sábado, 29 de setembro de 2007

Rynek e cidade velha de Cracóvia: sétima maravilha da Polônia


A cidade Velha e o Rynek Główny (rinék guuvni – Mercado Central) de Cracóvia ficaram em sétimo lugar entre as 7 maravilhas da Polônia, eleitos pelos internautas do jornal "Rzeczpospolita". A cidade velha de Cracóvia é a principal atração turística da Polônia, apesar da colocação no concurso. Em 2006, a cidade se tornou o terceiro destino turístico do continente, sendo suplantada apenas por Roma e Paris, com quase 10 milhões de visitantes, apenas nos meses de julho e agosto.
As origens da cidade remontam a idade da pedra, pelo menos. Mas foi apenas em 1038, que a cidade se tornou a capital do reino polaco. Status que manteve até 1596, quando o rei Segismundo III Vasa , filho da familia real Vasa da Suécia mudou a capital para Varsóvia (para ficar mais próxima da mãe, em Estocolmo). Mesmo assim, a cidade manteve sua posição de panteão nacional. Com exceção dos fundadores do reino Mieszko I (miechko) e Bolesław I (bolessuaf) e do último rei August Ponianowski, todos os demais reis, nobres, santos e heróis nacionais estão nas tumbas da Catedral de Cracóvia. A cidade permaneceu 127 sob domínio do Império Habsburgo de Áustria, sendo restituída a Polônia, apenas em 1918.
O Rynek foi assim denominado em 1257, quando da obtenção do status de cidade por Cracóvia, durante o período de administração do príncipe Bolesław V. A praça tinha o propósito de ser o local concentração dos moradores e de venda de produtos da cidade. Com 40.000 m², o Rynek é a maior praça central da Europa e está rodeada por antigos edifícios e palacetes construídos há vários séculos. No centro, está localizada a Sukienice (suquienitsse - mercados de tecidos), local utilizado atualmente em sua parte inferior por lojas de artesanato e souvenirs e em sua parte superior pelo Museu Nacional. Além disto, também estão localizadas no interior da praça a Capela de São Adalberto e o Ratusz (torre e antiga prefeitura e prisão da cidade). Num de seus cantos está localizada a igreja mais famosa da cidade, a Mariacka (mariatssca), ou Igreja de Santa Maria. Na qual esta o altar mais representativo do barroco polaco, esculpido todo em madeira. Famosos e tradicionais são alguns bares e restaurantes da cidade como a Piwnica pod Baranami (pivnitssa pod baranami) onde muitos ídolos da música popular polaca deram seus primeiros passos em direção ao sucesso, ou o restaurante "Wierzynek" (viejinek), e o clube de estudantes "Pod Jaszczurami". O restaurante Wierzynek existe desde o século 14. A lenda diz que, em 1364, o rei Casimiro – o Grande convidou monarcas de toda a Europa para se reunirem em Cracóvia. Com tantas visitas importantes, o rei pediu ao rico comerciante Mikołaj Wierzynek, que preparasse um festivo banquete. Wierzynek se esmerou e em seu palacete na Praça do Mercado foi além do esperado. Comida e bebida de excelente qualidade e ao final como despedida do banquete ofereceu presentes de muito valor aos comensais. Desde então, o Restaurante dos Reis tem sido palco de visitas importantes, que vão desde a rainha Elizabeth II ao presidente George W. Bush. Além dos palácios que foram moradia na idade média como Margrabska, Pod Krzysztofory, Zbaraskich, Szara, Hetmańska Montelupich, a cidade velha conta com edificios, que com o passar dos séculos foram abrigando lojas e escritórios reais, ou casas de câmbio como o Szara, pertencente então a um grupo de judeus. Por sua vez, o Montelupich abrigou o correio central. O monumento ao poeta Adam Mickiewicz foi levantado, em 1898, e logo transformado em ponto de encontro da população. A cidade velha e todo o entorno da praça central está dentro do Planty, o parque que circunda a antiga cidade murada. Esta área arborizada era o fosso medieval de proteção da cidade fortificada. Mas no século 19 os invasores austríacos derrubaram as muralhas, portões e guaritas de atalaia e secaram o fosso. Nesta área construiram o parque que existe até os dias de hoje. Da mesma forma, o austríacos obrigaram todos a transferirem os túmulos dos cemitérios existentes ao lado das igrejas para uma área afastada da cidade. Criando assim, o segundo maior cemitério da Polônia, o Rakowicki. Também neste período, os asutríacos derrubaram o manicômio existente na Ulica Szpitala (ulitssa chpitalna – rua hospital) e construíram em seu lugar o Teatro Juliusz Słowacki (iuliuch suovatssqui). Neste espaço, entre esta área verdde do mapa, encontra-se não só a cidade velha, mas o coração da nação polaca, pois muitos dos edifícios mais significativos da história da Polônia aqui estão, como o Castelo Real e a Catedral de Wawel, a Universidade Jagielloński, os teatros, as igrejas de Santo André, São Pedro e São Paulo, São Francisco de Assis, Dominicanos, São Casimiro, Santa Ana, São Tomás, e muitas outras. Em parte herança do comunismo, em parte da própria história secular da cidade, a maioria dos edifícios circundados pelo bosque são propriedades da prefeitura, da cúria metropolitana e da universidade. Todo este conjunto passou a fazer parte do Patrimônio Histórico Mundial em 1978, pela UNESCO. E do ponto de vista de atração turística, este conjunto é o maior, mais bonito e mais conservado da Europa Central, suplantando em muito Praga, em que pese todo marketing da cidade investido pelos Tchecos, como pagar para as produtoras de Hollywood gravar suas cenas ali.

Veja tenta desconstruir o mito

Foto: Antonio Nunes Jimenes/AFP

A revista Veja (será que ainda é digna de ser chamada de revista?) traz nesta semana uma matéria em "comemoração" à morte de Che Guevara, ocorrido em 8 de outubro de 1967, na floresta boliviana. Como não poderia deixar de ser, o antijornalismo domina todos os parágrafos. O texto, como um todo, assinado por Diogo Schelp e Duda Teixeira, tenta destruir um mito, o qual eles próprios não ainda conseguiram entender. Mesmo porque, a imparcialidade que uma revista semanal deveria ter, é jogada fora ao optar apenas por entrevistas e fontes que fizeram da desconstrução do mito Che, o motivo de suas vida. Praticamente todas as fontes moram em Miami, (paraíso dos fugitivos da Ilha) são ou foram ligados à CIA. Ou seja, credibilidade nenhuma para serem fontes "unilaterais" do texto. Não há um contraditório na matéria, não há citação, ou depoimento de uma única voz em defesa de Guevara e seu mito. Está mais do que evidente, a intenção da revista em achincalhar com a esquerda e seus mitos. São frases, expressões, pessoas, que trazem embutidos um ódio e inverdades impressionantes. "Ler é preciso, viver não é preciso" (parodiando Pessoa), mas infelizmente estes dois "jornalistas" - fora a liberdade de expressão, que agora a Direita também goza (antes ela impedia isso com a censura) - foram infelizes. Eles tergiversam a verdade, pecam por falta de imparcialidade e tentam conscientes (ou seria inconsciente?) mudar a interpretação histórica dos fatos, demonstrando não cultuarem a honestidade e ética jornalística tão necessárias num mundo de mentes plural. Já na capa a deliberada intenção de usar o ícone para vender o exemplar para àqueles que são criticados no próprio, como sendo jovens ignorantes e manipulados pela esquerda. O uso da foto de Alberto Korda, na capa, tem o sentido evidente de atrair cultuadores, apesar da frase: a farsa do herói. Há de se perguntar, mas que é herói pra Veja e seus dois jornalistas: Pinochet? Franco? Mussolini? Mengele? Evidentemente, que num sistema democrático, o contraditório deve existir e é bem vindo. Concordar com este texto está no direito de todos os fascistas, mas discordar dele também está no direito de todos os demais. E não há nisto posicionamento nem na Esquerda e muito menos na Direita. Pois sempre existe a terceira via; o uno é tríplice e eu nasci no dia 3. Portanto longe da dialética marxista e do céu e inferno dos protestantes e do bem e do mal dos católicos e outras religiões monoteístas, não vou desejar "boa" leitura, mas sim uma leitura atenta e reflexiva. Atente-se para algumas frases com a deliberada intenção de denegrir e nunca de informar:
- era apenas "el chancho", o porco, porque não gostava de banho e "tinha cheiro de rim fervido".
- foi um ser desprezível.
- Che tem seu lugar assegurado na mesma lata de lixo onde a história.
- Politicamente dogmático, aferrado com unhas e dentes à rigidez do marxismo-leninismo em sua vertente mais totalitária, passa por livre-pensador.
- regime policialesco de Fidel Castro.
- os exilados cubanos são vozes de maior credibilidade.
- um comandante imprudente, irascível,
- A frente de comportamento mais desastroso foi a de Che,
- A maioria era apenas gente incômoda.
- Seus bens agora me pertenciam".
- se tornou um assassino cruel e maníaco.
- em uma família de esquerdistas ricos na Argentina.
- o argentino "desprezava os técnicos e tratava a nós, os jovens cubanos, com prepotência".
- Daí em diante o argentino tornou-se uma figura patética.
- Como guerrilheiro, foi eficiente apenas em matar por causas sem futuro.
- Boa-pinta, saía ótimo nas fotografias.
- mas a pinta de galã lhe garantia um aspecto juvenil.
- sua roupa imunda.
- determinação exacerbada e narcisista de conseguir tudo aqui e agora.- o supremo comandante, aparece cada dia mais roto, macilento, caduco, enquanto se desmancha lentamente dentro de um ridículo agasalho esportivo.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Pontagrossense em Cracóvia

Ex-bailarino do grupo Folclórico polaco Wisła (vissúa - vístula), de Curitiba, Edilson Ribeiro de Lima, veio pra Polônia há muito anos para estudar. "Para Ponta Grossa, só volto para visitar meus familiares. Descobri que a Polônia é o meu lugar", afirma. Concluídos os estudos e louco por Cracóvia, acabou ficando. Hoje é cidadão polaco e um dos mais conceituados professores de dança e preparação corporal de artistas do teatro da Polônia. Neste sábado, junto com bailarinos Robert Jażdżewski (robert iajidjievsqui) e Jolanta Gruzera (iolanta), promovem um dia inteiro de dança brasileira e ritmos latinos, no aniversário da Szkoły Tańca "Styl" (chcóui tanhtssa stil - escola de dança estilo) na Ulica Wybickiego 3a (ulitssa vibitssquiego - rua do Wybicki). No final, às 20.00, Edilson Lima junto com Robert faz um show especial para os participantes do curso de dança.

Piwo em Araucária

A Quarta Festa da Cerveja Polaca, de Araucária, no Paraná, com muito pierogi, bigos, broas, bolos e tortas é neste dia 6 de outubro. A Fest Piwo (fest pivo - festa da cerveja) é um esforço do grupo folclórico Wesoły Dom (vessóui dom - alegre casa) de uma das mais polacas cidades brasileiras. Em Araucária, na colônia Thomas Coelho, os imigrantes polacos, apresentaram ao Brasil, no século 19, pela primeira vez um carroção puxado por 2 parelhas de cavalo. Até então, os brasileiros só conheciam o carro de boi, uma tradição portuguesa. O feito acabou causando a "guerra da erva-mate". Enquanto os cablocos brasileiros transportavam duas cangas de erva-mate no lombo de burros por dia, de Araucária até Curitiba, onde estavam as fábricas de chá e chimarrão Mate Leão e Mate Real, os imigrantes polacos com a leveza e rapidez transportavam a erva 14 vezes por dia em seus carroções eslavos. Sim, a Polônia ensinou o Brasil a fazer o transporte com carroções e abandonar o pesado e lento carro de boi!
P.S. O endereço da Festa é Chacará do Soczek, av. Archelau de Almeida Torres, 2182, Jardim Iguaçu, Araucária, Paraná.

Sul do Brasil tem nova Cônsul

No lançamento da "Banda Polaca - Humor do Imigrante no Brasil Meridional", de Dante Mendonça, a simpática e bela presença de Dorota Joanna Barys, a nova Cônsul Geral da Polônia, para o Sul do Brasil. Foto de Roberson Nunes.

O governador Roberto Requião recebeu esta semana no Palácio das Araucárias a nova cônsul da Polônia, em Curitiba, Dorota Joanna Barys. A reunião foi uma apresentação da cônsul, que chegou há poucos dias no Brasil para servir de elo entre os polacos e descendentes dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No encontro, também esteva presente o secretário da Indústria e Comércio e Assuntos do Mercosul, Virgílio Moreira Filho. Segundo Barys, a Polônia quer intensificar as relações comerciais e culturais com o Paraná. “O nosso objetivo é realizar mais encontros em breve para que possamos discutir a possibilidade de firmar novos acordos de cooperação. O governador, por sua vez, mostrou-se muito interessado em novas parcerias”, afirmou. Dorota Barys aproveitou para convidar o governador Roberto Requião a uma viagem a Polônia.



P.S. Mensagem de Dante Mendonça - Caro Ulisses: o lançamento do livro aqui, em Curitiba, foi um sucesso. Melhor dizendo, um relativo sucesso, não fosse a frente fria e a chuva que fez o nosso leitorado trocar o cachecol e o sobretudo pela pantufa e pijama. Ainda não fizemos a contabilidade de quantos livros venderam. Importante relatar que apareceram polacos, poucos, de cada colônia, mas o que muito me honrou foi a presença da Cônsul Geral da Polônia, Dorota Joanna Barys. Muito bonita, jovem, descontraída e muito bem humorada, Dorota foi uma das primeiras a adquirir um exemplar e encantou a todos.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Morena polaca bonita

Edyta Herbuś (edita rerbuchi), para os amigos Edzia, dançarina, modelo e atriz. Nasceu em Kielce (quieltsse), onde estudou teatro, cinema e dança. É apresentadora do programa W rytmie MTV. Ganhou os títulos de vice-miss na edição do Miss Hawaian Tropic 2004, em Las Vegas, quando recebeu também o prêmio de Miss Talentos. Começou a cantar a pouco e dentro em breve estréia nas telas fazendo o papel de um prostituta.

Maryla: voz para todos os cantos

Maria Antonina nasceu em 1945 em Zielona Góra (jielona gura). Formou-se em Física, mas foi na música que se tornou famosa. O primeiro contato com a canção se deu em 1962, quando foi eliminada no primeiro Festival de Jovens Talentos de Szczecin (chtchetchin). Em 1967, finalmente venceu um concurso musical no sexto concurso geral de cantores estudantes. Nos anos 70, Maryla Rodowicz (marila rodovitch) tornou-se a mais importante e popular representante da musica pop polaca. Em 1974, cantou na cerimônia de abertura da Copa do Mundo da Alemanha, em Munique, a música "Futbol, futbol, futbol". Como cantora já gravou mais de 600 músicas e mais de 20 discos, não só em polaco mas também em inglês, Tcheco, alemão e Russo. Neste vídeo, apresentação realizada este ano na cidade de Opole, ela faz uma homenagem aos ciganos polacos... em um dos versos ela diz: "dias verdadeiros, dia de cigano não existe..."

Múmias de Cracóvia

Foto: Ulisses Iarochinski

A Igreja de São Casimiro (Kościół Święta Kazimierz – cochtchiuu chvienta Cajimiéje) em Cracóvia na Ulica (ulitssa - rua) Reformacka (reformátsca) nr 4, em Cracóvia, foi construída entre 1666 e 1672. Compõe-se de uma área monástica e uma igreja - santuário. Pertence à Ordem dos Irmãos Menores, conhecidos como Franciscanos Reformados. Em seus subterrâneos existe algo que não se encontra nos manuais turísticos e muito pouco na bibliografia. Mesmo porque, o turista que batesse na porta da igreja com certeza não teria passagem para as catacumbas. Apenas em um único dia do ano é possível fazer esta visita. No dia 2 de novembro, Dia dos Mortos, ainda assim por apenas 15 minutos e para pouco privilegiados. Não é segredo, mas é uma forma de conservar o que restou depois da pilhagem nazista na II Guerra Mundial. A Igreja de São Casimiro de Cracóvia guarda corpos de mais de trezentos anos. Nestas catacumbas, desde o ano de 1672 foram depositados quase 1000 corpos de pessoas mortas, entre fiéis e monges da congregação. Muitas destas pessoas eram nobres europeus da Suécia, Rússia, Alemanha, França e Polônia que pagavam altas somas em dinheiro. Elas acreditavam no juízo final e queriam ter os mesmos corpos quando retornassem. Os corpos dos mortos são mantidos ali em perfeitas condições sem nunca terem sido mumificados, tal como as famosas múmias egípcias. As múmias de Cracóvia não possuem bandagens ou qualquer outro artifício. Estão com as mesmas roupas que vestiam quando morreram. Algumas portavam inclusive jóias que acabaram pilhadas pelos nazistas durante a II Guerra Mundial. Entre estas, o cetro e as brasão em ouro do bispo de Cracóvia foram levados pelos soldados de Hitler. Na parede próxima ao corpo estão apenas desenhos destes objetos em ouro e pedras preciosas. Os nazistas levaram também a maioria das múmias embora. Provavelmente para experiências do Dr. Mengele. Os nazistas foram responsáveis também pela deterioração que passou a tomar conta dos corpos. Este estado incomum dos corpos sempre despertou a curiosidade de estudiosos e muitos pesquisadores já procuraram esclarecer o estado dos corpos. A maioria defende a tese de que se deve a existência de um micro clima. Estas condições ideais seriam responsáveis pela conservação dos corpos. Atualmente, nos porões, encontram-se mais de 70 caixões funerários. Alguns estão cobertos com tampas de vidro desde o verão de 1970. Outros estão depositados no chão sem nenhuma cobertura de proteção. Alguns já apresentam deterioração no rosto e partes do corpo. Por isso, a maioria é mantida fechada dentro dos caixões. Mas é possível ver e tocar alguns deles. Os quatro corpos de monges que se encontram estendidos no chão da cripta mais ao fundo são provavelmente os primeiros a terem sido depositados ali. Estão do mesmo modo em que foram colocados há centenas de anos. Estão vestidos com seus hábitos monásticos. Acima das cabeças estão pedras com símbolos de suas vidas monásticas. Os monges mortos são anônimos e não se conhece a identidade deles. Alguns corpos possuem nomes como é o caso de Sebastian Wolicki (sebastian volitssqui), um estudante da Universidade de Cracóvia, que abandonou a vida de milionário que desfrutava nas cortes do rei Jan Kazimierz (ian cajimieje) para abraçar a vida monástica, tal como São Francisco de Assis. Esta decisão foi tomada durante um período de convalescença. Sebastian devotou o resto de seus 32 anos à vida monástica, tendo morrido em 1732, com 88 anos de idade. Sob sua cabeça foi encontrada uma carta descrevendo sua vida, como morreu e o respeito que todos deveriam devotar a ele depois de sua morte. Tudo indica que sua vestimenta tenha sido trocada várias vezes. Os pedaços de sua roupa original foram recortados e distribuídos a fiéis como relíquias. Em 1890, seu corpo foi transferido para uma cripta separada. Pois era grande o número de pessoas que vinham visitar o local. Nesta “nova” cripta estão pedaços de papel com descrições das graças recebidas por intersecção de Sebastian Wolicki. Também está depositado na catacumba o corpo do magnata cracoviano Ignacy Zielinski (ignaci jielinsqui), morto em 1787. Numa outra cripta está a múmia de uma menina morta aos 12 anos de idade. Seu corpo foi encontrado dentro de um caixão coberto de areia. Pertencia à família Modrewicz. Ela está vestida com restos de uma roupa branca de que pertenciam a uma mulher adulta. O branco das vestes significa que ela morreu durante o dia. Outros corpos que podem ser vistos e tocados estão claramente identificados e eram de Urszula Morszkowska (Úrchula Morchcóvisca) que morreu em 1787, Mikołaj Gostkowski (Micouai Gostcóvisqui - Nicolau) outro magnata morto em 1827, Domicela Skałska (Domitchéla scausca) morta em 1864 e Michał Szembek (Mirral Chembék) filho de Franciszek Szembek (Frantchichék - Francisco) principal fundador da igreja que foi oficial encarregado das sepulturas nos subterrâneos da cidade e bispo do tesouro real de Cracóvia. Os Franciscanos alertam que o local é de respeito e de oração e não um ponto turístico da cidade. O local não é um museu e tampouco um cemitério, apenas um local de guarda eterna. Isso explica porque não há qualquer informação turística e os vendedores da livrarias da cidade não saberem informar onde fica e o que são as múmias da igreja de São Casimiro. Muitos confundem com outra igreja católica situada no bairro judeu do Casimiro, a igreja Bożego Ciało (Corpo Dívino). Estudos estão sendo realizados na Universidade Jagielloński (iaguielonhsqui) para identificar as causas da deterioração e também porque foram conservadas durante tanto tempo estão múmias.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O poeta da canção polaca


Grzegorz Turnau (gjégoje turnau - gregório) é um cantor cracoviano. Canta suas ruas, cidade e amores. Arrajador, pianista, compositor e poeta. Casado com a flautista Marina Barfuss com quem tem uma filha, Antonina. Debutou no Festival da Música Estudantil de Cracóvia com a música "Znów Wędrujemy" (znuf vendruiemi - de novo caminhamos) enquanto cursava o terceiro ano do Liceu. Seu primeiro prêmio foi conquistado nas apresentações da Piwnicy Pod Baranami (pivnitsse pod baranami - adega sob o carneiro), bar na praça central de Cracóvia, que durante muito tempo foi palco dos melhores shows de música da Polônia. Seguiram-se os prêmios Fredereryk de 1994, 95, 97, 2002, 04, 05 e 07; Mateusz de 1995, Festival Nacional da Canção Polaca de Opole de 1996; Wiktor de 1998; Philip Award de 1999, Prêmio Superjedynka 2005 e 07. Tem 13 discos gravados e o status de o poeta da música popular da Polônia. Nesta canção "Bracka" (bratsca - da irmandade) Turnau demonstra seu carinho pela rua onde mora no Centro de Cracóvia - a Ulica Bracka (ulitssa bratsska) e os acontecimentos num dia de chuva.


Versos iniciais da Letra da música:

Na północy ściął mróz / z nieba spadł wielki wóz / przykrył drogi pola i lasy / myśli zmarzły na lód / dobre sny zmorzył głód / lecz przynajmniej się można przestraszyć / na południu już skwar / miękki puch z nieba zdarł / kruchy pejzaż na piasek przepalił / jak upalnie mój boże / lecz przynajmniej być może / wreszcie byśmy się tam zakochali /a w krakowie na brackiej pada deszcz / gdy konieczność istnienia trudna jest do zniesienia / w korytarzu i w kuchni pada też / przyklejony do ściany zwijam mokre dywany / nie od deszczu mokre lecz od łez / na zachodzie już noc...

Toruń: Segunda maravilha da Polônia

Mais de 28 mil votos deram ao panorama das margens do rio Vístula e da cidade velha de Toruń a segunda posição entre as 7 maravilhas da Polônia. Participaram do concurso de jornal "Rzeczpospolita" (jetchpospolita - república) 82 mil internautas.


Toruń é mais uma das cidades polacas fundadas durante a invasão dos cruzados teutônicos. Em 28 de dezembro de 1233 o grã-mestre da Ordem Herman von Salza assinou a ata de fundação da cidade e esteve em poder dos cruzados até 1454, quando aquelas terras, onde foi fundada a cidade pelos germânicos foi reconquistada pelo Rei Kazimierz Jagiellończyk (cajimiéji iaguielonhtchik - casimiro iaguielônico). Os mais antigos restos arqueológicos encontrados na região datam de 1.100 aC, período conhecido como Luzaciano, antigo povo que deu origem aos eslavos polacos. Entre os séculos 7 e 13 a região era ocupada já por tribos polacas. Etimologicamente o nome da cidade deriva da palavra Toron, nome de um dos castelos dos cruzados no Líbano e que atualmente se chama Tebnine. Quando Toruń se tornou ciddade do Reino Polaco, documentos e moedas cunhadas em Latim usavam declinar o nome da cidade como Thorun, Thorunium, civitas Thorunensis, or civitas Torunensis, e finalmente depois do século 15, foi adotado o nome polaco Toruń (tórunh). No século 13, com a invasão dos germânicos cruzados da Ordem Teutônica e a completa dizimação da população polaca, foi fundada a cidade. A maioria da população germânica que permaneceu na cidade adotou o protestantismo, em 1557, como forma de se posicionarem contra a população e o reino polaco, desde então uma ilha católica apostólica romana na Europa Central. Em 1595, chegaram os padres jesuítas como parte dos planos de Contra-Reforma. Os protestantes da cidade tentaram limitar o fluxo de novos cidadãos católicos, mas além dos jesuítas, os monges dominicanos trataram de controlar a maioria das igrejas, permitindo apenas o uso da igreja de Santa Maria pelos protestantes. A tensão religiosa na cidade continuou nos séculos seguintes. Durante as celebrações de Corpus Christi, em 1682, os católicos ocuparam a igreja de Santa Maria dos Luteranos. Em 16 de julho de 1724 ocorreu o pior dos incidentes. Depois de uma procissão jesuita houve escaramuças de rua promovidas pelos estudantes do Ginásio Luterano, que devastaram o Colégio Jesuíta. Depos disso, tanto os jesuítas como os dominicados tentaram persuadir o prefeito Johann Gottfried Rößner, e outros cidadaõs protestantes a se converterem a igreja de Roma. Com a recusa, os jesuítas apelaram a Suprema Corte Real em Varsóvia. O Tribunal sentenciou Rößner e outros nove luteranos à morte. Estas execuções ficaram mancharam a reputação de tolerância do reino católico da Polônia. Décadas mais tarde, durante a ocupação tri-partite da Polônia, o escritor francês Voltaire, amigo da rainha Catarina - a Grande da Rússia, recordaria o incidente como exemplo da intolerância religiosa dos polacos. E foi em Toruń que nasceu o astronômo Mikołaj Kopernik (micouai copernik - nicolau copernico) em 19 de fevereiro de 1473 na casa da família na Ulica Świętej Anny (ulitssa schvient anna - rua Santa Ana). Atualmente Ulica Kopernika, 17, onde funciona o seu museu. Toruń foi considerada Patrimônia da Humanidade em pela Unesco, em 1997. A cidade ainda possui vários monumentos da idade média. Foram preservados muitas construções góticas, como igrejas, a prefeitura e muitas casas. O centro histórico conseguiu evitar a destruição durante a II Guerra Mundial. O mais recente censo populacional apontava em 2006, cerca de 208 mil habitantes. E junto com a vizinha Bydgoszcz (bidgochtch) forma uma área metropolitana de 800 mil pessoas. Atualmente a cidade é famosa também pela Universidade Nicolau Copérnico, fundada em 1945, e pelo planetário e observatório astronômico que possui o maior radiotelescópio da Europa do Leste com um diâmetro de 32 m. E Finalmente, a cidade é sede da controvertida Radio Maria, fundada em 1991 pelo padre redentorista Tadeusz Rydzyk (tadeuch ridjik). O poder do padre é grande entre os ouvintes, conseguindo com seus polêmicos conselhos mudar o resultado de muitas eleições políticas. Em 2002, o padre-diretor abriu um canal de televisão, um jornal e uma escola de comunização e jornalismo, uma escola de segundo grau e duas Fundações "Nosso futuro" e "Lux Veritatis", destinada a publicações editoriais. Foi a partir do movimento "Deus, Igreja, Patria", organizado pelo padre Rydzyk, como interlocutor político entre seus 4 milhões de militantes católicos e o partido PiS dos gêmeos Kaczyński (catchinhsqui), que as últimas eleições presidenciais na Polônia experimentaram uma reviravolta, quando todas as pesquisas de opinião davam a vitória para Donald Tusk do Partido da Plataforma da Cidadania.

Na veia, o traço polaco

Na cena editorial e artística, a paranaense Márcia Széliga dispensa maiores apresentações. Para quem não a conhece, é uma das mais admiradas ilustradoras do Brasil, polaca que me concedeu a honra de ilustrar o livro que estarei lançando na noite de hoje na Casa Romário Martins (Largo da Ordem). Nesta Banda Polaca, Márcia escreveu os textos que acompanham as ilustrações. Este é um deles, por exemplo:
Foi assim que começou a história de ilustrar esse livro. Eu desenhei no passado algo que o Dante me pediria no futuro, agora presente em A Banda Polaca - Humor do Imigrante no Brasil Meridional.
Márcia Széliga conta: "Entrei num túnel do tempo e fui parar na Polônia, em Cracóvia, lápis e papel na mão, desenhos safra 1989. Tudo bem que outros são vinhos frescos, recém-saídos dos barris de carvalho da imaginação (ou seriam provenientes de butelkas de vódka?).
Importa é que fui estudar Desenho Animado na Academia de Belas Artes de Cracóvia, e chegar lá em 89 ou 40, 50, 60 anos atrás dá tudo na mesma.
Foi um tempo de antes, de costumes distantes no espaço, de figuras interessantes, caricatas, umas sisudas, outras carismáticas, no silêncio polonês. Lá entendi minhas raízes, lá entendi Curitiba.
E nesse traço quieto, na captura da expressão de cada rosto, da velha com seu gato manso à Romiseta levando um louco, esse é o sangue polaco que trago na veia."

Dante Mendonça [26/09/2007]

Repercussão da Banda Polaca


Desenho de Márcia Széliga

Este livro do Dante tem vários méritos, inclusive o literário. Enquanto idéia e motivo intelectual, me agrada a atitude de cultivar a alma curitibana e discutir o universo polaco, inclusive ao polemizar e revisar o uso da palavra maldita. Aceitar o termo polaco, limpo de estigmas, significa aceitar a liberdade de um povo e a dívida que nós, outras etnias, temos com ele.
Prosador maduro moldado pela lida diária do jornalismo, Dante tenta e consegue, como compromisso básico, estabelecer uma demanda para o humor, coluna mestra deste glossário de piadas sobre polacos e afins.
Não fosse ele um cartunista de plantão 24 horas por dia. Méritos também para a narrativa que funciona como memória de uma cidade petrificada pelo ascetismo e rigidez das culturas imigrantes, na medida em que rir de si mesmo é a melhor sugestão no receituário tropical. Como bem proclama o autor fazendo uma síntese da querela internacional: O Polaco é nosso!
Toninho Vaz
(Autor de “O Bandido que Sabia Latim” - biografia de Paulo Leminski, “Pra Mim Chega”– biografia de Torquato Neto e “Edwiges, a Santa Libertária”)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Deco é brasileiro, sim senhor!!!!

A imprensa brasileira está divulgando em seus portais de Internet, matéria sobre 7 brasileiros indicados como candidatos a fazer parte do time ideal da temporada 2006/2007 da Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol (FifPro). Listam alí, Dida (BRA/Milan), Daniel Alves (BRA/Sevilla), Roberto Carlos (BRA/Fenerbahce), Lúcio (BRA/Bayern de Munique), Kaká (BRA/Milan), Ronaldinho Gaúcho (BRA/Barcelona) e Ronaldo (BRA/Milan). Todos estes nasceram no Brasil, tem carteira de identidade e passaporte brasileiro. Porém Dida também tem cidadania italiana, e Ronaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos têm cidadania espanhola.
A pergunta é: porque Deco - Anderson Luiz de Sousa, nascido em São Bernardo do Campo - SP, com carteira de identidade e passaporte brasileiro está listado como Deco (POR/Barcelona), ou seja como português?
Qual é a diferença? A imprensa brasileira se tornou braço do Ministério da Justiça (Polícia Federal) e das secretarias de Segurança Pública dos Estados? Sim, porque Deco é tão ou mais brasileiro que Dida, Ronaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos. Sim, Deco não fez farra, nem se entregou em campo para os afagos de Zidane, nos campos da Alemanha em 2006.
Deco deveria processar estes jornalistas presunçosos por lhe terem subtraido a cidadania brasileira. E não venham com a ladainha de que foi o sindicato que fez o anúncio. Corrija-se então o assessor de imprensa do sindicato europeu (sim porque esse sindicato não é mundial).
Deco é o maior meio campista brasileiro depois da geração de Telê. Só não vê quem recebe propina da Nike, Adidas e etc. para endeusar os Rs e os Kakas.

Kanał Elbląski: quinta maravilha da Polônia

A cidade de Elbląg (elb long) está localizada na margem Oeste no delta do rio Wisła (vissua - vístula). O panorama desta região realmente é digno de ser chamado de maravilha. O rio Elbląg por sua vez está à esquerda da cidade, mas é controlado contra as cheias pelos canais. Um destes é o Kanał Jagielloński (canau iaguielonhsqui), que permite chegar a Gdańsk (gdanhsk) pelo rio Nogat. Já a considerada quinta maravilha da Polonia pelos internautas do jornal "Rzeczpospolita" (jetchpospolita), o Kanał Elbląski (canau elb lonsqui) liga o lago Drużno (drujino) com o rio Drwęca (drventssa) e o lago Jeziorak (iejiorak). O porto fluvial de Elbląg é de pouco calado, tendo mais ou menos 1.5 m de profundidade. A área de manobra tem apenas 120 m diâmetro. Mas ele, apesar disto, é considerado um porto auxiliar ao de Gdańsk. A palavra Elbląg etimologicamente deriva da germânica Elbing, a qual foi dada pelos cavaleiros teutônicos que haviam invadido a região polaca da Pomerânia e começaram a mudar os nomes dos acidentes gerográficos que estavam em polaco para alemão (ou prusso antigo). A cidade portanto, foi fundada, em 1237, pelos cruzados germânicos, ao lado do rio Ilfing, ou em latim Elbingo, como era denominado em 890 d.C pelas tribos eslavas. Com as sucessivas mudanças de comando o nome da cidade também foi se alterando, assim em 1239 era Elbingo, em 1242 era Elbing, em 1258 era Elbyngo, em 1389 era Elvingo, em 1410 era Elwing, em 1634 era Elbiągowi, e quase 30 anos mais tarde, em 1661, o atual termo de Elbląg. Na época do Império Romano a região era chamada de Truso e foi com esse nome que o anglo-saxão Wulfstan of Hedeby às ordens do Rei Alfredo - O Grande da Inglaterra, que navegando pelo Mar Báltico chegou a este delta de rios e lagos em 890.
Após a batalha de Grunwald, a cidade passou para o Reinado de Władysław Jagiello (vualdissuaf iaguielo - Ladislau), da Polônia, em 22 de julho de 1410. Quarenta e quatro anos depois, em 1454, a cidade foi agraciada com uma lei do Rei Kazimierz Jagiellończyki (cajimiej iaguielontchiqui - Casimiro) aumentando os poderes da administração local, além de uma lei para o controle da pesca. Até 1772, a cidade de Elbląg fez parte do reino Polaco, mas com a invasão e a partilha da Polônia, mais uma vez os polacos foram retirados dali à força e substituídos novamente por prussianos. A história voltaria a se repetir 170 anos depois, com o fim da Segunda Guerra Mundial. Desta os expulsos foram os alemães e em seguida re-habitada por polacos expulsos pelos russos das terras polacas do Sudeste (onde hoje é território ucraniano). Na Segunda Guerra Mundial, a cidade teve o mesmo destino de Varsóvia e foi totalmente bombardeada. A reconstrução foi trabalho árduo dos polacos no começo dos anos comunistas.
É muito provável que é daqui a mais antiga cerveja da Europa. Os cônegos dos cruzados teutônicos que fundaram a cidade, começaram a produzir uma bebida fermentada no ano de 1336. Logo eram 159 mestres cervejeiros na cidade. A cerveja EB no fim do século 16 custava 72,9 centavos de prata a garrafa. Em 1872, a Associação Elbląg que havia comprado ações da Fábrica Cervejeira da prefeitura da cidade, vendeu suas ações para ingleses, grandes importadores durante os últimos séculos da famosa EB. A Estland Company havia comprado grandes extesões de terra na cidade em 1580. Esta empresa permaneceu na cidade durante todo este tempo com o nome de Browar Angielski Zdrój (brovar anguielsqui zdrui - cervejaria fonte inglesa). Assim após sucessivas caídas das ações da Associação de Acionistas da Elbląg, a cerveja EB passou a ser propriedade dos importadores. E o fabricante da EB passou a ter até 1945 a denominação de Brauerei English Brunnen. Durante o período comunista a fábrica produziu as cervejas Zdrój, Zdrój Extra, Specjal, Angielski Zdrój, Marcowe, Jasne Pełne, Pełne. Com a queda do comunismo, em 17 de abril de 1991, foi firmado em cartório uma sociedade com o nome de Elbrewery Company Limited, dos quais 51% das ações passava para o controle da empresa australiana Brewpole PTY e 49% em mãos da empresa polaca Zakłady Piwowarskie w Elblągu. (zacuadi pivovarsquie v elb longu) Após uma produção recorde de 1.930.00 hl, em 1997, uma companhia cervejeira do Sul da Polônia, Grupo Żywiec (detentor da cerveja de mesmo nome) comprou a fábrica da EB. Enquanto a EB é a mais popular cerveja no Norte da Polônia, no Sul quem manda no gosto do povo é a Żywiec.
P.S. Em 2005, as 65 cervejarias da Polônias produziram juntas 30.270.000hl (1 hl é a medida de cem litros - portanto é só fazer as contas... mais de 300 milhões de litros.

Blog completa dois meses

Provocado pelo cartunista Solda (de Itararé - Curitiba) que publicou um artigo meu sobre o corte do jogador de vôlei Ricardinho da seleção do Bernadinho, acabei criando este blog dois meses atrás. A satisfação tem sido muito grande. Transformou-se num trabalho, embora não assalariado. Os números dos 3 analisadores dizem que já passaram de 4 mil o número de visitas. E é gente de toda parte e de todas as línguas. Se todos entendem português, não sei! Mas desde o Japão, Chile, Canadá, Burkina Fasso, Suécia, Australia aos brasileiros e polacos de todos os cantos há gente acessando o blog. É muita responsabilidade falar pra tanta gente sobre a Polônia, Brasil, Portugal e algumas coisas mais.
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É amanhã o dia da Banda

Banda polaca, o quarto livro de Dante Mendonça
Mara Andrich
Humor e conhecimentos históricos. É a isso que o leitor terá acesso ao conhecer o quarto livro do cartunista e escritor Dante Mendonça, Banda polaca. Depois de conhecer um pouco da história dos polacos em Curitiba, o leitor será convidado a entrar no mundo dos “causos” dessa etnia, que não tem poucos representantes no Sul do País.Mendonça conta que o nome do livro foi dado em função de uma banda “verdadeira” que existia na cidade no período entre 1976 e 1982, da qual ele fazia parte (mas o nome “banda” no livro se refere a “lado” ou “margem”). A banda, chamada de Banda Polaca, tocava músicas de Carnaval. Embora Mendonça não seja polaco (ele é descendente de italianos, nascido em Nova Trento, Santa Catarina), o escritor pretende mesmo contar, com muito bom humor, um pouco da vida dos polacos no Sul do País. “Quem nasceu aqui cresceu ouvindo histórias de polacos, e nunca ninguém pensou em reuni-las em um livro”, comentou. Para escrever o livro, o escritor não só ouviu muitos representantes da etnia, como também fez várias pesquisas históricas sobre o assunto. Na obra, Mendonça aborda as dificuldades dos polacos em se adaptar à nova terra, a língua diferente com a qual tinham que se acostumar e os preconceitos que tiveram que enfrentar. Há 35 trabalhando no jornal O Estado do Paraná, Mendonça faz as charges da publicação e ainda mantém uma coluna. No ramo das charges, ele é um dos pioneiros a publicá-las, em cores, na capa de um jornal. Hoje, dividido entre escrever suas crônicas e fazer charges, Mendonça diz que lê um pouco de tudo, principalmente sobre história, e que não considera ter influências para escrever. “Sou um leitor compulsivo”, comenta. Pai de dois filhos, veio para Curitiba na década de 70, de onde não mais saiu. O livro conta com o apoio do jornalista Ulisses Iarochinski, Roberto Gomes, Nireu Teixeira, Ernani Buchmann, além do posfácio do escritor paranaense Wilson Bueno. A resenha da capa é do jornalista Toninho Vaz. Serviço Lançamento do livro Banda polaca, de Dante Mendonça, dia 26 de setembro, às 18h, na Casa Romário Martins (Rua São Francisco, 30 - Largo da Ordem). Telefone: (41) 3321-3255.


CONVITE DO ISIDÓRIO DUPPA


Também será lançado conjuntamente o CD de músicas do "Polskiego Pochodzenia" que atende pelo nome artístico de Duppa com dois Ps para não confundir com nádegas em polaco.
Este é o convite bem apolacado de Isidório:
"Iéu ta convidando vosse pro lansamento do Livro Banda Polaca do Dante Mendonça, que junto vai çer lansado ieden Cd, com 10 musicanti do Trator envenedado (de uma zioada na capa do Cd no albu de fotograsfia de iéu) Vai ser na Casa Romário Martim, no Largo da Orde nas Curitiba, dia 26 dos setembro a parti das 18 ora da tarde. Yéu vai tar lá pra nóis prosiá, intón, trate de atrelá os cavalo na carossa e vamo junto tomá gasosão vermelha. Recado do Isidório: Veja tambéi o cripe de fizérô do Trator Envenedado nos meus vidio e iéu nem sabia, mais acho bacana pra buro, dizê que já ta a mais de um ano no iotubo e qui nem marido traído, iéu foi urtimo a sabê. Inda mais ... se vosse quizé baxar as música do trator envenenado é só ir na cumunidade “Semo Polaco Non Semo Fraco” que tem um linque pra ponhar as música do teu cumputador.Um Grande abrasso do Isidório. (Zido pros mais chegado)."


segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Katyń: para entender a Polônia de hoje

Finalmente pude assistir ao aguardado filme de Andrzej Wajda (andjei vaida) sobre o massacre de Katyń. Antes de qualquer comentário cinematográfico, ou histórico preciso dizer que muitas de minhas perguntas sem resposta foram, em parte, satisfeitas após a projeção. Perguntas, que sempre fiz aos polacos desde que cheguei a Polônia, há cinco anos. Perguntas sobre o período comunista, sobre a rejeição aos russos e a indiferença aos alemães, sobre a coexistência da igreja católica com o Estado ateu, sobre como foi adaptar-se ao regime capitalista tendo vivido tantos anos sob o socialismo ... E tantas outras. Assim como os polacos, também o Ocidente anticomunista passou décadas desconhecendo esta tragédia que Wajda recorda com seu filme. Quem sabe se o senador Norte-americano Joseph Raymond McCarthy, do alto de sua arrogância, em sua caçada aos comunistas de Hollywood, na década de cinqüenta, fosse suficientemente informado, o que ele não teria usado Katyń como propaganda anticomunista? E como teria se desenrolado nos anos seguintes a Guerra-Fria? Mas o Ocidente fez vistas grossas, ou melhor tinha em Stalin, um parceiro para juntos controlarem o mundo. A hipocrisia de estadunidenses, ingleses, franceses e outros foi usada sempre em detrimento da Polônia. O filme começa com uma cena simbólica para a Polônia daquele início de Segunda Guerra Mundial. Uma ponte de aço, sobre um rio qualquer no Leste do país, tem em cada ponta uma massa de fugitivos. Uns querem fugir dos nazistas que invadiram a nação pelo Ocidente. Outros, aos gritos, alertam para que voltem atrás, pois do Oriente estão vindo os soviéticos, que em sua fúria assassina destroem tudo. A ponte de Wajda, não é apenas um signo metafórico da cena, signo semiótico do diretor, ou do filme, mas é um signo que representa toda a milenar história do povo polaco, marcada por invasões do Oeste, do Leste, do Sul e do Norte. Como uma ilha Católica Apostólica Romana em meio a protestantes, ortodoxos, mulçumanos, a Polônia sofreu ao longo dos séculos ataque de todos os lados. A cena da ponte, embora de poucos minutos, responde à uma série de perguntas sobre o caráter e a índole do povo polaco. Um povo que nunca se entrega, um povo que sofre, mas tem esperança quando canta “Jeszcze Polska nie zginęła, kiedy my żyjemy” (jecztche polsca nie zguineua, quiedi mi jiiemi – ainda a Polônia não desaparecerá, enquanto vivermos), que como Fênix renasce das cinzas.

Quem esperava por um filme de guerra, no melhor estilo hollywoodiano se decepciona, quem esperava por um documentário histórico se frustra, pois apesar de contar a verdade sobre uma mentira calada por mais de 50 anos, Wajda é suficientemente genial para se distanciar das bombas e explosões de artefatos e se aproximar das explosões contidas de emoção de seus personagens. O grupo de atores selecionado pelo diretor está entre as caras mais conhecidas da arte de representar da Polônia dos últimos anos. Populares, mas nem por isso “canastrões”. Ao contrário, representam com uma densidade dramática pouco vista nos filmes do resto do mundo. Em seus minutos de atuação, os atores que interpretam os oficiais assassinados pelos russos mereceriam todos, o prêmio de melhor coadjuvante. Já Maja Ostaszewska, atriz de família cracoviana, no papel de Anna, esposa de um dos generais assassinados, comporta-se com uma qualidade artística impressionante. Desde já uma candidata seriíssima aos troféus Palma de Ouro, Urso de Ouro, Leão de Ouro, Globo de Ouro e Oscar de melhor atriz. Não há uma única cena em que ela exagere, ou faça de menos. Tudo nela é preciso e requintado. Ostaszweska esteve entre outros, em “Lista de Schindler” e “Pianista”. A crítica polaca tem feito muitos elogios também a Maja Komorowska (presente em “O Homem de Mármore”) por seu desempenho como a mãe do personagem Oficial Artur. A densidade dramática do filme é conduzida pela música de Krzysztof Penderecki e pela magnífica direção de fotografia de Paweł Edelman. Mas é nos cenários, objetos de cena, figurinos, que o filme transporta a imaginação para a Cracóvia daqueles dias de guerra. A cidade é a mesma de hoje, mas o clima e o cenário são de mais de 60 anos atrás. Perfeito, envolvente. Sobre as respostas buscadas, neste período de Polônia, é necessário dizer que com este filme de Wajda, entende-se a repulsa que os polacos, de hoje, sentem pelos russos. Enquanto inimigos declarados, os alemães foram as piores bestas da civilização humana, mas os falsos russos não ficaram atrás. Pior! (Se é que pode existir coisa pior) Não destruíram e assassinaram polacos apenas em Katyń e no resto da Segunda Guerra Mundial, não! Continuaram destruindo e matando nas décadas seguintes com a imposição do sistema comunista. Transformando suas antigas vítimas em algozes do próprio povo polaco. O personagem do oficial que escapa da morte em Katyń, mas se suicida em plena rua da Cracóvia comunista, após uma série de encontros com familiares que ainda tinham esperanças de que os oficiais retornassem do front de guerra na Rússia, é a resposta a muitas das minhas perguntas. Mas os russos estão atormentando os polacos não apenas nos últimos 60 e tantos anos, não! Os reis, nobres e povo russo ocuparam a Polônia de 1795 a 1918. Caída a Dinastia Romanov, assumiu as rédeas Lenin, Trostki e seus bolcheviques. Estes, iguais aos reis, não tardam em voltar seus olhos para a Polônia. Os comunistas atacaram a Polônia em 1920, mas foram rechaçados espetacularmente pelo marechal Józef Pilsudski. A Polônia é a única nação a infringir derrota aos russos. Ninguém chegou tão longe como Pilsudski. O marechal polaco com suas tropas chegou às portas de Moscou. Uma ousadia que não foi esquecida com certeza. Stalin, após tirar o poder de Lenin e assassinar Trotski volta a sonhar com as planícies polacas. O acordo Ribbentrop-Molotov cela o destino da Polônia. Atacada pelos dois lado, mais uma vez, pelas mais potentes forças armadas da época (alemãs e russas), a Polônia tenta resistir. Realmente a sobrevivência da Polônia e dos polacos, talvez, seja caso único de um povo que se nega a desaparecer. E as perguntas que tanto fiz sobre o modo de agir para sobreviver de uns, o de se deixar aprisionar de outros, ou ainda, de morrer pelo ideal de um Polônia Livre estão também retratadas nesta obra de Wajda. Muitos, submissos à prepotência das forças armadas, da polícia e dos agentes de segurança calaram. Outros enfrentando as determinações do Kremlin estiveram sempre em posição de rebeldia. Assim os Polacos, que sofreram os horrores soviéticos e nazistas, foram divididos e transformados, uns em espiões e dedos-duros e outros em mudos e cegos da realidade. A cena do padre negando a colocação da lápide do piloto assassinado em Katyń, na igreja, responde porquê num Estado ateu e comunista de “esquerda”, muitos polacos, hoje, são conservadores e de direita. As cenas de arquivo (foram filmadas pelos nazistas na época e desacreditadas pelos soviéticos) são suaves se comparadas com o realismo das cenas de assassinatos dos oficiais polacos nos campos de Katyń por Wajda e Edelman. A crueldade do nazista Mengeli, ou a loucura do general alemão, governador de Cracóvia, personagem do filme de Spilberg é equiparada por aqueles soldados russos que disparavam, com pausa para uma baforada, nas cabeças dos soldados polacos à beira da vala comum. Talvez esta seja a cena mais chocante da narrativa "wajdiana"!!!! Ali, na cena, não era Stalin que estava disparando, mas um absurdo e idiota soldado vermelho. Evidentemente que cumprindo ordens do georgiano Josef Vissarionovich Dzhugashvili, ou simplesmente Josef Stalin - o soviético. Mas que aquele soldado estava executando vidas. Isto estava! O soviético Stalin, cultuado por boa parte da esquerda mundial, não fica nada a dever aos horrores perpetrados pelo nazista Hilter. Curiosamente nem um dos dois nasceu nos países que comandaram. Enquanto Hitler nasceu na Áustria e se assenhorou da Alemanha, Stalin saiu da Georgia para cometer os maiores crimes contra a humanidade a partir da Rússia. Tomara este filme possa ser visto em todos os países e em todas as línguas, pois embora não chegue a ser extraordinário e tampouco lembre momentos épicos da cinematografia de Wajda, como “Kanał”, “Homem de Mármore”, “Homem de Ferro”, “Danton” e “Terra Prometida” ele é extremamente poderoso para desmentir meio século de mentiras e opressão. Um passo para isso já foi dado, pois além de sua estréia em todos os cinemas da Polônia, o Ministério da Cultura e o Comitê Nacional de Seleção escolheu, entre 16 filmes produzidos no país, o “Katyń” de Andrzej Wajda, para representar a Polônia no Oscar 2008 de melhor filme estrangeiro.

P.S. Faltaram ainda muitas outras respostas. Mas fica mais evidente que o mundo não pode ser dividido dialeticamente apenas entre esquerda e direita, conservadores e progressistas, bem e mal, céu e inferno. Definitivamente o mundo não é só isso que nos impingem as cartilhas religiosas.

"Sztuczki" vence Festival de Gdynia

Andrzej Jakimowski com o troféu de ouro "Lwami" pelo filme "Sztuczki". Ao seu lado, a rvelação de 11 anos, Damian Ul z Wałbrzycha. O longa-metragem recebeu também o troféu de produtor. foto: Kamil Gozdan / AG

"Sztuczki" (chtuchqui - artimanhas) de Andrzej Jakimowski (andjei iaquimovsqui) mostra uma nova cara do cinema polaco. Um novo tom, mais quente, com um humor irônico, distanciamento e desejos mais próximos da realidade. De todos os filmes participantes, apenas dois são lembranças do estilo social que marcou por décadas o cinema polaco. Fora"Korowodzie" Jerzy Stuhr e "Benku" de Robert Gliński, todos parecem seguir uma tendência para a comédia romântica, thriller, brincadeiras filozóficas e parábolas sobre o bem e o mal. Longe, portanto, dos preceitos da crítica. Tanto que os favoritos dos críticos eram "Ogród Luizy" (ogrud luisi - jardim de Luisa) de Maciej Wojtyszki (matchiei voitychqui), no qual o gangster é um honrado político, e "Wszystko będzie dobrze" (vchistco bendjie dobje - tudo será bom) de Tomasz Wiszniewski (tomach vichnievsqui) sobre pelegrinos que crêem em milagre, que não levaram nada. Assim a vitória do filme e produção de Andrzej Jakimowski surpreende pelo novo estilo ,que mistura o tom pessoal com o universal, que é direto e refinado ao mesmo tempo. O filme é sobre um menino que tenta dirigir a própria realidade, dominar os incidentes, trazer para casa o pai que abandonou a família.
Fonte: jornal Gazeta Wyborcza

Começou o Outono

Nas margens do rio Wisła (vissua - Vistula) e ao fundo a ponte de ferro do Bairro do Kazimierz (cajimieje- Casimiro). É tempo de chuvas e ventos. Sem eles as folhas amareladas pelo verão não cairiam. O espetáculo de cores começa no vermelho do guarda-chuva e vai se abrindo nos dias ensolarados para todos os espectros. (poético, não?)

domingo, 23 de setembro de 2007

Polaco ou polonês?

Reproduzo artigo do colunista Dante Mendonça do jornal "O Estado do Paraná", dante@oestadodoparana.com.br com o título de "Polaco ou polonês?" publicado na edição deste domingo 23/09/2007, em Curitiba.
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Ao começar a escrever o livro A Banda polaca - O humor do imigrante no Brasil Meridional - uma das minhas preocupações foi o adjetivo pátrio: polaco ou polonês? Este gentílico ainda é motivo de muita “briga de ripa” entre os imigrantes, por ter se transformado numa expressão pejorativa. Na língua polaca, é “polak”. No espanhol, é “polaco”. No italiano, é “polacco”. No inglês, é “polish”. No alemão, é “polnisch”. Em bom português, é “polaco”. Na língua francesa é onde encontramos “polonais”. Este galicismo foi sugestão do embaixador da França ao cônsul Gluchowisk, em 1927, como forma de substituir o polêmico “polaco”, usado para ofender os imigrantes e seus descendentes. No prefácio da Banda polaca, o jornalista e historiador paranaense Ulisses Iarochinski defende o uso do gentílico “polaco” e faz questão de assim ser chamado, com muito orgulho:
Creio que seja necessário saudar a ousadia de Dante Mendonça ao utilizar a palavra “polaco”. Desde já alerto que ele pode ter problemas com a comunidade “polonesa”, pois não foi uma nem duas vezes que meu trabalho sofreu censura. Justo pelo uso adequado do termo “polaco” na língua portuguesa. Utilizar “polaco” impediu, por exemplo, a publicação do artigo “A etnia polaca no Brasil”, de meu doutoramento na Universidade Jagiellonski de Cracóvia, em uma revista brasileira de estudos científicos. Não bastasse isso, reportagens produzidas por mim para jornais e televisão do Brasil tiveram, sem meu consentimento, mudados os registros do termo “polaco” para “polonês”.
O termo “polaco” sofre há pelo menos 85 anos campanha sistemática pela sua eliminação da língua falada no País. Alguns chegam a pregar sua total extinção dos dicionários e documentos. As gerações mais antigas simplesmente abominam o termo. Quando escrevia Saga dos polacos, publicado em 2001, o presidente de uma associação étnico-cultural do interior do Paraná interrompeu a entrevista quando ouviu o termo “polaco”. O homem, também descendente de imigrantes da Polônia, afirmou que não prosseguiria a conversa se continuasse a ouvir “polaco”. Ele se sentia terrivelmente agredido com a palavra. Perguntei o porquê da irritação. O polonês-paranaense respondeu que era um termo pejorativo.
- Por que, pejorativo?
- Não sei a razão! Meu pai sempre dizia que não aceitasse ser chamado assim, porque essa palavra era muito feia e que significava burrice e que na verdade estavam nos chamando de filho da puta. Agora chega. O senhor não pode sair por aí falando “polaco, polaco”!
Este incidente seria apenas o primeiro. Na fase de lançamento do livro por 25 cidades brasileiras, houve pelo menos outras três situações delicadas. Uma delas, inclusive, com agressão física. Irritado com o título do livro, um senhor chegou a me esmurrar duas vezes durante a seção de autógrafos.
Os estudiosos da etnia apontam que o preconceito contra a palavra “polaco” teria se iniciado na época da importação de prostitutas européias pelo Império Brasileiro. Como naquele momento a maioria das mulheres no Rio de Janeiro era de escravas africanas, o reino queria “branquear” a população. Como as importadas eram em sua maioria loiras como as “polacas” do Sul do Brasil, a população logo começou a qualificá-las de “polacas”. Num momento imediatamente posterior, a população carioca passou a denominar qualquer prostituta, fosse loira, preta, branca, amarela ou índia, com o termo “polaca”. (Ulisses Iarochinski).