terça-feira, 31 de março de 2009

Quem é Paweł Zyzak?

Foto: Paweł Sowa

Kim jest Paweł Zyzak? (Quem é Paweł Zyzak?) Com esta pergunta em manchete, os jornais da Polônia chegaram às bancas nesta terça-feira. Todos querem saber quem irritou tanto Lech Wałęsa, a ponto dele ameaçar devolver o Prêmio Nobel e ir embora da Polônia para nunca mais voltar, "não posso viver numa sociedade que não respeita nada, devolvo todos os prêmios e vou embora daqui", disse ontem o sindicalista que mudou a face do mundo.
No programa de entrevistas, líder de audiência da televisão polaca, o jornalista Tomasz Lis entrevistou o presidente do Sejm (Câmara dos Deputados) Bronisław Komorowski sobre o assunto, na noite desta segunda-feira. Durante o programa os telefones da TV foram abertos para que os telespectadores opinassem sobre o Instituto da Memória Nacional - IPN. Instituição que tem feito tudo para destruir a imagem do herói dos tempos modernos do país, Lech Wałesa. O resultado da enquete televisiva apontou que 67% dos telespectadores querem o fechamento do Instituto, enquanto apenas 33% são pela sua continuidade. Ninguém deseja que o ex-presidente da República devolva o Nobel da Paz e tampouco deixe a Polônia.
Depois deste segundo livro lançando mentiras sobre o passado de Wałęsa é preciso dar um basta neste Instituto financiado pelo governo da República, e que se transformou com a ascensão de Lech Kaczyński na presidência do país, no tribunal da inquisição moderno polaco. A caça às bruxas do período comunista não tem quartel. O primeiro livro de dois historiadores do IPN foi lançado em setembro do ano passado e acusava o líder do Solidariedade de em 1970 ter sido o espião da SB, "Bolek". Wałęsa levou o caso a justiça e pelo menos uma mentira dos dois historiadores já foi desmascarada. O policial que acusava Wałęsa e que no livro já estava morto, reapareceu, prestou depoimento e disse que nunca disse a ninguém que o eletricista era "Bolek".
Agora, o autor do livro "Lech Wałęsa. Idea i historia" e do artigo "Diabeł jest zoofilem" tem 24 anos e defendeu dissertação de mestrado em história, ano passado, justamente com o tema que virou livro. Atualmente ele é pesquisador da seção IPN de Cracóvia. Antes de Cracóvia, Zyzak morava em Bielsko Biała, onde era um fervoroso membro do Fórum da Juventudade do PiS (Partido Direito e Justiça), mesmo partido do presidente Lech Kaczyński.
Zyzak escreveu neste livro, entre outras coisas, que o ex-presidente teve um filho fora do casamento e que colaborou com a SB - polícia secreta do governo comunista. O livro nem bem saiu às livrarias e já está sofrendo críticas de historiadores, que sugerem jogar fora a obra de Zyzak, pois segundo eles, Zyzak se serviu de informações de pessoas anônimas e sem provas evidentes. "É tudo invenção", brada o ex-líder do Sindicato Solidariedade.
Em maio de 2006, o jovem militante de direita Paweł Zyzak, enviou carta ao prefeito da cidade de Bielsko Biała, onde morava, escrevendo que, "deve-se impedir a circulação do jornal "Gazeta Wyborcza" na escola. Este jornal faz propaganda negativa, semeia o ódio ao Estado polaco, mancha toda a classe política, e nisto leva junto os poderes das cidades e do campo". Zyzak queria que o prefeito Jacek Krywult ordenasse aos diretores das escolas que não encerrassem a assinatura do principal jornal do país e impedisse a leitura do mesmo nas escolas.
Em julho daquele mesmo ano, durante uma manifestação nas ruas, afirmava que "esta é uma execução pública simbólica da resolução do Parlamento Europeu". Tal resolução acusava a Polônia de ser um país intolerante. Ele acrescentava, naquela ocasião, que aos "eurodeputados polacos que haviam votado favoravelmente àquela resolução do Parlamento, se lhes deveria cortar os dedos, o nariz e as orelhas e finalmente baní-los da Polônia". Um mês depois voltou a se manifestar no jornal "W prawo zwrot!" (A volta da direita) com o artigo "Diabeł jest zoofilem" (O diabo é zoofílico). O tema principal de seu artigo foi que o homossexualismo é coisa do diabo. "Pedały (bichas), utilizam-se de uma só vez da palavra para habilmente buscar a compaixão humana".
No seu mestrado na Faculdade de História da Universidade Iaguielônia teve acompanhamento de professores doutores habilitados, que claramente misturam atividade acadêmica com militância no partido de direita PiS. Há entre estes, há quem represente o partido na "Rada" (Conselho) da Cidade de Cracóvia. Quando a caça às bruxas do governo Kaczyński começou, professores e alunos identificados com a esquerda, ou com o passado comunista foram afastados da Faculdade de História. Professores de inclinação conservadora foram promovidos e alunos como Zyzak incentivados. Um estudante brasileiro perdeu seu orientador de tese, por causa disso. Já a dissertação de mestrado de Zyzak acabou sendo publicada pelo seu orientador, que é ao mesmo tempo, editor-chefe da editora Arkana, a mesma que lançou o livro polêmico do recém-formado estudante.
P.S. Parece que parte da juventude polaca, da qual se esperava uma compreensão maior do passado tem se encaminhado exatamente no sentido de copiar os passos do grande carrasco da sua nação: Hitler. Em seu favor alegam que o passado comunista, mais recente, foi pior do que a destruição de Varsóvia e a morte de 6 millhões de compatriotas na segunda guerra mundial. Ledo engano, pois o comunismo católico apostólico romano da Polônia teve tudo menos cores esquerdistas. Nenhum outro país comunista foi tão conservador e de direita como a Polônia naquele período e continua sendo, já que o presidente é líder do partido de extrema-direita PiS e o primeiro-ministro, líder do partido de centro-direita PO.

Águia Branca no Espírito Santo

No Noroeste do Estado do Espírito Santo, um munícipio guarda muito das tradições da Polônia. A reportagem de Luciana Gama com imagens de Fabrício Christ mostra Águia Branca com seus personagens representativos, seu museu, seu grupo folclórico. Como não poderia deixar de ser, os polacos que imigraram em 1929, levaram lendas e criaram outras. Luiz Carlos Cuerci Fedeszen, presidente da associação cultural fala sobre uma destas lendas no cemitério polaco da cidade.

Encruzilhada para emigrantes

Foto: Wojciech Pelowski

Os jovens polacos estão cada vez mais indecisos. De um lado não é mais interessante emigrar por um incerto emprego. De outro lado, muitos voltam da Inglaterra para a Polônia. Parece que é melhor esperar no lugar onde se encontra do que enfrentar a crise de frente.
Além disso são aqueles que buscam trabalho na própria Polônia e nunca pensaram em emigrar. Segundo análise do Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha em 2008 cerca de 101 mil polacos responderam aos anúncios de emprego na Ilha da Rainha de Windsor. Um ano antes este número era de 50 mil a mais. A estatística do ministério britânico mostra que no primeiro semestre do ano passado teve a maior queda de pessoas interessadas em trabalhar alí, desde que o mercado foi aberto aos polacos em 2004.
No último trimestre de 2008, apenas 15 mil polacos foram para a Inglaterra. Comparando com o mesmo período de 2007 é uma queda expressiva, pois naquele período foram para lá mais de 35 mil ansiosos polacos para trabalhar. "Cada vez menos polacos se decidem a viajar, porque agora falta trabalho", diz Marek Jurkiewicz da agência de trabalho que em anos anteriores bateu recordes seguidos de contratações de empregados na Ilha.
Isto não significa que os polacos não pensam mais em emigrar, pelo contrário, os especialistas do mercado de trabalho agora têm oferta e busca para países como Hungria, Tcheca e Alemanha. Segundo Wojciech Ostrowski, da agência Grafton, muitos dos que se encontram na Inglaterra não querer voltar para casa, mas buscar trabalho em outro país.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Wałęsa cogita emigrar se não for defendido

Foto: Przemyslaw Skrzydlo

Lech Wałęsa anunciou que vai optar por não participar de cerimônias comemorativas da Polônia, enquanto o Estado não explicar definitivamente as acusações sobre suas "ligações" como agente do serviço secreto no período comunista - SB. Se não fizerem isto "vou entregar todos os prêmios, incluindo o Prêmio Nobel da Paz", afirma Wałęsa que não descarta inclusive deixar o país e emigrar.
"Por favor, Estado democrático, nomeie-se um promotor, ou alguém em nome do Estado que esclareça todas estas coisas. Estou, estou irritado com este país, pelo qual lutei pela liberdade, isto é a anarquia ", disse à jornalistas, nesta segunda-feira, Lech Wałęsa.
O motivo de tanta irritação é a mais nova tentativa da direita fascista que tomou conta do país de manchar o símbolo que o ex-eletricista representa na história recente da Polônia.Foi lançado o do livro biográfico "Lech Wałęsa. Ideia e história", de autoria do jovem de 24 anos de idade Paweł Zyzak. Nele, Zyzak, um recém-formado estudante, acusa o ex-líder do Solidariedade de ter sido agente do SB e de que em sua juventude teve um filho ilegítimo. O livro de Zyzak é baseado em sua tese de mestrado defendida no ano passado, e orientada pelo prof. Andrej Nowak, da Universidade Jagiellonski de Cracóvia e também Editor-Chefe da "Arcana", a editora cracoviana responsável pelo livro de Zyzak.
"Várias paranóias, tiram-me a autoridade perante todo o mundo. Escrever livros, defender teses de mestrado para virar livros, ou quaisquer outros diplomas até entendo, mas que os ataques perpetrados pelo IPN, sejam reutilizados, Não! O que é que há? O próximo arrogante vai me fazer assassino", comentou indignado Wałęsa.

Em seu blog, Wałęsa escreveu neste domingo que Zyzak utiliza-se em seu livro de "reflexões repugnates, barbarismos e calúnias". "Este rapaz faz referências ao livro "SB um Lech Wałęsa", que esses Slawomir Cenckiewicz e Piotr Gontarczyki escreveram como sendo um clássico. Tudo que está escrito neste livro é completamente inventado. Cenckiewicz até se baseou em fotocópias para algumas situações plausíveis, tal como um testemunho. Mas este rapaz inventou tudo," disse Wałęsa sobre o livro de Zyzak.
O ex-presidente da República da Polônia, acrescentou que não é capaz de ficar em silêncio diante desta publicação, "Liberdade de expressão para liberdade da palavra, mas isto já é uma anarquia, isto ultrapassa. Eu sou pela liberdade, mas tem que haver responsabilidade. Alguém me escreve que mijei na água benta no país naquele momento. Veja então, o senhor que me conhece, o que pessoas como esta me fazem, como se todos fossem crianças que acreditam? Eu tinha 14 anos, quando saí do campo, e ele (Zyzak) escreve lá, que eu refestalava-me cortando com o machado. Não minha gente!"
O ex-presidente afirmou que está limpo de todas as alegações que apontaram a ele como agente da polícia secreta comunista, e que portanto não irá participar de quaisquer reuniões e celebrações no aniversário da Polônia. Por esta razão, irá boicotar a conferência agendada para terça-feira, em Gdańsk, por ocasião do aniversário da "Mesa-Redonda".
"O tempo passa e eu não vou participar, porque é repugnante. Alguém tem escrito em nome do Estado, pois o IPN representa o Estado, então eu não posso fingir que não sou alguém. O Estado diz que eu era agente e eu não era, mesmo que um agente tenha se chamado agente Wałęsa, o Estado não me concede o direito a ter honra", afirmou o ex-presidente.
Em seguida, ofendido, disse que os prêmios que recebeu não pertencem só a ele, assim por razões de honra, "não me permito manter todas essas coisas que eu recebi, incluindo o Nobel", sublinhou.
Em seu blog, Wałęsa escreveu também que, como último recurso irá embora do país e isto não é apenas comportamento emotivo. "Se nada for resolvido, não gostaria de viver em uma sociedade desse tipo, onde assim sou percebido".

Gentileza de amigo

Luiz Solda, ou simplesmente Solda, ou ainda Soruda Sam é um dos artistas gráficos mais importes da América do Sul. Mantém um dos blogs mais visitados do Paraná - o Solda Cáustica, em http://cartunistasolda.blogspot.com/ , acessado por gente de todas as tribos. Deu no Solda, não precisa nem Gazeta nem Tribuna, a repercussão é certa.
No dia do aniversário de Curitiba, neste domingo, 29 de março, quando a terceira maior cidade polaca do mundo comemorou 316 anos de existência, Solda fez duas homenagens, entre tantas, que "massagearam" este coração num "paese lontano".
A primeira, logo ao abrir seu blog, Solda colocou um vídeo do polaco-curtibano poeta Paulo Lemiński (em idioma polaco o N tem acento agudo), onde este fala que todo aquele que se emociona com a leitura de um poema, sem nunca ter escrito um verso na vida, é poeta também.

A segunda homenagem foi me colocar numa de suas montagens aos curitibanos da cepa e da auto-adoção. Não é a primeira vez, que sou motivo destas gentilezas do cartunista, que tem um lugar reservado nos arquivos de minhas boas memórias de vida.

Solda foi o criador de vários cartazes de peças teatrais do guru do teatro paranaense - ator José Maria Santos. E isto já é suficiente para o ter carinhosamente como amigo.


P.S.: tradução para o idioma polaco, que infelizmente o "Google Translator" não consegue fazer:
Solda é lut em idioma polaco e cáustica é kaustyczny. A palavra Weld na verdade é o correspondente de Solda em alemão.

Brasil pode criar o Estado do Emigrante

O meu amigo Rui Martins, ex-colega de Rádio Nederland Wereldomroep, continua ativo no cantão suíço de Berna. Depois da bem sucedida campanha dos "brasileirinhos apátridas", que corrigiu um desleixo da Constituição de 1988, permitindo só agora que filhos de brasileiros nascidos no exterior sejam cidadãos brasileiros, sem ter que abrir processo aos 18 anos de idade para ver reconhecido o direito de ser brasileiro, foi escolhido entre tantos para a conferência que a Subsecretaria de Comunidades Brasileiras no Exterior, do Ministério das Relações Exteriores, vai promover em Brasília, no segundo semestre.
O encontro já denominado de "Conferência Brasileiros no Mundo", vai discutir a proposta do jornalista Rui Martins para criação do Estado do Emigrante, como uma entidade independente e laica, que se pretende seja a 28a. unidade da Federação, com direito a parlamentares que representem os quase 4 milhões de brasileiros espalhados em cinco continentes.
Proposta de emenda constitucional do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) nesse sentido já tramita no Congresso. Além do jornalista Rui Martins, que há 40 anos vive lá fora (28 deles na Suiça) e líder do movimento, uma professora que mora no Japão, Carmen Lúcia Tsuhako será a outra representante dos brasileiros do exterior.
Uma vez aceita a proposta de Martins, o Brasil estará seguindo o exemplo de outros países, como a França, que criou onze cargos de deputados a serem eleitos pelos emigrantes franceses. Portugal e Itália têm conselhos de emigrantes e também deputados.

"Porażka" polaca em Belfast

O frangueiro Artur Boruć - Foto: Kuba Atys

Depois da trágica derrota para a Irlanda do Norte, no sábado, pelas eliminatórias da Copa do Mundo 2010, pelo placar de 3 X 2, todos estão pedido a cabeça do treinador holandês Leo Beenhakker.
Jornalistas dos principais jornais esportivos do país opinam que já vai tarde a arrogância do holandês. Para Krzysztof Budka, chefe do "Przeglądu Sportowego", "Leo deveria pedir demissão. E isto já há muito tempo. Em primeiro lugar, depois do jogo fatal contra a Eslovênia, ou naquele contra a Ucrânia. Mas Beenhakker com certeza não vai desistir."Roman Hurkowski, do sítio Futbolnet.pl, "Beenhakker caiu um ano atrás, desde que em 26 de março perdemos em Cracóvia por 3X0 para os Estados Unidos. Deveria ter a honra de pedir demissão. Mas ele certamente não fará isto. Tenho esperança que na reunião desta terça-feira na federação o desliguem. Em seu lugar o presidente Lato deveria colocar Franciszek Smuda."
Mas existem um poucos que acreditam que o holandês é necessário como Michał Pol, do jornal "Gazeta Wyborcza", que entende que, "Leo deveria ficar até o fim das eliminatórias. Não tem sentido mudar o treinador, pois esta mudança deveria ter sido feita muito tempo atrás, não agora. Lembremos que um substituto de Leo deverá levar a seleção até a Euro 2012. Na Eurocopa a Polônia tem que fazer tudo para ser campeã."
Para o simples torcedor, a derrota de sábado doeu bastante, muitos nem assistiram à transmissão ao vivo, para evitar sofrimento. Para aqueles que ficaram às quase duas horas de transmissão desde a Irlanda do Norte, o que se viu foi uma equipe apática. Uma desconexão incrível entre os vários setores do campo. Krzynówek, o grande lutador do passado, não é nem sombra do que foi. Artur Boruć levou dois frangos imperdoáveis, o terceiro não se admite de alguém que se diz goleiro. Mas ele foi o elegido pelo holandês desde que Dudek (hoje reserva de Casillas, no Real Madrid), o então ídolo do futebol polaco tinha todos os holofotes sobre si. O treinador holandês com toda sua arrogância não podia consentir que alguém fosse mais importante que ele para a seleção polaca.
Além de uma tática completamente equivocada, ainda transformou um obscuro lateral-esquerdo brasileiro, na principal peça ofensiva da seleção. O, hoje, cidadão polaco Roger Guerreiro, tenta fazer as vezes de maestro do time, mas durante os mais de 90 minutos, fez apenas um lançamento de longa distância, que permitiu ao atacante Jelen fazer o único gol dos polacos. No restante, o "brasileiro de passaporte polaco" não fez mais que expirrar a bola, tentar usar a cabeça para passar a bola, quando o normal para qualquer perna-de-pau seria tentar com os pés... Aliás o jogo chama-se justamente football e não headball. Mas Roger não tem culpa de estar na seleção, nem de ter conseguido o passaporte polaco numa canetada do Presidente Lech Kaczyński, para desespero de milhares de descendentes polacos que esperam há anos ver reconhecido o sangue polaco que corre em suas veias de filho de imigrante polaco. A culpa de tudo é da arrogância holandesa do treinador. Que parece entender de tudo, menos de futebol.

Enfim, só não foi pior, porque o juiz apitou o fim da partida em Belfast. A Polônia tem sete pontos em cinco jogos. Os gols foram marcados por Warren Feeney para a Irlanda, seguido do empate de Ireneusz Jelen para a Polônia. Jonny Evans colocou a Irlanda do Norte em vantagem logo no início do segundo tempo e um gol contra do capitão polaco, Michael Zewlakow e um frango terrível de Artur Boruc completou os 3 X 1. Quando Marek Saganowski marcou de cabeça o segundo gol da Polônia já não havia mais tempo para nada. A não ser demitir o holandês, arrumar outro brasileiro e rezar para que Euzebiusz Smolarek e Paweł Brożek voltem a jogar. Senão os polacos vão assistir a Copa da África só com outras seleções.
P.S. Porażka - pronuncia-se pórachsca = derrota

Aberto o Festival Beethoven em Varsóvia

Abriu, ontem, em Varsóvia o 13º Festival de Páscoa Ludwig van Beethoven com a famosa violinista alemã Anne-Sophie Mutter. Na "Filharmonia Narodowej" (teatro da filarmônia nacional) zob a regência do maestro polaco Krzysztof Penderecki foi apresentado "uwertura Die Geschöpfe des Prometheus", concerto para violino e VII Simfonia.O Festival Beethoven que começou ontem vai até 10 de abril. Na programação constam concertos com músicas de Haendl, Haydn, Mendelssohn, Mozart e Beethoven. entre as orquestras que se apresentaram estão além da Sinfônica de Varsóvia, também a fantástica orquestra barroca da "Akademie für Alte Musik Berlin" e uma das mais antigas da Europa a "Orchestre Philharmonic de Monte Carlo".



No dia 5 de abril, a Polônia recebe pela primeira vez uma apresentação da Filarmônica de Monte Carlo, com a presença da princesa Caroline de Mônaco. A orquestra deve apresentar Franz Schubert e Feliks Mendelssohn.
No encerramento do festival, na sexta-feira santa, a "Akademie fur Alte Musik" de Berlin e o "Collegium Vocale Ghent" apresentarão "Brockespassion" de Haendl.
O Festival que se iniciou em 1997, em Cracóvia, desde o ano de 2004 acontece em Varsóvia sob a direção de Elżbieta Penderecka.

domingo, 29 de março de 2009

Cracóvia não é só para um dia




O Aeroporto Jornal, na verdade uma revista que é distribuída gratuitamente nos aeroportos do Paraná e consequentemente sobrevoa os ares brasileiros a bordo dos Boing e Airbus traz em sua última edição uma reportagem com texto e fotos de minha autoria. A revista é dirigida pelos jornalistas Jean Feder e Sonia Bithencourt. Com a permissão de ser o autor transcrevo aqui o "convite" para se conhecer Cracóvia e sua história:


Cracóvia atrai mais turistas

Panorama visto da torre da catedral de Wawel - Foto: Ulisses Iarochinski

A cidade mais bela da Polônia, também é o mais importante centro cultural das Europa Central e do Leste. E isto não é frase de efeito é a mais pura verdade. Cracóvia experimenta nos últimos 5 anos um crescimento vertiginoso de turistas do mundo inteiro. De 500 mil turistas recebidos em 2002, Cracóvia ultrapassou a barreira dos 5 milhões de turistas no ano de 2005. E este número só vem aumentando, muito em parte devido, à entrada do país na União Europeia, em maio de 2004, e da morte do Papa João Paulo II em abril de 2005. Praticamente invadida nos meses de maio a setembro por uma avalanche de mais de 8 milhões de turistas no último verão europeu. A maioria deles, entretanto, vindos em excursões de agências de viagem, dentro de pacotes turísticos que incluem Budapeste, Viena e Praga. Infelizmente, estes turistas perdem o melhor da cidade, pois passam apenas algumas horas em caminhadas pela praça central e castelo real e vão embora desconhecendo os verdadeiros encantos da cidade. Para vir a Cracóvia é preciso muito mais do que algumas horas, é preciso viver a atmosfera da cidade medieval, da cidade do período romântico, do período das revoltas contra a ocupação austríaca de 123 anos. Isto é conhecer Cracóvia.

História marcante

Igreja Basílica Mariacka - Foto: Ulisses Iarochinski

Historicamente ela foi responsável pela reunificação do reino polaco, dividido após a morte do rei Boleslau III, em 1138, com Ladislau I que em 1306, transformou-a na capital do Reino da Polônia. Seu apogeu ocorreu no período dourado do Rei Casimiro – O Grande - entre os anos de 1333 a 1370. De capital da Polônia, ela passou a ser também o maior centro cultural e científico do renascimento. No período de Casimiro foi criada a Academia de Cracóvia, precursora da Universidade Iaguielônia, onde concluíram doutorado Nicolau Copérnico e Karol Wojtyla. Com o reinado da filha de Casimiro, Edwirges (Padroeira da União Europeia e Santificada por João PauloII), Cracóvia se tornou também a capital do maior império da Europa daqueles dias. O casamento da última representante da Dinastia Piat com o Duque da Lituânia, Iaguielo, simbolizou a criação do Grande Reino Unido Polônia Lituânia. Reino que estendeu seus domínios do mar Báltico no Norte, ao mar Negro no Leste da Europa.
Mas os dias de poderio de Cracóvia acabaram em 1596, quando o rei eleito, Ladislau IV, príncipe sueco da Dinastia Wasa, translada a capital da Monarquia Republicana da Polônia para Varsóvia. Apesar da mudança, a catedral do Castelo Real de Wawel continuou sendo a Cripta Mortuária de todos os reinos polacos. A cripta ao receber também os restos mortais de heróis da história, transformou-se em panteão Pátria polaca.

Uma cidade que pulsa

Mercado de artesanato Sukiennice no Rynek (praça central)
Foto: Ulisses Iarochinski

Mas não é só essa história latente que a cidade tem para contar e mostrar. Se no ano de 2000, existia na cidade apenas um Albergue da Juventude, denominado “Schronisko”, e os polacos desconheciam a palavra Hostel, desde o primeiro semestre de 2006 surgiram mais de 300 destas pousadas na cidade, acompanhadas de luxuosos hotéis cinco estrelas. O número de bares e restaurantes deu um salto vertiginoso. Para se comer um bom “pierogi”, um “bigos” ou uma sopa de cogumelos silvestres numa tigela de pão, nada como os restaurantes “UBabcia Malina”, “Chlopskie Jadlo” e “Bar Mleczny”. As mercearias e pequenas lojas que haviam transformado o panorama da cidade comunista em capitalista foram rapidamente sendo substituídas por lojas de grandes marcas mundiais como Puma, Malboro, Sephora e Zara.
A cidade guarda uma raridade. Se o Louvre de Paris tem a Madona Gioconda, o Czartoryski de Cracóvia tem a Madona Cecília Gallerani e seu Arminho. Esta madona é um dos ícones gráficos da cidade junto com o dragão. Depois, ou antes, do museu, é preciso passar algumas horas no Rynek - a Praça do Mercado Central, pois ela certamente é o símbolo da Cidade, colorida e cheia de vida.
Há 8 séculos, na Sukiennice (mercado do tecido na praça central), vende-se roscas típicas, lembranças, e o melhor do artesanato do país. Pode-se comprar ali o que se desejar. Cópias dos quadros “O tributo prussiano” de Jan Matejko, “o panorama do piedoso samaritano” de Remblant, a “Madona e o Arminho” de Da Vinci, o “Altar” de Veit Stoss. Milenarmente Cracóvia é a cidade das artes por excelência. Por isso Cracóvia tem algo de excepcional. Aqui se pode descansar, aqui se pode permanecer e beber muita cerveja polaca, além de brindar “zdrowie” com a verdadeira vodca.
Na mesma praça está a basílica Santa Maria, curiosa com suas duas torres diferentes, ambas construídas por dois irmãos. Ah, sim! Também há o famoso toque do trompete. Um dos guardiões ao dar o toque de alarma que os tártaros chegavam foi ferido na garganta por uma flecha. Por isto a melodia executada a cada hora na torre mais alta recorda aquele guardião da muralha.

Visite os arredores

Janela da Cúria, onde o Cardeal Karol Wojtyla conversava com os fiéis
Foto: Ulisses Iarochinski


Não bastassem os museus, os teatros, os bares, os “pubs” têm tudo para a alma e desejos. É bem provável que nesta cidade tenha vivido um dragão. Pois a lenda sobre ele parece real, com seus personagens. O rei Krakus e a filha Wanda são nomes originalmente polacos, assim como é Casimiro, da palavra Kazimierz, de ("kazić=destruir") e – (“mir=paz") e que significa "aquele que, quem destrói a paz”. Kazimierz, também é o bairro mais visitado da cidade. Simplesmente por que ali viveram durante séculos os judeus. O bairro do Kazimierz, até bem pouco tempo, local de ruínas e “mulambentos” apartamentos se transformou. Novos hostels, bares, restaurantes rapidamente coloriram o bairro de tristes lembranças. Tanto que muitos ousam dizer que o Kazimierz (pronuncia-se cajimiéj) seria o novo “Quartie Latin”, “Soho”, ou “Village”. Hotéis como “Rubinstein”, “Ariel”, “Sarah” trouxeram de volta os empresários judeus.
A prefeitura também faz sua parte. Eventos culturais e artísticos da cidade, como a “Misteria Paschalia”, “Cracow Screen Festival”, “Sacrum Profanum” e Coke Live Music Festival, Festival de Cultura Judaica, são dos mais concorridos no mundo nos últimos três anos. Tudo isto para oferecer aos turistas um “algo a mais” do que o mais bem preservado conjunto arquitetônico da idade média da Europa.
Mas os dias são curtos e os arredores da cidade guardam outras surpresas, como a mina de sal de Wielicka (patrimônio da humanidade); os campos de concentração e extermínio alemão-nazistas de Auschwitz e Birkenau; a cidade onde nasceu o Papa, Wadowice; a cidade que despertou a vocação sacerdotal de Karol Wojtyła; Kalwaria; a capital do inverno polaco, Zakopane e os mosteiros de Kamedłów e Tyniecki.

sábado, 28 de março de 2009

Duppa e a cerveja

Foto: Kombidosbrothers

Procurei através da Internet alguma repercussão das apresentações de Isidório Duppa no Festival de Curitiba, o maior encontro da arte teatral na América Latina. Nada! Nenhuma linha. Mas reclamações através de comentários de leitores sobre cancelamento de um espetáculo paulista sim! Ou sobre a longa duração da peça Maria Stuart com Júlia Lemmertz. Mas nenhuma crítica ou citação do espetáculo mais curitibano e paranaense do Festival. Por isso aí vai mais um "causo" do personagem de Gláucio Karas:

"Iscuitei uma buzina de Kombi no porton e a cachorada saiéu loca corendo prá vê quim éra, e num é qui éra um Kombi mésmo, só qui ansim meio fantasiada cós vidro tudo iscuro. Descéu do Kombi um camarada de boné e com esses colete cheio de borso, qui néi de pescaria falando qui tavam percurando uma propriedade típica de polaco pra fiumá uma filme de televison pra uma fábrica de cerveza de casa, uma tár de Rause Bíer, falô qui si dexásse dava pra iéu uma caxa de cerveza.

Iéu pensô, proque non? No finar das conta num ia custá nada. Iéu falô intom qui pudia e iele foi inté o Kombi e abriu a porta dos passagero e iéu quase caiu sentado no chon. Dessero do Kombi umas seis mossa só de biquíni, néi sei se é ansim qui si chama, proque na parte de tráis num dava pra vê pano ninhum e na frente só um trapinho. O sution era tão piquininho qui parissia que cada mossa tinha duas casa de jão-de-baro depindurada. Iéu ficô paralizado oiando aquilo, inté qui ielas fizero fila e viéro tudo balanssando os cabelo cumprido pra pérto de iéu e cada uma déu um béjinho na minha rosto.

Vige Nossa Senhora!!!! Makto Boska! Iéu só tinha visto mossa désse jéito no cartáis da parede da oficina mecânica. Mosso do boné inton preguntô si iéu gostei das siliconada, num disse que sim néi qui non, proque vóis num saía, poquinho mexeu com cabéssa, inton foi aí qui discubriu qui móssa qui si veste desse jéito si chama de siliconada.

Entraro tudo na casa, fiumaro na cozinha, na varanda, no potrero, im cima da carossa, segurando cavalo, corendo detráis das galinha, trepando nos pinhéro e despóis de cada isforço tomavam um gole da cerveza e falavam: "Rause Bíer, o sabor da roça". Iéu via tudo aquilo e mi dava água na boca, de tomá cerveza tambéi.

Preguntéi pro home do boné proque usá siliconada pra porpaganda de cerveza, e iele disse qui si num tive muié bunita a cerveza num vende, é pros home quando ponhá cerveza no copo, aparecê na cabéssa deles uma dessas siliconada e pensá qui tão junto delas, qui iço éra procauza de um tár de Márqueti.

Ieste Seu Márqueti deve ser muito intiligénte mésmo, iéu mésmo sin tomá cerveza já ta ca cabéssa nas móssa.

Foro imbora e dexaro pra iéu a caxa de cervéza Rause Bíer, ponhéi uma méia dúzia pra gelá no riberon e tomei, tomei, tomei., e desgracera, num aperéceu ninhuma mossa na cabéssa, única coisa qui deu mésmo foi um mijadéra desgraçada. "

Semo Polaco Non Semo Fraco. Izidório Duppa.

Atentados contra a preservação

Cracóvia sempre foi relutante em permitir a construção de arranha céus na cidade, principalmente no perímetro interno ao antigo fosso medieval. Mas alguns sacrilégios foram cometidos, como por exemplo, a substituição do sobrado que havia na Praça Szczpanski.



Sobrado na esquina da ulica (rua) Reformacka com praça Szczepański, ao redor do ano 1930.

No lugar do sobrado desde 1940, está o edifício KKO, construído pelos ocupantes alemães para uso do governo geral nazista.

Lá da Polonia, terras longes

Alfredo Coelho foi um dos poetas selecionados por Fredencis (pseudônimo) para ilustrar "A Polonia na Literatura Brasileira", livro publicado em 1927, em Curitiba, por Editores Placido E Silva & CIA Ltda. Seu poema "Nívea" expressa sua devoção para com uma polaquinha:

Nívea

De eburneas fórmas - radiações de estrella,
Contornos leves e feições serenas,
É muito loira e tem mãos pequenas
A minha suave e lyrial Graziella.

Lá da Polonia - terras longes, Ella
veio a estes climas argumentar-me as penas...
Loiras formosas e ideas morenas,
De olhos ardentes, têm ciumes d´Ella!

Ha lactescencias de luar e neve,
Fulgencias de astro em suas carnes quentes,
Novas, de opala, viginaes, macias...

Graziella é a Dama de cintura breve,
Fórmas eburneas e resplandescentes,
Que ora começa a escurecer meus dias...