terça-feira, 3 de outubro de 2017

Coisa de Polaco - 1


Tudo bem que pizza é coisa de italiano, mas polaco come pizza com pierogi, coisa que italiano não faz. E italiano também não conhece a melhor wódka que existe: a Żubrówka (uma possível tradução seria: bisonteana)...a vodca do bisão.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Polacos retornam à casa

Quando a Polônia aderiu à União Europeia, em 2004, 15 anos depois de ter deixado a União Soviética, seus cidadãos inundaram nações europeias mais prósperas em uma maré branca e vermelha -as cores de sua bandeira.

Esse dilúvio atingiu em especial a Grã-Bretanha, onde há quase 900 mil polacos. Eles chegaram a representar, para uma parcela específica da população, a grande ameaça à economia. O "encanador polaco" era um dos estereótipos da migração europeia sem qualificação (o que não se configurou, pois os polacos eram mais qualificados que os próprios ingleses).

Agora, essa colônia tem planos de abandonar em massa a Grã-Bretanha, que em junho de 2016 aprovou sua saída da União Europeia.

O governo polaco prevê o retorno de algo entre 100 mil e 200 mil cidadãos por causa do divórcio entre os britânicos e o resto do continente. A campanha do "brexit" foi em parte baseada em um sentimento xenófobo e na defesa de controles mais rígidos à migração.

Ewa Gladysz, 38 anos, voltou na primeira semana de setembro a um povoado próximo a Wrocław, no Oeste do país. "Investi 12 anos da minha vida em um país que não me quer nem quer minha família", diz. "Ainda penso em inglês. Digo 'thank you' [obrigado] ao motorista do ônibus, e ele me olha como se eu fosse um alien."

A reportagem consultou um "carreto" especializado nas mudanças da Grã-Bretanha à Polônia. A procura pelo serviço cresceu em 50% desde o "brexit".

"Quando conversamos sobre isso, os polacos dizem que têm sido destratados", afirma um funcionário que não quer se identificar. "Muitos deles vieram para juntar dinheiro, mas os preços na Grã-Bretanha estão altos."

A libra esterlina valia 1,4 euro antes do "brexit", mas hoje vale 1,1 euro. Migrantes temem que a situação piore depois do rompimento --alguns analistas veem risco de crise econômica.

ILEGAIS?
Os estrangeiros radicados em solo britânico também se preocupam com a legalidade de seu status como residentes. Ainda não se sabe sob que condições os 3 milhões de europeus hoje estabelecidos ali poderão fixar moradia e trabalhar, e alguns preferem não esperar para descobrir.

"Para muitas pessoas, a Grã-Bretanha perdeu atratividade", diz a polaca Barbara Drzsowicz, chefe do Centro de Recursos do Leste Europeu. Ela fala também de si mesma: decidiu deixar o país depois de nove anos.
"Há milhões de razões, mesmo o clima, mas o 'brexit' me ajudou a tomar a decisão. Eu e minha geração viemos ao Grã-Bretanha porque era parte de um projeto europeu, com mobilidade entre os países, e eles estão abandonando isso", afirma.

"Para mim, foi uma perda de tempo vir para cá", diz Joanna Kalinowska, 60, que migrou há oito anos para juntar dinheiro e pagar um tratamento de saúde para o marido. Ela se empregou em uma fábrica de chocolates. "Após o 'brexit', começaram a nos tratar mal, e está difícil encontrar um trabalho decente. Com a queda da libra, já não vale mais a pena", diz.

EUROPA CENTRAL
Não são só os polacos que estão deixando o país. Cerca de 339 mil pessoas saíram da Grã-Bretanha em 2016, 40 mil a mais do que no ano anterior.

Paralelamente, menos cidadãos foram morar na ilha --588 mil no ano passado, 43 mil a menos do que em 2015.

A queda foi especialmente brusca entre os oriundos do leste europeu (que incluem os polacos), analisados em conjunto nas estatísticas.

A diferença entre imigrantes e emigrantes desses países foi de apenas 5 mil pessoas, a taxa mais baixa desde que entraram na União Europeia, em 2004. O fenômeno não é explicado apenas pelo "brexit", porém.
No caso polaco, é preciso levar em conta que o país cresceu e se modernizou desde sua adesão ao bloco. Varsóvia é hoje uma capital europeia vibrante, com as mesmas grandes franquias vistas em Paris, Londres, Roma ou Madri.
E, para muitos dos filhos que a casa tornam, o país natal oferece um bônus: a família. "Quero ver meus pais discutindo e envelhecendo", diz Gladysz.

Fonte: Folhapress
Texto: Diogo Bercito
Enviado especial a Varsóvia

domingo, 20 de agosto de 2017

O pós-imagem do cineasta Wajda

Crítica de cinema:
Władysław Strzemiński - Foto do Arquivo Nacional Polaco

O maior cineasta polaco de todos os tempos e um dos maiores do mundo: Andrzej Wajda (pronuncia-se andjéi váida), morreu ano passado, em 9 de outubro, pouco depois de completar 90 anos de idade (nasceu em Cracóvia, em 26 de março de 1926). Viveu os horrores da segunda guerra mundial, e perdeu seu pai, um oficial do Exército polaco, assassinado não pelos nazistas de Hitler, mas pelos soviéticos de Stalin.

Andrzej Wajda
Foi atingido duramente pelos fascistas de extrema-direita e extrema-esquerda. Como nenhum outro soube construir uma carreira de artista e cineasta num mundo sem liberdade. Criou quando outros sucumbiram, fez da arte e da película seu instrumento de luta contra a opressão, a miséria, a pobreza, a falta de perspectivas e liberdade. Como nenhum outro, entendeu sua terra e seu povo.

E certamente por isso e também por isso, encerrou sua carreira e sua vida com uma obra que retrata um dos maiores artistas do século XX, o também polaco WŁADYSŁAW STRZEMIŃSKI (pronuncia-se vúadissuáf stjeminhsqui), que nasceu em Mińsk, quando a atual capital da Bielorrússia ainda era uma cidade da Polônia e morreu no início do stanilismo imposto, em Łódź, em 28 de dezembro de 1952.

O artista plástico, pintor, construtivista vanguardista, professor de história da arte, criador da Escola Superior de Artes Plásticas de Łódź (pronuncia-se uúdji) foi fundador do Clube dos Artistas da cidade.

Autor do livro revolucionário “A teoria da visão”, junto com sua esposa Katarzyna Kobro, também artista plástica, criou um grupo com Henryk Stażewski, Julian Przyboś e Jan Brzękowski que se dedicou a transformar as artes polacas.
Panorama, 1932, fragmento.

Strzemiński criou ainda como designer a “Sala Neoplástica” do Museu de Arte de Łódż.

Depois de perder uma perna e um braço como soldado na Primeira Guerra Mundial dedicou-se completamente à arte e formulou nos anos 20 a “Teoria do Unismo”.

Apresentados cineasta e biografado vamos ao filme:



Wajda, sabe do que falava e do que mostrou nesta sua última obra cinematográfica. Ele viveu e sofreu também os mesmos horrores do personagem de seu filme. Então, quando coloca na boca do ator Bogusław Linda, que interpreta magistralmente Strzemiński, uma frase da Escola da Gestalt nas artes gráficas, “para se compreender as partes, é preciso, antes compreender o todo”, ele não está apenas fazendo uma concessão, mas está gritando que Strzemiński era um artista do Mundo e não apenas de sua pequena aldeia, Wajda o está equiparando a Kandinsky, Chagal e Malevich.

O filme de Wajda é angustiante, é denso, marcado por grandes interpretações de Linda, da menina Bronisława Zamachowska (pronuncia-se bronissúava zamarróvsca), da bela Zofia Wichłacz (pronuncia-se zófia virrhhuatch) e pela maravilhosa fotografia do mago da luz e das lentes Paweł Edelman, do roteiro instigante de Andrzej Mularczyk, da música de Andrzej Panufnik, figurinos de Katarzyna Lewińska, cenários de Marek Warszewski e montagem de Grażyna Gradoń.

Numa cidade degradada pelos horrores cometidos pelos alemães e pela imposição do stalinismo russo, mas ainda assim uma metrópole sonhadora, criadora, capital das artes e do cinema, Wajda conta a história de um polaco pacífico, fulgurante, altivo, que enfrenta a censura, a demissão, a desfiliação do clube dos artistas, a fome, a perseguição política, a proibição de comprar tubos de tinta, a tuberculose, a doença e a morte da esposa, a separação da filha e a falta de uma perna e um braço. Mas um homem que não desiste da arte, da liberdade de pensamento, das suas convicções filosóficas, políticas, sociais e artísticas.

Cena do filme com Bogusław Linda
Quando o Estado se torna “Senhor” do indivíduo, seja no nazismo, seja no comunismo, seja no capitalismo "democrático" (com sua ideia de Estado mínimo e neoliberal), este “Estado” perde todo sentido e legitimidade.

O Estado deve servir o indivíduo (povo) e não escravizá-lo na pobreza, na ignorância, na fome, na educação, na falta de liberdade criativa e criadora. Quando este “Estado” impõe sua “arte” está reduzindo os sonhos a quimeras irrealizáveis.

Tal qual acontece neste “Estado democrático” brasileiro que impõe suas reformas, governando para 1% da população privilegiada, para o lucro assassino, para o empresário escravagista e para os corruptos de qualquer natureza.

Um “Estado” que odeia o povo e suas mazelas, que semeia discórdia e desvirtua o significado das coisas.

Não! Você não vai encontrar nos cartazes e propagandas o título polaco do filme - “POWIDOKI" - mesmo que você esteja na capital polaca da América Latina e terceira maior cidade da etnia polaca em todo o mundo, Curitiba... Não!

Como um réles colonizado de Miami, o título é em inglês: "Afterimage”.

Como ele poderia, este distribuidor, saber que em português, o filme poderia se chamar “Pós-imagem”, já que mesmo em inglês, o termo não traduz realmente o que é Powidoki?

O que seria então Powidoki?
Melhor explicar do que tentar uma palavra inexistente:

“IMPRESSÃO DE SENSAÇÃO VÍVIDA...
OU A IMAGEM QUE SOBREVIVE NA RETINA APÓS SER VISTA E QUE PODE SER MANTIDA NA MENTE E REVISTA DEPOIS.

Longo? Não é comercial? Ah... tá! “Afterimage” é comercial?

Um filme, uma obra de arte das mais requintadas, que não deve ser perdido sob nenhuma hipótese.

Que importa se a Academia de Hollywood preferiu “La La Land”, ou “Terra de Minas”.

Ulisses Iarochinski
jornalista e documentarista

quinta-feira, 27 de julho de 2017

União Europeia dá ultimato a Polônia

Bruxelas dá um mês para que a Polônia recue em sua reforma judiciária.


Comissão Europeia entende que o que está em causa é a independência política do Supremo Tribunal e por isso ameaça punir Varsóvia.

A Comissão Europeia intensificou, ontem, a pressão sobre a Polônia, admitindo medidas excepcionais e sem precedentes, que podem ir até à perda de poderes do país no principal órgão de decisão da União Europeia. A promessa de veto presidencial a duas leis polêmicas, sobre o poder judicial, na última segunda-feira não convenceu Bruxelas, mesmo porque no dia seguinte, Andrzej Duda aprovou uma terceira lei que dá poderes ao ministro da justiça de nomear e demitir juízes em tribunais regionais, e que deu prado de um mês para que o governo polaco responda às "graves preocupações" da Comissão.

O assunto voltou a estar em destaque na reunião do colégio de comissários. Jean-Claude Juncker garantiu que "a Comissão está decidida a defender o Estado de direito em todos os Estados membros", já que os tratados o definem como "um princípio fundamental sobre o qual a União Europeia é construída".

O presidente da Comissão frisou ainda que "um poder judicial independente é condição prévia e essencial para a adesão à União". E, por essa razão, a UE "não aceita um sistema que permita demitir os juízes à vontade", esclareceu Juncker, referindo-se ao polêmico pacote legislativo, que Andrzej Duda promete vetar.

"Não iremos tolerar chantagens por parte de Bruxelas, principalmente chantagens que não são baseadas em fatos", afirmou Rafał Bochenek, porta-voz do governo de Varsóvia em declarações à agência estatal polaca PAP, acrescentando, no entanto, que a Polônia está disponível para conversar.

A decisão do presidente polaco poderá ainda ser revertida no parlamento nacional, bastando uma maioria qualificada. Mas, Bruxelas está preparada para agir, no caso do governo polaco prosseguir com a "destruição da independência do poder judiciário e do Estado de direito na Polónia", prometeu Juncker, asseverando que a Comissão "não terá outra escolha além de desencadear o artigo 7º". Este artigo foi elaborado, em 1998, e estabelece o conjunto de procedimentos que deverão ser acionados quando um Estado membro põe em causa o conjunto de valores sobre os quais é fundamentada a UE, definidos pelo artigo 2.º do Tratado de Lisboa, sobre o "Estado de direito".

Em caso de violação de algum dos princípios fundamentais, uma "maioria qualificada" dos Estados membros "pode decidir suspender alguns dos direitos decorrentes da aplicação dos Tratados", incluindo o "direito de voto do representante do governo desse Estado membro no Conselho".

O partido do Presidente tem maioria absoluta no Parlamento polaco
É esta a ameaça sem precedentes que paira sobre as autoridades polacas, depois de terem proposto legislação que permitiria a destituição dos magistrados membros do Supremo Tribunal. Na semana passada, os protestos contra esta medida intensificaram-se, forçando o presidente a prometer chumbo à decisão polêmica do governo.

No entanto, ignorando as recomendações de Bruxelas, num processo que se iniciou em 2016, Andrzej Duda aprovou uma lei que permite ao ministro da Justiça mexer nas lideranças de tribunais inferiores. Ontem, o presidente da Comissão fez questão de salientar que "os tribunais independentes são a base da confiança mútua entre os Estados membros e os sistemas judiciais", dando a entender que Bruxelas pode não ter alternativa a não ser propor a retirada de poderes da Polônia, no Conselho Europeu.

"As nossas recomendações às autoridades polacas são claras. É hora de restaurar a independência [dos tribunais] e retirar as leis da reforma do poder judicial ou alinhá-las à Constituição polaca e à política europeia", exigiu o primeiro vice-presidente da Comissão, Frans Timmermans, apelando à "independência judicial", na Polônia.

"Queremos resolver estas questões em conjunto e de forma construtiva. A mão da Comissão continua estendida às autoridades polacas para o diálogo", disse Timmermans, lembrando que a UE conta com os tribunais de "todos os Estados membros" como um "recurso efetivo, no caso de violação da legislação da UE".

Texto: João Francisco Guerreiro
Fonte: Diário de Notícia - Lisboa
Adaptação para o português do Brasil: Ulisses Iarochinski

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Governo da Polônia derruba sistema educativo de sucesso

Uma reforma educativa de sucesso de anos anteriores corre perigo de retrocesso.

O atual Governo de extrema-direita reverteu tudo por razões ideológicas.

Gimnazjum nr 2 im. A. Mickiewicza  - Szkoła Mieszka de 1892 - Cracóvia, ulica Studencka, 13
A Polônia passou os últimos 15 anos a apostar no seu sistema educativo e decidida a melhorar os desempenhos dos seus alunos. Obteve um tremendo impacto nas avaliações do PISA.

Ascendeu a caso internacional de sucesso, com inúmeros artigos na imprensa e relatórios publicados pelas maiores
organizações internacionais – da OCDE ao Banco Mundial.

E, pela análise dos resultados, comprovou a eficácia das reformas nas políticas públicas de Educação que diferentes governos mantiveram ou implementaram. Até que, o Ministério da Educação do atual governo decidiu pela reversão de políticas e reformas, contrariando as evidências e, aparentemente, sobrepondo-lhe a ideologia.

Não, não tire conclusões precipitadas: esta história passou-se na Polônia. Mas, se acompanha o debate público da Educação, é normal que esta história lhe soe familiar. É que nela cabe uma questão universal, pela qual todos os países passaram num ou noutro momento: na hora de definir as políticas públicas, qual o peso da ideologia e qual o papel das evidências e dos resultados das reformas? Na arena política polaca, é esta a questão do momento.

Comecemos do início. Na década de 1990, saída da ocupação da União Soviética e da Guerra Fria, a Polônia deu início à reconstrução da sua administração pública. E, nesse processo, reformou o seu sistema educativo. Assim, a partir de 1999, descentralizou a gestão do sistema, redefiniu as competências do ministério, redesenhou a estrutura do ensino básico, atribuiu autonomia pedagógica às escolas, impôs avaliações externas para monitorizar os desempenhos do sistema.

Os resultados, medidos pelas avaliações internacionais e, em particular, pelo PISA da OCDE, apontaram para um sucesso estrondoso dessa reforma no setor da Educação – uma reforma que sobreviveu à prova do tempo e a vários governos.
No geral, face aos resultados positivos e à apreciação elogiosa das instituições internacionais, os méritos da reforma foram-se tornando consensuais na sociedade polaca.

Ministra Anna Zalewska
Até que, recentemente, a reforma foi posta em causa. A atual ministra da Educação da Polônia, Anna Zalewska, membro de um governo do partido PiS (centro-direita/direita conservadora), considerou que a melhor opção para a formação dos jovens consistia em resgatar muitas das características do sistema pré-1999 (principalmente, a estrutura do ensino básico).

E, desde que declarou essa intenção, a Educação virou palco de combate na Polônia – sindicatos, associações científicas, acadêmicas e outros agentes da sociedade civil têm feito ouvir os seus protestos contra esta reversão política que, aos seus olhos, destrói uma reforma que deu resultados comprovados para o país.

Foi assim, na Polônia, que tudo foi posto em causa e que o debate voltou à estaca zero:
- serão os bons resultados no PISA realmente consequência da reforma de 1999? - Há realmente vantagens no atual modelo e deve este ser aprofundado?
- Os problemas atuais existiriam se o sistema não se tivesse reformado?
Neste ensaio, retoma-se o debate e dá-se as respostas possíveis. 

PISA 2000-2015: uma história de sucesso
O registro da Polônia nas avaliações do PISA da OCDE, desde 2000, conta uma história de sucesso como poucos países se poderão orgulhar. Nas três áreas de conhecimento (língua materna, matemática e ciências), os desempenhos dos jovens polacos de 15 anos melhoraram consistentemente (gráfico1). E melhoraram de forma acentuada: entre o ponto de partida e o de chegada, há uns extraordinários 34 pontos de evolução (matemática).

PISA (2000-2015)



Os indicadores comparados falam por si. Entre 2000 e 2009 (o que inclui quatro avaliações PISA), a Polônia foi o país que mais melhorou os desempenhos dos seus alunos em valores absolutos – isto, claro, excluindo os países das margens, que estão muito afastados da média da OCDE.

Dito de forma mais significativa: entre 2000 e 2009, a Polônia foi o único país que passou de estar abaixo da média da OCDE para estar acima da média nos desempenhos.
Igualmente importante de mencionar é o impacto social desta melhoria: não só os desempenhos subiram como as diferenças sociais entre escolas diminuíram fortemente.

Em 2000, a Polônia apresentava indicadores que sugeriam um sistema desigual, tendo as escolas de níveis médios com desempenho muito díspares.

Ora, em 2009, essa tendência inverteu-se, passando a Polônia a evidenciar um sistema que se homogeneizou em termos de qualidade de oferta pública e de distribuição social pelas escolas da rede pública.

Essa melhoria foi ampliada entre 2009 e 2012, onde se observa um grande salto nos desempenhos dos alunos. Novamente, as melhorias surgiram não só associadas aos valores das médias de desempenho, mas também a indicadores socioeconômicos: as melhorias foram transversais, tocando alunos favorecidos e desfavorecidos, alunos com desempenhos mais altos ou mais baixos (gráfico 2).


PISA: melhoria x socioeconômico



Mas esta história não se conta só com boas notícias. Após doze anos subindo, o PISA 2015 lançou um pequeno sinal de alarme: os resultados dos alunos polacos ficaram aquém das expectativas.

Aliás, muito aquém: regrediram aos níveis de 2009. O que é que isso significa? Por enquanto, nada de definitivo. Mas, não constituindo esta queda de resultados uma tendência, o fato é que os desempenhos dos alunos sofreram uma diminuição significativa que, em Ciências, chegou a uns preocupantes 25 pontos de queda.

Naturalmente, a situação deixou as autoridades polacas inquietas e reforçou algumas dúvidas, entretanto lançadas, sobre os méritos da reforma de 1999 e a sua adequação aos desafios atuais do sistema educativo.

A reforma de 1999
Até recentemente, em todos os relatórios internacionais, foi tida como válida a leitura de que as melhorias no PISA estavam relacionadas com a grande reforma de 1999.

Essa reforma do sistema educativo polaco, enquadrou-se num conjunto mais abrangente de alterações ao nível da administração pública, com vista a fazer a transição do sistema oriundo da União Soviética para o atual. Assim, envolveu de certo modo aquilo que se define como Estado Social (Educação, Saúde, Segurança Social, sistema de pensões).

Ora, apesar de não ter sido uma reforma exclusiva à Educação, as autoridades polacas definiram três grandes prioridades políticas para o setor, que guiaram todo o desenho da reforma: melhorar a qualidade do ensino nas salas de aula; aumentar a equidade do sistema; tornar o sistema mais eficiente.

Como sempre, mais revelador do que os objetivos (que são geralmente consensuais) é conhecer-se a forma como, na Polônia, se tentou atingir essas metas.

Cinco opções de políticas públicas de educação que merecem destaque.

Primeiro, a alteração à estrutura do percurso escolar (figura 1). O sistema polaco pré-1999 era constituído por um bloco de 8 anos de educação básica, seguido de um ensino secundário com áreas científico-humanísticas ou com vias profissionalizantes.

A partir de 1999, o ensino básico passou a ser de 9 anos escolares (como em Portugal), dividido em níveis – 6 anos escolares + 3 anos escolares. Ou seja, os alunos passaram a ter de tomar as suas opções de estudos um ano mais tarde do que faziam anteriormente – dito de outro modo, passou a haver mais um ano escolar em que o currículo nacional era comum a todos os alunos.

Esta alteração teve um efeito imediato: a criação de escolas (os “gymnasiums”) para esses últimos três anos do ensino básico, que ajudaram os alunos a fazer a transição entre o básico e o secundário. Por estarem associadas à nova estrutura do sistema, estas escolas tornaram-se símbolos da reforma de 1999.

Segundo, um processo de descentralização, com transferência de competências para as autarquias na área da Educação, sobretudo no seu financiamento. Em vez da manutenção de um esquema de financiamento baseado no histórico orçamentário das escolas, este passou a ser definido por fórmula, tendo como variável predominante (mas não única) o número de alunos matriculados.

Neste equilíbrio de poderes e responsabilidades, passou a competir ao Estado central a regulação e monitorização do sistema educativo, assim como o envio das verbas aos municípios, para a sua gestão – uma opção próxima do que sucedeu na Suécia, na mesma década.

Terceiro, um reforço da autonomia pedagógica das escolas e dos professores. O que se passa dentro da sala de aula – desde a abordagem pedagógica à escolha dos materiais de apoio (manuais, etc.) – passou a ser da exclusiva responsabilidade do professor.

Os professores foram incentivados a usar essa autonomia para diversificar e, deste modo, quebrar a uniformidade do sistema polaco que saiu do período de ocupação soviética.

Na gestão das escolas, os diretores passam a ser responsáveis por um leque ampliado de decisões que, até então, estavam fora do seu alcance – por exemplo, questões financeiras.

Quarto, introdução de exames nacionais. Como geralmente acontece nos países onde se observam elevados níveis de autonomia escolar, os agentes políticos optaram por exames nacionais padronizados, simultaneamente, enquanto ferramenta de monitorização do sistema e de certificação da aquisição das aprendizagens.

Em 2002, tiveram lugar os primeiros exames nacionais (nas disciplinas obrigatórias) para todos os alunos que estavam no ano escolar final do respectivo nível do ensino básico – ou seja, no 6.º e 9.º anos.
Nos anos seguintes, a tendência estendeu-se ao ensino secundário.

Quinto, uma nova carreira docente foi introduzida, com quatro níveis salariais de estreita relação com a formação dos professores. Ou seja, quanto mais formação tivesse o professor, maior a sua probabilidade de atingir um nível salarial mais elevado. O objetivo foi incentivar os professores a apostar na sua formação e, por esta via, ter professores melhor preparados para os desafios da sala de aula – com formação inicial de qualidade e formação contínua tão frequente quanto possível.
Ora, nenhuma reforma se executa de uma vez e, por isso, ao longo do tempo foram sendo feitos ajustes nestas alterações profundas (figura 2).

Em 2009, introduziu-se um sistema de avaliação das escolas – até então, a supervisão pedagógica das atividades das escolas, sendo competência do Estado, assegurava-se através de inspeções rotineiras sobre aspectos burocráticos da gestão escolar.

Em 2012 e até 2015, facilitou-se o acesso ao pré-escolar (preços mais acessíveis) e aumentou-se a escolaridade obrigatória para os 6 anos (ensino básico) e, depois, para os 5 anos (ainda no pré-escolar) – antes, a obrigatoriedade começava aos 7 anos e a Polônia tinha uma das mais baixas taxas de frequência de ensino pré-escolar na UE.

Em ambos os casos, as medidas resultaram dos relatórios das organizações internacionais que, fazendo o acompanhamento da reforma de 1999, foram sugerindo pequenos acréscimos. Ao implementá-los, a Polônia estaria, logo de partida, subindo mais um degrau na melhoria do seu sistema educativo.

A melhoria no PISA é resultado da reforma de 1999?
É a partir daqui que o tema se complica. Por um lado, houve uma reforma que alterou a organização do sistema educativo e que atravessou anos de políticas públicas de Educação.

Por outro, nos quinze anos que se seguiram, houve uma melhoria dos desempenhos dos alunos polacos nas avaliações internacionais.

A coincidência sugere que houve uma relação causa-efeito mas, como a realidade nem sempre é linear, há que se confirmar essa relação.

Pergunta: a melhoria dos alunos polacos resulta mesmo da reforma de 1999? Resposta possível: sim.

Como sempre acontece nas reformas políticas que são imediatamente implementadas a nível nacional (em vez de se recorrer antes a um projeto-piloto que experimente a sua implementação num ambiente geográfico controlado), é particularmente difícil ter uma comprovação absoluta dessa relação. Mas a resposta possível vai no sentido de se confirmar essa relação e os vários indicadores parecem confirmá-la.

Vejamos três questões centrais que, na literatura acadêmica, justificam a convicção do sucesso da reforma de 1999.

Primeiro, os intervalos temporais.
Em 2000, nenhum dos alunos avaliados no PISA havia tido contacto com as alterações ao sistema educativo – ou seja, o ano de 2000 serve, de fato, de ponto de comparação para o que veio depois. Logo na avaliação seguinte, em 2003, os alunos de 15 anos haviam tido três anos escolares no novo ciclo do ensino básico – e evidenciaram melhorias.

Nas seguintes, o efeito continuado da exposição dos alunos às alterações introduzidas tornou ainda mais vincada essa diferença face a 2000.

Segundo, as melhorias dos desempenhos dos alunos são transversais e continuadas.

Ou seja, as evidências do PISA são muito fortes, confirmadas a cada avaliação, e não meramente casuais. A distância dos resultados dos anos mais recentes face a 2000 (em termos de desempenhos, acesso e equidade do sistema) é tão grande que não é possível questionar a sua relevância analítica: de 2000 para a frente, há efetivamente uma melhoria consolidada no sistema educativo.

Polônia x países vizinhos


Se é certo que estes dois pontos estabelecem uma relação entre a reforma e a melhoria de resultados, fato é que não servem de garantia da existência de uma relação causa-efeito.

Há dúvidas legítimas que permanecem: por exemplo, tendo a Polônia recuperado a sua independência da União Soviética, terá a “libertação” do sistema educativo tido impacto no desenvolvimento dos alunos? A resposta possível é que não.

E surge através da comparação regional com outros países que viveram a mesma situação que os polacos: na região europeia onde se insere, a Polônia é um caso isolado (gráfico 3). Isto é, nenhum dos seus vizinhos (também eles países em transição após terem sido ocupados pela União Soviética até 1991 – República Tcheca, Eslováquia, Hungria) tem resultados nas avaliações internacionais que possam sequer rivalizar.

Conclusão: a melhoria dos desempenhos na Polônia tem especificamente a ver com as opções políticas no país. E a sua principal opção política foi reformar o sistema educativo em 1999.

Discutir os méritos, reverter a reforma
Para muitos, as respostas acima não foram suficientes – e, de fato, elas não estabelecem a 100% a relação entre a reforma e a melhoria de resultados. Daí que as opiniões sobre esta relação causa-efeito se tenham se dividido entre duas posturas políticas, que marcaram os últimos anos do debate educativo na Polônia.

De um lado, quem defende a reforma e o seu aprofundamento, como sucedeu entre 2009 e 2012. Do outro lado, a partir de 2016, quem questione a sua validade e proponha uma completa inversão de rumo e um assumido regresso ao passado.

É esse o ponto atual.

Ministros da Educação desde 1999: 11 ministros
Entre 1999-2016, a Polônia teve 11 ministros da Educação de 5 partidos diferentes

Os 11 ministros da Educação vieram de 5 partidos políticos diferentes, além de independentes entre si. Em campanha eleitoral, e depois de tomar posse, a atual ministra da Educação lançou o alerta para o que vinha: reverter a divisão tripartite do sistema, regressando à versão anterior a 1999 e acabando com os “gymnasiums”.

Porquê?
Por três principais razões.

Primeiro, para a promoção da equidade do sistema educativo, uma vez que os “gymnasiums” estariam, alegadamente, a intensificar as desigualdades socioeconômicas entre escolas.

Segundo, para aumentar os anos de formação no ensino secundário (que passam de três anos escolares para quatro).

E, terceiro, para dar mais importância ao papel das escolas vocacionais, ligando a sua formação ao sistema nacional de qualificações.

Dito assim, parece tudo muito certo. Mas é mesmo aqui que começam os problemas políticos.

Primeiro, estes objetivos têm pressupostos que contrariam as evidências do PISA sobre a reforma de 1999, principalmente o seu impacto no combate às desigualdades sociais nas escolas.
Segundo, acabar com os “gymnasiums” implica tirar das escolas milhares de professores (estima-se que o valor atinja os 40 mil), que poderiam ficar sem colocação futura – e, por isso, os sindicatos de professores têm sido a principal fonte de resistência à decisão do governo.

Ora, a decisão parece contrariar os dados conhecidos, mas não nasceu do vazio. Enquanto a Polônia foi sendo elevada a um caso de sucesso, muitos mantiveram as suas dúvidas e críticas e, de acordo com a ministra da Educação, a reforma de 1999 nunca foi verdadeiramente aceita pela sociedade polaca.

Essa cisão de visões ficou patente, em Dezembro de 2016, quando o tema da reversão da reforma chegou ao parlamento polaco. Entre os deputados do PiS governista, com maioria absoluta, as acusações à reforma de 1999 foram transversais.

Desde logo, havia que regressar às escolas normais e acabar com os “gymnasiums”, que estavam a deteriorar a aprendizagem dos alunos. Depois, as escolas serviam só para preparar alunos para os testes – e daí os bons resultados no PISA que, por isso, seriam indicadores errôneos de qualidade.

Por fim, o currículo nacional do atual sistema estava desatualizado das necessidades dos alunos – por exemplo, na disciplina de História, onde de acordo com os defensores do governo estava fazendo falta uma “educação patriótica”.

Este ponto, sobre o currículo, tem aliás justificado atenção internacional, sendo várias as vozes a acusar o governo de retirar horas das disciplinas de ciências e de apostar em programas curriculares que reescrevem a História com base nos valores do movimento político no poder.

Apesar da oposição e das críticas, a maioria parlamentar garantiu que a decisão avançasse. A reforma foi anunciada e apresentada ao público em Junho de 2016, sendo aprovada no parlamento no final do ano e ratificada pelo Presidente da República em Janeiro de 2017.

Na sociedade civil, com muitos protestos organizados pelos sindicatos, procurou-se em vão bloquear a sua implementação. Pelas contas dos sindicatos de professores, até 2019, estão em causa o desaparecimento de 7 mil “gymnasiums” e o desemprego de 40 mil professores – 9 mil já em Setembro. As decisões estarão em vigor já no próximo ano letivo.

So what?
As três lições a retirar do caso polaco

Primeira lição.
A estabilidade reformista compensa. Em vez de seguir aos ziguezagues, a Polônia implementou uma reforma educativa de longo alcance que, tanto quanto é possível demonstrar, está na base da melhoria dos desempenhos dos seus alunos nas avaliações internacionais do PISA.

Essa reforma começou em 1999 e aguentou anos de alternância política, tornando-se consensual por via dos seus resultados. De resto, essa reforma foi no sentido de muitas outras no contexto europeu – descentralização, avaliação externa, reforço da autonomia das escolas, aposta na formação de professores – e foi sendo aprofundada por sucessivos governos.

Segunda lição.
A ausência de uma cultura de políticas públicas guiadas por evidências e resultados mensuráveis pode pôr em causa anos de avanços na Educação. A recente reversão política no setor educativo polaco não se sustenta em estudos ou avaliações credíveis, mas num olhar nostálgico sobre o sistema educativo pré-1999.

Daí que o debate político esteja, em grande medida, sendo conduzido à volta de pressupostos errados – por exemplo, a afirmação de que o sistema polaco é hoje socialmente mais desigual do que era, várias vezes referida pela atual maioria parlamentar, contraria absolutamente os indicadores do PISA.

Quando as políticas são definidas por preconceitos, em vez de por fatos, a probabilidade de errar é mais elevada.

Terceira lição.
Os riscos de um debate alheio às evidências empíricas e às avaliações internacionais é que, a partir de determinado momento, as políticas públicas ficam sujeitas a agendas partidárias.
Na Educação, porque envolve a formação de jovens, o risco de politização dos programas e dos conteúdos de aprendizagem é particularmente elevado e grave.

Na Polônia, há quem aponte a intenção do atual governo de introduzir no sistema
seus valores políticos. Seja ou não o caso, o risco existe: a soma de poder (por via de uma maioria parlamentar) e de alheamento aos fatos abre portas à instrumentalização da Educação.


Fonte: observador.pt
Texto: Alexandre Homem Cristo
Adaptação para o português do Brasil: Ulisses Iarochinski

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Batalha na Polônia pela única floresta antiga da Europa

Foto: Krystian Maj/Agence France-Presse — Getty Images
No final do último mês de junho, cerca de 30 manifestantes reunidos de madrugada, em Postołowo, uma cidadezinha no Nordeste da Polônia.
Na borda de uma floresta, eles se acorrentaram a um imenso trator vermelho que arranca árvores com raiz e tudo. Máquina que corta até 200 árvores por dia, para fazer uma declaração contra o desmatamento em larga escala na última floresta primitiva na Europa.

O Parque Nacional de Białowieża, é área protegida e está localizado na voivodia da Podláquia (Podlaska), na fronteira com a Bielorrússia.
O parque tem 10.502 hectares, sendo que a parte mais antiguíssima é uma Reserva Integral (Rezerwat Ścisły) com 4.747 hectares e que encontra-se no centro da Floresta Primeva Bialowieża,

"Este é um solo sagrado, e há a necessidade de protegê-lo", disse Klaudia Wojciechowicz, artista de 41 anos de idade, que dirigiu seu carro a metade da noite para chegar a Postołowo.

A floresta de Bialowieża, Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas, tem sido um campo de batalha há mais de um ano entre o governo conservador do país e dezenas de cientistas e defensores do meio ambiente. Autoridades polacas alegam que estão protegendo a floresta de uma infestação violenta de besouros, os empregos de moradores da região nas indústrias madeireiras.

"Eles querem destruir a floresta", disse Mariusz Agiejczyk e gerente distrital da floresta, observando os manifestantes de longe em meio à névoa do amanhecer. Ele disse que a infestação tinha destruído 4.047 hectares de floresta. "Se não fossem estes auto-intitulados ecologistas, nós poderíamos ter salvo aqueles hectares."

Mas os manifestantes, apoiados por ambientalistas, dizem que todas as operações invasivas na floresta primitiva põe em perigo seu ecossistema.
Estes ambientalistas são apoiados pela União Europeia, cujo braço executivo já avisou o goveno polaco que se ele não parar com o desmatamento, será processado pelo Tribunal de Justiça Europeu, acusado de violar as regras do bloco sobre a proteção ambiental.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, ou Unesco, está do lado dos ambientalistas, também. Na semana passada, durante reunião do Patrimônio Mundial, em Cracóvia, os delegados aprovaram uma decisão em que pede ao governo polaco que interrompa a exploração de madeira na floresta, especialmente nas áreas de árvores de mais antigas. A Unesco também está considerando colocar a floresta na Lista do Patrimônio Mundial sob ameaça de extinção, geralmente listado em terras e territórios ameaçadas por conflitos armados e desastres naturais.

"É um laboratório biológico único, no qual podemos observar como aconteceram os processos naturais de 10.000 anos atrás", disse Tomasz Wesołowski, biólogo florestal da Universidade de Wrocław. "Mexer em qualquer coisa dentro da floresta é uma barbaridade."

O protesto organizado em Postołowo foi apenas um de uma série de atos de desobediência civil organizados, aqui, recentemente por ambientalistas para bloquear a exploração madeireira.

"Nós já tentamos de tudo - desde negociar com o ministério, até alertando as instituições internacionais", disse Katarzyna Jagiełło, funcionária do Greenpeace polaco. "Chegou a hora de tomarmos medidas desesperadas."

Foto: Kacper Pempel/Reuters
A floresta de Bialowieża está localizada nas terras baixas da Europa, fronteira entre a Polônia e Bielorrússia. Considerada uma relíquia entre as florestas antigas. Ela possui algumas das maiores e mais antigas árvores do continente europeu, bem como espécies raras e extintas em outros lugares. É também o lar da maior manada de bisões na Europa (existem outras duas apenas, uma na própria Polônia, em Niepołmice, perto de Cracóvia, e na Hungria que recebeu do governo polaco exemplares do bisão de Bielowieża).



A biodiversidade da floresta é imensa e é comparável a das florestas tropicais, disse Wesołowski, que tem visitado Bialowieża, nos últimos 43 anos, sempre na primavera.

Ainda assim, funcionários do governo dizem que Bialowieża não é uma floresta que se possa chamar de virgem, ou seja, um lugar onde são geradas espontaneamente variedades de espécies de árvores em tamanhos e classes etárias sem que tenha havido um mínimo de interferência humana.

"Não há uma única parte desta floresta que não tenha sido tocada por mão humana", diz Grzegorz Bielecki, um dos gerentes da floresta.

Isso não importa, rebatem os ambientalistas. "Dificilmente um lugar qualquer na Terra não tenha sinais de atividade humana", disse Jerzy Szwagrzyk da Universidade Agrícola de Cracóvia, um especialista em ecologia e silvicultura. "Mas de modo algum isso muda o significado desta floresta. Não há outro lugar como este no continente".

O ministro do meio-ambiente da Polônia, Jan Szyszko, um ávido caçador e antigo explorador florestal, disse recentemente no Parlamento de seu país que a UNESCO tinha "ilegalmente" listado a floresta de Bialowieża como Patrimônio Mundial, em 2014, e por isso mesmo, pediu que o Ministério Público investigue a designação do organismo mundial.

Szyszko se queixou em um painel apresentado por uma agência de notícias de ideologicamente de direita que a floresta de Bialowieża havia se tornado "uma espécie de carro-chefe para os movimentos de esquerda libertinos da Europa Ocidental."

Funcionários governamentais que administram as florestas que são propriedade do Estado, dizem que a infestação de besouros da casca do Abeto eclodiu em 2012, depois que o governo anterior de centro-direita reduziu significativamente o volume de madeira que podia ser explorado. Como resultado, dizem os funcionários do governo, que mais de 10 por cento dos Abetos foram atacados.

Foto: Wojtek Radwanski/Agence France-Presse — Getty Images
O atual governo triplicou os volumes de extração para as madeireiras em fevereiro de 2016, e revogou a proteção existente para árvores são mais de um século de idade. Desde 2012, as madeireiras derrubaram quase 180.000 árvores que segundo elas estariam infectadas. Das árvores derrubadas este ano, 25% tinham pelo menos 100 anos de idade.

Szwagrzyk, da Universidade Agrícola disse que, desde quando o corte foi permitido para certas áreas na floresta - excluindo as reservas naturais e o parque nacional - a pequena infestação continuou a se espalhar para áreas que fora dos limites de Bielowieża, mesmo com as árvores infectadas terem sido removidas.

O complicado estatuto jurídico da floresta contribuiu para as dificuldades encontradas para proteger a floresta primeva. A Polônia e a Bielorrússia tem administrado suas porções separadamente por décadas.

A parte polaca tem mais de 20 reservas naturais, um parque nacional e uma floresta comercial. As divisas de algumas das reservas não são claras, levando a disputas sobre nestas áreas permitidas às empresas madeireiras.

A melhor solução, e nisso os especialistas concordam, seria transformar toda a floresta em um parque nacional, mas o atual governo conservador da Polônia  tem torpedeado todos os esforços nesse sentido.

O destino de árvores mortas pelo besouro é outro ponto em disputa. Os madeireiros defendem que madeira infectada deve ser cortada por razões de segurança. Mas os ambientalistas afirmam que a madeira em decomposição é  ingrediente indispensável em uma floresta primitiva. Cerca de 40 por cento de todos os organismos que vivem nela, incluindo insetos, fungos e aves, estão criticamente dependente dos abetos mortos ou a prestes a morrer.

Os ecologistas dizem que a direção das Florestas Estatais está cortando as árvores mortas porque precisa do dinheiro proveniente da exploração comercial. A instituição é obrigada a ser financeiramente auto-suficiente, e quase 90% de sua receita - 7 bilhões złoty (cerca de US$ 2 bilhões de dólares) em 2015 - veio da venda desta madeira.

O escritório do distrito florestal disse que não mantêm registros das árvores mortas removidas, mas Bielecki, um dos gerentes distritais, chamou as acusações de "profundamente injustas".

Enquanto o destino da floresta está sendo considerado o biólogo Wesołowski, advertiu que algumas coisas não podem ser desfeitas. "Não podemos restaurar a floresta primitiva", disse ele.

"Se pudéssemos, teríamos feito isso já em algum lugar perto de Berlim ou Londres. Nossa floresta de Bialowieża é o único lugar, onde alguns idiotas, estão tentando destruir".

Fonte: The New York Times
Texto: Joanna Berendt
Tradução: Ulisses Iarochinski

Palavras polacas - 20


Palavra - pronúncia - tradução

Scyzoryk - stssêrêk (canivete suíço)
Grzebień - gjébiéhn (pente)
Pasek - ssék (cinto)
Latarka -tárcá (lanterna)
Zapalniczka - zápálnitchca (isqueiro)
Krawat - crávát (gravata)
Karabińczyk - cárábinhtchêk (prendedor de chaves)
Wieszak - viéchák (cabide)
Piersiówka - piérchiufcá (frasco)

A maioria das palavras polacas são paroxítonas, portanto a sílaba tônica, ou forte é a penúltima. Uma consoante sozinha no final das palavras, não é uma sílaba, portanto, não é a última. 
Estão sublinhadas e em negrito as sílabas fortes, tônicas.

sábado, 8 de julho de 2017

Morreu em Curitiba o violonista Jerzy Milewski


Jerzy Milewski morreu de câncer no sistema digestivo, no último dia 23 de junho, em Curitiba, aos 70 anos de idade.

Ele nasceu em Varsóvia em 1946. Milewski deixa a viúva, um casal de filhos e quatro netos. Considerado um dos mais importantes violinistas do Brasil, que o acolheu como cidadão polaco e depois lhe concedeu a naturalização brasileira.

O violinista polaco veio morar no Brasil, fixando residência no bairro da Urca, Rio de Janeiro, depois de conhecer na Polônia, a pianista catarinense Aleida Schweiter, em 1968, quando ela era uma bolsista na Academia de Música de Varsóvia. Jerzy (pronuncia-se iéji) se casou com a brasileira e passou a morar no Brasil a partir de 1971.

NA POLÔNIA
Já aos seis anos Milewski era considerado um prodígio em Varsóvia, onde fez seus estudos na Academia de Música, o que o tornou dono de uma técnica brilhante, uma sonoridade dourada e um talento invejável. Seu repertório era muito grande.
Executou todos os grandes compositores da literatura do instrumento. Era exímio em todos os estilos, inclusive o jazz. Após seus estudos na Polônia, apresentou-se em vários teatros da Europa, Ásia e Américas, o que lhe valeu o reconhecimento do governo polaco, com a outorga da medalha Henry Wieniawski.

NO BRASIL
Na sua discografia, ele tem 26 CDs gravados no Brasil, como a Obra Completa para Violino e Orquestra de Bach, As Quatro Estações, de Vivaldi, Jerzy Milewski e Luís Eça Ensemble, Tocando Brasil, Alma Cigana, Lupi Instrumental e Ecos e Reflexos.
Gravou vários CD’s onde interpretou músicas de artistas conhecidos como Djavan e Milton Nascimento.

No Brasil fez uma importante carreira como violinista clássico, solista e sobretudo com o Duo Milewski, que era formado há mais de três décadas com sua mulher, a pianista Aleida Schweiter.

Durante quatro anos, de 1973 a 1977, foi spalla da Orquestra Sinfônica Brasileira. Seu humor era refinado, muito inteligente.

Entrevistas do youtube

https://www.youtube.com/watch?v=DEJVgA-fdbM

https://www.youtube.com/watch?v=T13nZK5X7vA

Fonte: Jornal do Brasil Online

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Polônia: potência mundial em ascensão

A próxima potência econômica mundial?
A Polônia.
Esqueça China e Índia, Rússia e Brasil.
A Polônia, crescendo à moda antiga, através da manufatura, tem grandes chances de se tornar a próxima nação rica do mundo.


Se enriquecer é difícil em termos individuais, para os países é bem mais complicado. Dos mais de 190 monitorados pelo FMI, pouco mais de 40 têm economias complexas e sólidas; o resto é conhecido como "emergentes" e, desses, a maioria é classificada assim desde sempre. O último a entrar para essa elite mais avançada foi a Coreia do Sul, há vinte anos – e o próximo a ser admitido nesse clube tão seleto deve ser a Polônia, uma revelação econômica de que poucos têm conhecimento e que Trump está visitando esta semana, em sua segunda viagem internacional no cargo.

Ele se reunirá com os líderes do PiS Partido Direito e Justiça, que ficaram felicíssimos com o fato de o americano ter escolhido visitar Varsóvia antes de ir a Berlim, Paris ou Bruxelas, e participar de uma reunião para promover as relações econômicas regionais na Europa Oriental. Outros governantes europeus se mostram desencorajados pela forma como o populismo trumpiano se reflete no nacionalismo de direita de seus anfitriões polacos, já que ambos foram classificados como ameaças à ordem ocidental pós-guerra. Entretanto, dois anos da tal política não afetaram um quarto de século de progresso econômico sólido daquela nação.

Anti-Rússia, pró-EUA
O FMI tem uma definição complicada para o que é "complexo", mas basicamente ela se refere a todos os países cuja renda per capita é de, no mínimo, US$15 mil. Desde que a Polônia concluiu a transição do comunismo para a democracia, em 1991, sua economia vem se desenvolvendo a um nível anual médio de 4% (mais efetivamente desde 2008) e, surpreendentemente, desde então não teve nenhum período de crescimento negativo. Nesses 25 anos, a renda média polaca pulou de US$2.300 para quase US$13 mil e tem tudo para superar a marca dos US$15 mil na virada desta década.

Esse é o resultado da austeridade fiscal em longo prazo estipulada pelo seu governo e o rompimento drástico com o comunismo. Após o colapso do bloco soviético, a Polônia se distanciou o máximo que pôde da Rússia e adotou a disciplina financeira e as reformas institucionais exigidas para fazer parte da União Europeia.

Na última década, Varsóvia despontou como o oposto conservador da Moscou decadente; seus magnatas, sérios, são praticamente incapazes da autopromoção tão comum entre os oligarcas russos, e adotaram um empreendedorismo no estilo americano com um entusiasmo raramente visto em qualquer outro lugar no continente.

Esse traço pró-EUA e anti-Rússia vai muito além do que qualquer vertente populista atual, fazendo da Polônia um aliado americano natural e cada vez mais forte. Antigamente a relação se baseava nas questões militar e geopolítica, mas ela já é um dos poucos membros da OTAN a alcançar a meta de gasto de pelo menos dois por cento do PIB com a defesa – e esta reunião muda o foco para a economia regional em um momento de ascensão.

Milagre polaco
Desde a Segunda Guerra Mundial, as poucas nações pobres que conseguiram enriquecer o fizeram em núcleos regionais, começando com Itália, Espanha e outras no sul europeu, e também no leste da Ásia: Japão, Coreia do Sul e Taiwan passaram despercebidos vários anos antes de terem suas economias reconhecidas como "o milagre asiático".

Agora é o Leste Europeu que está em alta, também de forma discreta, com países pequenos como a República Tcheca abrindo caminho, e a Polônia logo atrás. Com uma população de quase 40 milhões e uma economia de meio trilhão de dólares que já é a 24ª do mundo, é grande o bastante para colocar toda a região no mapa econômico global.

A Polônia está progredindo da mesma forma que os milagres asiáticos, ou seja, como potência manufatureira, embora as dificuldades hoje sejam muito maiores. O setor está perdendo espaço na economia mundial e, com a China assumindo a maior parte de uma indústria cada vez menor, são poucas as nações que ainda conseguem expandir suas exportações. Esse grupo seleto, que não conta com mais de meia dúzia de integrantes, é composto pela Coreia do Sul, a República Tcheca e a Polônia.

Nenhum outro campo tem tanto impacto na geração de empregos e nos ganhos de produtividade e força para tornar um país rico. Com a moeda desvalorizada e salários relativamente baixos, ainda equivalentes a um terço dos alemães, ela tem cacife para competir com as potências asiáticas. Suas exportações manufatureiras correspondem a 33 por cento do PIB, muito acima da média dos emergentes, que é de 22.

Estabilidade
Além disso, o segredo para ficar rico tem menos a ver com rapidez e mais com estabilidade. Diversas economias emergentes conseguiram gerar períodos de crescimento rápido, geralmente bem acima dos quatro por cento polacos, mas acabaram perdendo o que ganharam com dívidas e crises, como Brasil e México no início dos anos 80 e Indonésia e Tailândia no final da década de 90.

Outras continuam instáveis em parte porque ainda dependem da exportação de matérias-primas como petróleo ou soja, atreladas assim à sorte e à volatilidade do mercado global de commodities. Entre os principais produtores de petróleo, por exemplo, 90% não são mais ricos que os EUA do que eram quando começaram a produzir; na verdade, a maioria está mais pobre.

Hoje, dos treze países de renda média entre US$10 mil e US$15 mil, nove continuam dependentes desse setor, incluindo Brasil, Rússia e Argentina; os outros quatro estão na Europa Oriental, liderados pela Polônia.

É pouco provável que uma dessas economias tenha um crescimento estável a ponto de se tornar um país rico, pelo menos não em longo prazo. Países como Argentina e Venezuela se tornaram, ao longo do último século, quase tão ricos quanto os EUA, mas tropeçaram em uma crise após a outra.

O sucesso na exportação da manufatura pode estabilizar uma economia em ascensão gerando uma fonte de renda externa confiável, permitindo que o país invista pesado sem se envolver em dívidas astronômicas. Foi isso que aconteceu com a Polônia. Uma exceção é a China, o gigante do setor: em uma iniciativa precipitada de estimular o crescimento, após a crise financeira de 2007, o governo chinês encorajou a grande expansão do financiamento interno, o que elevou as dívidas a quase 300 por cento do PIB, risco esse que reduz suas chances de se tornar o próximo país rico.

Esqueça o Brasil
Se há alguma ameaça ao sólido crescimento polaco, sem dúvida é a guinada autocrática recente. Seu governo gerou críticas dos líderes do bloco por interferir em questões jurídicas, reprimir a imprensa e os dissidentes e se recusar a aceitar refugiados muçulmanos.

Porém, quando o PiS - Direito e Justiça assumiu o poder, o temor era de que interromperia o crescimento por conta da ingerência no setor privado e a tentativa de cumprir promessas populistas impraticáveis. Embora tenha atingido as metas de redução da idade de aposentadoria e subsídio das famílias com dois ou mais filhos, até agora essas medidas não causaram muitos prejuízos.

O déficit e a dívida pública continuam sob controle; a moeda permanece estável, as exportações continuam a crescer e a balança comercial está positiva. Desde o início dessa fase promissora, em 1991, cerca de 80% do crescimento do país são gerados pelo setor privado, que mantém o ritmo forte.

Esqueça China e Índia, Rússia e Brasil. A Polônia, crescendo à moda antiga, através da manufatura, tem grandes chances de se tornar a próxima nação rica do mundo. E, como Trump vai comprovar, é uma aliada essencial não só na linha de frente da OTAN, mas como líder do bloco econômico mais vibrante do mundo atualmente.

Fonte: The New York Times
Texto: Ruchir Sharma, autor de "Os Rumos da Prosperidade", é estrategista global da Morgan Stanley Investment Management.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

O zoológico de Varsóvia vem ao Brasil


Os horrores da guerra e a coragem de alguns para esperança de outros. Dirigido pela cineasta neo Zelandesa Nick Caro (do excelente Encantadora de Baleias) e baseado em histórias do livro The Zookeeper’s Wife: A War Story, de Diane Ackerman, O Zoológico de Varsóvia é mais um recorte das histórias da maior das grandes guerras, onde milhares de lares foram extintos e onde poucos conseguiram ajudar quem mais precisava.

Explorando todo o contexto que cercava a Polônia em época de guerra, o filme conta com uma bela fotografia mesmo que em alguns momentos o roteiro seja um pouco arrastado. No papel principal, Jessica Chastain prova que uma boa atriz consegue fazer de um filme bom algo inesquecível.

Na trama, voltamos à Polônia, no final da década de 30, perto da invasão nazista, onde o casal Antonina (Jessica Chastain) e Jan (Johan Heldenbergh) vivem felizes administrando um zoológico bastante frequentado em Varsóvia.

Capa do livro à venda no Brasil

Quando a invasão nazista chega mais forte na Polônia, a rotina da família é modificada, resolvendo abrigar dezenas de judeus perseguidos pelos alemães por todos os lados na capital polonesa. Dedicando seus esforços nesse tempo de guerra e perseguição, o casal precisará com Lutz Heck (Daniel Brühl) que antes um amigo acaba se tornando um dos chefes da invasão nazista naquela parte da Polônia.

O filme é muito detalhista quanto ao contexto histórico que ocorre e explica um pouco sobre o maior gueto judaico estabelecido pela Alemanha Nazista na Polônia durante o Holocausto, o Gueto de Varsóvia. Exatamente por esse gueto e conseguindo entrar e sair, Jan, alegando buscar comida para os porcos que eram criados no zoológico para alimentar as tropas nazistas lá instauradas, consegue retirar dezenas de judeus e os colocar em seu caminhão a caminho a sua casa, onde, ajudam os judeus a fugir com documentação falsa.

A personagem principal, divinamente interpretada por Jessica Chastain, é a grande alma do filme. Sua delicadeza e coragem com que encara essa nova fase em sua vida é algo bem nítido nas emoções da personagens, principalmente nos diálogos com seu marido e o modo como tenta lidar com as ações e observações de Lutz Heck.

Antonina é uma guerreira da era moderna, sua luta é ajudar a quem precisa mesmo que isso coloque ela e sua família em constante perigo. Todo o carinho e dedicação com sua família refletem nos novos hóspedes que abriga, respeitando suas tradições e sendo uma referência para as crianças que ficaram longe de suas famílias.

A beleza de gesto positivos de generosidade e coragem dessa família vale todo o filme. O Zoológico de Varsóvia chega aos cinemas brasileiros em breve. Nick Caro consegue realizar mais um projeto com alma e muito delicado. Vale muito a pena conferir.

Fonte: CinePop
Texto: Raphael Camacho

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Palavras polacas - 19

Czapka - tchápca (touca)
Rękawiczki - rencávitchqui (luvas)
Szalik - chálik (cachecol)
Kalesony - caléne (ceroula)
Piersiówka - piérchiufca (frasco de quadril)
Skarpety - scárte (meias)

A maioria das palavras polacas são paroxítonas, portanto a sílaba tônica, ou forte é a penúltima. Estão sublinhadas e em negrito as sílabas fortes, tônicas. Uma consoante sozinha no final das palavras, não é uma sílaba, portanto, não é a última.