terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Significados e tradução de sobrenomes polacos

Nazwisko = Sobrenome
 

Estes sobrenomes são comuns, existentes ao longo de vários séculos, alguns já extintos na Polônia, como por exemplo da minha avó paterna Paulina Hazelski (sobrenome de solteira).

Os dados foram retirados de coleções genealógicas privadas, de Addresssbuch Landkreis Oppeln (livro de endereços de Opole) 1926, das certidões de batismo da vila de Stare Siołkowice. Vila rural de onde saíram as famílias polacas que chegaram na Colônia Pilarzinho em Curitiba, em 30 de setembro de 1871.

Podemos classificá-los de acordo com diferentes tipologias, tais como:

– Originados de nomes próprios como: Urbano
– Nomes patronímicos, criados a partir dos nomes dos pais como: Urbanek
– Nomes a partir de sobrenomes derivados, que expressam profissões das pessoas
– De produtos alimentícios
– De fenômenos naturais
– Das estações e dias da semana
– De nomes de plantas
– De nomes de animais
– De partes do corpo
– De sobrenomes compostos
– De sobrenomes da competição
– De sobrenomes de função
–  De diminutivos de sobrenomes e nomes
– Sobrenomes relacionados com origem étnica ou local de residência.

Sobrenomes

ADAMIEC – derivado do nome Adam – Ter Adão.

BABAC – da baba – mulher, avó

BALDY – do nome germânico Baldwin - corajoso, ousado.

BARCIK – derivado do nome Bartłomiej, ou talvez do polaco antigo barczyć - rugir, berrar, então também um Bartolomeuzinho.

BARTOSEK – chamado Bartłomiej – diminutivo do diminutivo bartolomeuzinho.

BARTYLA – derivado do nome Bartłomiej – Bartolomeu, no diminutivo Bartolomeuzinho.

BASTEK – diminutivo Sebastião – Sebastiãozinho, Tiãozinho (1748)

BAUCZ – provavelmente a partir do bauen alemão construtor de edifício

BIAŁAS – derivado de biel –homem com cabelos brancos.

BIALUCHA – de biały – diminutivo de branco, branquinho.

BIENIARA – derivado do nome Benedito.

BIELECKI – derivado de biel – diminutivo de branco, branquinho

BIENIEK – do nome Benedito – Diminutivo Beneditinho.

BIENIUSA – derivado do nome Benedito.

BISGIEL – de birzgieł espécies de aves, em italiano o pássaro uccello.

BLACHA – de chapa metálica, chapa fina de metal (1537); von Blacha, nobre da Silésia.

BALCER – Baltazar

BONK – de bąk – moscardo (mosca grande)

BORONOWSKI – a partir do nome local Boronów (de Częstochowa, Brasão da cidade (1628) – boronosense.

BOROŚ – de Borosie antigos habitantes da atual Floresta de Borów Stobrawski; homem da floresta (por D. Simonides); outras grafias: Borosch, Borosch (1743)

BRYKSY – do nome do Santo Brykcjusz, origem celta – do santo francês, o bispo Brykius

BRZEZICEK – derivado de Brzoza – diminutivo Vidoeirozinho.

BRZOZA – espécie de árvore chamada de Vidoeiro (também bétula)

BRZOZOWSKI – derivado de Brzoza – Vidoeirense, natural de Vidoeiro.

BUCHTA – de buchta – tipo de massa de fermento, um grande pedaço de pão (1507)

BULIK – de bula – caroço, tumor.

BURIAN – de bura – briga, homem de temperamento intempestuoso.

BURSY – de bursa – bolsa,

BZDOK – derivado de bździć – peidar, falar bobagem, balbuciar tonterias.

CEBULA – a planta vegetal Cebola.

CHRIST – derivado do nome Krzysztof - Casimiro

CYRYS – do nome Cyril – Cirilo, o padre grego que inventou o alfabeto cirílico.

CZECH –homem com origem na República Tcheca (1440)

CZOK – de czokać acariciar, beijar.

DANISZ – de nome Daniel, está no diminutivo Danielzinho

DAWID – do nome David

DEHNO – a partir do alemão Dein, do nome próprio Dagenhart – Guerreiro forte

DENDERA – do antigo idioma polaco dunder – diabo.

DLUGI – um homem alto;

DOŚKA – derivado do nome próprio Dominik – Dominiquezinho, no diminutivo

DRAS – de drasować – drapejar, fazer dobras no vestido para ficar ondulado.

DRATWA – de drastwa - fio de sapateiro, linha de costura.

DREŚNAK – de drasować - drapejar – debulhar com um mangual; Dresnak do século XVIII

DUBIEL – de polaco antigo dubiel – tolo, espécies de peixes (1424)

DUDZIK – de duda – instrumento musical, péssimo músico, diminutivo

DZIUBA – Bicada (de bico).

FABISZ – derivado do nome Fabian - Fabianozinho

FAUTSCH – derivado do nome de Faustyn - Faustino

FIECH –– bovino

FIECEK – derivado do nome Wincenty - Vicentezinho

FILA – derivado do nome Felipe – diminutivo Felipizinho.

FILIP – Felipe

FRACH – derivado do nome Franciszek - Francisco (1748)

FRONIA – derivado do nome Franciszek - Francisquinhozinho

FUNFARA – de fanfarra

FUSSY – de polaco antigo – pedante

GABRIEL – de Gabriel

GACKA – de gac – bastão

GAJDA – aquele que crê em contos de fadas.

GALUS – do nome do cronista Gallus da Polônia

GALUSKA – do nome Gallus conhecido desde o século XII; o diminutivo Galuzinho

GAMROT - de gamrat – camarada.

GANDYRA – de ganso.

GBUR – de gbur – do camponês (1387)

GBURCZYK – derivado da palavra gbur – camponesinho.

GIEMZA – de giemza – da cabra, couro feito de cabra

GIEROK – derivado do nome Hieronim - Jeronimozinho

GIZA – de giża perna traseira de porco, carvalho.

GLADKI – de liso, mesmo, arranjado.

GLASDER – de origem alemã: Glaeser – vidro

GŁOWANIA – da cabeça

GMERA – de gmerać – alavanca, aquele que está procurando, o tolo.

GOGOL – do antigo polaco gogoł – espécie de pato selvagem, (1427)

GOJOWCZIK – da goić de curar, de tratar, no diminutivo.

GOLA – od golić – corte, barbear.

GOLENIA – de goleń – canela, osso da perna (1494)

GOLUSDA – de goły: diminutivo de desnudo, nuzinho

GONSIOR – de gąsior – gansos machos

GORDALA – derivado do nome de Gordan ou de Garda – orgulhoso

GREGULEC – derivado do nome Grzegorz - Gregoriozinho

GROMOTKA – bando – pequena concentração de pessoas

GRUCHAŁA – od gruchać arrulhar, voz de pássaro

GRZONA – calor, aquecido

GRZONKA – calor, aquecido no diminutivo

HALAMA – de halama – um homem desajeitado; (1690)

HUDY – de chudy alguém magro, magro

HUNTSCHA – do nome pessoal alemão Hunn – de Huno, diminutivo Hunozinho

HYLA – derivado de chylić się - inclinado

JAGNESCOK – derivado do nome Agnes, Agnieszka – de Inês

JAKUBEK – derivado do nome Jakub – diminutivo de Jacó – Jacózinho

JAMBOR – Derivado do nome próprio Ambrósio

JANKE – derivado do nome Jan – diminutivo de João – Joãozinho

JASIK – derivado do nome Jan – diminutivo de João – Joãozinho e também Jasiek

JELEN – Cervo

JENDRO – derivado do nome Andrzej – André.

JENDROSSEK – derivado do nome Andrzej – André, diminutivo Andrezinho

JENDRUSCH – derivado do nome Andrzej – André, diminutivo Andrezinho

JĘDZIEWSKI derivado do nome Andrzej - Andresense

JOŃCZYK – derivado do nome Jan - Joãozinho

JONIEŃĆ – derivado do nome Jan - Joãozinho

KAŁUŻA – de poça – pequeno reservatório de água, poça d’água.

KAMLA – derivado de kamień pedra (1743)

KAMPA – do acampamento alemão Kamp – pente, pente de tecelão

KANIA – da Kania – ave predatória do gênero falcão; (1399)

KANIUT – de Kania – ave predatória do gênero falcão; alguém pertencente a vila de Kaniów; Diminutivo.

KANSZCZYK – do nome pessoal alemão Kans; talvez do polaco kania – de muito com diminutivo muitinho

KASELLA – do nome Kasia – Catarinazinha (XVIII)

KASPRZIK – derivado do nome Kacper - Gasparzinho.

KASZURA – derivado do diminutivo Kasia, Katarzyna – Catarinazinha.

KILIAN – derivado do nome celta Kilian - Chiliana em italiano

KIWUS – de Kiwać –cambaleado, dobrado

KLEINERT – de origem alemã Kleiner – diminuir, coisas pequenas

KLENK – parte da arado; de ajoelhar-se, ajoelhar-se

KLIMEK – de Klemens; diminutico de Clemente (1385)

KLIMIONT – derivado do nome Klemens, diminutivo de Clemente, Clementezinho.

KLIŚ – derivado do nome Klemens, diminutivo de Clemente, Clementezinho. (1572)

KNOSALA – perseguido, apressar.

KOBIENIA – do antigo idioma polaco – de mulher

KOCIOK –gato pequeno, gatinho

KOKOT – galo, galinha

KOŁODZIEJ – de kołodziej – rodas de carpinteiro, homem fabricante de rodas de madeira.

KOMOR – mosquito

KONDZIELA – od kądziel – roca, dispositivo de fiação. (Século 19)

KONIECZNY – od koniec de fim - homem que vive no final da vila (Popiels XVIII)

KOPKA – de kopać – de escavar, homem associado à mineração; (1307)

KOROL – derivado do nome Karol - Carlos

KOSZYK – od koszyk, – Cesta

KOŚNY – de kosa, kosi - foice

KOZIOŁ – cabra, bode.

KRECIK – diminutivo do nome de Kret; Outra grafia: Kretzik - verruguinha

KRET – verruga

KRETSCHMER – do palavra alemã Kretschmar dono de estalagem, mascate

KUBIS – derivado do nome Jakub - do Jacó

KUC – de kaszleć – tosse, homem que tosse

KUCZERA – do antigo polaco kuczer - carroceiro, motorista

KUKA – de kukać, fazedor do ruído, ku ku

KULIG – de kulik – pássaro pernalta; (1370)

KUPCZYK – derivado de Kupić - de comprar – diminutivo compradorzinho

KUPIEC – derivado de Kupić - comprar, comerciante; (1382)

KUPILAS – derivado de Kupić - comprar, o homem que comprou a floresta.

KURDA – do polaco antigo Kord – uma espada curta, ou de Kordas corda com a qual os monges se amarravam

KUPKA – de escavar, homem associado à mineração; (1399)

KURPIERZ – do idioma polaco antigo kurp – fazedor de tamancos de madeira da Tilia

KUTYMA – de kutać – para embrulhar, abraçar

KWOSEK – de kwas ácido, azedo no diminutivo azedinho.

LAKSY – derivado do nome de Aleksy (século XIII) abreviação de Alexandre.

LAZIK – do łazić – andarilho.

LAZINKA – de wathe move-se lentamente, campo cultivado na floresta foi excretado

LECYBYŁ – arreio de cavalo

LEDWOLORZde ledwo, ledwy de mal, apenas, logo que – pessoa mau caráter

LESIK – do polaco antigo bosque, floresta, no diminutivo bosquezinho.

LISOWSKI – de Lis raposa, com wski agregado fica – raposense, de raposa.

LOCWI – de Łowczy - caçador

LUBDA – de Lubić – de gostar

LUDENIA – derivado do nome Ludwik - Luiz

LUKA – derivado do nome Łukasz - Lucas

LUKASCZYK – derivado do nome Łukasz – no diminutivo Luquinho

LYGA – do antigo idioma polaco ligać - ter medo, cavar, deitar-se

ŁYSOŃ – derivado de łysy calvo, careca – sem pêlos

MACIEJ – derivado do nome Maciej, Matias.

MACIOSZEK – derivado do nome Maciej, filho de Maciej (1438) no diminutivo Matiazinho.

MAINKA – de maić, maj – nome do mês, maio no diminutivo maiozinho.

MAŁEK – diminutivo Mały de (1204) Pequenininho

MARSOLEK – derivado de Marszałek – na Idade Média, gerente da corte real, presidente do Senado. No diminutivo presidentinho do senado.

MARYNIK – derivado no nome pessoal Maryna (século XV) Marinazinha

MEHL – de Mehl de origem alemã – farinha

MILEK – derivado de miły - amável, gentil, no diminutivo amavelzinho

MIŚ—derivado de niedźwiedź – Urso

MŁYNEK – moinho, moedor, (1370) no diminutivo moinhozinho

MOCZKO – de Moc, Mocny – Forte, fortinho

MORCINEK – derivado do nome Marcin (século XIII), Martinho.

MOSIEK – derivado do nome Moisés, no diminutivo Moiseizinho

MRUCZEK – de mruk – um homem ingrato, de ronronar fala pouco claro, (1408)

NALEWAJA – de derramado

NANIK – talvez do antigo idioma polaco nan – pai ou mãe no diminutivo paizinho

NIEDBALA – de nie dbać – Desleixado, não cuidadoso

NIEDWOLORZ – de nie + dowrak – não é um cortesão

NIEDWOROK – de nie + dworak – não cortesão (não é da corte, não é da nobreza)

NIEDŹWIEDŹ – Urso

NIESTROY–mal-vestido

NIKISZ – derivado do nome Nicolau ou Nicodemos.

NIMPSZ – do alemão medieval – Nome.

NIWA – papel, campo, (1629)

NOGOSEK – perna, pelo diminutivo perninha

NOWACZEK – de novo, “algo recém-chegado, filhinho de Nowak”

NOWAK – de novo recém-chegado (1335)

OWCORZ – pastor de ovelhas.

PALUSSEK – de palić– dedo pequeno, filho de Palucha

PAMPUCH – derivado de pączek (sonho em português do Brasil), panqueca.

PAWOLEK – derivado do nome Paweł – Paulo

PIECHOTA – peregrino ou soldado da infantaria no exército (1385)

PIEGZA – de pieg, espécies de aves, (1317)

PIEKNY – de piękny belo, agradável, bonito.

PIEKORZ – de fogão homem que faz fogão

PIENTOK – da parte de trás do pé.

PIERZINA – de penas.

PIETEREK – do nome Piotr, diminutivo de Pedro, pequenino Pedro (1514)

PIETREK – do nome Piotr (século XV), Pedrinho.

PIETRON – do nome Piotr, Pedro em português

PIETRZIK – do nome Piotr, Pedro

PODLEISKA – do nome de Podleski – um homem que vive próximo da floresta.

POGRZEBA - de enterrar - para enterrar, cair, ser enterrado, coveiro.

POLLOK – também Polak - homem nascido Polônia.

PRODLIK – corruptela do Prudlo– vendedor

PRODLO – da frente – vender, retirar dinheiro.

PROKOP – do nome Procópio.

PROKOT – do nome Prokop, de Prok – dispositivo para atirar pedras

PRZIBYLA – de chegada, recém-chegado.

PSIORZ – de cão, homem cuidando do cão.

PSYK – da psique – sibila.

PSYKALA – sibila, o homem que sibila

PURKOT – de peido -  azedo, pescar, deixar ir, soltar os gases, do purkot – o fedor.

PYKA – de pykać um pássaro tentilhão (chupim, pardal-castanheiro)

PYLA – de poeira – pó, poeira. Outra grafia: Pylla - ganso pequeno

REK – do antigo polaco rek – câncer, marisco.

RESEL – talvez do alemão medieval – forte

RODZIS – de família

ROSA – de orvalho – umidade da manhã

RUDEK – de vermelho – cor de cabelo, ruivinho

RYCHLIK – do polaco antigo – cedo, que vem logo, do rychle tcheco – rapidamente (1436)

SLENSOK – de Ślązak, residente da Silésia.

SCHLICHTING – do alemão medieval, sliht – em linha reta, lisa

SCHOLZ – grafia em polaco Szolc - chefe da vila

SDZUJ – do nome eslavo Zdziuj - espécie de peixe.

SIEKIERKA – de machado – pequeno machado.

SIWEK – de cinza – cor do cabelo, um homem com cabelos grisalhos (1415)

SKÓRA – de couro ou pele – rápido, disposto a fazer algo. Outra grafia: Skora (1370)

SKROBOCZ – de raspagem – arranhões, escrita feia, arranhar, de restos – patinação

SKROCH – de garupa – migalha

SKRZYPIEC – de guarda florestal –de violino – o som do rangido

SLUGA – da fechadura, caracol – vara, não convidado no casamento

SMOLKA – de alcatrão – subproduto da destilação a seco de madeira, de alcatrão – sujo

SMYK – do idioma polaco antigo Smyk – Cinza, Músico (1386)

SPRY – de sprys – apoio da árvore para a fortificação de paredes, para apoiar o barco.

SOBEK – do nome Sebastião

SOBIECH – de Sobek – Sebastião

SOBOTA – de sábado – dia da semana

SOJKA – de soja– pássaro da família dos corvos (1389)

SOLGA – de sal, salzinho

SOLORZ – de homem de comércio de sal

SONSALA – de origem no nome francês, alemã Sans - Sem preocupação

SOPA – de sopać – soluço

SOSNA – pinho

SOŚNIK – pinheirinho

SOWADA – de zawada – obstáculo

SPISLA – de spisać się - fazer o bem, alistado no exército

SPYRA – de gmerać - busca, remexer

STAMPKA – um dispositivo para esmagar, abate ou uma armadilha de urso

STANIK – do diminutivo do nome Stanisław, ou Stanek - Estanislauzinho

STELLMACH – de do alemão stelmach –  artesão que faz peças de madeira para carrinhos

STENCEL – do nome alemão Stenzel,  do nome Stanisław - Estanislau

STILLER – do alemão da idade média quieto – acalme-se

STOCHMIOT – de stochmal – pó de farinha no moinho

STONDZIK –  de se estar em pé no diminutivo

SUCHLA – de suchnąć - seco, estéril (1405)

SUSA – de sus – salto em distância ou  derivado do nome Zuzanna (Suzana)

SYGULLA – de sygać – arremessador

SYLLASila

SYMA – do nome Simão

SYMALLA – do nome de Szymon, coloquialmente Syma, outra ortografia: Szyma’a

SYNOWSKI – de filho

SZEJCA – do Scheitz alemão, e isto do xeque lússiano – sapateiro, outra ortografia: Scheitza,

SZEMICZEK – do nome Szymon – Simão, diminutivo Simaozinho

SZMECHTA – acariciar

SZWAGIEREK – de cunhado, irmão da esposa ou marido (1705)

SZWEDA – do sueco – provavelmente um apelido dado às crianças nascidas após a inundação sueca (criança de trinta anos.

SZYMAINDA – do nome Szymon – de Simão

ŚMIEJA – rir, homem alegre

ŚWIEC – sapateiro

TOMA – do nome Tomasz - Tomás

TOMALA – do nome Tomasz – derivado de Tomás

TORKA – do abrunheiro, ameixa selavagem

TRETEL – marchando como um homem da cidade de Tirol do Sul (Áustria), do início do século XIX.

UNRUH – da Unruh alemã – ansiedade

URBAN – derivado do nome próprio Urbano

URBIK – Diminutivo de Urbano, Urbanozinho.

WAINDOK – diminutivo de vara, varinha

WAKAN – de wakować - ser livre, vagar.

WALA – derivado do nome Walentyn - Valentim

WALDYRA – do alemão wald – floresta, outra grafia: Waldera

WALECKO – do nome Walentyn – diminutivo Valentininho

WARKOCZ – trança – cabelo trançado, de tranças

WARZECHA – concha, colher de pau grande

WEBER – a partir da palavra alemã Weber – tecelão

WIECZOREK – de wiechór – diminutivo noitinha

WIENCH – guincho

WIERZGALA – de wierzgać – dar coice.

WITTEK – de witać saudar, cumprimentando alguém na reunião.

WODARZ – de włodać governar, exercer o poder, ser o dono de algo

WOJCIK – derivado do nome Wojciech – diminutivo de Adalberto, Adalbertozinho

WOJTASEK – derivado do nome Wojciech – diminutivo de Adalbertozinho

WOLIK – da wola – vontade, isenção do dever do proprietário da terra

WOŚ - derivado do nome Wojciech – máximo diminutivo de Adalberto. Outra grafia germanizada pelo invasor: Wosch

WOŻNY – Zelador.

WRÓBEL – nome do passarinho pardal

ZIEŃCZYK – de zięć – diminutivo de genro.

ZIMOLONG – de zimoląg (p’assaro martin-pescador) – homem que sente muito frio.

ZOSIK – diminutivo de Sofia - Sofiazinha

ZOŚKA – diminutivo de Sofia – Sofiazinha

ZOSIA - diminutivo de Sofia - Sofiazinha

 

Autor: Piotr Wiśny
Tradução polaco/português: Ulisses iarochinski

Esta lista será gradualmente expandida com nomes menos populares. Todos os comentários e sugestões e sugestões devem ser enviados para o seguinte endereço: wisny.rattan@wp.pl

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

DOAÇÃO DO MEU BISAVÔ WIKTOR HAZELSKI

Wiktor Hazelski é o do centro da foto, segurando um esquadro, de bigode, ao lado de uma menininha.
Bisavô Vitório era um exímio marceneiro e carpinteiro, e possuía um alambique onde produzia cachaça,
quando morava em um sítio em Wenceslau Braz - PR

Pesquisando em jornais editados em idioma polaco, no início do século 20, no acervo da Biblioteca da Igreja São Vicente de Paulo, em Curitiba, encontrei neste jornal publicado em Ponta Grossa, notícia onde consta o nome do meu bisavô numa lista de doadores de dinheiro para crianças pobres da Polônia.

E como a notícia envolvia o Consulado Geral da Polônia em Curitiba, o nome dele corretamente escrito e grafado em polaco era assim: Wiktor Hazelski (e não Vitório - que é uma tradução para português do polaco Wiktor).


 

"Jornal ŚWIT (Alvorecer) – n.º 38 pág. 3 – ano. III 16 de setembro de 1920

Ponta Grossa

Do Consulado da República da Polônia em Curitiba.

Informação para Imprensa nº. 66

O Consulado da República da Polônia informa que em 6 de agosto, a Sra. Biruta Dergint enviou ao Consulado uma lista de pessoas que doam dinheiro para crianças pobres da Polônia.

Simultaneamente, à lista abaixo, ela apresentou a quantidade de presentes oferecidos: frete para 34 caixas de carga e R$ 1.756.100 (um milhão setecentos e cinquenta e seis mil e 100 réis) em dinheiro.

 A carga foi enviada por via marítima, enquanto o dinheiro foi enviado pelo Adido de Emigração e pelo Banco de Poupança Postal, de Varsóvia para o endereço do Ministério da Saúde Pública para distribuição aos necessitados.

Lista de doadores para "Crianças Pobres na Polônia" (ainda não publicada):

-Michał Konarzewski 10$,

-Jan Sydor 2$,

-Stanisław Uznański 2$,

-Ignacy Celiński (zebrane) 683$900,

-WIKTOR HAZELSKI 64$,

-Fryderyk Rycherski 10$,

-Bronisława Chmielewska 30$,

-J. Buś 1$, J. Wypychowski 1$,

-J. Puchalski 2$,

-Władysław Gajdziński 10$700,

-F.S. 2$800,

-Argentyna Langowska $500,

-T. Szmit $300,

-Walenty Czaplewski 24$,

-J. Wadowski 10$,

-J. Kamieński 11$,

-Urszula Maciulewicz 2$,

-Kazimierz Maciulewicz 3$,

Jan Kondratowicz 10$,

-P. Kondratowicz 5$,

-M. Dymm 2$,

-S. Canata 2$,

-W. Gureczny 2$,

-S. Lubak 5$, 

-K. Żurawski 5$,

-L. Dymracka 5$,

-S. Marianowska 5$,

-D. Rossia 5$,

-L. Canata 2$,

-A. Vergis 2$,

-Jan Banach 5$,

-A. Maliszewski 3$,

-Izydor Kalinowski 10$,

-Józef Grudzień 5$,

-Juljanna Grudzień 5$,

-Józef Grudzień (syn) 5$,

-Juljan Grudzień 5$,

-Jan Mierzejewski 5$,

-Jan Bielecki 5$."

Tradução do polaco para português: Ulisses iarochinski

P.S.1 

P.S.2 Lembre-se que após recuperar sua independência depois de 127 de ocupação e invasão, em 11 de novembro de 1918, a Polônia estava em processo de reconstrução e toda ajuda de polacos espalhados pelo mundo foi recebida.

P.S.3 O Consulado Geral da Polônia foi instalado em Curitiba em 1920. Seu primeiro cônsul Geral foi Kazimiez Głuchowski.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Passaporte polaco está em 7.º lugar


A Polônia está entre os 10 primeiros colocados.


O passaporte de Cingapura liderou a lista dos documentos de viagem mais "fortes" do mundo, de acordo com o Henley Passport Index.
 
Seus titulares podem viajar sem visto para 195 dos 227 países. O passaporte polaco ficou em sétimo lugar e permite viagens sem visto para 188 países.
 
Desde 2006, a consultoria de cidadania e residência Henley and Partners, sediada em Londres, classifica os passaportes em termos de liberdade para viajar pelo mundo.
 
O ranking avalia 199 passaportes do mundo todo, levando em consideração mudanças nos acordos de visto entre os países a cada ano.
 
O passaporte japonês ficou em segundo lugar e permite visitar 193 países.
 
Países da UE: França, Alemanha, Itália, Espanha e Finlândia, juntamente com a Coreia do Sul, ficaram em terceiro lugar. Os documentos emitidos por esses países permitem que os cidadãos viajem para 192 destinos sem visto.
 
O passaporte polaco caiu uma posição no ranking em relação a 2024. Há uma década, o documento estava em 16º lugar e permitia viagens para 161 países.
 
Este ano, os seguintes países ficaram abaixo da Polônia: passaporte tcheco, húngaro e americano.
 
O passaporte afegão ficou em último lugar, na 106ª posição, permitindo viagens sem visto para apenas 26 países. Emirados Árabes Unidos - é um dos países que alcançou um dos maiores sucessos em mobilidade global na última década - desde 2015 subiu 32 posições, chegando à 10ª posição, o que significa a possibilidade de viajar sem visto para 185 países.
 
A China deu um salto igualmente grande – do 94º lugar em 2015 para o 60º em 2025. Na última década, apenas 22 dos 199 passaportes do mundo caíram no ranking, com uma das maiores quedas sendo a dos Estados Unidos, do 2º para o 9º lugar.
 
Fonte: bankier.pl/ho
Tradução: Fabricio Vicroski

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

POLÔNIA PRENDERÁ NETANYAHU

Autoridades da Polônia dizem que prenderão Netanyahu se o primeiro-ministro israelense for ao país europeu. Segundo elas, a ausência do primeiro-ministro está relacionada à posição de Varsóvia em cumprir o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional contra ele.
 
Primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Foto: REUTERS/Kevin Mohatt)
 
Temendo ser preso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não comparecerá ao 80º aniversário da libertação dos Campos de Concentração e Extermínio Alemão Nazista de Auschwitz e Birkenau, nas cidades de Oświęcim e Brzezinka, na Polônia.
 
É o que relatou o jornal “Times of Israel” neste domingo (22). O vice-ministro das Relações Exteriores polaco, Władysław Teofil Bartoszewski (filho Władysław Bartoszewski do prisioneiro 4427, sobrevivente de Auschwitz, que morreu, em 2015, aos 93 anos de idade), declarou que, caso Netanyahu viaje à Polônia, será preso em conformidade com o compromisso do país com o Tribunal Penal Internacional (TPI).
 
Bartoszewski representa o Ministro das Relações Exteriores quando um projeto de lei orçamental é examinado. Ele também coordena questões asiáticas e é responsável pelas relações com a diáspora judaica.
 

Władysław Teofil Bartoszewski (foto PAP)
 
As autoridades da capital polaca, Varsóvia, acreditam que a ausência de Netanyahu está relacionada ao mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o israelense (filho de imigrantes polacos) por crimes de guerra na Faixa de Gaza.
 
O jornal "Rzeczpospolita" (República) acrescenta que o presidente israelense, Isaac Herzog, também não estará presente no evento, sendo representado apenas pelo ministro da Educação de Israel, Yoav Kish.
 
Em 21 de novembro, o Tribunal sediado na Holanda expediu mandados de prisão contra Netanyahu e contra Mohammed Deif, líder do Hamas que Israel disse ter matado, também para o ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant. O grupo islâmico ocupa a Faixa de Gaza.
 
O evento que vem sendo preparado na Polônia está programado para o Dia Internacional em Memória do Holocausto, em 27 de janeiro (data que o campo foi libertado), e deverá contar com a presença de dezenas de líderes e chefes de Estado, incluindo o Rei Charles, da Grã-Bretanha.
 
De acordo com tradicional o jornal "Rzeczpospolita", as autoridades israelenses não entraram em contato com seus colegas polacos sobre a participação no evento.

Presidente da Polônia Andrzej Duda. Foto: Kacper Pempel / Reuters
 
Denunciado na Corte Internacional de Justiça (CIJ), o governo israelense, comandado por Benjamin Netanyahu, foi responsabilizado pela morte de mais de 46 mil palestinos, na Faixa de Gaza desde outubro do ano passado, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde local. Israel também expandiu suas ofensivas para países como Irã, Síria, Cisjordânia e Líbano.
 
O TPI julga pessoas, e a CIJ faz o julgamento de Estados Autoridades palestinas acusam o Exército israelense de cometer “atos de limpeza étnica”.
 
Israel nega, afirmando que sua campanha de bombardeio aéreo tem como objetivo impedir que militantes do movimento palestino Hamas se reagrupem. Até o momento, não foi possível estabelecer um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, apesar dos esforços de mediadores. Na quinta-feira (19), fontes próximas aos negociadores afirmaram que o Catar e o Egito conseguiram resolver algumas diferenças entre as partes, mas ainda restavam pontos de atrito.
 
Monumento às vítimas do Holocausto no Campo de Concentração e Extermínio Alemão Nazista de Birkenau, na cidade de Brzezinka, onde ocorrerão as comemorações dos 80 anos de libertação dos campos no próximo dia 27 de janeiro de 2025.

Redação: Ulisses iarochinski
Fontes diversas como Reuters e Sputnik

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

A morte do maior poeta polaco

 
Foto: Acervo do Museu Nacional em Varsóvia

 Em 26 de novembro de 1855, Adam Mickiewicz morreu em Istambul. O poeta estava na Turquia há semanas, tentando organizar tropas polacas e judaicas para lutar na guerra russo-turca em curso.
 
Mickiewicz, que está se aproximando dos sessenta anos, até agora gozava de boa saúde, mas viagens frequentes, falta de sono e alimentação insuficiente afetaram seu corpo. A morte de sua esposa, em março daquele ano, causou-lhe preocupações adicionais. Apesar disso, não havia indicação de que esse homem não tão velho estivesse prestes a se despedir deste mundo.
 
Naquele dia, Mickiewicz acordou de manhã, pediu um chá e adormeceu novamente. Quando acordou, provavelmente estava vomitando, mas se sentia muito bem. Ele foi visitado por várias pessoas, incluindo o coronel Emil Bednarczyk, o suposto líder do regimento judeu.
 
Por volta do meio-dia, o poeta tomou café com creme e comeu um pedaço de pão, depois tirou uma soneca de uma hora. Inesperadamente, ele se sentiu muito pior, mal conseguia ficar de pé, mas não queria voltar para a cama.
 
Um total de quatro médicos foram trazidos, mas a condição do paciente piorava rapidamente. Ele recebeu láudano, o que aliviou um pouco sua dor. Ele ordenou chamar um padre que administrou a extrema-unção ao moribundo.
 
O poeta dirigiu as suas últimas palavras ao Coronel Bednarczyk: “Diga apenas às crianças, deixe-as amarem-se umas às outras. Sempre." 
 
Na certidão de óbito, o médico local Jan Gembicki registrou a causa da morte como hemorragia cerebral. Henryk Służalski, um dos companheiros de Mickiewicz, afirmou que o poeta foi morto por cólera, mas se esta doença tivesse sido mencionada na certidão de óbito, o corpo de Adam não teria sido transportado para França.
 
Rumores de envenenamento surgiram rapidamente; foi apontado que ninguém na comitiva do poeta estava infectado e que não havia epidemia em Constantinopla naquela época. A causa da morte de Mickiewicz continua a ser uma questão controversa até hoje.
 
Versos do poema "Polonaise" de Adam Mickiewicz traduzidos pelo poeta curitibano Paulo Leminski:
 
Choveram-me lágrimas limpas, ininterruptas,
Na minha infância campestre, celeste,
Na mocidade de alturas e loucuras,
Na minha idade adulta, idade de desdita;
Choveram-me lágrimas limpas, ininterruptas...
 
Adam Bernard Mickiewicz  nasceu em 24 de dezembro de 1798, na Vila de Zaosie, então pertencente a uma governadoria russa, e que se encontra atualmente no território da Bielorrússia. Zaosie está localizada na província de Brest, região de Baranowicki. Ele faleceu em Istambul, então Império Otomano, em 26 de novembro de 1855.
 
ilustração de Napoleon Orda da casa onde nasceu Mickiewicz





 
A casa de Adam mantida como patrimônio histórico e cultura; na Bielorrúsia
 
 
ALPUJARRA
Poema de Adam Mickiewicz,
traduzido pelo escritor brasileiro Machado de Assis

Jaz em ruinas torrão dos mouros;
Pesados ferros o infiel arrasta;
Inda resiste a intrepida Granada;
Mas em Granada a peste assola os povos.

C’um punhado de heroes sustenta a luta
Fero Almansor nas torres de Alpujarra;
Fluctua perto a hispanica bandeira;
Hade o sol d’amanhã guiar o assalto.

Deu signal, ao romper, do dia, o bronze;
Arrasam-se trincheiras e muralhas;
No alto dos minarets erguem-se as cruzes;
Do castelhano a cidadella é presa.

Só, e vendo as cohortes destroçadas,
O valente Almansor apoz a luta
Abre caminho entre as imigas lanças,
Foge e illude os christãos que o perseguiam.

Sobre as quentes ruinas do castello,
Entre corpos e restos da batalha,
Dá um banquete o Castelhano, e as presas
E os despojos pelos seus reparte.

Eis que o guarda da porta falla aos chefes:
«Um cavalleiro, diz, de terra estranha
Quer fallar-vos; — noticias importantes
Declara que voz traz, e urgencia pede.»

Era Almansor, o emir dos Musulmanos,
Que, fugindo ao refugio que buscára,
Vem entregar-se ás mãos do castelhano,
A quem só pede conservar a vida.

«Castelhanos, exclama, o emir vencido
No limiar do vencedor se prostra;
Vem professar a vossa fé e culto
E crer no verbo dos prophetas vossos.

«Espalhe a fama pela terra toda
Que um arabe, que um chefe de valentes,
Irmão dos vencedores quiz tornar-se,
E vassallo ficar de estranho sceptro!»

Cala no animo nobre ao Castelhano
Um acto nobre... O chefe commovido,
Corre a abraçal-o, e á sua vez os outros
Fazem o mesmo ao novo companheiro.

Ás saudações responde o emir valente
Com saudações. Em cordial abraço
Aperta ao seio o commovido chefe,
Toma-lhe as mãos e pende-lhe dos labios.

Subito cahe, sem forças, nos joelhos;
Arranca do turbante, e com mão tremula
O enrola aos pés do chefe admirado,
E junto delle arrasta-se por terra.

Os olhos volve em torno e assombra a todos:
Tinha azuladas, lividas as faces,
Torcidos labios por feroz sorriso,
Injectados de sangue avidos olhos.

«Desfigurado e pallido me vêdes,
Ó infieis! Sabeis o que vos trago?
Enganei-vos: eu volto de Granada,
E a peste fulminante aqui vos trouxe.»

Ria-se ainda — morto já — e ainda
Abertos tinha as palpebras e os labios;
Um sorriso infernal de escarneo impresso
Deixára a morte nas feições do morto.

Da medonha cidade os castelhanos
Fogem. A peste os segue. Antes que a custo
Deixado houvessem de Alpujarra a serra,
Succumbiram os ultimos soldados.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Donald Tusk - A ameça de conflito mundial é real

 O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, afirma que ameaça de conflito global é real. A Polônia, que faz fronteira com a Ucrânia, a Rússia e Bielorrússia, está alocando 4,7% de seu produto interno bruto para incrementar suas Forças Armadas em 2025.
 
Tusk, nesta sexta-feira (22), disse que depois que a Rússia disparou um míssil balístico hipersônico de alcance intermediário contra uma cidade ucraniana.
 
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, havia dito do dia anterior, quinta-feira (21) que o ataque foi uma resposta ao fato dos Estados Unidos e a Grã-Bretanha terem permitido que Kiev atacasse o território russo com armas ocidentais avançadas, uma medida que, segundo ele, deu ao conflito “elementos de caráter global”.
 
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chamou o ataque de mísseis russo de outra escalada após o envio de tropas norte-coreanas para o solo russo. “A guerra no leste está entrando em uma fase decisiva, sentimos que o desconhecido está se aproximando”, disse Tusk em uma conferência de professores.
 
“O conflito está assumindo proporções dramáticas. As últimas dezenas de horas mostraram que a ameaça é séria e real quando se trata de um conflito global.” 
 
A Polônia tem sido uma das principais vozes a pedir que os membros da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) gastem mais em defesa, e está alocando 4,7% de seu produto interno bruto para incrementar suas Forças Armadas em 2025.
 
A Rússia disse que uma nova base de defesa contra mísseis balísticos dos ESTADOS UNIDOS no norte da Polônia levará a um aumento no nível geral de perigo nuclear, mas Varsóvia disse que as “ameaças” de Moscou apenas reforçaram o argumento a favor das defesas da Otan.
 
Fonte: Agência Reuters
Reportagem de Alan Charlish, Pawel Florkiewicz e Anna Wlodarczak-Semczuk.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Polaco - o belo e complicado idioma

 

 
O idioma polaco se destaca entre as línguas eslavas, enriquecida não apenas por sua gramática complexa e profundidade fonética, mas também por sua notável tapeçaria de dialetos e regionalismos.
 
Enquanto o polaco é a língua oficial do país, o cassubiano também detém status oficial, ilustrando a diversidade linguística da Polônia. Em todo o país, dialetos como o mazoviano, o da Pequena Polônia (Małopolska), o da Grande Polônia (Wielkopolska) e o silesiano, juntamente com dialetos mistos do leste e formas recém-misturadas no norte e oeste, exibem influências de culturas vizinhas e tradições centenárias.
 
Esses dialetos, geralmente, divergem significativamente do polaco padrão, com expressões regionais que refletem histórias e modos de vida locais. Como por exemplo a palavra batata (originária do Estado do Mato Grosso, no Brasil), que em polaco é Ziemniak, em silesiano é Kartofel, em poznanio é Pyra, em Orawa, na região Podhale é Rzepa.
 
Alguns dialetos evoluíram a ponto de poderem ser considerados línguas por direito próprio, especialmente o cassubiano e o silesiano, que mantiveram vocabulário e estruturas gramaticais antigos. Essa rica diversidade dentro do idioma polaco promove uma herança linguística que está enraizada na família eslava e, ainda assim, singular em sua variedade, musicalidade e resiliência.
 
Alguém deve aprender polaco?
Aprender polaco abre uma janela para uma rica herança cultural e uma língua que preservou uma mistura única de tradição eslava e distinção regional. Oferece aos seus estudantes acesso às obras de escritores polacos famosos como Adam Mickiewicz, Henryk Sienkiewicz, Władysław Reymont, Witold Gombrowicz, Wisława Szymborska, Czesław Miłosz e Olga Tokarczuk cujas contribuições à literatura são celebradas em todo o mundo.
 
O polaco também fornece percepções sobre a resiliência histórica de uma nação que manteve sua língua apesar de séculos de turbulência política e ocupação estrangeira.
 
Com a crescente influência da Polônia na Europa e além, aprender polaco não apenas conecta você com mais de 60 milhões de falantes em todo o mundo, mas também aumenta as oportunidades de carreira e viagens em um país conhecido por sua hospitalidade, história e vibrante cultura contemporânea.
 
As obras de Adam Mickiewicz, particularmente ''Os Mortos Vivos", quebraram tabus culturais ao confrontar temas de suicídio e o sobrenatural, que os críticos conservadores viam como perturbadores e perigosos. Ao centralizar a imagem do suicídio no Romantismo polaco, Mickiewicz desafiou as normas sociais e lançou as bases para a suicidologia polaca, tratando o tópico como um assunto para reflexão literária e pública em vez de condenação moral.
 
Além disso, a "polonaise", uma dança polaca digna que remonta ao século XVII, evoluiu de um ritual de aldeia para uma dança popular da corte europeia, simbolizando a herança polaca.
Recentemente adicionada à lista do Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO, ela continua sendo um marco nas celebrações polacas, especialmente em bailes de formatura do ensino médio, onde os alunos tradicionalmente abrem a cerimônia com esta dança nacional.
 
E Paweł Koźmiński, um dentista polaco, criou "World of Horror", um jogo de terror em estilo retrô inspirado em Junji Itō e HP Lovecraft, ambientado no Japão dos anos 1980 e apresentando gráficos MS Paint de 1 bit. Ganhando aclamação global, o jogo foi elogiado por sua atmosfera, enredo e estilo visual único, atraindo tanto os entusiastas do terror quanto os fãs de jogos retrô.
 
A língua polaca é uma língua eslava ocidental que continua a ser falada também na Lituânia (400.000), Bielorrússia (1 milhão), Ucrânia (1.151.000), Alemanha (1.000.000), Brasil (200.000 em várias cidades dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo), também na Grã-Bretanha (546.000), na França, na Argentina, nos Estados Unidos (2.438.00), em Israel (100.000) e no Canadá (225.000), Rússia (94.000), Romênia (10.000) e outros países.
 
No Brasil, o polaco é língua ofícial nos municípios de Áurea, Carlos Gomes, Casca, Guarani das Missões, Sete de Setembro, Vista Alegre do Prata, Campina das Missões, Iberetama, Ijuí, Nova Prata e Horizontina, no Estado do Rio Grande do Sul; Itaiópolis no Estado de Santa Catarina; São Mateus do Sul e Paula Freitas no Estado do Paraná. Nestas cidades, através de lei municipal o idioma polaco é língua oficial junto com o português.
 
Ainda, nas cidades de Mallet e São João do Triunfo, o idioma polaco foi decretado patrimônio material e imaterial dos respectivos municípios do Estado do Paraná. Mais dois municípios no Rio Grande do Sul (Cerro Largo e Nova Santa Rosa) discutem nas respectivas câmaras municipais se decretam língua oficial ou patrimônio cultural, bem como Cruz Machado e Centenário no Paraná.
 
A iniciativa destes decretos foi do prof. dr. Fabrício Vicroski na Universidade Federal de Passo Fundo - RS.  
 
Esse idioma é a língua eslava mais falada depois do russo. A literatura polaca já conquistou cinco prêmios Nobel: Henryk Sienkiewicz (1905), Władysław Reymont (1924), Czesław Miłosz (1980), Wisława Szymborska (1996) e Olga Tokarczuk (2019).
 
 
O idioma
 
O polaco contemporâneo possui 7 fonemas vocálicos e 35 consonantais, representados pelo alfabeto latino, com alguns sinais diacríticos. Os sons que não existiam no latim foram transcritos com a utilização de dígrafos, como sz (fricativa sibilante surda), cz (africada surda), rz; ou por meio de marcas diacríticas como ś, ź, ż e ć.
 
O único sinal exclusivo do alfabeto polaco é a letra Ł, que soa como a vogal u. Ao longo de sua evolução, o polaco deixou de distinguir entre vogais longas e breves. O polaco é a única língua eslava que possui vogais nasais (ą e ę), originárias das vogais nasais do antigo eslavo. É uma língua muito flexionada (possui 7 casos de declinação) e os verbos conjugam-se variando em gênero, pessoa e número; a ordem das palavras na frase é bastante flexível, por conta da clareza dada pela declinação de substantivos e adjetivos.
 
Em sua tipologia linguística ela é classificada por:
 
Alinhamento morfológico — é uma língua sintética fusional, ou flexional, onde as palavras apresentam vários morfemas. Pode-se dizer que as línguas flexivas escondem de certa forma a correspondência entre os morfemas e as funções gramaticais. Isso pois em palavras como byliśmy (nós fomos ou nós estivemos) há morfemas que indicam o tempo (był), a pessoa e o número (my).
Alinhamento morfosintático - é uma língua nominativa-acusativa, ou seja, o sujeito nas frases com verbos transitivos e intransitivos é tratado da mesma maneira, utilizando o caso nominativo. O objeto é tratado diferentemente, geralmente marcado no acusativo ou no dativo.
Estrutura das sentenças - SVO, ou seja, sujeito-verbo-objeto. Por ser um idioma fusional pode-se flexibilizar essa ordem, mas o mais comum em termos de língua falada e escrita é a ordem SVO.
 
O polaco não possui artigos.
 
O polaco possui as seguintes classes gramaticais: substantivos (rzeczownik), adjetivos (przymiotnik), numerais (liczebnik), pronomes (zaimek), verbos (czasownik), sendo todas essas classes sujeitas a declinação e/ou conjugação, e as classes dos advérbios (przysłówek), preposições (przyimek), conjunções (spójnik) interjeições (wykrzyknik) e das partículas gramaticais (partykuła), que não são sujeitas a declinações.
 
Declinação
 
O polaco é altamente flexível. Substantivos, adjetivos, pronomes, numerais, todas as classes de palavras são declinadas em sete casos diferentes:
Nominativo: o modo neutro, utilizado isoladamente ou em sentenças sem verbo;
Genitivo: utilizado para indicar posse ou relação de dependência (no português, utiliza-se "de")
Dativo: utilizado em objetos indiretos, ou seja, que precisam de preposição para ligarem-se ao verbo;
Acusativo: utilizado em objetos diretos, ou seja, que não precisam de preposição para ligarem-se ao verbo;
Instrumental: utilizado para indicar o instrumento com o qual se faz uma ação ou para indicar companhia (exemplos no português: "Fiz o teste com minha caneta" ou "Fui às compras com minha mulher")
Locativo: utilizado para indicar o local onde ocorre a ação;
Vocativo: utilizado para indicar a pessoa com quem se fala (como no português "Senhora Ana!").
 


Substantivos 
Os substantivos podem ser declinados levando em conta o caso e o numeral (singular ou plural). Para muitos substantivos há resquícios do numeral dual, quando havia uma forma para dois e outra para quando houvesse mais do que três itens. Os substantivos, em geral, costumam ser declinados no nominativo no plural quando são em 2, 3 ou 4, sendo que para cinco ou mais costuma-se usar o plural do genitivo.
 
Quanto ao gênero, os substantivos podem ser masculinos, femininos ou neutros.
 
Adjetivos
Os adjetivos podem ser declinados conforme o caso, o número e o gênero. Não há mais três gêneros quando falamos dos adjetivos, e sim cinco. O masculino humano (męskoosobowy), o masculino para objetos (męskorzeczowy), o masculino para animais (męskozwierzęcy), o feminino (żeński) e o neutro (nijaki).
 
Com dois numerais, cinco gêneros e sete casos, é possível que um mesmo adjetivo tenha quarenta e nove formações diferentes. Muitos adjetivos são irregulares e o formato deles no plural pode repetir em alguns casos. Vale lembrar também que o plural é mais simples: só se declina diferentemente o masculino humano, sendo que todos os outros modos não masculinos humanos dividem o mesmo plural.
 
Artigos
Os artigos são ausentes no polaco, assim como em todos os idiomas eslavos, exceto a língua búlgara. Para dizer "Eu leio um livro" ou "Eu escrevo o livro", diga respectivamente Czytam książkę ou Piszę książkę.
 
Conjugação verbal 
O polaco, como idioma indo-europeu, tem diversas conjugações diferentes, e os verbos são conjugados levando em conta o tempo, a pessoa, o numeral e o modo verbal. Os modos verbais perfeitos são utilizados para ações que tiveram início e fim. Não há presente para os verbos perfeitos.
Os verbos imperfeitos são utilizados para descrever ações que tiveram início, mas não um fim. Ao contrário de outros idiomas indo-europeus, mas similarmente ao que ocorre em outros idiomas eslavos, os verbos perfeitos e imperfeitos são completamente separados uns dos outros — significa dizer que há um verbo especificamente perfeito e outro especificamente imperfeito para a mesma ação.
 
O passado e o presente têm suas próprias conjugações para a primeira, a segunda e a terceira pessoas tanto no singular quanto no plural. Para orações no futuro é apenas acrescentado o verbo być no futuro, como o exemplo a seguir, utilizando o verbo uczyć się, estudar: ja będę się uczyć, ty będziesz się uczyć, on będzie się uczyć, my będziemy się uczyć, wy będziecie się uczyć, oni będą się uczyć. 
 
Diferente do português, é que no passado e no futuro também há conjugações diferentes para o masculino e o feminino.
 
Numerais
Os numerais em polaco seguem um padrão regular, porém de difícil compreensão para quem não fala o idioma ou outros idiomas com regras similares. Por exemplo, ao falar um złoty (que é a moeda oficial da Polônia) deve-se dizer jeden złoty, no nominativo singular.
 
Para quantidades entre dois e quatro utiliza-se o nominativo plural, ou seja, dwa złote, trzy złote e cztery złote. Dali em diante todos os números de 5 em diante, até o 21, exigem que o nome seja declinado no genitivo plural.
 
Portanto, cinco złoty na verdade fica pięć złotych e vinte e um złoty é dwadzieścia jeden złotych. 
 
Veja o exemplo a seguir:
1 = złoty (nominativo singular) 2, 3, 4; 22, 23, 24; 102, 103, 104; assim por diante = złote (nominativo plural) 0; 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 ... 21; 25...31; 35...41; assim por diante = złotych (genitivo plural) 0.1; 1.5; 2.5; frações em geral = złotego (genitivo singular) Ainda sobre moedas, o separador decimal em polaco segue o mesmo padrão da língua portuguesa, ou seja, os milhares são separados com espaços ou pontos, e as casas decimais com vírgulas. 
 
Pronomes pessoais
 Comunicação informal: Ja: eu, Ty: tu ou você, On, ona, ono: ele, ela, ele ou ela para palavras neutras; My: nós; Wy: vós; Oni, one: eles, elas.
 
Comunicação formal: Pan: senhor; Pani: senhora. O plural do modo formal é państwo, em português, senhores (um casal).
 
O ídioma polaco faz parte da grande família das línguas eslavas. São línguas indo-europeias com cerca de 430 milhões de falantes. As línguas eslavas são convencionalmente dividas em três subgrupos: oriental, ocidental e meridional (sulistas), que juntos constituem mais de 20 línguas.
 
Dez desses idiomas possuem status oficial de língua nacional nos países onde são predominantemente falados: russo, ucraniano e bielorrusso, que são os chamados rutenos (grupo oriental); polaco, tcheco e eslovaco (do grupo ocidental) e servo-croata, esloveno, búlgaro e macedônio (do grupo meridional).
 
Geograficamente, as línguas eslavas orientais são faladas nos países da antiga União Soviética (cerca de 15 países), enquanto as línguas eslavas meridionais são faladas nos países da península Balcânica, na região meridional da Europa e nos países que faziam parte da antiga Iugoslávia. As línguas eslavas ocidentais são faladas na Polônia, na Tcheca e na Eslováquia
 
 
O livro "Gramatyka Polska" é de autoria do descendente de imigrantes polacos, Zdzislau Zawadzki, nascido em 1911, em Mallet, Estado do Paraná, que foi aluno e professor no Colégio Polaco Nicolau Copérniko, naquela cidade. Este livro foi editado e impresso pela Imprensa Oficial do Estado do Paraná, com apoio do Consulado Geral da Polônia em Curitiba e 1990. Zawadzki foi professor de latim, grego e polaco.
 
Fontes: diversas
Texto: ulisses iarochinski

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Panquecas polacas de batata


Placki ziemniaczane, também conhecido como Panquecas de Batata Polacas, tem uma longa história na culinária da Polônia.

 As batatas foram introduzidas na Polônia no século 17, e rapidamente se tornaram um alimento básico na dieta polaca devido à sua versatilidade e abundância.

Placki ziemniaczane foram criados como uma forma de fazer uso de batatas excedentes, especialmente durante a época de colheita de outono. Originalmente um prato simples e frugal, a receita envolvia ralar batatas e misturá-las com farinha, ovos e temperos. A mistura foi então frita até dourar e crocante.

 Com o tempo, Placki ziemniaczane ganhou popularidade e se tornou um prato amado nos lares polacos, apreciado por seus sabores reconfortantes e deliciosos. Hoje, essas panquecas de batata são apreciadas, não apenas, na Polônia, mas também em todo o mundo como um deleite tradicional e encantador.


Ingredientes para Placki ziemniaczane:

- 4 batatas grandes, descascadas e raladas

- 1 cebola pequena, finamente picada

- 2 ovos 4 colheres de sopa de farinha para todos os fins

- 1 colher de chá de fermento em pó Sal

- pimenta a gosto

- Azeite vegetal para fritar

- Creme azedo ou maçã (opcional, para servir)

Preparo:

Coloque as batatas raladas em uma toalha de cozinha limpa ou pano de queijo e esprema qualquer excesso de umidade. Em uma tigela grande, misture as batatas raladas, a cebola picada, os ovos, a farinha, o fermento, o sal e a pimenta. Misturar bem para criar uma massa suave.

Em uma frigideira grande, aqueça uma quantidade generosa de óleo vegetal em fogo médio. Coloque uma parte do batedor de batata no óleo quente, espalhando-o para formar panquecas individuais. Frite as panquecas até ficarem douradas e crocantes em ambos os lados.

Uma vez fritas, transfira o Placki ziemniaczane para uma placa forrada por papel toalha para drenar o excesso de óleo. Repita o processo com a massa de batata restante, adicionando mais óleo à panela conforme necessário.


Sirva o Placki ziemniaczane quente, opcionalmente com creme azedo ou molho de maçã ao lado para um toque tradicional polaco. Desfrute do sabor saboroso e reconfortante de Placki ziemniaczane, as amadas panquecas polacas com uma história que se estende por séculos. Deleite-se com essas guloseimas crocantes, outrora um simples prato frugal feito de batatas excedentes, agora apreciado em todo o mundo por seus deliciosos sabores. Também pode ser servido com um molho de cogumelos secos.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Envelhecimento com prosperidade à moda polaca

Envelhecimento e decrescimento populacional com prosperidade na Polônia.

A Polônia tem uma história de idas e vindas (não colocaria assim, mas de invasões e recuperações de seus territórios e soberania) , pois teve o seu território dividido entre o Reino da Prússia (depois República da Alemanha), o Reino da Rússia e o Império Habsburgo da Áustria desde 1795 e só recuperou sua independência no final da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Porém, duas décadas depois, foi palco de invasão da Alemanha e da União Soviética. Em 19 de fevereiro de 1947, a República Popular da Polônia (foi proclamada) e,  lhe foi imposta, em acordo de Józef Stalin com Estados Unidos e Grã-Bretanha ser membro satélite da União Soviética. Durante as manifestações de 1989, o governo socialista polaco foi derrubado e a Polônia adotou uma nova constituição, que estabeleceu o país como um país capitalista, renomeada Terceira República Polaca.

Sim, porque a primeira foi estabelecida, em 1569, na cidade de Lublin, sendo a primeira república pós idade média, e duzentos anos antes da República da Filadelfia de 1776 e da República da França de 1796 (respectivamente a segunda e a terceira no mundo).

A população da Polônia era de 35,6 milhões de habitantes em 1980, chegou ao pico populacional de 38,7 milhões de habitantes em 1999, caiu para 36,7 milhões em 2024 e deve diminuir para 36,4 milhões de habitantes em 2029, como mostra o gráfico abaixo, com dados do relatório WEO do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em termos econômicos, o FMI indica que a renda per capita, em preços constantes, em poder de paridade de compra (ppp), era de US$ 12,3 mil em 1980, caiu para US$ 10,5 mil em 1991 (abaixo da renda per capita brasileira), recuperou para US$ 15,5 mil em 1999, chegou a US$ 39,2 mil em 2024 e deve atingir US$ 46,2 mil em 2029. Ou seja, o crescimento acelerado da renda per capita ocorreu após o início do decrescimento populacional. O envelhecimento populacional não impediu que a Polônia entrasse no clube dos países de alta renda e muito alto IDH.

A Polônia tinha um IDH de 0,715 em 1990, passou para 0,794 no ano 2000, passou para 0,869 em 2015 e chegou a 0,881 em 2022, ocupando o 36º lugar no ranking global dos países (o Brasil estava em 89º lugar em 2022).

Portanto, a desaceleração do crescimento da população não impediu o avanço do IDH. O gráfico abaixo, também com dados do FMI, indica que a renda per capita, em preços constantes, em poder de paridade de compra (ppp), estava em torno de US$ 10 mil na década de 1980, tanto no Brasil quanto na Polônia. Mas a partir da década de 1990, a renda per capita da Polônia avançou em ritmo acelerado, enquanto a renda per capita do Brasil apresentou lento crescimento.

Em 2024, o FMI estima uma renda per capita de US$ 16,6 mil no Brasil e de US$ 39,2 mil na Polônia. Para 2029, os números são US$ 17,9 mil US$ 46,2 mil, com a renda per capita da Polônia sendo 2,6 vezes maior do que a brasileira

No pensamento convencional, o envelhecimento populacional da Polônia, conjugado com o decrescimento demográfico, levaria necessariamente à “armadilha fiscal geriátrica” e seria o fim da linha para o desenvolvimento humano do país. Contudo, o exemplo da Polônia mostra que pode haver envelhecimento e decrescimento da população com prosperidade social e ambiental.

Em termos ambientais, a rede Global Footprint Network apresenta duas medidas úteis para se avaliar o impacto humano sobre o meio ambiente e a disponibilidade de “capital natural”. A Pegada Ecológica é utilizada para avaliar o impacto que o ser humano exerce sobre a biosfera e a Biocapacidade busca avaliar o montante de terra e água, biologicamente produtivo, capaz de prover bens e serviços do ecossistema à demanda humana por consumo, sendo equivalente à capacidade regenerativa da natureza.

O gráfico abaixo, apresenta os dados da Pegada Ecológica e da Biocapacidade da Polônia, de 1961 a 2019, com projeções até 2022. Nota-se que a Biocapacidade da Polônia cresceu de 62 milhões de hectares globais (gha) em 1961 para 80 milhões de gha em 2022. A Pegada Ecológica passou de 122 milhões de gha em 1961 para 225 milhões de gha em 1988. Porém, a Pegada Ecológica caiu nas décadas seguintes. Portanto, o déficit ambiental da Polônia caiu, mesmo com o aumento da renda per capita.

Portanto, o chamado “inverno demográfico” da Polônia tem se transformado em primavera social e ambiental. O decrescimento populacional, em vez de ser um problema, tem se transformado em solução. Os idosos que eram vistos como um passivo que representa gastos de uma população improdutiva, se transformaram em um ativo para a melhoria da qualidade de vida.

O artigo “Don’t fear the boomers! How Poland is celebrating its old people – and making life better for every age”, publicado no jornal britânico The Guardian (Oltermann 18/09/2024), mostra que enquanto o resto da Europa se preocupa com a onda do envelhecimento, algumas cidades polacas estão tratando suas populações envelhecidas como uma oportunidade e não como um fardo, com resultados notáveis.

A maioria dos idosos está fazendo uma contribuição incrível para a sociedade. Os planejadores urbanos dizem que a mudança demográfica pode tornar as cidades melhores para todos. Indubitavelmente, a Polônia está buscando se adaptar à nova realidade da mudança da estrutura etária e está tentando aproveitar as oportunidades da economia prateada (“Silver economy”), que se refere ao conjunto de atividades econômicas que abarcam as contribuições, as necessidades e as demandas da população idosa, especialmente de 50 anos e mais de idade.

O fato é que a Polônia enriqueceu concomitantemente ao envelhecimento populacional e pode servir de exemplo para o Brasil que ainda é um país de renda média.

 

autor: José Eustáquio Diniz Alves, Doutor em demografia,

link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:

ALVES, JED. Decrescimento demoeconômico com elevação da prosperidade social e ambiental, Ecodebate, 20/01/2023

https://www.ecodebate.com.br/2023/01/20/decrescimento-demoeconomico-com-elevacao-da-prosperidade-social-e-ambiental/

Philip Oltermann. Don’t fear the boomers! How Poland is celebrating its old people – and making life better for every age, The Guardian, 18/09/2024

https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2024/sep/18/dont-fear-the-boomers-how-poland-is-celebrating-its-old-people-and-making-life-better-for-every-age?utm_source=whatsappchannel

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

Fonte: EcoDebate

P.S. Fiz alterações no texto do primeiro parágrafo do artigo do Dr. Diniz Alves, pois parece que ele desconhece a história da Polônia e se guia pela ideologia do pós-guerra, da guerra fria, posicionando-se pela versão norte-americana dos fatos, e não pela história real da Polônia. As alterações em sua maioria estão entreparenteses e em negrito,