a Polônia foi o único país da Europa que conseguiu evitar a recessão e ainda alcançou crescimento recorde de 1,2%, neste ano.
Os dados são menos otimistas para a União Europeia como um todo, pois segundo a mesma Comissão somente a economia polaca conseguirá aumento acima de 1% no PIB em 2009. A economia polaca vai crescer fortemente nos próximos anos. Segundo os economistas da Comissão, em 2010, o PIB polaco deverá subir 1,8%. E, em 2011, cerca de 3,2%.
Isto significa que este ano, a Polônia é um líder comunitário em termos de crescimento econômico. Acima da Polônia, em 2010, haverá apenas um país com crescimento maior, ou seja, a Eslováquia com 1,9% (que, entretanto, terá sua economia encolhida este ano, em até 5,8%.). Em 2011, apenas a Estônia crescerá mais do que a Polônia com estimativa de 4,2%.
A Comissão Europeia anunciou também, nesta terça-feira, que o déficit esperado neste ano, nas finanças públicas na União Européia será de 6,4%. do PIB. O deficit das finanças públicas na Polônia subiu 3,6% no mesmo período.
Problemas reais, no entanto, podem começar em 2011 - quando a CE que prevê que a dívida pública será de 61,3%. Tal índice ficará acima do limite permitido nos critérios de Maastricht e consagrados na Constituição polaca, cujo limite máximo permitido é de 60% do PIB.
O crescimento do PIB de 1,2% não terá impacto no mercado de trabalho, e infelizmente, o emprego deve cai. O desemprego vai aumentar. Segundo estudos de especialistas, a situação começará a melhorar, quando o PIB aumentar em 3%. Mateusz Szczurek, analista do ING Bank Slaski, em 2012, "vai ser muito difícil reduzir o deficit para 3% do PIB. Pois ele depende muito da situação econômica. Subir para o nível consagrado no Tratado de Maastricht será possível, desde que no próximo ano o crescimento do PIB alcance pelo menos 2%."
A Comissão Europeia anunciou também previsões econômicas para todos os países da UE, estimando que a recessão no bloco terminou no terceiro trimestre de 2009. "A economia da UE sai de uma recessão. Devemos isso a ambiciosa política empreendida pelos governos e bancos centrais dos países da UE, que não só representa um travamento na crise, mas também o inicio da recuperação econômica", afirmou Joaquin Almunia, da Comissão Europeia.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Polônia de 1025

Quando o primeiro rei da Polônia foi coroado, Bolesław I, em 1025, o território daquele reino Católico Apostólico Romano compreendia as atuais capitais Berlim, Praga e Bratislava. Em compensação as cidades de Toruń e Olsztyń não eram ainda polacas. As terras da Bohemia, atuais República Tcheca e Eslováquia tinham sido herdadas de mãe de Bolesław I, de sua mãe a princesa católica bohema Babrowa, que havia se casado com seu pai, o então príncipe pagão Mieszko I. E como se vê no mapa, as terras da Pomerânia já eram polacas e isto desde os proto-eslavos. Portanto, nunca foram saxônicas, em que pese os períodos de ocupação Teutônica e Prussa.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Terras da outrora Polônia


Territórios históricos pertencentes a Polônia. No decorrer dos séculos, a Polônia teve vários mapas territoriais. Muitas destas terras foram tiradas e reconquistadas, outras continuam perdidas para Estados vizinhos.
Segundo o historiador britânico, Norman Davis, no atual território polaco (pós II guerra mundial) ainda se encontram as seguintes terras históricas polacas:

* Wielkopolska (latim Polonia Maior), Polônia Maior
* Małopolska (lat. Polonia Minor), Polônia Menor
* Mazowsze (lat. Mazovia), Mazóvia
* Kujawy (lat. Cuiavia), Cuiávia
* Śląsk (lat. Silesia), Silésia
* Pomorze (lat. Pomerania), Pomerânia
* Prusy (lat. Borussia), Borússia
* Polesie (lat. Polesia), Polésia
* Ruś Czerwona (lat. Ruthenia Rubra), Rutênia vermelha
* Podlasie (lat. Podlasia),

Além fronteira ficaram terras históricas dos polacos como:

* Wołyń (łac. Volhynia), Volínia
* Podole (łac. Podolia), Podólia
* Ruś Biała (łac. Ruthenia Alba), Rutênia Branca (Rússia Branca - Bielorússia)
* Ruś Czarna (łac. Ruthenia Nigra), Rutênia Negra
No lugar da milenar Rutênia, desde 1922 existe o Estado denominado Ucrânia.

Também fizeram parte da Polônia
* Litwa (lat. Lituania, ou seja Auksztota), Lituânia
* Żmudź (lat. Samigitia), Samítigia.
* Inflanty (lat. Livonia), Livônia

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Em defesa dos ucranianos

A estação central da polaca Lwów agora é de Lviv


Um artigo indicado por um dos leitores, deste blog, e originalmente escrito em idioma russo e polaco poderia tratar das seculares relações entre polacos e rutenos, mas se concentra apenas nos últimos 100 anos de convivência com os denominados ucranianos.
Como primos eslavos os dois povos têm muito de convivência, de rusgas, de malentendidos, de casamentos e também de muita irmandade.
A autoria do artigo, ao que parece é de Grudeq (soa pseudônimo). Em seu blog Grudeq se apresenta como cientista político, de direita, conservador e anticomunista.
E para apresentar esta tradução livre do artigo, parafraseo o grande Fernando Pessoa em seu poema 'Autopsicografia' - "Se eles não me lêem eu os leio":

Com a teimosia de um maníaco, eu vou defender ucranianos

Quando um homem diante da jaula do tigre tira proveito do fato de que entre ele e o bichano estão as grades de ferro, ele o enfrenta, acenando com sua vara comprida. Mas um dia o tigre escapa da jaula e come o homem. A pergunta sobre de quem é a culpa pela tragédia é do tigre que comeu, ou do homem que o irritou?
Em 1921, os ucranianos foram espancados. Eles, naquele momento, não conseguiram criar um Estado. Algo que foi conseguido por polacos, tchecos, húngaros, estonianos, lituanos e letões. Mas não eles. Os ucranianos perderam para os polacos, Lwów e sua Ucrânia Ocidental, enquanto para os bolcheviques perderam a batalha pelo leste da Ucrânia. Estavam perdidos. Eles eram, depois disso apenas uma nação fraca. Mesmo que em termos numéricos, eles fossem, depois dos russos, a segunda nação eslava.
Será que eles têm muito pouca tradição nacional e do ponto de vista histórico sua nacionalidade foi mínima? Em se tratando de tradição nacional, seriam eles menores que estonianos e letões? Pois estes conseguiram seu Estado. O povo ucraniano estava batido naquele momento. Os polacos poderiam os ter buscado e os tornado os amigos mais fiéis da República da Polônia. Algo que não pode ser feito por Khmelnytsky, pois se isto tivesse ocorrido, os ucranianos poderiam ter desempenhado uma posição importante entre a Polônia, a Rússia e a Turquia.
Fomos capazes de criar em nosso sudeste da Polônia, um Piemonte para os ucranianos, ensinar nosso conceito polaco na Universidade Iagielônia, dando-lhes a oportunidade de construir um Estado forte para eles no leste. Nós não fomos capazes de forjar um grupo de amigos na República da Ucrânia. Poderíamos começar a provocar o tigre.
Não prometemos a autonomia para os ucranianos do leste da Galicia. Promessas não feitas apenas por causa das dotações da Liga das Nações. Ninguém, no entanto, deu tanta autonomia para eles até 1939, como nós demos. Não prometemos a abertura da Universidade Ucraniana em Lwów. Deputados ucranianos fizeram, em 1924, em Varsóvia, a apresentação de seus projetos. Nada aconteceu. O Partido Nacional Democrático queria a seu tempo a polonização dos ucranianos e, de preferência enviá-los para a lua. Pilsudski queria federalizar os rutenos a uma vez, e depois então polonizá-los. O Tigre poderia ficar louco. O que vocês polacos realmente queriam? Eles são amigos ou inimigos? Todos naturalmente sempre podem dizer que o mais importante é a consistência. Os polacos foram consistentes. Ou seja, na constante mudança de seus planos.
Meu favorito Cat Mackiewicz sempre tratou os nacionalistas polacos como defensores da polonidade. Nossos nacionalistas nunca quiseram uma Polônia forte e grande. A ideia dos nossos governos democratas foi sempre a de construir um pequeno Estado de uma nacionalidade polaca única. Polônia apenas para os polacos, polacos católicos, claro! Mackiewicz queria uma polonidade ofensiva. Queria uma Polônia poderosa, iagielônica, imperial. Uma Polônia em que pudesse conviver com um número igual de nacionalidades e com muitas religiões diferentes. A II República Polaca, infelizmente, não cumpriu com estes sonhos.
A ofensiva da polonidade nas zonas fronteiriças dos ucranianos pedia a renúncia da fé, enquanto eles queriam ir para a faculdade. Para serem admitidos nas escolas era preciso ter um certificado de batismo católico. E assim, de alguma aldeia da Volinia se apresentava na universidade, um polaco, mas seu colega ucraniano não podia, isto só porque ele era um ortodoxo do rito grego. Ofensiva polaca nestas zonas fronteiriças privilegiava o mais fraco de caráter, aquele que admitia abandonar suas tradições, sua religião, de modo que para ter uma vida melhor, ele consentia em ser polaco. Nós não poderíamos dessa forma criar uma amizade com os ucranianos. Fortes, gozavam assim da amizade da autoridade de seus compatriotas ucranianos na Polônia.
Quando, em 1939, invocou-se o parlamento polaco no exílio, o Conselho Nacional, foi representado por todos os partidos políticos polacos, como os representantes de Opole - Silésia e as minorias judaicas. Mas não compareceu nenhum ucraniano. O Estado em que os ucranianos constituiam 16% da população se permitiu ao luxo de retirar essa nacionalidade da representação parlamentar. Nenhum comunicado foi emitido para a população ucraniana nas zonas fronteiriças. Como chegamos aqui, esquecendo qualquer representação no parlamento, não se poderia pensar em uma reestruturação. Os ucranianos cooperaram com as tropas alemãs, em setembro de 1939. O tigre continuou sorrindo. Os russos disseram que pelo menos uma de suas Repúblicas Socialistas Soviéticas era da Ucrânia. A Alemanha também ofereceu aos ucranianos algum tipo de ilusão. Polônia e os polacos, no entanto, esperaram pelo retorno da Segunda República.
Só numa coisa não se antecipamos. Isso de Lwów (Lviv) voltar para nós é como um tigre que fugiu de sua jaula e começou vingar-se por toda a humilhação sofrida. Que interesse tinha a Alemanha para com o tigre? Nada. Que negócio representava isto para os bolcheviques? Nada. Os papéis estavam invertidos. Já não era o Exército polaco, que tão eficientemente pacificou as aldeias ucranianas nos anos 30. Louvamos assim, antes de tudo, que temos um exército forte. Os ucranianos viram força quando enfrentamos Zalischyky e Sniatyn. O Tigre tinha tudo o que podia.

O abate na Volínia, é terrível, estúpido e cruel. Mas não podemos tratar esse evento, mesmo em tempo de paz, mesmo para todos os amantes ao redor, e para os irritados polacos, que nós atacamos os ucranianos de forma estúpida e mesquinha. Se exigimos dos ucranianos que continuam a bater no peito para as acções da UPA, não podemos também ser atingidos no peito pela estupidez do nosso governo sobre o caso das fronteiras, não como a mesma estupidez de antes, da nossa aristocracia? Tanto se conversa, hoje, sobre a necessidade de uma aliança estratégica com a Ucrânia. Temos de repetir constantemente a nós mesmos que, uma Ucrânia independente e relacionada nos mesmos moldes da aliança com o zloty polaco do século XVI é impossível, e mesmo assim, com a Rússia longe de nossas fronteiras, fomos privados do celeiro da Transnístria. Tanta discussão e ainda tratamos os ucranianos como "os do leste" (para o que são exatamente os mesmos, que nos fazem revanche). Tanta conversa ao mesmo tempo, mas sem qualquer pensamento de permitir a entrada no espaço Schengen, esquecendo que esta conversa, desvia-nos de toda uma multidão na fronteira ucraniana.
Vamos tentar entender o ponto de vista da história pelo lado da Ucrânia. Somos nós, de repente insensíveis de que Alemanha pretenda na Montanha de Santa Ana abrir ao lado do Cemitério dos insurgentes da Silésia, um cemitério dos defensores alemães da Silésia? Comparação ruim? Somente a partir do ponto de vista polaco. Pessoas na fronteira Polaca-ucraniana dependem da amizade entre Varsóvia e Kiev e diplomaticamente sempre vão estipular que tais coisas não vão ser faladas. Nesta discussão, polacos e ucranianos ainda têm de crescer muito. O Conflito Polaco-Ucraniano é um conflito de família. Sentemos primeiro à mesa da família. Busquemos por aquilo que nos une e vamos dar crédito que a nossa parceria dependa do bem, do bem desejado, para cada um de nós. Verdadeiramente devemos nos irmanar. E, quando esse dia chegar, você poderá explicar tudo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Bagatela de Cracóvia faz 90 anos


Foto: Michal Lepeck

O famoso Teatr Bagatella de Cracóvia está completando 90 anos. Ícone da população cracoviana, que faz de seu hall de entrada ponto de encontro para assistir seus espetáculos. Mas não só! Nas suas imediações a população marca para se encontrar para seguirem para suas noitadas, seus jantares e seus passeios.
Sua arquitetura inconfundível no cenário renascentista da cidade e sua grande tela de anúncios são marcas registradas de Cracóvia. Não bastasse isso, pelos seus palcos desfilaram os grandes nomes do teatro da Polônia ao longo das últimas nove décadas.
Para as comemorações, no sábado, estreiou o musical "Dwa razy tak" cujo tema são os 50 anos de uma vida conjugal. Dirigido por Karolina Szymczyk-Majchrzak, o espetáculo tem cenas de comédia, dança e canto. No elenco as atuações de Kamila Klimczak e Marcin Kobierski. Após o espetáculo houve sorteio de prêmios e brindes aos funcionários do teatro.
Ainda comemorando o aniversário no Klub Loja, no Rynek, foi aberta a exposição "Atrizes" , com fotografias das atrizes do Bagatella de autoria de Wojciech Plewiński, Znigniew Łagocki Zbigniew e Piotr Kubica.
Fundado há 90 anos por Marian Dąbrowski, magnata da mídia, dono dos jornais mais rentáveis da época, como por exemplo o jornal "Kurier Illustrated". Dąbrowski também era conselheiro municipal e um patrono das artes. O Bagatella criado por ele seria um teatro de entretenimento de alto nível, para contrapor-se ao aristrocrático teatro da ópera Juliusz Słowacki. Segundo a lenda, o nome do teatro surgiu - por acaso - de acordo com o patrono atual dao teatro Tadeusz Żeleński. "Dąbrowski olhou para cima e pediu que lhe inspirassem um nome. Ele suspirou e a palavra surgiu bagatela!
Ao longo do tempo seu nome seria alterado algumas vezes, para Kinoteatr Scala, Teatr Młodego Widza e Rozmaitości, mas Żeleński ao assumir sua direção nos anos 70 retomou o antigo e primeiro nome.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Chopin no Paraná em 2010

Sala de concertos da FCC - Capela Santa Maria

O governador de Santa Catarina parece ser mal informado. Pelo menos é o que se deduz lendo reportagem sobre sua visita a Polônia, publicada em jornais de Santa Catarina e alguns sites noticiosos. Ele afirma que seu Estado será o único a comemorar os 200 anos de nascimento do compositor Chopin, no Brasil. Ledo engano. Não sabe ele que no Estado de São Paulo já existe uma comissão encabeçada pelo vice-governador Alberto Goldman tratando dos preparativos de 2010 - Ano de Chopin no Brasil.
E em Curitiba, A Fundação Cultural e o Instituto Curitiba de Arte e Cultura juntamente com o Consulado Geral da Polônia para os três Estados do Sul do Brasil, com sede em Curitiba, já estão com as mãos na programação erudita da Camerata Antiqua e da Orquestra de Câmara de Curitiba, para comemorar de forma honrosa os 200 anos de nascimento de Fredyryk Chopin. Os eventos artísticos serão programados para a Capela Santa Maria e igrejas da Cidade. Há previsão ainda de um busto do compositor da "Polonaises" em um novo portal no Bosque do Papa João Paulo II.

Mas este é o texto da visita de Luiz Henrique à Polônia.

Varsóvia, Polônia (18/10/2009) - O governador Luiz Henrique participou de encontro entre representantes da União Europeia e Ásia, neste sábado (17), ocasião em que ficou definido que o Estado de Santa Catarina será o único do Brasil a participar das comemorações dos 200 anos do pianista e compositor polonês Frédéric Chopin. A reunião, que aconteceu em Varsóvia, na Polônia, foi seguida de uma apresentação do Balé Mazowsze e do concerto com a Poland Broadcasting Orchestra, que demonstraram peças de Chopin. “Nos sentimos bastante valorizados com a participação de Santa Catarina neste projeto. Acreditamos que é por meio da Cultura que divulgaremos o turismo de nosso Estado”, afirmou Luiz Henrique.
O encontro de cooperação de Cultura e Turismo contou com a participação de representantes da República Tcheca, Alemanha, França, Coréia do Sul, Suécia, Rússia, Itália, Bíelo-Rússia e Santa Catarina, pelo Brasil. As comemorações dos 200 anos do nascimento de Chopin acontecerão em 2010 nesses países e serão centradas em concertos, exposições e workshops.
Na mesma ocasião, também aconteceu a assinatura de termos de cooperação entre a Companhia Mazowsze da Polônia e a unidade catarinense da Escola de Canto e Dança Mazowsze, cuja sede já está instalada em Criciúma e as aulas iniciarão em março de 2010.
Após este encontro, o governador Luiz Henrique e comitiva participaram da inauguração de um complexo cultural em Varsóvia aos moldes das arenas multiuso que têm sido inauguradas nos últimos anos em Santa Catarina. “A União Europeia, a Província de Mazowsze e a comunidade investiram 40 milhões de Euros neste complexo, o que demonstra a valorização da Cultura na região. Em nosso governo, já montamos a maior rede de arenas de multiuso do País”, disse o governador ao defender a Cultura como principal foco de atração do turismo qualificado e geração de emprego e renda em Santa Catarina.
A missão oficial de 16 dias liderada pelo governador Luiz Henrique a países como a Rússia, Polônia, Áustria e França segue na segunda-feira (19) para Viena, na Áustria, onde manterão encontros com o prefeito Siegrid Nagl, com o presidente do Parlamento Estadual, Kurt Flecker, e com o governador Franz Voves, além de comparecer à reunião na ICS Internactional Isierungs Center Steiermark. Trata-se da sexta missão oficial do ano do governador, que reassumirá a chefia do Executivo no próximo dia 26.
Também integram o grupo de Santa Catarina à Europa os secretários Derly Massaud de Anunciação (Comunicação) e Antônio Gavazzoni (Fazenda); os prefeitos Dário Berger (Florianópolis) e Clésio Salvaro (Criciúma); além do deputado estadual Cesar Souza Júnior.
Frédéric Chopin Nascido em Żelazowa Wola, na Polônia, no dia 1º de março de 1810, Frédéric Chopin foi um pianista e compositor para piano da era romântica. É amplamente conhecido como um dos maiores compositores para piano e um dos pianistas mais importantes da história. Sua técnica refinada e sua elaboração harmônica vêm sendo comparadas historicamente com as de outros gênios da música, como Mozart e Beethoven, assim como sua duradoura influência na música até os dias de hoje.

Biden: novo sistema antimísseis na Polônia?

Foto: Jeff Roberson AP

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden apresenta planos para construção de um novo sistema de defesa de mísseis SM-3, na Polônia. Qual é a diferença do queria fazer com a Polônia George W. Bush? A resposta deve ser dada na visita que Biden faz a Varsóvia e Praga para tentar apagar a má impressão causada pela desastrosa decisão do presidente Barack Obama de abandonar a construção do escudo anti-míssil na Polônia e na República Tcheca.
Biden vai falar com o presidente Lech Kaczyński e com o primeiro-ministro Donald Tusk sobre a proposta de desenvolver um novo sistema de defesa antimísseis que os Norte-americanos continuam a querer.
Até agora, o que se sabe é que se trata de um sistema interceptor de mísseis de curto e médio alcance SM-3. Ele já é utilizado em navios, mas existe a possibilidade de instalá-los em terra sobre plataformas móveis.
O sistema SM-3 deverá ser implantado em diversos países. A posição polaca neste sistema, portanto, já não soa tão incomum. Para o novo sistema ser instalado é necessário que se costure um novo acordo entre Estados Unidos e Polônia. Os especialistas sugerem que ele não há pressa para o instalar, isto porque o novo sistema tem ainda muitas incógnitas.