sábado, 12 de fevereiro de 2011

Wyborcza: Melhores fotos de 2010

GLEB GARANICH - REUTERS
As feministas do grupo ucraniano "Femen" protestaram contra uma nova lei que, durante a EuroCopa 2012 trará mudanças no poder local da Ucrânia.
As feministas do Femen organizaram um programa nacional cujo lema é "A Ucrânia não é um bordel", que visa combater o turismo sexual na Ucrânia. Outro lema é "O sexo não está à venda", que luta contra a indústria pornográfica do sexo e na Ucrânia.
O protesto da foto foi realizado no último dia 21 de janeiro, nas ruas de Kiev, capital da Ucrânia. E na edição de uma revista masculina "Loaded", que saiu às bancas no dia 4 de fevereiro, as feministas do Femen aparecem em novo protesto, agora além dos corpos desnudos porções de Pierogi.

UEFA pune Lech e desqualifica estádio de Poznań

Foto: Andrzej Monczak
Apenas metade dos telespectadores podem ser acomodados no estádio da ulica (rua) Bułgarskie para assistir o jogo válido pela Copa UEFA entre Sporting de Braga (Portugal) e Lech Poznań (Polônia). O clube polaco também deve pagar 20 mil euros de multa e está ameaçado de jogar as demais partidas sem a presença do público. Essa punição severa da UEFA foi dada por haver negligência no estádio da capital da Voivodia da Wielkopolska. A venda dos bilhetes para o jogo com o time português na próxima quinta-feira, dia 17 foram suspensos.
A Federação de Futebol aplicou a punição sobre o Lech na quarta-feira, mas a diretoria do clube, anunciou-a somente nesta sexta-feira em seu site oficial.
O departamento de controle e disciplina da UEFA se baseou na negligência do clube quanto a organização da evacuação dos torcedores do estádio da cidade e saidas de emergência muito estreitas, o bloqueio da nos degraus das arquibancadas e a precariedade da da saída das numeradas no estádio.
A pena aplicada é muito dolorosa para o Lech. E não apenas, por causa dos 20 mil euros, que terá de pagar para a UEFA, mas a redução de 50% da venda dos ingressos para o jogo na próxima semana com o Sporting de Braga. Isto significa apenas 20 mil torcendores apoiando a difícil missão de ganhar do clube português.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Almanaques polacos do início do séc. XX no Brasil


ESTUDOS CULTURAIS A PARTIR DA MÍDIA IMPRESSA
Os Almanaques Polônicos no Sul do Brasil (1920 – 1937)
Fabricio J. Nazzari Vicroski*

Resumo: O presente artigo pretende discorrer de forma sucinta acerca das possibilidades interpretativas da mídia impressa como fonte de estudo para a compreensão de determinados aspectos culturais da sociedade polaca no início do século XX no sul do Brasil, tendo como base de análise cinco suplementos editoriais (Kalendarz) publicados pelo jornal Gazeta Polska w Brazylii em Curitiba entre os anos de 1920 e 1937.
Palavras-chave: Identidade. Mídia. Polônia.

Streszczenie: Artykuł omawia niektóre aspekty kulturowe społeczeństwa polskiego w XX wieku w południowej Brazylii, w oparciu o analizę pięciu dodatków redakcyjnych (kalendarzy) opublikowanych przez dziennik "Gazeta Polska" w Brazylii, w Kurytybie między 1920 a 1937 rokiem.
Słowa kluczowe: Tożsamość. Media. Polska.

INTRODUÇÃO
A produção de conhecimento, seja ele de caráter empírico ou científico, pode ser considerado como o resultado de um longo processo de maturação de determinados métodos e técnicas criados e atualizados ao longo do tempo. No caso das ciências humanas, e mais especificamente na área da pesquisa histórica, este processo parece ter se intensificado a partir do século XIX, e com maior intensidade no século seguinte.
Os movimentos de inovação e renovação das pesquisas históricas possibilitam não apenas novos olhares sobre determinados aspectos das sociedades humanas, mas também expande as possibilidades de pesquisa, propiciando novos enfoques e até mesmo a reformulação de antigos problemas.
No âmbito da História Cultural, as possibilidades interpretativas parecem multiplicar-se aos olhos do pesquisador, mantém-se o objeto de estudos, mas altera-se a abordagem. Para o historiador britânico Peter Burke (2008), a História Cultural, com suas origens ainda no século XVIII e uma renovação (Nova História Cultural), sobretudo a partir dos anos 1980, consiste numa corrente de interpretação que nos apresenta novos paradigmas, em virtude da ênfase dada às questões culturais em detrimento às temáticas políticas e econômicas até então privilegiadas pela historiografia.
A História Cultural não privilegia arquivos e/ou documentos oficiais, e por isso mesmo foi descartada pelos seguidores da Escola Metódica. Para o historiador cultural Johan Huizinga “o principal objetivo do historiador cultural era retratar padrões de cultura, em outras palavras, descrever pensamentos e sentimentos característicos de uma época (apud BURKE, 2008, p. 18-19), e para tanto o historiador deve buscar padrões de cultura nos sentimentos, símbolos, comportamentos, enfim, aspectos notadamente culturais da sociedade humana, destacando sempre as pessoas desta época, ou ainda segundo os pressupostos do sociólogo Norbert Elias, buscar, ao longo da pesquisa, articular indivíduo e sociedade sem antagonismos, para que assim possamos compreender a sociedade em questão.
Neste contexto, o presente artigo pretende discorrer de forma sucinta acerca das possibilidades interpretativas da mídia impressa como fonte de estudo para a compreensão de determinados aspectos culturais de uma sociedade.
O recorte espacial e temporal aqui delimitado são os três Estados do sul do país, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, na primeira metade do século XX. Enquanto que a sociedade a ser analisada é constituída pela comunidade polônica situada neste espaço físico e temporal.
O termo polônico, apesar de pouco recorrente na língua portuguesa, tem angariado adeptos nos últimos anos, tornando-se cada vez mais representativo e usual entre pesquisadores e a própria comunidade polaca do Brasil.

O termo “polônico”, [...] vem sendo empregado nas últimas décadas com o propósito de definir o que se relaciona com a Polônia, os poloneses fora das fronteiras do seu país ou os seus descendentes, cidadãos de outros países, mas cujas raízes étnicas se encontram naquele país da Europa Central. Embora os nossos dicionários da língua portuguesa ainda não registrem esse termo, seria desejável que o fizessem, atendendo à analogia com outros, como germânico, itálico ou nipônico (KAWKA, 2007, p. 1).

A imprensa polônica na região em estudo era extremamente profícua na primeira metade do século XX. Segundo o historiador Ulisses Iarochinski, entre os anos de 1900 e 1910 em Curitiba havia mais publicações em língua polaca do que em português, fator que inclusive se contrapõe ao posicionamento muitas vezes presente na historiografia imigratória, onde atribuí-se um baixo nível de instrução ou analfabetismo imperante entre à massa de imigrantes.
Para subsidiar a pesquisa, foram utilizados cinco almanaques publicados respectivamente nos anos de 1920, 1924, 1934 e 1937, além de um exemplar com ano indefinido em virtude do seu precário estado de conservação, no entanto, o conteúdo veiculado sugere que a publicação tenha ocorrido na década de 1920. Todos os exemplares constituem suplementos anuais do jornal Gazeta Polska w Brazylii (Jornal Polaco no Brasil), fundado em Curitiba no ano de 1890 , sua circulação foi suspensa em 1941 em virtude da promulgação do decreto do então presidente brasileiro Getúlio Vargas, que entre outras exigências forçou a adaptação das escolas estrangeiras ao ambienta nacional brasileiro, proibiu a utilização de línguas estrangeiras em locais públicos e provocou o fechamento da imprensa estrangeira no país.
A seleção deste material não seguiu critérios pré-estabelecidos, a escolha deve-se única e exclusivamente ao fator disponibilidade, ou seja, o acesso aos periódicos é de certa forma restrito, sobretudo em virtude do tempo transcorrido desde sua publicação, raramente pode-se encontrá-lo em bibliotecas, arquivos históricos ou instituições de ensino e pesquisa, já que tais obras geralmente constituem acervos particulares.
Através de uma análise condensada acerca das temáticas abordadas nestes almanaques, bem como da postura ou idéias defendidas nas matérias e demais seções, pretende-se extrair elementos que orientem a compreensão do universo cultural da sociedade polônica da época.
A fim de contextualizar a temática em questão e subsidiar teoricamente a abordagem aqui proposta, na seqüência será apresentado um breve panorama acerca do contexto histórico e cultural a respeito da relação e possibilidades de interpretação entre mídia impressa e diferenças culturais, além de algumas considerações sobre a cultura de massas no século XX.

1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E CULTURAL
A imigração polaca ao Brasil desenvolveu-se praticamente no mesmo contexto dos demais grupos étnicos que se estabeleceram no sul do país de forma expressiva a partir do século XIX, quando o então Império Brasileiro objetivando impulsionar a ocupação e assegurar a soberania ao longo de seu território, forneceu incentivos a levas de imigrantes, sobretudo, europeus.
Neste cenário, pouco tempo após a chegada dos imigrantes, foram criadas muitas escolas, associações culturais, agremiações esportivas e recreativas, movimentos políticos de libertação da Polônia então ocupada, grupos folclóricos, jornais, revistas, enfim, a atividade cultural na colônia mostrava-se expressiva em fins do século XIX e início do XX.
Esta preocupação com a integração dos imigrantes parece muitas vezes adquirir contornos de afirmação étnica, não apenas em meio a sociedade brasileira, mas também perante os demais grupos imigratórios.
Num contexto onde o país de origem encontrava-se ocupado e dividido entre nações estrangeiras, tendo assim sua soberania solapada, é compreensível o anseio dos imigrantes em fortalecer sua identidade, sobretudo ante os brados de Polacos sem pátria! Polacos sem bandeira! Muitas vezes exclamado por outros grupos étnicos europeus, um sentimento que ecoava no Brasil desde além-mar.
Trago aqui algumas contribuições conceituais do crítico e teórico indo-britânico Homi Bhabha para amparar minha abordagem. Em seu livro intitulado O Local da Cultura (1998), Bhabha desenvolve suas concepções acerca da cultura, poder e identidade cultural. Ele defende a utilização do conceito de diferença cultural ao invés de diversidade cultural, pois esta última denota uma categoria, ao passo que a diferença cultural permite uma compreensão em termos de processo, “através do qual afirmações da cultura ou sobre a cultura diferenciam, discriminam e autorizam a produção de campos de força, referência, aplicabilidade e capacidade (1998, p. 63).
É preciso lembrar que a colônia polaca desenvolveu-se em território brasileiro articulando-se a todo o momento com a população nacional, os nativos, negros, caboclos, além dos demais grupos de imigrantes, como alemães, italianos, japoneses, entre outros, era um lugar não apenas etnicamente variado, mas, sobretudo um espaço onde as diferenças culturais precisavam ser constantemente mediadas a fim de gerar estratégias de afirmação e representação.

De que modo chegam a ser formuladas estratégias de representação ou aquisição de poder no interior das pretensões concorrentes de comunidades em que, apesar de histórias comuns de privação e discriminação, o intercâmbio de valores, significados e prioridades pode nem sempre ser colaborativo e dialógico, podendo ser profundamente antagônico, conflituoso e até incomensurável? (BHABHA, 1998, p. 20).

Para Bhabha (1998), as diferenças culturais não constituem padrões estanques inerentes as suas respectivas tradições culturais, elas compõem o reflexo das comunidades imaginadas, representam a forma como o grupo se vê e se constrói.
Chega-se assim a um dos conceitos centrais do pensamento de Bhabha, a idéia de “entre-lugares”, onde as diferenças são articuladas de forma complexa. Os interesses comunitários e os valores culturais são negociados na articulação das diferenças culturais, esta mediação ocorre no que Bhabha denomina de entre-lugares. Trata-se de um espaço onde as culturas se encontram, se observam mutuamente, um local de atritos, formulações, diferenças, igualdades, intercâmbio, construção e, sobretudo, reconstrução e/ou adaptação. Para Bhabha, devemos focalizar os momentos ou processos que são produzidos nos entre-lugares, pois é ali que se define a própria sociedade, através da elaboração de novos signos, e da própria renovação identitária.
Neste contexto, acredito que a criação de uma mídia impressa em meio a um grupo étnico constituído por imigrantes, possa ser fruto deste processo de articulação das diferenças culturais e definição de sociedade ocorrido nestes entre-lugares. A imprensa poderia ser tomada como um elemento da composição social dos indivíduos em sociedade, aquilo que Norbert Elias (1994) chama de habitus, a auto-imagem que até certo ponto reflete como as diferentes pessoas que formam essas sociedades entendem a si mesmas.
É preciso lembrar que os suplementos editoriais do jornal Gazeta Polska w Brazylii ora pesquisados, não eram bilíngües, sua publicação ocorria somente em língua polaca, fator que limitava consideravelmente seu público leitor, notadamente circunscrito a colônia polaca, não apenas do sul do Brasil, mas também de norte a sul do continente americano.
A imprensa polônica surge e se desenvolve num momento de reformulação da identidade étnica polaca no sul do país, a definição das temáticas abordadas, seu teor nacionalista e o apelo à religiosidade, além da própria opção pela publicação em língua polaca, refletem uma forma de mediação/articulação dos interesses e valores culturais da comunidade ante as diferenças culturais que lhes eram apresentadas em fins do século XIX e início do XX, um período, portanto, de redefinição da própria identidade da nação brasileira, no recém advindo ambiente republicano.

2 IMPRENSA E IDENTIDADE NO INÍCIO DO SÉCULO XX
A mídia impressa dentro de uma determinada comunidade, muitas vezes representa a forma como o grupo social envolvido imagina-se e como quer ser visto pelos demais, ela fornece estratégias para a reformulação social, promovendo, inclusive uma disputa dentro do próprio grupo étnico sobre como, o quê e quem representa e/ou está sendo representado, com implicações diretas na construção de identidades.
A partir do começo do século XX, com a extensão do poder industrial a praticamente todo o globo, tem início um processo a que o sociólogo francês Edgar Morin (1997) denomina de “industrialização do espírito” e “colonização da alma” que se processa nas imagens e nos sonhos, através de um derramamento de mercadorias culturais.
Trata-se de um processo que se desenvolve e progride através da cultura de massas, sabe-se que o jornal e o livro já eram tratados como mercadorias, “mas a cultura e a vida privada nunca haviam entrado a tal ponto no circuito comercial e industrial [...] não haviam sido ao mesmo tempo fabricados industrialmente e vendidos comercialmente (MORIN, 1997, p.13).
Nesta perspectiva, a primeira vista parece que os periódicos publicados como suplementos do jornal Gazeta Polska w Brazylii, situam-se no limiar deste contexto, ou seja, produzido comercialmente (como sugere a grande quantidade de anúncios e propagandas comerciais), mas ainda não totalmente inserido numa produção de caráter industrial.
Antes mesmo de uma preocupação industrial, percebe-se sim a valorização de sentimentos patrióticos e religiosos, que de certa forma também contribuíam para tornar as publicações mais comerciais. Para uma avaliação e contextualização precisa do conteúdo, seria necessário uma leitura intensiva dos exemplares acompanhadas de uma análise crítica, no entanto, este não é o objetivo aqui proposto.

3 OS ALMANAQUES POLÔNICOS
A imprensa polônica no Brasil tem suas origens ainda no século XIX, o jornal Gazeta Polska w Brazylii foi o primeiro semanário publicado em Curitiba em língua polaca. Foi fundado em 1890, e apresentava um panorama dos assuntos polônicos no Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, chegando a ser o mais importante periódico do gênero no país.

Sua fundação coube a Karol Szulc, um comerciante originário de Poznań, que se estabeleceu em Curitiba. Em 1893 a publicação do semanário foi assumida por uma sociedade editorial composta dos seguintes sócios: Edmundo Saporski, Antônio Bodziak, Aleixo Waberski, Jurgielewicz e os padres André Dziadkowicz e Ladislau Smołucha. Em época posterior a “Gazeta” passou por várias mãos. No dia 1 de abril de 1912 o jornal foi comprado pele pe. Estanislau Trzebiatowski, verbita e grande líder da colônia polonesa em Curitiba. Após quase 25 anos de publicação do semanário pelos verbitas poloneses, sobretudo pelo pe. Estanislau Trzebiatowski, a “Gazeta Polska w Brazylii” passou a ser propriedade de Paulo Nikodem. O novo proprietário do jornal publicou o primeiro número de semanário no dia 11 de agosto de 1935. A “Gazeta” foi publicada até a promulgação do decreto do presidente Getúlio Vargas que fechou a imprensa estrangeira no Brasil. No período do seu auge, a tiragem da “Gazeta Polska w Brazylii” chegou a 4 mil exemplares (MALCZEWSKI, 2008, p. 217).

O jornal mantinha uma estreita relação com a Narodowa Demokracja (Democracia Nacional) um movimento político e ideológico nacionalista surgido na segunda metade do século XIX, e que ao longo do século XX veio a tornar-se um partido político.
Além do semanário, o jornal também publicava suplementos informativos em forma de periódicos com tiragens anuais (Ver figura 1), geralmente eles recebiam a denominação de kalendarz (Almanaque). A publicação de suplementos era uma prática constante, presente também entre outros jornais polônicos do sul do país.
O acervo utilizado para o desenvolvimento desta pesquisa é constituído por cinco suplementos publicados pelo jornal Gazeta Polska w Brazylii, editados entre os anos de 1920 e 1937, (Ver tabela 1).
Tabela 1 – Almanaques utilizados como referência para a pesquisa
TÍTULO EDIÇÃO LOCAL DE PUBLICAÇÃO ANO DE PUBLICAÇÃO
NOWY KALENDARZ KATOLICKO-POLSKI
(Novo Almanaque Católico-Polaco)
GAZETA POLSKA W BRAZYLJI
(Jornal Polaco no Brasil)
CURITIBA - PR
1920
KALENDARZ KATOLICKO-POLSKI
(Almanaque Católico-Polaco)
GAZETA POLSKA W BRAZYLII
(Jornal Polaco no Brasil)
CURITIBA - PR
1924
KALENDARZ GAZETY POLSKIEJ W BRAZYLII
(Almanaque do Jornal Polaco no Brasil)
GAZETA POLSKA W BRAZYLII
(Jornal Polaco no Brasil)
CURITIBA - PR
1934
ILUSTROWANY KALENDARZ GAZETY POLSKIEJ W BRAZYLII
(Almanaque Ilustrado do Jornal Polaco no Brasil) GAZETA POLSKA W BRAZYLII
(Jornal Polaco no Brasil)
CURITIBA - PR
1937


Desde a sua fundação, o jornal teve diversos proprietários, na maioria das vezes ligados a organizações religiosas, o que talvez explique o apelo religioso recorrente nos almanaques.
Os temas abordados são os mais variados, no entanto, ao contrário da imprensa destinada a cultura de massas, observa-se que os temas centrais guardam uma certa relação entre si, pois apresentam uma seleção coesa de textos, porém o elemento polônico, a religiosidade e o nacionalismo, funcionam como aglutinadores de maior destaque nas publicações.

Figura 1 – Almanaques polônicos publicados em Curitiba nos anos de 1920, 1924, 1934 e 1937
Fonte: Acervo pessoal
A fim de proporcionar um panorama geral acerca do conteúdo dos almanaques, destaco alguns dos principais temas, seções e curiosidades observados nestes cinco exemplares.
Cada almanaque destina algumas páginas aos grandes nomes da nação polaca, onde são apresentadas breves biografias de personalidades como Nicolau Copérnico, Tadeusz Kościuszko, Adam Mickiewicz, Józef Piłsudski, Marie Curie, Ignacy Paderewski, entre outros.
Os exemplares descrevem os avanços e conquistas das colônias polacas no sul do país, e eventualmente em países vizinhos, como a Argentina e Uruguai. Geralmente são apresentados dados estatísticos, como o número de imigrantes, associações culturais, escolas e igrejas existentes na comunidade. Há inclusive uma sucinta descrição de uma típica propriedade rural de imigrantes polacos, destacando algumas benfeitorias, como a casa de madeira, a cozinha isolada da residência (para minimizar os riscos de incêndio), mangueira para o gado, horta, galinheiro, carroça, cavalo, ressaltando por fim, que aqui o imigrante dispõe de tudo aquilo que não possuía em sua terra natal, além do mais importante, o pão para sua família.
Há matérias sobre a 1ª Guerra Mundial, enfatizando o patriotismo dos soldados polacos e a reconquista da soberania, a reformulação da constituição e fotos dos governantes da nova república em pleno trabalho burocrático.
Seções com poemas, novelas, piadas e pensamentos, destacando a pátria, a família, o catolicismo, poesias eslavas, lendas polacas, entre outros.
A seção com conselhos práticos é no mínimo curiosa, com orientações sobre como cultivar a terra, matar formigas, o que fazer em caso de fraturas, afogamento, dor de dente, queimaduras, insônia, ou ainda orientações sobre como registrar empresas e escolas, obter documentos brasileiros, enviar telegramas, preencher notas promissórias em português, fazer uma ligação telefônica, adequar as escolas polacas às normas de ensino brasileiras, apresentando inclusive o custo destes procedimentos.
Na seção de curiosidades os temas parecem ser ainda mais variados, pode-se encontrar explicações sobre o custo de construção do templo de Salomão, ou ainda sobre o projeto da marinha dos Estados Unidos em atravessar o oceano atlântico num hidroplano, o tempo de uma viagem de volta ao mundo, os grandes feitos dos últimos papas, obras humanitárias de missionários polacos no mundo, curiosidades sobre o Parará, a ocupação do território, suas riquezas naturais e a extração de diamantes no rio Tibagi, com fotos de mergulhadores com escafandro, além de informações sobre invenções, apresentações aéreas, reformas no porto de Gdańsk, e até mesmo uma relação estatística da quantidade de judeus nas maiores cidades do mundo. Destaca-se ainda aspectos culturais de países como a Índia, o Japão e a China, com comentários acerca da política, costumes, monumentos, religião, técnicas de agricultura e literatura, e ainda uma narrativa a respeito das práticas antropofágicas na África.
Entre os temas brasileiros, pode-se destacar as breves biografias de personalidades políticas, comentários sobre literatura brasileira (Monteiro Lobato e Casimiro de Abreu), a história da proclamação da república e os feriados nacionais.
É nítida a intenção de difundir os ideais cristãos entre os leitores dos almanaques, destacando os “deveres” dos jovens e crianças e os passos a serem seguidos para ser um bom católico, além da propaganda anti-comunista, sempre opondo o cristianismo ao comunismo, através de piadas como:

Żaden katolik nie może być uświadomionym, prawdziwym socjalistą, żaden prawdziwy socjalista nie może być katolikiem (KALENDARZ,1924, p. 7).
(Nenhum católico pode ser conscientemente, um verdadeiro socialista, assim como nenhum verdadeiro socialista pode ser católico).
Chrześcijaństwo i socjalizm stoją naprzeciw siebie jak ogień i woda (KALENDARZ,1924, p. 7).
(O cristianismo está para o socialismo assim como o fogo está para a água).

Por fim, cada almanaque contém um retrospecto dos principais acontecimentos políticos do mundo ao longo do último ano, esta seção conta com a participação de correspondentes internacionais, e destaca temas como a Guerra Civil Espanhola, eleições para a presidência na Polônia, embates entre árabes e judeus na Palestina em 1936, manifestações populares na Alemanha contra as imposições do Tratado de Versalhes (Ver figura 2), a política de paz da Polônia com países vizinhos, salientando inclusive a assinatura de um tratado de paz com a Alemanha pouco antes da eclosão da 2ª Guerra Mundial e questões sobre a política de armamento dos alemães, entre outras notícias abrangendo países como França, Itália, Bulgária, Áustria, Rússia, Grécia, Espanha e Turquia.

Figura 2 – Manifestação na Alemanha contra o Tratado de Versalhes e pelo armamento do Reich
Fonte: Ilustrowany Kalendarz Gazety Polskiej w Brazylii. Kurytyba: Gazeta Polska w Brazylii, 1937, p. 27.
Em meio às seções e notícias há uma série de anúncios comerciais, com propagandas de livros de história antiga, lojas de máquinas agrícolas, revendas de pianos, cervejarias, bancos, entre outros.
Percebe-se enfim, que além das questões polônicas há pelos menos dois critérios ou requisitos que as matérias veiculadas precisam articular, ou seja, os sentimentos patrióticos ou nacionalistas e a religiosidade, ambos os elementos são apresentados como ingredientes formadores da identidade do grupo étnico.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
A conjuntura histórica da imprensa dentro da atmosfera da cultura de massas a partir do começo do século XX analisada por Edgar Morin, parece corresponder em parte ao contexto de produção dos almanaques polônicos, então produzidos com fins comerciais, mas não totalmente inseridos na produção de caráter industrial, pelo menos no período aqui enfocado (1920 – 1937).
Levando em conta o próprio contexto da imprensa polônica no período, percebe-se que, antecedendo a preocupação com a produção industrial, há o interesse em assegurar o direito sobre a produção de informações dentro da colônia, fator este motivado pelo anseio (talvez nem sempre consciente) de representatividade social com vistas a reformulação da identidade étnica, trata-se de uma disputa estratégica no campo midiático, os “entre-lugares” de Homi Bhabha, onde o que esta em jogo é o processo de negociação dos interesses comunitários e a formação de identidades e suas representações simbólicas na colônia.
No âmbito desta disputa, são perceptíveis inúmeros aspectos culturais, que nos possibilitam criar estratégias de compreensão do universo cultural da sociedade polônica no sul do Brasil.
No centro desta articulação dos interesses e valores culturais da comunidade, percebemos a introjeção do elemento religioso e a valorização dos sentimentos nacionalistas, tais aspectos, sempre destacados nos almanaques, tornam-se extremamente arraigados na identidade polono-brasileira então gestada.
O nacionalismo latente evidencia a articulação da reformulação identitária, neste processo a mídia impressa é tomada como um elemento da composição social do grupo, funcionando como um agente de integração entre os imigrantes, e, sobretudo de reconhecimento, apropriação e afirmação étnica.

Notas
Normalmente a bibliografia a respeito da imprensa polaca no Brasil afirma que 1892 é o ano de fundação do jornal Gazeta Polska w Brazylii, no entanto, em um dos almanaques consultados há um texto informativo acerca do jornal, destacando sua fundação no ano de 1890.


Decreto de 26 de agosto de 1939.

Provavelmente Gazeta Polska w Brazylii.

Provavelmente Curitiba – PR.

Provavelmente década de 1920.



BIBLIOGRAFIA

BHABHA, Homi K. O Local da Cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

BURKE, Peter. O que é história cultural? Tradução de Sérgio Goes de Paula. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008.

ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1994.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Tradução Bernardo Leitão. 5ª Ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2003.

IAROCHINSKI, Ulisses. Saga dos Polacos: A Polônia e seus descendentes no Brasil. Curitiba: U. Iarochinski, 2000.

Ilustrowany Kalendarz Gazety Polskiej w Brazylii. Kurytyba: Gazeta Polska w Brazylii, 1937.

Kalendarz Katolicko-Polski. Kurytyba: Gazeta Polska w Brazylii, 1924.

Kalendarz Gazety Polskiej w Brazylii. Kurytyba: Gazeta Polska w Brazylii, 1934.

KAWKA, Mariano. O Fenômeno da Literatura Polônica no Brasil. Projeções – Revista de estudos polono-brasileiros. Curitiba: 2008.

MALCZEWSKI, Zdzisław. A imprensa da comunidade polônica brasileira. De “Gazeta Polska w Brazylii” (1892-1939) a “Projeções” (1999- ). Projeções – Revista de estudos polono-brasileiros. Curitiba: 2008.

MALCZEWSKI, Zdzisław. Ślady polskie w Brazylii. Marcas da presença polonesa no Brasil. Warszawa: Biblioteka Iberyjska, 2008.

MORIN, Edgar. Cultura de Massas no século XX: neurose. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.

Nowy Kalendarz Katolicko-Polski. Kurytyba: Gazeta Polska w Brazylji, 1920.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Estupros no Planty de Cracóvia


Foto: Stanisław Rozpędzik
Vários homens suspeitos de estuprar uma jovem durante a noite, no Planty de Cracóvia, foram detidos pela guarda municipal e polícia local.
Ao redor das 3:40 horas da madrugada a patrulha da guarda municipal notou um grupo de pessoas se agarrando no Planty (anel arborizado em torno da cidade antiga de Cracóvia. Até a ocupação austríaca ali era o fosso e as muralhas da cidade). Quando os guardas saíram do carro patrulha e correram para elas, uma mulher, gritou que estava sendo estuprada. Na calçada, estavam suas roupas e mochila.
A jovem mulher disse que um dos homens do grupo, derrubou-a e arrancou-lhe o casaco e a blusa e passou a bolina-la em lugares em lugares íntimos. Embora gritasse, ele não parava e os demais nada faziam, apenas contemplavam a violência. A mulher contou aos guardas que tentou resistir, mas o agressor era muito mais forte e foi difícil se defender.
Os guardas alertaram a polícia e todo o grupo foi levado para a delegacia da Ulica (rua) Szeroka, no Kazimierz. Lá aguardaram pelos inquéritos preliminares.
Segundo Katarzyna Cisło da polícia da Voivodia da Małopolska, os homens detidos não foram entrevistados logo em seguida, porque estavam bêbados. Segundo informações não oficiais, a mulher não identificou o grupo de homens, por não os conhecer. A questão é complicada, pois nenhuma mulher até agora notificou à polícia outros estupros que possam ter ocorrido na região central de Cracóvia, mais especificamente no Planty, local pouco iluminado. Assim, a polícia não tem como apresentar uma prova formal sobre os incidentes. Mas é corrente que outras jovens teriam sido atacadas por homens embriagados em sua maioria nesta zona circular arborizada da cidade.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dicas de gramática polaca

O uso de preposições no idioma polaco é bastante grande. A repetição de algumas delas em diferentes casos de declinação pode causar alguma dificildade para estrangeiros e até mesmo para os nativos polacos.

Aqui a relação delas e o uso comum:

Przyimki – preposições
Dopełniacz – genitivo
Bez (sem), blisko (perto),dla (para), do (para), koło (ao redor), niedaleko (próximo), obok (ao lado), od (a partir de), z (de), u (de), oprócz (além).

Miejscownik - locativo
Na (na), o (sobre), przy (ante), w (em), po (pós, depois)

Biernik – acusativo
Wśród (entre), podczas (durante), z powodu (em razão de), na (na), nad (sobre), o (sobre), po (depois), pod (sob), przed (antes), przez (ao longo, por), za (atrás)

Narzędnik – instrumental
Między (entre), nad(sobre, pod (sob), przed (antes), z (de), za (atrás, pós)

Preposições comuns a dois casos de declinação:
Na = locativo, acusativo
O = locativo, acusativo
Po = locativo, acusativo
Nad = instrumental, acusativo
Pod = instrumental, acusativo
Przed = instrumental, acusativo
Za = instrumental, acusativo
Z = instrumental, genitivo

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Este é o "post" número 2000 de JAROSIŃSKI do Brasil

Lá se vão 5 anos e 2000 publicações do blog JAROSIŃSKI do Brasil. Aliás ele teve dois começos. O primeiro, em 21 de julho de 2005 foi criado para abrigar meus artigos de doutorado. Estreava com o artigo para meu doutorado em história "Porque Polaco!" e que acabaria virando minha dissertação de mestrado em Cultura Internacional, na mesma Universidade Iaguielônica de Cracóvia com o título de "Polaco - Identidade cultural do brasileiro descendente de imigrantes da Polônia", que lancei como livro em Curitiba, em novembro último. Mas era uma época em que o formato blog ainda não tinha atingido o ápice na Internet e ficou nisso mesmo.
Um ano depois, a terrível temperatura que atingiu Cracóvia, em janeiro de 2006, permitiu fazer uma foto de meu rosto com pingos de gelo. Gelo formado pelo bafo de meu nariz, a uma temperatura de 33 graus negativos, às 9 horas daquela manhã belíssima de céu azul e sol forte de domingo. Enviada para o colunista Dante Mendonça e publicada no Jornal "O Estado do Paraná", a foto foi reproduzida no blog do cartunista Solda.
Ainda naquele 2006, um terceiro "post" foi acrescentado ao blog. Foi uma prosa-poema em homenagem ao dia das mães. Enviei "Meu Sonho de menino", como presente para minha mãe Eunice, através de e-mail para meu irmão em Ponta Grossa. Cícero imprimiu e levou como um cartão de dia das mães para ela em Curitiba.
Novo recesso no blog. Os estudos na Polônia e um trabalho ali e aqui de correspondente internacional para a TV Bandeirantes e Jornal "O Estado de SPaulo" roubavam tempo para se escrever sobre qualquer coisa no blog.
Mas foi um artigo escrito durante o Campeonato Mundial de Volei, realizado em Katowice, onde o Brasil sagrou heptacampeão mundial, que acabou parando no Jornal Tribuna do Paraná, reproduzido no blog do cartunista Solda e dali reenviado para o blog do Juca Kfouri, na Folha de São Paulo, que JAROSIŃSKI do Brasil deslanchou. "Corte previsto" explicando os motivos que levaram o técnico Bernardinho a cortar da equipe dos Jogos Panamericanos o melhor do torneio, Ricardinho. Reproduzido em várias comunidades do Orkut e fóruns de discussão, o artigo, causou muita polêmica e eu recebi muitos desaforos das "viúvas" do jogador. Finalmente percebi a força do formato blog e de como poderia divulgar as coisas de polaco e a Polônia, entre leitores de língua portuguesa, espalhados pelo globo. Leitores tão distantes como Finlândia, Chile, Nova Zelândia, Japão, Angola, Estados Unidos, Rússia, Moçambique, Portugal, Honduras...Montain View, Recife, Guarani das Missões...Curitiba.
Nos anos seguintes e com o aumento cada vez de leitores, houve momentos em que publicava 5 textos diariamente. Desde que passei a viver na ponte-aérea Cracóvia/Curitiba, o número de "posts" diários se reduziu a apenas um. Mas poucas vezes houve interrupção, inclusive em dias que estava nos ares sobre o Oceano Atlântico.
Hoje, neste "post" de número 2000 quero reproduzir texto de um dos jornalistas mais representativos do jornalismo Paranaense, Aroldo Murá. Ele com sua sensibilidade foi o único a lembrar-se do falecimento e dos feitos de uma polaca-paranaense que nos deixou dias atrás:

SOFIA EXTRAORDINÁRIA
Não só as novas gerações de paranaenses são incapazes de identificar o nome de Sofia Winklerwiski Dyminski. Os de meia idade também. E deixam passar batida a morte da pintora, tradutora e parte da memória preciosíssima da etnia polonesa entre nós.
Pois ela morreu semana passada e, afora anúncio de missa por sua alma, não percebi nenhum movimento sobre o fato, nos meios culturais oficiais ou não.
Mas eu tive a ventura de comprar, no final do ano, o livro “Imigrantes Poloneses no Brasil em 1891”, obra seminal do padre e jornalista Zygmunt Chelmicki, que Sofia traduziu. Um trabalho em que ela se debruçou por 30 anos, e consumado ano passado graças, em parte, a auxílios fundamentais, como os dados pelo professor Paul, revisor da obra.

SOFIA – 2
Por sugestão de seu sobrinho (e uma das pessoas a quem devo momentos, na juventude, de preparo intelectual preciosos) professor Luiz Gonzaga Paul, casado com Halina Dyminski Paul, fui à Bienal do Livro realizada em novembro no Shopping Estação.
Comprei o livro no stand da Editora do Senado, mas perdi o melhor, a oportunidade de ter meu volume da obra autografado por Sofia. Com compromisso assumido anteriormente para a mesma a hora da tarde de autógrafos, antecipei minha presença. Ela ainda não havia chegado.

SOFIA – 3
Agora, passo os olhos sobre minha limitada pinacoteca e lá encontro o óleo sobre tela “Às margens do rio”, assinado pela artista plástica que é parte de nosso melhor inventário das artes visuais do século XX. Isto mesmo.
Releio partes do livro que ela traduziu, um esforço hercúleo, pois haveria de ter cuidados no adequar a linguagem a um português de fácil compreensão nos dias hoje. E assim o fez, mas absolutamente fiel ao original. Por anos, refletiu sobre “a conveniência” da tradução, com a qual trabalhou por trinta anos. Havia patrício que a advertiam sobre possíveis perseguições de autoridades brasileiras, pois a obra do padre Chelmicki é pesada nas críticas aos governos de então. Pura bobagem esse medo.

SOFIA – 4
O livro é obrigatório em qualquer estante da história das imigrações. No Paraná, o livro pode ser ponto de partida para novos estudos acadêmicos. Revela o autor e padre numa missão de cem dias aqui com objetivo de conhecer as condições de vidas do “Eldorado do Brasil” que tanto atraia seus patrícios. Mas ele também movimentou-se no país acolhendo poloneses desiludidos com o sonho brasileiro e, assim, levando-os de volta ao lar. Só que depois, anos depois de 1891, haveria uma segunda “onda brasileira”, trazendo da Polônia boa parte dos poloneses que ficaram no Paraná, SC e RS.
Sofia tinha 93 anos, era brasileira naturalizada, e para o Brasil se mudara em 1929. Seus quadros estão em galerias oficiais e particulares no país e exterior e sua produção pictórica garantiu-lhe participações em mostras como o Salão Paranaense.

P.S. Caro Aroldo! Tive o privilégio de me antecipar a você, embora também não tenha conseguido o autógrafo da senhora Sofia. Quando descerraram as fitas abrindo a Bienal do Livro no Estação entrei junto com as autoridades e convidados e fui o primeiro a chegar ao primeiro estande, justo o da Editora do Senado. De longe, vi na vitrina o livro da senhora Sofia. Fui o primeiro comprador da Bienal, fui o primeiro a comprar o livro da senhora Sofia. A leitura tem me causado muitos momentos de emoção e conhecimento sobre minhas origens.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Kubica se recupera da cirurgia, na Itália


O piloto polaco de Fórmula1, Robert Kubica, que recupera do grave acidente que sofreu no rali "Ronde di Andora", realizado neste domingo, próximo a cidade de Gênova, no Norte da Itália, receberá a visita de Eric Boullier, chefe da Renault-Lotus, e do companheiro russo Vitaly Petrov, nesta segunda-feira. O piloto da Renault-Lotus, pilotando um Skoda Fabia da classe S2000, bateu em um guard rail, que no momento entrou pelo cockpit e atingiu o lado direito de seu corpo.
"A notícia do acidente de Robert veio como um choque para toda a equipe. Todos nós desejamos uma rápida recuperação a ele. Ficamos muito impressionados com a maneira que os médicos o atenderam e gostaríamos de agradecer a todos no Hospital Santa Corona por seu profissionalismo e dedicação. Estou viajando para a Itália com Vitaly Petrov para vê-lo e dizer que estamos esperando por seu retorno", disse Eric Boullier, em comunicado oficial da escuderia.
Kubica (pronuncia-se Kúbitssa) passou, ontem, por uma operação de sete horas, no Hospital Santa Corona, em Pietra Ligure. Os médicos afastaram o risco de amputação da mão direita do piloto, mas alertam que é necessário uma semana para saber se as funções motoras do membro serão comprometidas. Segundo os médicos, ele foi colocado em coma induzido no domingo e deve acordar em algum momento desta segunda-feira, dependendo do progresso de seu estado de saúde.

Mario Igor Rossello, médico especialista em mãos, ficou animado após a operação, mas disse que é muito cedo para dizer se ele se recuperará das lesões
"Foi uma operação importante e difícil. O antebraço de Robert foi cortado em dois lugares, com lesões significantes em ossos e tendões. Fizemos o nosso melhor para reconstruir suas funções. Usamos sete médicos, divididos em duas equipes, e um total de sete horas para completar a cirurgia. Ao fim da operação, a mão de Robert estava bem vascularizada e aquecida, o que é bom. Ele permanecerá em monitoramento constante, pois seu caso ainda é sério."


Vídeo de dentro do carro do piloto Mauro Moreno reproduzindo o percurso de Kubica antes do acidente. Moreno é o primeiro a passar pelo local. Moreno para o carro e seu navegador Bonato desce para ver o acidente:




Volta só daqui um ano
O Dr. Rossello, o médico que operou Kubica admitiu que a reparação dos nervos afetará a funcionalidade da mão. No momento em que o carro bateu no guard rail foram causados ferimentos muito grandes nas mãos do piloto polaco. As mãos têm muitos pequenos músculos, tendões e nervos, que se rompidos podem reduzir a eficiência e evitar os movimentos das mãos, que são necessários para os motoristas
A reabilitação deverá ser longa e árdua. "Estamos lidando com os tendões, que devem ser mantidos imóveis por até três meses, pois qualquer esforço pode rompe-los novamente. Se o dano for grave a capacidade de movimentos precisos podem não voltar mais"
Previsões menos otimistas dão conta que Roberto Kubica só poderá voltar a pilotar daqui um ano. Assim a temporada 2011, que reiniciou com bons treinamentos, acabou para o segundo piloto polaco da história da Fórmula1 (o primeiro é Emerson Fitipaldi - filho de mãe polaca).

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A Polônia inteira está deixando de ler

Foto: Iwona Burdzanowska
Foi se o tempo em que o índice de leitura e empréstimos nas bibliotecas beiravam os 100%. Sim! Mas isso eram tempos de comunismo. Desde a queda do império soviético e restauração da república democrática, os polacos têm lido menos.
"As crianças e os jovens lêem menos", alertam bibliotecários de todo país. Dois entre três professores da escola fundamental buscam incentivar os alunos a buscarem um livro. Na Szkole Podstawowej (Escola Fundamental) nrº. 17, na ulica Krochmalnej, em Lublin, com dinheiro da União Europeia foi formado um círculo de leitura na biblioteca.
As pesquisas mais recentes realizadas por leitores da Biblioteca Nacional entre os estudantes do ensino médio mostra que um em cada quatro alunos do ensino médio não lê livros. Esta tendência também é evidente nos estudos de leitura entre os adultos - por exemplo, em 2008, este índice era de 62%.
Muitos polacos não lêem nem um único livro por ano. Os bibliotecários relatam que os estudantes estão lendo apenas aqueles livros obrigatórios. Para alguns adolescentes, a biblioteca é um lugar atraente somente quando se pode usar a Internet. Sem acesso a grande rede, eles nem se aproximam das bibliotecas.
Por isso, programas de incentivo à leitura como este implantado na Escola Fundamental da nr º 17  da ulica (rua) Krochmalnej são muito importantes. No final de fevereiro, as aulas serão realizadas com dois grupos, formados por crianças das classes I a III, e IV-VI.
A professora Janina Łatwińska ressalta a importância de padrões aprendidos no lar, "se a criança não vê os pais lendo um livro é pouco provável que ela própria vá se interessar pela leitura na escola, ou na biblioteca".
Como convencer os alunos a ler? Esta é a pergunta que move professores em mudar esta tendência pela não leitura de livros. Programas de incentivo são a única esperança. Entre estes planos, estão visitas orientadas às livrarias, onde as crianças audam a escolher livros para serem adquiridos pela biblioteca da escola.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Presidente da Ucrânia visita Polônia


Presidentes Viktor Janukowicz i Bronisław Komorowski
Os presidentes polaco e ucraniano estiveram visitando as obras de construção do Estádio Nacional, em Varsóvia, por aproximadamente 15 minutos no dia de ontem.
O polaco Bronisław Komorowski serviu como um guia para o presidente da Ucrânia, país vizinho que sediará junto com a Polônia o Torneio de Seleções Europeias - Euro 2012.
Komorowski havia visitado o estádio, 7 meses atrás, junto com o presidente da UEFA, o ex-jogador francês, Michel Platini, num vôo de helicóptero sobre Varsóvia.
O presidente polaco chamou a atenção do colega ucraniano, Viktor Yanukovicz para o desenho do teto do estádio e disse que a instalação desta parte é uma operação bastante difícil devido sua altura.
O ministro do Esporte e Turismo, Adam Giersz, mencionou que este será o maior estádio da Europa em termos de volume. Presidente ucraniano se mostrou muito satisfeito com o projeto. "O Estádio Nacional de Varsóvia será único. Estamos satifesitos de organizar em conjunto com a Polônia a Eurocopa de 2012".
Antes da visita ao estádio, o presidente ucraniano foi recebido oficialmente no Palácio do Presidencial. Durante as conversações, polacos e ucranianos abordaram as questões de cooperação económica entre os dois países, a integração da Ucrânia com a União Europeia e os preparativos para o Euro 2012.
Depois, Bronisław Komorowski e Viktor Yanukowicz assinaram um protocolo da cooperação polaco-ucraniana para os anos 2011-2013. Este é descrito em ações de curto prazo e ações a longo prazo. Como, por exemplo, a cooperação polaca para a integração europeia. Janukowicz afirmou que ele e Komorowski também discutiram "Odessa-Brody-Gdansk".

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cracóvia, assinado Pacto pela Cultura

O cineasta Andrzej Wajda no congresso cultural - Foto: Krzysztof Karolczyk
"Tenho minha opinião sobre o assunto. Devemos mudar a abordagem da cultura e tudo relacionado com ela, então assinar o Pacto para a cultura é participar ativamente no processo de mudanças legislativas para que o Estado aumente os gastos em cultura", disse ontem o prefeito de Cracóvia, Jacek Majchrowski, que dessa forma, juntou-se à iniciativa do "Movimento Cidadãos pela Cultura", que realizou em Cracóvia há dois anos o Congresso da Cultura. Na foto, o diretor de cinema Wajda era um dos participantes ativos dos debates.
O documento assinado foi entregue em mãos do presidente prof. Jerzy Hausner, um dos idealizadores do Pacto. Os membros do movimento querem contribuir para que os debates, propostas, requerimentos e declarações relativas durante o Congresso da Cultura sejam efetivamente consignados, como aumentar o financiamento para a cultura. Isto, significa, dobrar a dotação destinada à cultura, que atualmente é de 0,5% do orçamento Estatal e da diversificação das fontes de financiamento.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Reynaldo Jardim... morreu


Recebi e-mail de uma amiga de origens portuguesas, matogrossense, que vive em Florianópolis fazendo arte. Trazia ela, uma triste notícia para o jornalismo cultural deste país, área que meu amigo criou para o lúdico de todos nós. Reynaldo Jardim era esposo, na época que o conheci, da jornalista paulistana-curitibana, Marilu Silveira, que me dirigia no grupo teatral Gil Vicente. Eu era ator e declamador e Jardim era a figura que da platéia e da coxia orientava Marilu e a todos nós.
Depois da segunda temporada, por sugestão do Jardim, Jair Brito, então diretor da Rádio Cidade de Curitiba, comprou o espetáculo para ser o especial daquele natal da rádio de 1981. Semanas mais tarde estavámos nós no estúdio de gravação do Camargo, ali no Juvevê. Jair Brito, Marilu, Cláudia Paciornik e Jardim do outro lado do imenso vidro do estúdio. Encerrada a gravação... saímos nós, os atores, do estúdio e Jardim colocando a mão no meu ombro disse ao Jair: contrata este rapaz como locutor da tua rádio, ele leva jeito.
E Jair me perguntou: quer trabalhar em rádio? Fiz que sim com a cabeça. Ele então completou: Aparece amanhã lá na rádio para um teste. Jardim me deu um abraço e parabenizou. Dia seguinte fui na rádio. Aprovado, comecei a trabalhar com um mestre do rádio, indicado por outro mestre, este da poesia e do jornalismo cultural.
Anos mais tarde, depois de deixar  o emprego na TV Iguaçu, fui direto ao Jornal do Estado, onde Jardim estava começando um grande e novo projeto, uma revolução do jornalismo do Paraná. Contei a ele que havia me desentendido com o Jamur Júnior na TV e precisava de emprego. Jardim me perguntou qualquer coisa se eu estava disposto a trabalhar imediatamente. Falou que eu deveria ter vindo dois meses atrás, quando ele estava formando a equipe e agora não via outro jeito senão este e disse mais alguma coisa, que, confesso não entendi direito.
Como a sucursal da Editora Abril ficava nas emediações, entendi que ele tinha me dito, que se eu aceitava trabalhar na Revista Visão. Disse que sim! Então, em vez de sair do prédio do jornal, ele me levou até uma sala, abriu a porta, e disse às duas pessoas que estavam lá dentro. Olha este rapaz... é o Ulisses, ele é o novo colega de vocês. Então, virou-se para mim e disse: pode começar a trabalhar, sente-se e revise.
Bem, não era na Revista Visão, mas na revisão do jornal. Duas horas atrás, eu era chefe de jornalismo do SBT no Paraná... e agora sentava-se para ser revisor de textos no jornal que o Jardim tinha inventado... Mais um dos tantos que ele inventou, desde antes do Caderno B do Jornal do Brasil e do Anexo do jornal Diário do Paraná.
Entretanto, acho que o texto abaixo, enviado pela minha amiga Márcia conta melhor das coisas do Jardim e de seus últimos momentos como "encarnado" na Terra. Saudades do mestre, indicador, amigo e e e.....

Ferreira Gullar, Lygia Pape, Theon Spanúdis, Lygia Clark e Reynaldo Jardim

Essa noite nosso Rey morreu.
Desculpem a repetição do tema triste, mas o faço por uma obrigação imperial, ou ordens do Rey, para afastar a tal da tristeza pungente, que a meia noite me fez chorar um pouquinho e baixinho abraçado à Maria.
Pois agora sorrio e me perco em o que dizer nessa hora. Por isso a repetição do tema: essa noite o Rey morreu. Tenho tantas histórias dele para festejar. Algumas nossas. Poucas minhas sobre ele. De Reynaldo Jardim, devo quase tudo de bom que me aconteceu nos últimos tempos. E como nunca fomos tão piegas, deixo a última história que presenciei em sua casa, na sexta feira passada, dia 28 de janeiro, como uma maneira de dizer "até breve".
Estávamos em um jantar na casa de Reynaldo e Elaina, junto do ilustre poeta e diretor da Biblioteca Nacional, Antônio Miranda. Acho que ele já tinha ido embora quando o Rey nos parou na sala, pediu que ficássemos mais um pouco e contou de uma ligação inusitada que havia recebido há poucos dias.
Um homem ligou para Reynaldo dizendo que morava em São Paulo, que achou seu telefone na internet e que estava ligando por causa de sua mãe. Disse que eles foram amigos no colégio, quando Rey Jardim havia completado pouco mais de 20 anos. Pediu então, permissão para que a mãe, uma senhora de seus 80 e poucos, pudesse ligar para o desconfiado poeta.
Heleninha, chamava-se a senhora. Contou ao Rey e a sua esposa, por telefone, que eles tinham sido muito amigos. Enfatizou à Elaina que nunca foram namorados, apenas amigos. Claro que, todos nós que ouvíamos a história, e a própria Elaina, pensávamos: "obviamente, o Rey a comeu!"
Bom, ela falou que o Rey, na época, ainda lhe escrevera um poema. "Comeu, certeza!" afirmamos todos e rimos. Reynaldo Jardim se defendia dizendo que não tinha a mínima idéia de quem era essa tal de Heleninha. Disse que lembra o colégio, mas que havia na sala apenas um outro homem além dele, e o resto era só mulher. "Como poderia me lembrar de todas?"
Enfim, achamos interessante o re-encontro inusitado de 60 anos e comentávamos como troça. Reynaldo cantava as moças desde a tenra idade. Um poema a mais, um a menos...
Mas não é que a Elaina, depois da poeira baixada e já com outros assuntos em pauta enquanto conversávamos, mexia na correspondência do dia e encontrou uma carta! Endereçada ao nobre Rey! Cujo o remetente levava o nome de Helena (não lembro o sobrenome)!!.
Todos abismados e curiosos enquanto ela abria a carta. De lá, tirou dois pedaços de papel. Um bilhete curto que dizia mais ou menos assim (não sei as palavras certas e escrevo de memória, portanto, perdoem qualquer erro, mas afirmo que esse era o teor):
"sou a Heleninha, sua amiga do colégio tal. Não sei se se lembra de mim, mas nunca me esqueci de você. Você me escreveu um poema que, desde aquela época, o tenho usado como uma oração, uma reza mesmo, que evoco nas melhores e piores horas de minha vida. Esse poema faz parte das minhas melhores lembranças e queria que soubesse o quanto de alegria me proporcionou nesses mais de 60 anos, muito obrigada. Sua amiga para sempre, Heleninha".
Elaina desdobrou o outro pedaço de papel e lá havia uma cópia em xerox de um texto em versos. O título era algo com "canto", ou "cântico". Elaina reconheceu a letra na hora. Disse que ainda é a mesma. "A assinatura também é igualzinha, Rey!" exclamou Elaina.
Ela leu em voz alta o poema todo, pois é a única que decifra com desenvoltura a letra de Reynaldo Jardim. No final, a assinatura: Reynaldo Jardim, 8 de outubro de 1948.
Todos ficamos arrepiados e sorrisosos! Não digo que brotaram lágrimas em mim, mas a vi na Maria, na Elaina que ria, no Rey que ouvia.
Reynaldo fez isso com Heleninha. Fez isso comigo também. Fiz-lhe um filme pequeno para homenageá-lo. É meu primeiro filme. Ganhamos a Mostra Brasília, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2010. Além do Candango, tenho também na estante, um Jabuti, pois ele me deu o que ganhou em 2010, com Sangradas Escrituras (livro antologia). Tenho certeza que nosso premio no cinema também lhe veio como uma homenagem. Reynaldo faz isso com as pessoas. Reynaldo Jardim é gênio criador, artista revolucionário e delirante. Liderou ou influenciou os lideres de todas as grandes revoluções artísticas do século 20, tanto na poesia, como, e principalmente, na imprensa brasileira. Repito: Reynaldo fez isso em Heleninha, em mim e em milhares de outros. Reynaldo faz isso com as pessoas. Ele marca, com uma assinatura funda, nossa pele, nossa forma de pelear, nossas palavras e futuros e histórias e cores e coragens e sorrisos fugazes ou eternos e reticências... Essa noite ele morreu. Viva o Rey!

Alisson Sbrana


O HOMEM CULTURA
Reynaldo Jardim, foi um jornalista e poeta brasileiro nascido em São Paulo, no dia 13 de dezembro de 1926, e falecido em Brasília, em 1º de fevereiro de 2011. Reynaldo Jardim faleceu aos 84 anos de idade, em decorrência de complicações causadas por aneurisma na artéria aorta abdominal. Ele estava internado no Hospital do Coração, de Brasília. Foi redator das revistas O Cruzeiro e Manchete;Exerceu cargos de chefia na Rádio Clube do Brasil, na Rádio Mauá, na Rádio Globo e na Rádio Nacional no Rio de Janeiro e na Rádio Excelsior de São Paulo.
Realizou reformas gráficas em jornais como A Crítica (Manaus), O Liberal (Belém), Diário do Paraná, Correio de Noticias, Jornal do Estado e Gazeta do Povo (Curitiba), Jornal de Brasília (Brasília) e Diário da Manhã (Goiânia).
Em Brasília, foi editor do caderno Aparte, do Correio Braziliense e diretor executivo da Fundação Cultural do Distrito Federal. Participou, nos anos 50, da Reforma do Jornal do Brasil - onde criou o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, o Caderno de Domingo e o Caderno B. O SDJB tornou-se o mais importante suplemento literário de poesia concreta do Brasil, por onde passaram Oliveira Bastos e Mário Faustino.
Ao ser obrigado a deixar o JB, em 1964, devido à repressão militar, Reynaldo Jardim foi diretor da revista Senhor e diretor de telejornalismo da recém-inaugurada TV Globo. Já em 1967, criou o jornal-escola O Sol com textos criativos e projeto gráfico inovador. Viúvo do primeiro casamento, no qual teve dois filhos: Teresa e o filho falecido Joaquim. Estava casado com a jornalista Elaina Maria Daher.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Kopców de Cracóvia estão ruindo

Foto: Mateusz Skwarczek

As três maiores elevações em Cracóvia, Pilsudski, Kościuszko e Krakus, estão em muito mau estado. Ameaçam ruir e o dinheiro para a reparação ainda não foi liberado. Os quatro morros de Cracóvia são cartões postais da cidade e é difícil imaginar a paisagem sem eles. Todos são uma atração turística e um local de passeios e eventos ao ar livre.
Estes morros são artificiais e foram erigidas como memorial de importantes eventos históricos ou pessoas para comemorar o mérito de cada uma. Se não for encontrado rapidamente dinheiro para a sua reparação, eles vão ser destruídos.
A Administração de Infraestrutura e Transportes da prefeitura solicitou ao Conselho Municipal e à Comissão Social para a Restauração de Monumentos Históricos de Cracóvia liberação para buscar financiamento da restauração do Kopce (morro) Krakus.
"Até agora, cerca de 100 mil złotych (59 mil reais) é o dinheiro necessário para uma obra do projeto para impedir a degradação conseguido", informou Jacek Bartlewicz, porta-voz da Infraestrutura e Transporte.
As chuvas torrenciais do ano passado, durante o mês de maio danificaram seriamente a estrutura dos morros artificais.
De acordo com Halina Rojkowskiej para a proteção dos monumentos de Cracóvia é necessário monitorar constantemente. "Caso contrário, precisaremos fechar os locais para os visitantes", adverte.
O diretor Leszek Cierpiałowski do Comitê Kopce Kościuszko estima que os reparos necessários deverão custar cerca de 5 milhões złotych (de acordo com estudos encomendados pelo Voivoda (governador) da Małopolska. O Comitê não tem esse montante, mesmo para desenvolver um simples projeto de restauração. A situação é semelhante no Kopce (Monte) Piłsudski. Embora já exista um projeto de reparação, que ainda não existe dinheiro para começar os trabalhos. Aqui são necessários 2 milhões de złotych.
Os danos podem ser vistos a olho nu, segundo Andrzej Hawranek, presidente do comitê de orçamento do conselho municipal, que preparou uma emenda ao orçamento municipal destinando os 2 milhões para recuperar o monte Piłsudski.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Zakopane prepara cerimônia e ópera

Foto: Tomasz Wiech
Durante a beatificação do Papa João Paulo II, no dia primeiro de maio próximo, os montanheses polacos vão se reunir no estádio Wielka Krokwia (Grande Viga) em Zakopane. No local, serão instalados grandes telões para mostrar a transmissão da cerimônia desde o Vaticano.
Segundo o vice-prefeito de Zakopane, Wojciech Solik, "a cerimônia no estádio, é o mesmo lugar onde, em 1997, os "góralów" (montanheses), prestaram homenagem ao mais conhecido montanhês polaco de todos os tempos, o Santo Padre"
Em junho de 1997, o estádio Wielka Krokwia, foi uma parada memorável da peregrinação do Papa à sua terra natal, as montanhas do Sul da Polônia. Ali, naquele estádio, João Paulo II, recebeu um tributo memorável da região Podhale: "Filho da Montanha, o maior da família dos polacos". O pavilhão construído recentemente no estádio também vai abrir uma exposição dedicada ao Papa. 
A prefeitura da cidade sabe que embora estejam sendo organizadas várias Peregrinações à cerimônia de beatificação pelas numerosas paróquias do Sul da Polônia, incluindo o santuário em Ludźmierz, muitos vão permanecer na cidade, porque já está sendo impossível conseguir ônibus de fretamento no país. Nas regiões mais próximas da Alemanha, os polacos estão fretando ônibus alemães para dar atendimento aos milhares de peregrinos que buscam estar presentes na Piazza San Pietro, no Vaticano.
Por ocasião da beatificação papal, os montanheses deverão apresentar uma ópera. A obra deverá conter quatros atos  e encenada por montanheses de Zakopane, Nowy Targ, Tatrańska Bukowina, Ludźmierz, Kościelisko e Poronina.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Olbrychski despreza Jarosław Kaczyński

Daniel Olbrychski - Foto: Wojciech Surdziel
Na infância, os Kaczyński foram espancados.

A frase é de ninguém mais, ninguém mais do que o ator polaco mais representativo do cinema da Polônia e certamente o mais conhecido em todo o mundo. O polêmico Daniel Olbrychski, o mesmo que um dia entrou a cavalo num salão de exposições em Varsóvia e de espada em punho destruiu todos os posteres do Adolf Hitler.
A frase faz parte de uma longa entrevista concedida pelo ator ao jornal Rzeczpospolita e reproduzida pelos demais, neste sábado.
Para Olbrychski, Jarosław Kaczyński é desprezível. Como também são o PiS (Partido da Lei e Justiça) dos irmãos políticos. Na entrevista para Robert Mazurek no caderno "Plus Minus" , Olbrychski anuncia que vai votar a favor do PO (Partido da Plataforma Cívica), porque tem confiança neste partido, e porque "não pode admitir que os polacos possar dar o poder ao PiS.
"Eu não posso nem dizer que eu não gosto de Jarosław Kaczyński", diz Olbrychski. "Mas eu gostei de seu irmão, e da esposa. No entanto, em política, eu confio e tenho reconhecimento por pessoas como Tadeusz Mazowiecki, Jan Krzysztof Bielecki e Hanna Suchocka, e certamente não tenho por Kaczyński, Lepper, Giertych, ou Macierewicz", salienta.
Olbrychski avalia que um político que inspira "semelhante admiração sentida por Mazowiecki" é Donald Tusk. Segundo Obrychski, o ex primeiro-ministro Tadeusz Mazowiecki era a única pessoa adequada para servir como elemento de transição no período entre o fim do comunismo e a democracia que se instalou na Polônia em 1990. E ele foi um excelente primeiro-ministro naquele momento. "Eu lamento muito, quando o prejudicaram, e o que está acontecendo no momento, no entanto, as discussões dentro do PO", diz ele.
E, apesar das alegações de que "não gosto de Kaczyński", o ator fala muito fortemente: "Eu olhei para ele por muitos anos, não só agora, quando decidiu substituir o seu irmão, e eu sempre pensava nele como um homem perigoso para a política nacional e a cooperação internacional. (...) suspeito de sua liderança e de sua condição mental e que agora canta - Pátria livre, dai-nos de volta Senhor -. Kaczyński é o líder de um partido partido com fortes traços bolchevique, que avalia que a maioria da sociedade é estúpida. (...) Ele é um homem profundamente inadequado para representar a Polônia e os polacos, como gostaria de ver. Nós todos sabemos que da sua personalidade, da sua agitação,da sua falta de compreensão do mundo." Perguntado como "conhece tão bem Kaczyński", ele responde: "Por terceiros que o conhecem desde a infância, porque eu conheço pessoas que participaram juntos com os irmãos Kaczyński da elaboração do filme - Os dois que roubaram a Lua - (...) Olhando para eles como um ator tentando entender o personagem que eu fará, vejo que eles deviam ter sido espancados por colegas de classe. Um colega da produção de "Os Dois", disse que Kaczyński, estava chorando alto quando falou que deveriam voltar à escola, pois lá iriam vencer mais do que antes.(...) Eles foram espancados. Talvez indevidamente, podem ter sido provocados a agredir as pessoas com violência ali", avalia.

PS. A entrevista com o ator no caderno Plus Minus do Jornal Rzeczpospolita só pode ser acessada via Internet mediante cadastro e pagamento.

Daniel Olbrychski
Nasceu em 27 de fevereiro de 1945 em Łowicz, na Polônia, e possui uma das mais longas carreiras artísticas de um ator polaco, inclusive internacionalmente. Mais conhecido por ter sido protagônista nos filmes dirigidos por Andrzej Wajda, ele está presente em muitos filmes alemães, franceses, ingleses e hollywoodianos.
Entre suas atuações se destacam as participações no filme "O tambor", baseado no livro ganhador do Prêmio Nobel, o alemão Günther Grass, e tambem no filme "A insuportével levesa do ser". Além da atuação em "As senhoritas de Wilko", "O bosque das betulas", "Wesele" (todas dirigidas por Wajda); "Vida familiar" (dirigido por Krzysztof Zanussi), "Retratos da vida" de Claude Lelouch, "Rosa Luxemburgo" (dirigido por Margarethe von Trotta), "O barbeiro da Sibéria" (dirigido por Nikita Mijalkov) e em um dos curta-metragem do "Decálogo", de Krzysztof Kieślowski.
Em 1986, foi agraciado na França com a "Legião de Honra" e 2007, recibeu o "Prêmio Stanislavsky" no Festival de Cinema de Moscou por sua trajetória como ator e sua devoção aos princípios da escola desse grande mestre do teatro universal.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Estação de trem de Wrocław remodelada






Fotos: Sławomir Pawłowski
A foto acima é da plataforma 4 da Estação de trens de Wrocław está quase pronto o telhado. Ela será coberta por um toldo, e na parte central está montada uma clarabóia. Na estação continuam a mudar tetos e paredes. A reforma e reconstrução está em ritmo acelerado, inclusive com trabalhos nortunos. Após a conclusão da remodelação, a estação estará semelhante ao que era em 1905. As outras três fotos mais acima são de várias frentes de trabalho, como a praça em frente a estação.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ciganos polacos discriminados

Foto: Wojciech Kardas
Alguns restaurantes populares e discotecas no centro da cidade de Poznań não permitem a entrada de ciganos. Quando um deles se esgueira, entra em ação um segurança. Embora a discriminação ostensiva seja proibida pela Constituição, a polícia rejeita uma queixa formal. Cenas de discriminação se repetem. Semanas atrás na Discoteca Cuba Libre, seguranças aproximaram-se da mesa onde quatro homens estavam sentados:
- "Quais são as nacionalidades dos senhores?"
Bem-vestido, um dos homens, aparentando de 35 anos de idade responde francamente:
- "Eu sou um cigano."
Um dos seguranças então ordenda:
- "Ciganos... vocês devem sair. Mas os senhores polacos podem ficar."
O desconvidado de 35 anos de idade, de nome Adam, motorista de profissão, acompanhado pelos seguranças deixa o estabelecimento. Antes de sair forçado ainda pergunta:
- "Este é um bar apenas para os polacos?" Em resposta, ele ouve a explicação de que o gerente não admite a entrada de ciganos.
O relato foi feito para a reportagem do jornal Gazeta Wyborcza. A reação do jornalista foi:
- "Foi difícil para nós acreditar na história do Adam. Mas por via das dúvidas resolvemos fazer uma prova: fomos à mesma discoteca, juntamente com vários ciganos uma semana depois. O segurança nos deteve na entrada. Isto pode ser comprovado pela gravação com câmeras escondidas":

Ciganos não sao bem vindos

A proprietária do Cuba Libre, Klaudia Lopez afirmou sem hesitação que os ciganos são barrados.
- "Não só eu introduzi essa proibição. Grupos de ciganos são um inferno. Além de sujos, a mesa ocupada por eles, depois da sua saída parece saiu de um terremoto."
Nem todos os donos de restaurantes se utilizam de seguranças para retirar convidados indesejados. O gerente do popular Piano Bar, Maciej Kurzawa declara:
- "Nós nos recusamos silenciosamente os ciganos. Dizemos, por exemplo, que todas as mesas já estão reservadas."
Desconvidado do Cuba Libre, Adam queixou-se à uma Organização Cigana. E o relato acabou na polícia. A polícia, contudo, explicou que não havia motivos para iniciar uma investigação.
O cigano buscou então Patrick Pawelczak, defensou público da Voivodia da Wielkopolska (Grande Polônia). A questão foi levada ao Ministério do Interior, onde trabalha uma equipe sobre o Racismo e Xenofobia. Małgorzata Woźniak do Ministério disse que, "Vamos enviar mediadores para um diálogo iniciado entre a comunidade cigana e os proprietários de lojas.
Por sua vez, a Fundação de Helsínque para os Direitos Humanos declarou que irá ajudar a preparar um processo contra os donos de restaurantes e discotecas na região da Wielkopolska por discriminarem os ciganos.
Dorota Pudzianowska da Helsinque disse que os ciganos têm o direito de exigir indenização. Ouvido pelo jornal Gazeta, Roman Kwiatkowski, co-fundador da Associação Cigana da Polônia, disse que "Neste país, não há um dia que não aconteça violência contra um cigano. Wrocław e Lublin nos recusam entrada nas lojas. Em Bytom ocorreram ataques brutais contra ciganos. Perturba-me que essas coisas aconteçam também em Poznań, pois lá residem ciganos de sucesso. Por gerações, vivemos na Polônia. Infelizmente, há hoje na Europa mais minorias ciganas discriminadas. Nossa situação começa a assemelhar-se à condição dos judeus antes da Segunda Guerra Mundial."

O motorista cigano Adam  - Foto: Piotr Skórnicki
Klaudia Lopes, de origem cubana, nascida na Polônia diz que não é racista. "Com a gente trabalham pessoas do Chile, Tunisia e Inglaterra. Nosso restaurante é famoso pelo fato de que é seguro, divertido, colorido. Para alguns, até mesmo a cor da pele, porque às vezes nossos clientes escuros cheiram mal, o que significa que há muitos negros no local. Os ciganos também nos perguntam - Klaudia, você nos espulsará daqui? - Mas eu digo: Não!"
Klaudia trabalha no setor há 15 anos, foi garçonete, e diz que desde aquele tempo, o gerente daquele estabelimento não permitia a entrada de ciganos. Por que, segundo ela, os ciganos sempre faziam arruaças no local.