segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Varsóvia de antes da II Guerra Mundial

O texto Steve Dougherty foi originalmente publicado no jornal New York Times Sindicate e reproduzido na Folha de São Paulo. A tradução para o jornal paulistano é de George El Khouri Andolfato. Steve Dougherty é um escritor freelance de Nova Iorque. Seu mais recente artigo para a seção Viagem foi a respeito de um festival de música em Essaouira, Marrocos. O texto foi publicado originalmente no jornal estadunidense em setembro passado.


Quando, em uma tarde fria de outono em 1937, o engenheiro de armamentos alemão, marido traidor e espião Edvard Uhl chegou a Varsóvia para um encontro regado a champanhe e espionagem com uma encantadora condessa polaca, a capital cintilante mas condenada estava desfrutando de um momento final de paz.
"Acima da cidade, o céu estava em guerra", escreve o romancista Alan Furst na abertura de "The Spies of Warsaw" (Random House), o mais recente de seus dez romances de espionagem, tensos e ricos em atmosfera, que se passam na Segunda Guerra Mundial.
Por ora, é apenas uma tempestade em formação: duas frentes agourentas, uma vindo da Alemanha, a outra se estendendo por todo o leste até a Rússia, estão prestes a colidir sobre a capital polaca. Mas a atmosfera carregada, que logo trará o Armageddon a Varsóvia, apenas serve para aumentar a excitação do obstinado Uhl e da condessa, ela também uma espiã e, como Uhl, uma personagem menor chave, retratada ricamente, que ajuda a mover a ação.
Os dois primeiro se conhecem em um pequeno restaurante alemão e, após manobras hábeis por parte da condessa, eles se veem em Varsóvia, no elegante salão de jantar do Hotel Europejski duas semanas depois, onde bebem champanhe e comem lagosta. E então, "após o bolo de creme", escreve Furst, "eles sobem".
O autor deixa o que se segue para a imaginação habilmente provocada do leitor. Mas o cenário para as intrigas de seus espiões -os bulevares arborizados, grandes salões de baile, cafés românticos, bares animados e ruas sinistras de uma cidade à beira da catástrofe -é descrito de forma vívida. Ele também fornece uma ajuda visual magnífica no início do livro: um mapa de Varsóvia antes da destruição. Onde a ficção se mistura com história, o mapa sobrepõe uma à outra, para que os visitantes modernos possam seguir os passos dos personagens de Furst pelas ruas da Varsóvia pré-guerra.
"Há algo na cidade e na Polônia que considero magnético", disse Furst de sua casa em Sag Harbor, Nova York, às vésperas do lançamento em "paperback" (edição capa mole) de "The Spies of Warsaw", meses atrás. "Apesar de Varsóvia ter sido completamente destruída na Segunda Guerra Mundial, seu passado ainda está vivo. Ele está lá... é possível senti-lo quando se está na Cidade Velha e olhando para o Vístula, vendo o rio cortando a cidade. É como olhar para a história."
Muitas cidades europeias sofreram com as conflagrações e misérias causadas por Adolf Hitler há 70 verões, mas nenhuma mais que Varsóvia -a primeira cidade que ele bombardeou e a última que ele destruiu. Uma bela cidade no coração de uma planície frutífera, ela não tinha cadeias de montanhas ou oceanos para conter os ataques. Com apenas duas estradas lamacentas como "barreira sazonal contra a expansão alemão", como escreve Furst, Varsóvia foi um primeiro alvo fácil para a blitzkrieg nazista não provocada que deu início à Segunda Guerra Mundial, em 1º de setembro de 1939.
Cinco anos depois, em um último ato épico de ódio, um Hitler derrotado ordenou a destruição sistemática de Varsóvia. A cidade foi incendiada, bombardeada e dinamitada até virar escombros. Foi a brutalidade final de Hitler contra uma cidade já condenada como área de execução de um genocídio. Seis milhões de polacos foram assassinados - e judeus e não-judeus morreram em número aproximadamente igual - e seus fantasmas estão por toda parte. "Graças a Hitler", disse Juliusz Lichwa, um estudante da Universidade de Varsóvia cujo avô sobreviveu a Dachau, "todas as nossas ruas são sepulturas".
Determinados a retirar sua capital do domínio da morte, os polacos reconstruíram a cidade tijolo por tijolo - uma tarefa nada fácil, já que grande parte de Varsóvia foi pulverizada. Usando de tudo, de pinturas a óleo a cartões postais, fotos de jornal e velhos álbuns de família, os arquitetos e engenheiros reconstruíram meticulosamente a Praça do Mercado medieval da Cidade Velha e a adjacente Cidade Nova do século 15, do zero. Virtualmente tudo o que um visitante vê lá hoje é uma recriação, assim como a maioria dos palácios, catedrais e marcos da cidade.
Mesmo assim, a velha Varsóvia se foi para sempre. E é essa cidade perdida, a grande capital cintilante e vibrante pré-guerra que Furst conjura em "The Spies of Warsaw". Em sua cidade, a Varsóvia da memória está no presente, e o futuro se aproxima agourentamente a cada página.


O herói do romance é o arrojado adido militar francês, o tenente-coronel Jean-François Mercier de Boutillon. Devido à localização estratégica de Varsóvia, a cidade está repleta de espiões. De vários deles, e por iniciativa própria, Mercier reúne evidência indicando que a Alemanha não está apenas planejando invadir a Polônia; ela também está desenvolvendo táticas de guerra de tanques que lhe permitirão atacar a França onde é mais vulnerável. Com os agentes de segurança alemães em seu encalço, Mercier tenta alertar seus superiores que Hitler está formulando planos para invadir o oeste pela floresta de Ardennes.
Furst usa uma única imagem sucinta para transmitir as terríveis consequências da guerra: "...o que veio a seguir", ele escreveu, "foi ofensa, ataque, casas queimando à noite".
O escritor coloca o elegante e imponente Hotel Europejski de Varsóvia no centro da ação de "Spies", o que é adequado, já que fica localizado no centro geográfico da cidade. Ela dá vista para a grande avenida de palácios da capital, a Rota Real ou Nowy Swiat, que forma o eixo centro norte-sul da cidade, e liga seus marcos mais proeminentes.
Na vida, como na ficção, o Europejski foi um grande hotel europeu, cenário de grandes bailes e banquetes cintilantes, como aquele em que Mercier esteve presente no suntuoso salão de jantar privado, onde "porcelana chinesa com frisos em ouro reluziam sob a luz de uma dúzia de candelabros". O hotel histórico - construído em 1857 por Enrico Marconi, o arquiteto italiano que projetou vários dos marcos mais belos de sua cidade adotiva - foi seriamente danificado pela ocupação alemã.
O Europejski foi trazido de volta à vida após a guerra, mas infelizmente ele não sobreviveu à paz.
Em 2005, o hotel fechou para "amplas reformas", segundo seu site, e seus quartos espaçosos nos andar superior estão fora dos limites para os hóspedes desde então. O antigo grande saguão agora abriga uma galeria de arte pouco visitada e uma exposição de fotos da glória pré-guerra do hotel, o que ressalta quão acabado está hoje. Uma elegante escadaria de mármore - como a que Mercier e os cavalheiros e damas do corpo diplomático de Varsóvia sobem e descem no romance - leva não a um salão de jantar formal com candelabros de cristal, mas a uma grande parede.
Apesar de seu interior triste, a fachada do Europejski é composta de três andares de janelas em arco e suntuosidade neoclássica. E ainda há vida no grande hotel. O exterior costuma servir como cenário de fundo de fotos de moda. E três dos cantos arredondados no térreo são ocupados por cafés, um ligado a um animado clube noturno. A antiga cozinha do hotel agora abriga o excelente restaurante U Kucharzy. E um café bar no canto sudoeste oferece uma vista da Praça Pilsudski, que leva o nome do grande general que derrotou o Exército Vermelho às portas de Varsóvia, em 1920.
Uma estátua do marechal Jozef Pilsudski monta guarda sobre a vasta praça vazia que agora leva seu nome. Na época de Mercier, entretanto, a praça era margeada por dois palácios esplêndidos: o Kronenberg ao sul e o Palácio Saxão, antes lar dos reis alemães que governavam a Polônia dividida quando os czares da Rússia não estavam. Ambos os prédios foram destruídos pelas bombas alemãs. Tudo o que resta é um fragmento do Palácio Saxão, uma colunata em arco que agora adorna o Túmulo do Soldado Desconhecido da Polônia.
Sagrada para os polacos, a Praça Pilsudski sofreu uma blasfêmia durante a ocupação alemã, quando foi rebatizada de Praça Adolf Hitler. Em 5 de outubro de 1939, Hitler voou para Varsóvia para saudar seus exércitos vitoriosos enquanto marchavam pela Rota Real. Ele jogou sal na ferida após a parada militar ao caminhar triunfantemente pelo antigo lar de Pilsudski, o Palácio Belvedere, ao sul do centro da cidade, no arborizado Parque Lazienki.
É um mistério como Hitler conseguiu ter tanta sorte, mas segundo historiadores locais, enquanto sua comitiva atravessava de carro o que é atualmente a Rotatória De Gaulle (que recebeu o nome do futuro presidente da França, um adido militar em Varsóvia que também serviu de modelo para o Mercier de Furst), seu Mercedes passou por cima de uma bomba plantada na rua pela resistência polonesa. Ela não detonou e Varsóvia - e toda a Europa - sofreram as consequências.
O passeio de Hitler pela cidade também o levou ao sul, ao longo da Avenida Ujazdowska até o distrito das embaixadas, onde as mansões imponentes foram ocupadas pelos comandantes nazistas e, portanto, poupadas pelas equipes de demolição. Furst escolheu um sobrevivente, o "prédio elegante, de cinco andares", no nº 22, como endereço do generoso apartamento de dez cômodos de Mercier. As acomodações, cortesia da embaixada francesa, são um pouco excessivas para o modesto adido, mas ele as suporta.
O prédio de fato data de 1895 e foi inspirado, segundo um marco histórico, pelas casas do canal veneziano. Como na ficção, o nº 22 se ergue ao lado de um prédio de pedra escurecido por fuligem de carvão. Mas a Ujazdowska, "a Champs-Élysées de Varsóvia" no tempo de Mercier, está consideravelmente mais degradada hoje. E perto dali, a Catedral de Santo Alexandre Nevski, na Praça das Três Cruzes, que está presente no conto de Furst, foi destruída na guerra. Sua substituta é uma versão drasticamente reduzida da beleza original inspirada no Panteão Romano.
Como em todos os romances de Furst, uma boa dose de desejo alimenta o andamento da trama. Mercier é apresentado ao seu interesse amoroso, a intrigante Anna Szarbek, por um colega que lhe diz: "Você vai gostar da minha amiga. Ele é terrivelmente brilhante". Na recepção no Europejsk, uma idosa distinta de longa linhagem de militares descobre que Anna é uma advogada da Liga das Nações. "Que noção otimista...", ela se maravilha. "Quão longe chegamos neste mundo terrível!"
O mundo, é claro, estava prestes a dar um grande salto para trás no abismo da guerra. E entre os inúmeros belos lugares que nunca retornaram desse abismo foi a Broadway de Varsóvia, a Avenida Marszalkowska. Uma "rua animada e elegante com árvores, toldos, clubes noturnos e lojas", como diz Furst, o bulevar largo era elétrico em empolgação quando a paz reinava.
Agora, mais de meio século após o fim de sua vida, a avenida é apenas um cadáver, uma terra de ninguém de pequenos centros comerciais pobres e tristes conjuntos habitacionais de era soviética. No romance, Mercier encontra um "santuário perfeito" em um café na Marszalkowska, onde ele se senta "com vista para a avenida, por onde um mundo menos privilegiado passa correndo". Nenhum santuário como esse existe na avenida sem charme atual.
Quando Mercier cruza o Vístula para encontrar um agente em Praga, o distrito operário na margem leste do rio, ele se disfarça vestindo um sobretudo velho que o faz parecer "como alguém que perdeu a alma, sentenciado a viver em um romance russo", como escreve Furst. Um bairro em ruínas de prédios de apartamentos e fábricas de chocolate e vodca abandonadas, Praga hoje está repleta de artistas, estudantes e empreendedores, assim como trabalhadores.
Os guias em língua inglesa frequentemente alertam que Praga é perigosa e deve ser evitada à noite. O que é uma pena, pois é onde estão alguns dos cafés, bares e restaurantes mais bacanas de Varsóvia. E como os alemães não a bombardearam e os russos que vieram depois a deixaram em paz, Praga dá aos visitantes a visão mais precisa de como Varsóvia parecia antes de 1945.
De volta à outra margem do Vístula, o plano de Furst dá uma guinada tensa quando o agente alemão de Mercier, Edvard Uhl, é atacado por seguranças em um hotel chamado Orla, na Rua Gesia. A tensão é aliviada momentaneamente quando o autor habilmente revela que, na tradução, o Hotel Águia está localizado na Rua Ganso. Ambos estão indicados no mapa incluído na edição que eu trouxe comigo para Varsóvia. Quando não encontrei nenhum traço de ambos, eu suspeitei que foram incluídos no mapa como uma espécie de arremate visual à sua piada.
Apenas posteriormente, quando eu segui a Rota da Luta e do Martírio, um tour a pé autoguiado pelo local do amplo gueto judeu, onde os alemães aprisionaram inocentes atrás de paredes de tijolos de três metros de altura, é que percebi que o mapa de Furst era preciso. A Rua Ganso de fato existiu, até ser dinamitada e nivelada juntamente com o restante do gueto. Ela ficava localizada a poucas quadras ao sul do local na Rua Mila 18, onde os judeus insurgentes lutaram pela última vez no levante do Gueto de Varsóvia de 1943.
O levante no gueto e o subsequente levante de 1944, quando exército polaco de resistência enfrentou as tropas alemãs antes de ser esmagado, é fonte de grande orgulho para os jovens de Varsóvia. "Os judeus que lutaram e morreram aqui também eram polacos", disse Martyna Gorska, 20 anos, uma estudante da Universidade de Varsóvia que me ajudou a encontrar os únicos dois fragmentos restantes do muro do gueto (um fica na mesma quadra da Rua Sienna onde Furst situa parte da ação de "Spies").
"Assim como os heróis do exército polacos, os judeus na Rua Mila eram da minha idade", ela disse. "A história deles é a minha história." Alan Furst não poderia ter dito melhor.


Comida rica e lembranças tristes
Onde ficar
Le Meridien Bristol (Krakowskie Przedmiescie 42/44; 48-22-551-1000; www.lemeridien.pl) tem apenas um papel periférico em "The Spies of Warsaw", mas o autor do romance, Alan Furst, considera o Bristol um substituto mais que adequado para o Europejski, o grande hotel atualmente fechado do outro lado da Rota Real. "O melhor hotel em Varsóvia é o Bristol", ele escreveu em um e-mail. O serviço é de primeira qualidade e o preço é justo: quartos agradavelmente mobiliados estão listados por 385 zlotys (cerca de US$ 130, com o dólar cotado a 2,94 zlotys).
Onde comer
O restaurante favorito de Furst em Varsóvia, o U Fukiera (Praça da Cidade Velha 27; 48-22-831-1013; www.ufukiera.pl), é uma gruta excêntrica a luz de velas, com abajures vermelho bordel e uma gaiola com periquito. Ele atende principalmente turistas estrangeiros. A proprietária, Magda Gessler, se vê como uma espécie de embaixadora da culinária camponesa polaca tradicional. Os pratos incluem arenque coberto com molho cremoso, cebolas picadas e alcaparras, e bolinhos de carne de vitela com torresmos de porco. Jantar para dois, cerca de 200 zlotys.
O Cwaniak Warszawski, na Cidade Nova (Ulica Walicow 9; 48-22-654-7141; www.walicow9.pl), serve bolinhos tradicionais polacos, receitas de pato e porco (entradas a partir de 29 zlotys). Decorado com fotos da Varsóvia pré-guerra, o restaurante atrai os moradores locais que gostam de porções extra-grandes e música muito alta.
O Cafe Literatka (Krakowskie Przedmiescie 87/89; 48-22-827-3054; www.literatka.com.pl), um café de calçada com vista para a Praça do Castelo, não existia na época de Mercier, mas muitos pontos aconchegantes como ele prosperavam na Varsóvia pré-guerra. Uma sopa farta de bacon, ovos e linguiça é servida ao estilo camponês, dentro de um filão de pão cavado, que permite às pessoas tomarem a sopa e comerem o recipiente, com tampa e tudo.
Por gerações de polacos, o lugar em Varsóvia para ir atrás de pączki, sonhos recheados com geléia pelos quais Mercier, o herói de "Spies", "seriamente viciado", é o A. Blikle (Nowy Swiat 35; 48-22-828-6325; www.blikle.pl).
Onde ir
O mapa encontrado no início de "The Spies of Warsaw" permite aos leitores seguir os passos dos personagens pela cidade como ela era em 1937; ele também pode servir como um guia geral para o centro da cidade atual.
O Hotel Europejski (Krakowskie Przedmiescie 13) está fechado e não mais recebe hóspedes. Seus banquetes suntuosos, como os frequentados por Mercier, são glórias do passado. Mas o prédio elegante ainda se encontra no coração de Varsóvia, e sua cozinha prospera como lar do popular U Kucharzy (Ulica Ossolinskich 7; 48-22-826-7936; www.gessler.pl).
O apartamento de Mercier no segundo andar de um prédio elegante na Ulica Ujazdowska 22, no distrito das embaixadas, ficava a fáceis 15 minutos de caminhada na direção norte até seu escritório na Nowy Swiat. Assim como para os visitantes atuais.
Furst não fornece nenhum endereço para o apartamento na Rua Sienna onde Anna e Mercier continuam seu romance enquanto prossegue a contagem regressiva para a guerra. Mas a Rua Sienna tem uma importância na vida real. Em 1940, a ocupação alemã construiu um muro de tijolos de três metros de altura na Rua Sienna, o limite mais ao sul do chamado pequeno gueto. Um fragmento do muro ainda existe hoje, no pátio do Nº 55. O acesso é possível por uma passagem no endereço Ulica Zlota 62.

Doda - a escandalosa

Na última sexta-feira, Doda, juntamente com Nergal apareceu na gala "Night Brands 2009". A cantora polaca (muito mais bonita e mlehor cantora que a novaiorquina Lady Gaga) usava um vestuário "skimpy", que revelava generosamente sua "dupa". Nada de novo, certo? A não ser que é inverno na Polônia e a temperatura só subiu naqueles momentos pela aparição da exuberante Dorota Rabczewska.

Escola Mazowsze em Criciúma

Foto: divulgação Mazowsze

Luiz Henrique da Silveira foi o primeiro Governador do Estado de Santa Catarina a visitar a Polônia. E o fez duas vezes, a primeira em 2004 e a segunda, neste último mês de outubro. Foi até a terra de Karol Wojtyła ativar parcerias nos campos econômico, tecnológico e cultural. Enquanto isso os governadores do Paraná e Rio Grande do Sul, Estados brasileiros com o maior contigente de descendentes dos imigrantes polacos que chegaram ao Brasil no fim do século 19 e início do século 20, nem mesmo sabem o nome do Presidente atual da Polônia.
Luiz Henrique da Silveira que já havia trazido para sua Joinville a escola de balé clássico mais reconhecida em todo o mundo, o Bolshoi de Moscou, nestas suas duas visitas à Polônia, conseguiu assinar em termo de cooperação com Escola do Balé Nacional da Polônia, a famosa Mazowsze, considerada a mais conceituada companhia de dança folclórica do mundo. Localizada nos arredores da capital polaca, região geográfica conhecida como Mazóvia, a escola se dobrou aos sonhos da comunidade polaca de Santa Catarina.
O governador inspirado por lideranças culturais de seu Estado, em particular pela cidade de Criciúma (reconhecida como a capital polaca de Santa Catarina), onde se destaca Iara Maria da Silva Gaidzinski, que com perseverança e ousadia conseguiu transformar um sonho de milhares de polacos que vivem em solo catarinense. Assim a mais conceituada Cia, de Canto e Dança Folclórica do Mundo – Mazowsze, foi instalada concretamente na Capital Brasileira do Carvão, no dia 26 de Novembro de 2008.
O Governador Luiz Henrique da Silveira exprimiu o sentimento da alma polaca: “O fato marcante dessa nossa nova relação com a Polônia de Chopin e Rubinstein é termos conquistado, para Criciúma, a única filial da Escola do Teatro Mazowsze, um grupo de música, canto e dança folclórica que se constitui – dentro dessas características – no melhor do mundo. Em outras palavras: é o Bolshoi da dança folclórica e histórica!”
A seleção dos futuros alunos já começou. Em março de 2010 as aulas têm início.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Duelo dos melhores na Polônia

Foto: Mateusz Skwarczek

Enquanto no Brasil, as finais do campeonato brasileiro prometem emoções do alto ao fundo da tabela de classificação, na Polônia, a rodada deste fim de semana promete tão ou mais emoção. Estarão frente a frente, o campeão do outono e tricampeão polaco o Wisła Kraków (vissua krakuf) e a equipe sensação da temporada, o Ruch Chorzów (Rurrr rrójuf). Os azuis são os melhores nos jogos em casa e os águias brancas são os melhores na casa do adversário.
A equipe cracoviana do treinador Maciej Skorży, em sete partidas fora de casa venceu seis. Só perdeu para o Lech Poznań. Já a equipe silesiana não perdeu nenhuma em casa.
A partida é no domingo a partir das 14:45 (hora polaca) no maior estádio na Polônia, em Chorzów, na grande Katowice.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A prisão de Polański



O cineasta polaco Roman Polański está em prisão domiciliar, nesta sua casa, na cidadezinha suíça de Gstaad.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Polônia recebeu menos turistas


Os gastos com férias diminuiu este ano em cerca de 25%. A previsão é de que este ano se apresente desastroso para o turismo polaco. O número de estrangeiros que visitaram o país foi o menor desde os anos 90 do século passado. O país perdeu cerca de 11,8 milhões de euros. É quase um terço menos do que dez anos atrás.
As consequências são dolorosas para a economia. A diminuição do número de turistas significa ganhos menores para muitas empresas. "Em relação às receitas do ano passado, estas diminuíram 400 milhões de euros", diz o presidente do Instituto de Turismo, Krzysztof Łopaciński.
Segundo as estimativas do Instituto de Turismo a despesa média dos estrangeiros em férias na Polónia diminuiu durante os primeiros três trimestres em quase um quarto do ano anterior, ou seja uma média de 353 dólares.
Entre os turistas, este ano, os alemães, sempre o maior grupo, chegaram em menor número a Polônia. Entre Janeiro e o final de setembro eles trouxeram para as margens do rio Vístula, 3,4 milhões de euros - cerca de 10 por cento menos que o ano anterior. A queda entre os turistas bielorrussos foi de 4%. Também os ucranianos e lituanos vieram em menor número, a diminuição alcançou 13%. Já os "muy amigos" russos foram os que tiveram o maior percentual de redução com 21%.
O que está derrubando a vinda dos estrangeiros a Polônia, entre outras coisas, é a forte valorização da moeda, o złoty, foi uma das moedas que mais se valoriozaram no mundo. Assim, os vizinhos que têm uma economia menor, encontram dificuldades para visitar a terra de Koperniko, Wojtyła e Wałęsa.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A origem do Jesus Misericordioso

A imagem antes da restauração

O padre Sopocko confiou a pintura da imagem de Jesus Misericordioso no início de 1934, em Vilno (cidade então, no território da Polônia e desde 1954 na Lituânia) ao pintor Eugeniusz Kazimirowski, que residia na mesma casa. A partir de então, a Irmã Faustina, durante seis meses ia ao ateliê a fim de fornecer orientações e sugerir detalhes relacionados com a aparência da imagem. O padre Sopocko cuidou pessoalmente que a imagem fosse pintada exatamente de acordo com as orientações da religiosa. A tela em que havia ordenado a pintura da imagem de Jesus Misericordioso foi por ele adaptada às dimensões de uma velha moldura que anteriormente lhe havia sido presenteada por uma paroquiana. Quando o quadro já estava pintado e pronto para ser exposto (isto em junho de 1934), o pe. Sopocko, querendo ainda se certificar quanto à legenda que nele devia figurar, pediu a irmã Faustina que se informasse a esse respeito com Jesus Cristo: ”Em determinado momento, o confessor perguntou-me como deveria ser colocada essa inscrição, visto que tudo isso não cabia nessa Imagem. Respondi que rezaria e responderia na semana seguinte. Quando saí do confessionário e estava passando diante do Santíssimo Sacramento, recebi a compreensão interior de como devia ser essa inscrição. Jesus me lembrou o que tinha dito na primeira vez, isto é, as palavras que devem ser salientadas: Jesus, eu confio em Vós” (Diário, 327).
”Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós” (Diário, 47). ”Ofereço aos homens um vaso, com o qual devem vir buscar graças na fonte da misericórdia. Esse vaso é a Imagem com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós” (Diário, 327). Após obter a resposta, o pe. Sopocko localizou na parte inferior do quadro a legenda, que constitui um elemento essencial dessa imagem. A seguir, no dia 4 de abril de 1937, atendendo a um pedido expresso de Jesus Cristo, transmitido por Irmã Faustina, expôs a imagem na igreja de Santo Miguel, em Vilno, da qual era reitor.Em 1948, depois que as autoridades comunistas fecharam a igreja de Santo Miguel, a imagem foi guardada na igreja do Espírito Santo, onde era pároco o pe. Jan Ellert, que não estava interessado em ficar com ela. Por isso o pe. Józef Grasewicz, amigo do pe. Sopocko, levou-a para ser guardada na paróquia de Nowa Ruda, onde, apesar das muitas mudanças na administração da igreja, a imagem permaneceu por quarenta anos.Por volta de 1970, as autoridades de Nowa Ruda decidiram transformar a igreja num armazém. O pe. Sopocko, que se encontrava na Polônia e estava interessado no destino da imagem, pediu ao pe. Grasewicz que a transferisse para um lugar mais seguro. A proposta confidencial do pe. Sopocko no sentido de que a imagem fosse exposta na galeria de Ostra Brama (Ausros Vartai) em Vilno (agora Lituânia), onde havia sido exposta pela primeira vez para o culto público, foi transmitida somente em 1982 (já após a morte do pe. Sopocko). O então vigário de Ostra Brama, pe.Tadeusz Kondrusiewicz, achou essa idéia infudada e propôs que a imagem fosse exposta na igreja do Espírito Santo, onde era pároco o pe. Alexandr Kaszkiewicz, o qual inicialmente se opôs à idéia, mas finalmente concordou com a exposição da imagem. Dessa forma o pe. Grasewicz tomou a decisão de trazer a imagem novamente a Vilno. Por ordem do pe. Kaszkiewicz, foi realizada em 1986 uma restauração da pintura da imagem, em conseqüência do que foi deformada a face de Jesus Cristo. Foi feita a restauração da pintura em cor vermelha da legenda ”JESUS, EU CONFIO EM VÓS” e foi acrescentado à imagem um remate oval, que encobria o nicho na parte superior do altar. Essas mudanças não estavam de acordo com a composição artística primitiva da imagem elaborada em 1934 por E. Kazimirowski com a co-participação de Irmã Faustina e do pe. Sopocko. Em 1987, a imagem de Jesus Misericordioso foi exposta num altar lateral da igreja do Espírito Santo e, sem chamar muita atenção, por diversos anos esperou pela sua redescoberta.Em consequência da conservação realizada em 2003, devolveu-se à imagem o seu aspecto primitivo. Na nova moldura foi localizada uma placa, projetada pelo restaurador, com a legenda: JESUS, EU CONFIO EM VÓS. (A moldura com a legenda original perdeu-se no período em que a imagem permaneceu escondida).

A imagem restaurada na Igreja do Espírito Santo, em Vilno

domingo, 29 de novembro de 2009

A mesma árvore de novo?

Os polacos buscam alternativas mais modernas para decorar as festas natalinas, a choinka (rroinca) tradicional vai perdendo espaço para soluções "esquisitas". Na foto um exemplo de decoradores britânicos para os polacos que invadiram a ilha da Rainha Elizabeth II. E você... já cortou aquele pé de pinheirinho na beira de estrada de São Mateus do Sul para colocar na tua sala? Já comprou as lampadinhas chinesas. Quem sabe estas idéias não te inspirem para fazer um natal diferente:





sábado, 28 de novembro de 2009

A extraordinária ganhou mais uma

Foto: Lehtikuva Lehtikuva

A polaca campeoníssima Justyna Kowalczyk ganhou a prova do campeonato mundial Sprint Cup no esqui de longo percurso em Kuusamo, Finlândia. A polaca ficou a frente de Petra Majdic e de Alena Prochażkowa. Graças a esta vitória Kowalczyk lidera a classificação geral da Copa do Mundo. Justyna está com 22 pontos acima de Marit Bjoergen, da Noruega. Ela também lidera a classificação sprint.

Meninos esperam pelo trem

Foto: R. Kruger

Meninos esperam pelo trem da PKP- em uma cidade qualquer da Polônia. A foto foi publicada no site gazeta.pl pelo fotógrafo amador R. Kruger.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Polanski vai para casa, mas continua preso


O cineasta polaco Roman Polanski será transferido discretamente de uma cadeia em Zurique para a prisão domiciliar em seu chalé nos Alpes, afirmaram nesta quinta-feira (26) autoridades suíças. A conclusão do processo de libertação do diretor - que está preso na Suíça desde o final de setembro -, depois que um tribunal aprovou sua saída mediante pagamento de fiança, deve levar pelo menos mais um dia.
"Nós não iremos exibi-lo como um animal exótico", disse Folco Galli. "Não será uma questão de horas... A fiança tem de ser paga, o transporte e a prisão domiciliar têm de ser organizados."
Quando deixar a cadeia, o diretor de "O pianista" deverá usar um bracelete de monitoramento eletrônico para poder ser rastreado pela Justiça, que temia que ele pudesse fugir do país. De acordo com o porta-voz, as autoridades suíças deverão decidir sobre a extradição de Polanski para os Estados Unidos "em algumas semanas".
Polanski, de 76 anos, com duplanacionalidade polaca-francesa, foi detido em 26 de setembro ao chegar ao aeroporto de Zurique, cidade em que seria premiado em um festival de cinema local.
A detenção foi realizada em resposta a uma ordem de busca emitida pelos EUA e frente a sua extradição do país, de onde tinha fugido em 1978 após ter sido declarado culpado de ter mantido relações sexuais com uma adolescente de 13 anos um ano antes.
Polanski enfrentará uma pena máxima de até dois anos se for devolvido aos EUA para prestar contas diante da Justiça pelo caso.
Desde sua detenção, o cineasta esteve em uma penitenciária localizada em Winterthur, a 19 km de Zurique. Batizado de "Via Láctea", seu chalé fica em uma luxuosa estação de esqui em Gstaad.
- com agências noticiosas internacionais

Częstochowa na Santa Cândida

Um quadro de Nossa Senhora de Częstochowa (a pronúncia correta é Tchenstorrróva - e não cóva, em idioma polaco CH tem som de RRR e não de italiano, ou inglês có) será intronizado no próximo domingo, 29/11/2009, às 16:00 horas, na Igreja Santa Cândida, no bairro do mesmo nome, em Curitiba.
Logo após será celebrada missa e festejando o ato será servido um café colonial aos presentes.
O quadro de Nossa Senhora de Częstochowa, trazido da Polônia, é uma doação do presidente da Braspol, Rizio Wachowicz (varrróvitch).
O atual bairro é a antiga colônia de imigrantes polacos chegados em Curitiba em 1876. O Imperador Dom Pedro II quando de sua visita a Província do Paraná visitou a Colônia e a igreja quando chegava em Curitiba vindo de Paranaguá, Antonina e Morretes.
A igreja está na Rua Padre João Wislinski, 755.

Nossa Senhora de Częstochowa
A Madona Negra foi pintada por São Lucas Evangelista. Enquanto pintava o quadro, Maria apareceu e lhe contou sobre a vida de Jesus,. Este relato mais tarde incorporada no evangelho de Lucas.
Depois disso se ouviria sobre este quadro apenas
no ano de 326 dC, quando Santa Helena, encontrou-o em Jerusalém e deu a seu filho. Este colocou o quadro no santuário construído por ele em Constantinopla.
Durante uma batalha, a imagem foi colocada nas paredes da cidade, e o exército inimigo fugiu. Nossa Senhora salvou a cidade da destruição. A propriedade da imagem passou de mão em mão até 1382, quando invasores tártaros atacaram a fortaleza do Príncipe polaco Władysław. Uma flexa tártara atingiu a garganta de Madona e o quadro sangrou. O Príncipe então transferiu a pintura para uma igreja da cidade de Częstochowa.
Em 1430, a igreja foi invadida e um saqueador atingiu a pintura duas vezes com sua espada, mas antes que pudesse atingí-la outra vez, caiu no chão em agonia e dor, e acabou morrendo. Os cortes de espada e a ferida provocada pela antiga flexa são ainda visíveis no quadro.
Os milagres de Nossa Senhora de Częstochowa são inúmeros. Durante a sua permanência em Constantinopla, está registrado que ela assustou os sarracenos durante o cerco a cidade e então estes acabaram desistindo de seus propósitos.
Em 1655, um pequeno grupo de defensores polacos conseguiu expulsar um exército muito maior de invasores suecos do santuário.
No ano seguinte, o quadro da Santíssima Virgem foi aclamada pelo rei Casimiro como Rainha da Polônia.
Quando os russos estavam às portas de Varsóvia, em 1920, milhares de pessoas andaram de Varsóvia a Częstochowa para pedir ajuda a Nossa Senhora. Os polacos derrotaram os russos em uma batalha do rio Wisła (vissua - Vístula).
Atualmente toda criança em idade escolar na Polônia sabe sobre a vitória conhecida omo "O Milagre do Wisła."
Durante a II Guerra Mundial sob a ocupação alemã, os fiéis fizeram romarias como uma mostra de desafio. Esse espírito se aprofundou durante os anos do ateísmo do comunismo soviético . O Governo tentou parar com as peregrinações, mas falhou no seu intento.
No início de 1980, Wałęsa (vauenssa) ao levantar-se contra o governo soviético colocou uma imagem de Nossa Senhora de Częstochowa presa por um alfinete na lapela de seu paletó. Os polacos entenderam o gesto como mensagem subversiva. O Papa João Paulo II rezou diante da Madona, durante sua histórica visita em 1979, A primeira de uma papa num país comunista. Como papa Karol Wojtyła fez outras duas visitas a Częstochowa, nos anos de 1983 e 1991.