sábado, 26 de julho de 2008

Tormentas causam prejuízos na Polônia

Foto: Michał Walczak

Depois da tormenta que atingiu a região Podkarpacie, no Sudeste da Polônia, a situação climática se estabilizou neste sábado. As fortes chuvas foram tantas que chegou a ser acionado o estado de alarme naquela voivoda. As localidades mais atingidas foram Łańców, Leżajsk, Jarosław, Przeworsk, Nisko, Stalowa Wola, Biecz, Lesko, Jasło, Sanok, Brzozów, Strzyżow, Rzeszów, Krosno e Przemyśl.

Os ventos fortes aliados a intermitente chuva causaram imensos prejuízos e o Corpo de Bombeiros dos vários municípios não tiveram um minuto de trégua.  Já foram contabilizadas perdas em mais de 400 hectares de plantações, 7 pontes caíram,  80  casas ficaram praticamente destruídas e 3 escolas completamente inundadas. 

As regiões da Silésia (Katowice) e da Małopolska (Cracóvia) também foram atingidas pela forte tormenta desta sexta-feira, mas os prejuízos foram menores, mas não menos importantes. Nos arredores de Cracóvia o vento chegou aos 80 km horários.

A Polônia milenar

Fronteiras da Polônia através dos últimos séculos desde o século 10
               Anos 1370
 -----     Antes 1772
 -----   1920 a 1939
 -----            Atual

Os vestígios mais antigos do homem em terras polacas foram encontrados ao Sul do país, proximidades de Cracóvia. Em Piekary (leia-se piécari), Ojców (leia-se óitssúf), Ciema (leia-se tchêma) e Pogórze Kaczawskie (leia-se poguje catchavisquie) existem rastros da presença do pitecantropo, que data do grande período interglacial da era quaternária. O homem de então, vivia da caça de animais herbívoros, sendo a Rena, um dos mais abundantes. O clima era frio e úmido, a vegetação era similar a que vemos, hoje, na faixa setentrional do país. Ao desaparecer a era glacial da Polônia Central, há aproximadamente 50 mil anos, surgiu o homem de Neanderthal. 
Com o decorrer dos milênios, o clima tornou-se mais quente, diminuiu a umidade e a vegetação ficou mais variada. As condições propícias para o desenvolvimento de uma agricultura rudimentar surgiram a partir de 4.200 antes de Cristo. Os habitantes daquela época encontravam-se já no período neolítico e fabricavam ferramentas. A população foi se estendendo até as terras mais férteis do Norte da Polônia (Kujavia e Pomerânia Ocidental). Os homens viviam em aldeias separadas por florestas virgens. Nas imediações de Sandomierz e na Baixa Silésia foram descobertas, em antigas minas de silício, oficinas, onde se fabricavam ferramentas deste mineral. Diversas teses procuraram explicar a presença do homem eslavo nas terras polacas. Segundo Surowiecki (1824) o continente europeu foi sucessivamente habitado pelos lapões, iberos, eslavos procedentes da Armênia, os celtas e finalmente os teutões.
No mapa antropológico elaborado em 1953 pela Universidade de Lwów, a Polônia teria sido ocupada pelos povos lapões, balto-eslavos, luzácios e germânicos. Desde o século XV, antes de Cristo, começaram a aparecer as primeiras manifestações da idade do Bronze. Ao redor do século XIII, antes de Cristo, começa a acontecer uma grande transformação nas terras polacas, devido a influência da cultura luzaciana, que compreendia as povoações da Saxônia, Luzácia e Polônia Maior (Wielkopolska). Entre 1400 e 1200 antes de Cristo, em quase todas as regiões polonesas predominaram os elementos da cultura luzaciana, tal como se aí houvesse se processado uma estandardização dos gostos, das tendências e das necessidades ambientais. Apenas nas regiões centrais continuaram atuantes os representantes de uma das culturas anteriores pré-eslavas. No Sudeste, podiam ainda se ver discretas evidências dos povos Kimeros. Somente no início da era do ferro, no ocidente polaco, a cultura luzaciana começou a ceder espaço para a expansão germânica e no Sudeste para a cultura iliriana. No período latense, entre 500 e 350 antes de Cristo, ainda persistiam algumas ilhas luzacianas em meio a territórios ocupados pela expansão saxônica (alemã), enquanto no Sudeste, iniciava-se a expansão Cita.
Entre os anos 350 e 150 A.C. processou-se a expansão Celta em toda a faixa meridional polaca. Entre os anos 150 a 1 depois de Cristo, em todas as áreas eslavo-polonesas foram assinaladas esporádicas manifestações da cultura dos Burgúndios e dos Vândalos. Entre os anos 150 e 250 D.C. os Gôdos percorreram as áreas setentrionais dos territórios polacos em direção ao Leste, enquanto os burgúndios e vândalos persistiam nas demais regiões.
Para Jan Kostrzewski, da Academia de Ciência da Polônia, antes da criação da nação polaca, há mais de 1000 anos, quando os povos germânicos ainda não havia nem se espalhado sobre as regiões do médio Rio Elba (quanto mais ao seu curso superior), as terras eslavas já eram habitadas por inúmeras tribos eslavo-polacas. Há mais ou menos 3 mil anos os pré-eslavos deixaram inúmeros cemitérios do tipo luzaciano nas diversas regiões polacas. Portanto, as terras polacas SEMPRE FORAM DOS POLACOS e não como alguns querem fazer crer que aquelas terras teriam sido alemãs.
P.S. Mais sobre o assunto no livro SAGA DOS POLACOS de minha autoria. Compre através do telefone (+55) 41 3336 4275.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Blog completa um ano de existência

Tendo como fundo a Igreja de Santa Maria - a Mariacka do Rynek de Cracóvia, aponto para você leitor amigo com as últimas da Polônia.

O blog JAROSIŃSKI do Brasil está completando hoje, um ano de existência, neste 25 de julho... Dia de São Cristóvão e Dia dos Motoristas do Brasil.

Diariamente, desde Cracóvia, na Polônia, onde faço estudos de história e cultura internacional, tenho escrito em média dois textos por dia. São notícias factuais, curiosidades, notas históricas, receitas da culinária polaca, músicas e vídeos de cantores e artistas da atualidade polaca. Foram exatamente publicados 825 textos (somando este).

A idéia básica desde o início foi suprir de alguma forma, em língua portuguesa, um pouco da realidade deste país da Europa Central, tão pouco divulgado pela imprensa brasileira e portuguesa. No caso brasileiro, em função dos grandes veículos de comunicação estarem concentrados no eixo Rio-São Paulo, desconhece-se que Curitiba, o Paraná, Porto Alegre e o Rio Grande do Sul concentram um dos maiores grupos da etnia polaca em todo o mundo.

Curitiba, a capital dos paranaenses, até 1947, tinha metade de seu munícipio denominado como Distrito de Nova Polônia, e portanto, é, de modo geral e não oficial, a terceira maior cidade polaca em todo o mundo, ficando atrás apenas de Varsóvia e Chicago. Assim, a carência dos brasileiros descendentes de polacos por informações da Polônia foi uma das maiores causas da criação deste blog.

No caso, português, a cada dia Portugal se dá conta da importância da nação do Leste. A cada dia que passa aumentam os investimentos de empresas portuguesas na Polônia. A dificuldade do idioma polaco tem atrapalhado um pouco as relações entre os dois países.

Digo isto, porque, os maiores acessos ao blog são justamente de Curitiba, Cracóvia, Varsóvia, Lisboa, Porto, Porto Alegre, São Paulo, Osaka e cidades dos Estados Unidos.

Enquanto estiver estudando e morando na Polônia, este blog permanecerá no espaço cibernético da Internet. Pode virar livro e pode tomar outros rumos no futuro... Enquanto nada disso acontece, continuarei publicando minhas impressões e informações deste mundo maravilhoso que é a Polônia e sua história como Nação e Cultura.  

A mazurca de Dąbrowski


O mais antigo Hino polaco era a canção que começava com o verso, “Mãe de Deus, Virgem Maria”. Ela foi cantada nos campos de batalha de Grunwald e Warna.
O Hino Nacional da Polônia foi mudado várias vezes no decorrer dos séculos até que surgiu a música dos batalhões polacos em 1797. O general Jan Henryk Dąbrowski quando formou a Legião Polaca em terras da Itália para lutar junto aos exércitos de Napoleão Bonaparte.
Józef Wybicki escreveu a letra para a melodia de uma mazurca, que seria cantada pelos soldados, pela primeira vez, em julho de 1797, nos campos de batalhão da região italiana da Reggio Emilia.
A “canção das legiões” como foi conhecida passou a ser cantada pelo povo polaco sempre nos momentos solenes e festas patrióticas e históricas. Os ocupantes das terras polacas, quando da revolução de 1863 a proibiram, pois o povo polaco saiu às ruas em grande número cantando a mazurca de Dąbrowski. Mas ela voltaria com toda a força dos pulmões e corações patrióticos durante a Primeira Guerra Mundial quando eslavos de todas as nações subjugados a entoaram durante os embates. Unidos numa só voz, polacos, tchecos, eslovacos, croatas, macedônios, búlgaros, eslovenos, bósnios, sérvios e iugoslavos fizeram dela seu canto de guerra e libertação.
A mazurca de Dąbrowski foi reconhecida oficialmente como Hino Nacional da Polônia em 1926. E em 11 de março de 1980, um decreto do governo comunista a instituiu finalmente como símbolo da Pátria Polaca.


Polski Hymn Narodowy
Mazurek Dąbrowskiego
Słowa: Józef Wybicki

Jeszcze Polska nie zginęła,
Kiedy my żyjemy.
Co nam obca przemoc wzięła,
Szablą odbierzemy.
Marsz, marsz Dąbrowski,
Z ziemi włoskiej do Polski!
Za twoim przewodem
Złączym się narodem (bis)
Przejdziem Wisłę, przejdziem Wartę,
Będziem Polakami.
Dał nam przykład Bonaparte
Jak zwyciężać mamy.
 Marsz, marsz Dąbrowski…
Jak Czarniecki do Poznania,
Po szwedzkim zaborze,
Dla Ojczyzny ratowania
Wrócim się przez morze,
 Marsz, marsz Dąbrowski…
Już tam ojciec do swej Basi
Mówi zapłakany:
„Słuchaj jeno, pono nasi
Biją w tarabany.”
 Marsz, marsz Dąbrowski…



Hino Nacional Polaco
A Polônia não desaparecerá
Enquanto nós estivermos vivos.
O que os estrangeiros nos tiraram
Com sabre reaveremos.
Marche, marche Dombrovski
Das terras italianas para a Polônia
Sob teu comando
Nós nos uniremos com a Nação.
Atravessaremos o Vístula,
Atravessaremos o Varta
E seremos polacos.
Deu-nos o exemplo Bonaparte
De como devemos vencer.
Marche, marche Dombrovski...
Como Czarniecki para Poznan
Após a invasão sueca
E para salvação da Pátria
Voltaremos pelo mar.
Marche, marche Dombrovski...
Lá o pai para sua Barbarazinha
Disse todo choroso:
“Ouça, são os nossos
Eles estão batendo tambores.
Marche, marche Dombrovski...

Viver na Polônia - terra de origens

Foto: Ulisses Iarochinski

Do alto do Przegorzały, em Cracóvia, vivo meus dias na Polônia, tendo como cenário, quase que permanente, este panorama do rio Vístula e ao fundo, bem ao fundo, as montanhas Tatras. Tem sido um período de aprendizado importante. Conhecer a Polônia, terra dos meus avôs, tem sido mais que um período de estudo, tem sido a realização de sonhos acalentados desde a infância, de buscas de respostas do porquê tenho este sobrenome, porque tenho esta origem. Tem sido gratificante, recompensador e muito bonito.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Ave Maria

Logo após ter postado aqui o Pai Nosso, muitos leitores solicitaram que também reproduzisse neste espaço a oração da Ave Maria, assim pois, aí está ela em idioma polaco:

Pozdrowienie Anielskie

Zdrowaś Maryjo łaskiś pełna,
Pan y Tobą,
Błogosławiona Ty między niewiastami
I błogosławiony owoc żywota
Twojego Jezus,
Święta Maryjo, Matko Boża,
Módl się za nami grzesznymi teraz
I w godzinę śmierci naszej.
Amen!

pronúncia: sdrovach mario uaskich peuna, pan i tobon, buogossúaviona ti miendzi nievistami i buogossúavioni ovotz jivóta tvoiego iésus, chwienta mario matco boja, múdl chien za nami gjechnimi téras i v godjinen chmiertchi nachei. Amen.


quarta-feira, 23 de julho de 2008

O dragão de Wawel cospe fogo


Foto: Ulisses Iarochinski
Nas margens do rio Vístula, sob a colina de Wawel, em Cracóvia, uma caverna lembra a lenda do Dragão de Wawel. Em frente à escultura, os turistas se posicionam a cada 15 minutos na tentativa de conseguirem clicar o exato momento em que o dragão solta fogo pelas ventas.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Origens polacas: dificuldade de buscas


Todos os polacos que estavam nas áreas em vermelha do mapa da Polônia de 1938 foram recolocados para as áreas em azul, que com alguma diferença de demarcação em relação a este mapa ficou sendo o atual território da Polônia.

Alguns leitores do blog e do meu site Saga dos Polacos frequentemente perguntam como localizar suas famílias na Polônia. Costumo responder a todos, mas para facilitar a novos leitores e interessados aproveito o espaço para dizer que é, em parte, bastante difícil fazer esta procura. Isto porque as migrações internas da Polônia, causadas principalmente pela Segunda Guerra Mundial, quando milhares de pessoas foram relocadas do Leste, para o Centro, ou Oeste do novo território pós-guerra, e pelo período comunista, deslocou as famílias de suas regiões de origem. Todos aqueles que estavam no Leste e não eram rutenos, cossacos foram retirados para que ali naquelas terras ficasse tudo para os ucranianos (nova denominação dos rutenos a partir de 1922).

Assim é possível encontrar sobrenomes de brasileiros descendentes de polacos por várias cidades da Polônia, e não apenas na localidade de onde saiu o ancestral imigrante do brasileiro. Na maioria das vezes no local de origem não restou ninguém. Mas a dificuldade maior não é nem esta. Os polacos atualmente têm poucas referencias de seus ancestrais, como tios-avôs, primos...o que é comprensível pelas guerras e períodos de opressão, assim têm dificuldade em saber se são seus parentes diretos, ou se apenas têm seus sobrenomes.

Infelizmente não existe um serviço de busca de parentes nos órgãos do governo, ou arquivos.
A forma de encontrar rastros de famílias do ancestral imigrante é saber de onde ele partiu. E sobre isto não existe registro na Polônia. Deve-se procurar esta informação a partir de registros  no Brasil, como cartórios e arquivos públicos, mas principalmente no Arquivo Nacional Brasileiro, sediado no Rio de Janeiro. Lá é possível localizar a lista de navios, a lista de passageiros destes navios, a lista de hóspedes da Ilha das Flores (local onde os imigrantes ficavam em quarentena antes de serem destinados às colônias) e também um arquivo da Polícia Federal, nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, do período logo após a implantação da Lei de Nacionalização do Presidente Getúlio Vargas. Neste arquivo é possível saber a localidade de onde partiu o imigrante na Polônia. A partir do nome e sobrenome da pessoa, de seus pais, ano e local de nascimento é possível fazer as buscas na Polônia, seja do local de origem, de certidões de nascimento, casamento e óbito dos ancestrais e a partir daí tentar encontrar os atuais familiares, ajudando inclusive a estes polacos a se reencontrarem com suas origens. Sem estes dados é praticamente impossível fazer qualquer busca.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Governo preocupado com construção do estádio

Manchete principal do jornal Rzeczpospolita desta segunda-feira, 21 de julho de 2008 fala

"como Borowski constrói o estádio nacional".

domingo, 20 de julho de 2008

Tarpan é melhor que mustangue


Na região dos lagos polacos, entre quatro deles, Bełdany, Mikołajewskie, Śniardwy e Wartoły, existe uma reserva florestal, onde se pode admirar ainda hoje uma das mais antigas raças de cavalo da Europa, o cavalo polaco Tarpan. Este antigo cavalo segundo especialistas é uma das duas mais antigas raças pré-guerras, que ao contrário do americano mustangue sempre viveu livre.
Na reserva "Ostoja Konika Polskiego” é possível conhecer de perto esta raça pós era do gelo e que sobreviveu a todas as mudanças climáticas do planeta e chegou aos nossos dias. Não só a Polônia tem este privilégio, também no território lituano eles existem ainda. Em latim, n o século 18, ele foi chamado de "Equus silvestris", cavalo silvestre. Em dos primeiros estudos sérios sobre esta raça foi apresentado em 1914 por Jan Grabowski e Stanisław Schuch. Segundo, estes dois, nos arredores de Biłgoraj no Sudeste do atual território da Polônia, foram encontrados vivendo livremente estes cavalos primitivos.
Em meados dos anos vinte, Tadeusz Vetulani, professor da Uniwersytet Poznański, escreveu uma interessante hipótese sobre a sobrevivência desta raça nas estepes da Europa do Leste, que vivendo livre se tranbsformou no cavalo silvestre - Tarpan. Em 1923, foi organizado o primeiro haras, em território polaco, com o objetivo de preservar este "cavalo polaco". Com apoio governamental ele foi criado, em Janów Podlaska, como "Państwowej Stadninie Koni". Em 1936, com a iniciativa do Professor Tadeusz Vetulani, foi criada a reserva de cavalos em Białowieży, onde pela primeira vez se fez uma seleção para regenerar a raça Tarpan, ou cavalo silvestre polaco. Depois da morte de Vetulani em 1952, os cavalos de Białowieży foram transferidos para Popielna, onde por algum tempo se encontrou o principal haras de cavalos genuinamente polacos.

sábado, 19 de julho de 2008

UEFA: Polônia pode diminuir estádios


Foto: Przemyslaw Kozlowski / AG
Segundo um relatório da UEFA conseguido pelo jornal Gazeta Wyborcza sobre os preparativos para a Euro 2012. As cidades reservas de Chorzów e Cracóvia obtiveram notas maiores da inspeção do que Wrocław, Gdańsk e Poznań (as 3 consideradas cidades títulares a sediar o evento. Apenas Varsóvia e Cracóvia têm chance de cumprir todas as exigências impostas pela comissão da UEFA.
Os inspetores, que duas semanas atrás estiveram acompanhando o presidente Michel Platini pela Polônia e Ucrânia, relataram que o que falta atualmente muito provavelmente continuará faltando daqui a quatro anos. No relatório a que teve acesso o jornal polaco se até o início da competição tanto Polônia quanto Ucrânia consigam realizar todo o plano de novas construções e melhorias no sistema de transporte, apenas Varsóvia, Cracóvia e Katowice (Chorzów) possuem base hoteleira e aeroportos para dar comodidade e segurança aos milhares de torcedores.
Mas o relatório alerta que Cracóvia e Chorzów não podem sediar jogos no mesmo dia, dada a proximidade de ambas e do congestionamento nas vias de transporte e falta de acomodação na rede hoteleiro. Mas ambas são cidades reservas até o momento. Somente no final de setembro será conhecida a decisão da UEFA sobre quantas cidades polacas das quatro titulares e duas reservas sediarão jogos do torneio 2012 da Copa Européia de Seleções de Futebol. Bem como se outras serão homologadas caso a decisão opte por excluir a Ucrânia como país sede. Porém, o que intrigou no relatório é a sugestão de diminuir a capacidade dos estádios que serão construídos. Isto em função da capacidade dos aeroportos, estações de trens e rede hoteleira de receber os torcedores. O raciocínio é se as cidades não podem receber o número de torcedores planejados para a capacidade dos estádios, porque estádios com mais de 50 mil expectadores?
A questão Euro2012, atualmente na Polônia, é de extrema importância, em que pese tratar-se de um torneio de futebol de 4 semanas, pois envolve praticamente uma revolução na infra-estrutura do país, como nunca aconteceu antes. Nunca em tão pouco tempo foi necessário construir tanta coisa em tão pouco tempo, como agora.
P.S. E vai faltar cimento. É muita coisa para ser construída... está um bom negócio para o Brasil...vender cimento para a Polônia, pois o país e a região não produzem o suficiente.

Sandomierz: uma pérola

Foto: Ulisses Iarochinski
Nestas férias quem não quer mar nem montanha, um agradável lugar para visitar e estar é a cidade de Sandomierz, no sudeste da Polônia. Sandomierz é uma das mais antigas e históricas cidades do país. A cidade surgiu no início da idade Média, devido a sua excelente localização na junção dos rios Vístula e San. Em seu início, a cidade sofreu saques e devastações com as invasões tártaras nos anos de 1241, 1259 e 1287, tendo sido praticamente refundada em 1286 por Leszek Czarny, quando então foi elevada a categoria de cidade, segundo as leis de Magdeburg. O documento da fundação ainda está preservado nos arquivos da cidade. Cidade turística tem cerca de 25 mil habitantes.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Wisła Kraków se comporta como pequeno

Foto: Mateusz Skwarczek / AG

A equipe do Wisła Kraków (pronuncia-se vissúa cracúf) nos últimos cinco anos gastou apenas 4 milhões de euro com a compra de jogadores e lucruou cerca de 16 milhões de euros vendendo jogadores. O atual campeão da Polônia e um dos mais ricos do país, no entanto, assemelha-se a um pequeno clube do interior do Brasil. Mesmo com a chance de jogar no principal torneio de clubes do mundo, a Copa dos Campeões da Europa e com isso faturar muito mais do que estas cifras dos últimos cinco anos, não parece muito interessado.
O clube que já completou cem anos de existência ainda não conseguiu se firmar no panorama europeu. Como uma empresa de um proprietário, o clube de Cracóvia, tem passado de mão em mão. Seu sucesso nos últimos anos na Polônia, em parte deve ser creditado a esta troca de donos milionários. Nos últimos anos foi pelo menos 4 vezes campeão, com um inédito tricampeonato e dois vice-campeonatos. Mas não é todo jogador no continente europeu que deseja jogar na equipe. Estes, alegam que não há valorização nenhuma jogando no campeão polaco.
Já passaram alguns brasileiros desconhecidos pelo time na última década, mas nenhum despontou em nível continental. Já esteve por aqui, o jogador Brasilia, que mesmo com duas temporadas intercaladas com uma passagem pelo futebol alemão, continua um ilustre desconhecido. Da equipe campeã do ano passado, dos dois brasileiros, apenas o lateral-esquerdo Cleber renovou contrato. Jean Paulista, que enfrentou problemas de relacionamento com o treinador e mesmo estando aqui há 3 temporadas não emplacou este ano. Dono do passe foi jogar em outro país.
Entre os jogadores que mais renderam numa tranferência ao clube estão o lateral Błaszczykowski vendido por 3,5 milhões de euros e o centroavante Żurawski vendido por 3,1 milhões. O maior valor pago por um jogador foi 700 mil euros e isto foi pelo passe de Jirsak.
Para a próxima temporada 2008-2009, o Wisła Kraków precisa de 25 jogadores, mas no momento só tem onze, ou seja, seus proprietários não parecem muito interessados no sucesso da equipe na Copa dos Campeões, onde é preciso antes de mais nada ter banco. Mas se não tem nem como escalar reservas a situação é grave.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Poznań: a melhor cidade da Polônia


Foto: Bartosz Jankowski

Poznań pela terceira vez é eleita o melhor munícipio da Polônia. O jornal Rzeczpospolita organiza há alguns anos um ranking das melhores cidades polacas e a capital da voivoda da Wielkopolska está sempre na frente. Desta vez ficou quatro pontos na frente de todas as outras.
Na primeira etapa do concurso foram analisadas as situações financeiras e de investimento. Na segunda a capacidade de dinamismo e investimento, além do aumento das ações na infraestrutura e meio-ambiente. As notas dos julgadores levou em conta também como a administração resolve seus problemas. Na pontuação não foram contabilizados a população de cada cidade. Entre as pessoas que analisaram as cidades neste concurso estavam, o ex-primeiro-ministro Jerzy Buzek, membro da reforma de governo, Michał Kulesza e a secretária de estado do Ministério das Finanças Elżbieta Suchocka-Roguska.

Resultado do concurso

Melhor munícipio entre cidades de grande porte: Poznań, Sopot, Gdynia, Koszalin, Łódź, Zielona Góra, Toruń, Gdańsk, Kraków, Żory, Częstochowa, Rzeszów
Melhor município entre cidades de pequeno porte:
Kąty Wrocławskie, Goleniów, Puszczykowo, Dzierżoniów, Kórnik, Jarocin, Święta Katarzyna, Lubliniec, Józefów, Żmigród, Ustroń, Grodzisk Mazowiecki.
Melhor munícipio da zona rural: Kobylanka, Osielsko, Kobierzyce, Lesznowola, Mszana Dolna, Zielonki, Zabierzów, Świdnica, Sulików, Konopiska, Podgórzyn, Łapanów.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Férias é na Polônia... mesmo com chuva!


Foto: KFP

O calor do verão convida os polacos para estarem em Gdynia, Hel, Krynica Morski e Kazimierz Dolny. Isto se for possível ir até estes recantos ainda em julho. Contudo, se a preferência for pela Mazúria, o melhor será esperar agosto, quando deverá estar mais agradável. Chuvas e trovoadas são esperadas para os últimos dias do verão tanto nas praias do Norte como nas montanhas do Sul do país.
Aqueles que estão planejando suas férias estão nervosos com os prognósticos do tempo para as diversas regiões da Polônia. No Norte, praias e lagos, no Sul montanhas e passeios culturais. Os especialistas do Instituto de Meteorologia de Varsóvia, entretanto, procuram acalmar os mais inquietos, dizendo que se julho está sendo de muita chuva, isto é porque realmente este é o mês mais chuvoso do país. Segundo, a profa. Halina Lorenc, seu instituto têm registrados os prognósticos da Polônia desde o ano de 1901. "A análise destes registros apontam que 1989 foi o ano mais quente do século. A temperatura mais baixa de um mês de julho ocorreu nos anos 70". Portanto, afirma a prof. Lorenc, os polacos "deveriam acreditar mais nos prognóticos do Instituto, pois o índice de erros é um dos mais baixos".
Os especialistas do tempo e as agências de turismo parecem ter acertado os ponteiros para que os polacos prefiram a Polônia para passar as férias do que, aventurar-se em pacotes turísticos na Tunísia, Bulgária e Indonésia. Segundo os últimos dados econômicos, nunca na história recente do país, tantos polacos viajaram ao exterior como em 2007 e agora.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Łódź se candidata a Euro2012

O atual estádio do clube ŁKS daria lugar ao novo estádio da cidade para 35 mil pessoas.

A prefeitura da cidade está determinada a construir um estádio para 35 mil espectadores. Já existe um plano: até o final do ano deve-se conseguir o dinheiro com investidores privados e em meados de 2009 será iniciada a construção do estádio de Łódź (pronuncia-se uúdji). A segunda maior cidade da Polônia, promete entregar o novo estádio em 2010 e assim estar apta a ser uma das sedes da Euro2012, se em setembro próximo a UEFA decida que a Ucrânia não terá condições de ser uma das sedes do próximo campeonato europeu de seleções de futebol.
Michel Platini, presidente da UEFA, não voltou satisfeito da Ucrânia, após visita de inspeção semanas atrás. O relatório da inspeção será apresentado em setembro próximo e a possibilidade da Polônia sediar sozinha o maior evento esportivo do continente é cada vez mais real.
Łódź e Szczecin, que não foram relacionadas entre as 4 cidades sedes, nem tampouco com uma das duas cidades reservas, estão se habilitando agora. No caso de Cracóvia, houve um descrédito das autoridades locais na decisão da UEFA de escolher Polônia e Ucrânia como sede da Euro2012. Tão logo foi divulgado o resultado, a cidade histórica, tem corrido atrás, para seja como for passar de reserva a titular.

Enquanto isso, em Varsóvia, os planos para o estádio nacional já foram aprovados pela UEFA e até a decisão de setembro está designado para abertura da Euro2012

Brodka: fim de carreira?

Foto: divulgação

No último espetáculo que deu em Varsóvia, no Park Sowiński, Monika Brodka praticamente cantou para ninguém. Parte da imprensa polaca se pergunta se isto seria indicios do fim de sua carreira meteórica, alavancada principalmente por sua vitória do programa "Idol" da TV Polsat. De uma simples desconhecida, o concurso de TV a transformou numa das maiores estrelas da música pop polaca nos últimos 4 anos. Dona de uma voz inconfundível e de uma beleza delicada, Brodka, parece ter perdido espaço com o furação Doda, a estonteante loira, que além de cantar muito bem, ser bela, tem no marketing pessoal sua maior marca. os que discordam dizem que a falta de público no último show de Monika deve ser creditado aos organizadores. A jovem cantora deverá ter uma carreira longa e sólida dizem outros.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

PO- venceria mais uma vez


Tusk feliz com os resultados da pesquisa, o que confirma aprovação de seu governo.
Uma pesquisa de opinião promovida pela agência TNS OBOP apontou que se as eleições parlamentares na Polônia fossem neste começo de julho, o PO - Partido da Plataforma da Cidadania, do primeiro-ministro Donald Tusk obteria 55% dos votos e o partido PiS - Partido do Direito e Justiça do presidente Lech Kaczyński, apenas 24%. O SLD - Partido da Social Democracia do ex-presidente Aleksander Kwaśniewski somente 8%.
Em comparação com a última pesquisa, realizada em junho passado, o percentual do partido de Tusk não apresentou mudanças, mas o de Kaczyński caiu dois por cento.
Outros partidos que tiveram em eleicões e pesquisas anteriores significativos votos no parlamento, não sairam de 1 e 2 por cento.
A TNS OBOP realizou a pesquisa entre 3 e 7 de julho num universo de 960 pessoas adultas de várias cidades da Polônia. 

domingo, 13 de julho de 2008

Acidente mata Geremek

Foto: Seweryn Sołtys

Bronisław Geremek, eurodeputado polaco e ex-ministro de assuntos exteriores morreu em acidente de automóvel, próximo a Nowe Tomyśl, na voivoda da Wielkopolsce (Grande Polônia). Tinha 76 anos.
Seu carro foi de frente a outro quando tentou uma ultrapassagem. Geremek foi ministro entre os anos 1997 e 2000. Desde 2004 era deputado no Parlamento Europeu.

sábado, 12 de julho de 2008

A César o de César, a Polônia...

Mapa do Principado da Rutenia no século XVII

Um número significativo de “entendidos” tem a tendência de analisar assuntos nitidamente históricos sob o ponto de vista da atualidade. Trazem para a discussão argumentos forjados para justificar uma nova realidade que não guarda absolutamente nada com o método conjuntural de análise e construção da história.
Assim, por exemplo, a Constituição do atual Estado monárquico-parlamentar da Espanha impede a manifestação, a reivindicação ou qualquer ação que o povo basco (Euskady) possa fazer para instituir um Estado Euskady (basco) para a nacionalidade basca. Ao tratar o assunto da independência de Euskady (nação basca neste idioma) como causa pétrea de sua Lei maior, o monarca e o povo espanhol denominam todos aqueles que não seguem esta instituição jurídica como terroristas.
Da mesma forma, desconhecer no presente, como era a situação de tribos, povos, nações, estados no passado é tergiversar. Tentar impor uma versão, seja ela, baseada em documentos, ou provas forjadas para explicar o presente "remodelado" é desmerecer o passado e mais do que isto, embusteiramente mentir sobre acontecimentos consagrados pela história. Sob a ótica da contemporaneidade, desvirtuam, conspurcam toda a manifestação que busca reparar, ou decididamente afrontar a versão “oficial” dos tiranos de plantão.
No caso da Polônia, então, conjugam para um mesmo propósito os atuais alemães (saxões, prussos, pomeranos do Oeste), russos, austríacos, suecos, húngaros, rutenos (denominados atualmente ucranianos) cossacos, bielo-russos, lituanos e até franceses, ingleses, espanhóis, Norte-americanos e pasmem-se, brasileiros.
Quando após a segunda grande guerra mundial, a reunião dos vencedores em Podstam (próximo a Berlim destruída) decidiu inventar um novo território para nacionalidade eslavo-polaca o fizeram retirando milenares terras a Leste e devolvendo outras a Oeste que haviam sido usurpadas pelos povos saxões.
Em seu livro “Quem é o Polonês”, publicado em 1971, para comemorar os cem anos do grupo de 32 famílias silesianas-polacas que chegaram a Curitiba, em 1871, o médico e deputado Edwino Donato Tempski, realizou um minucioso trabalho de pesquisa sobre as origens da etnia polaca, embora afirme em sua conclusão que fez “através dessa despretensiosa digressão, uma ligeira e superficial incursão sobre o mundo eslavo-polaco”.
Baseando-se numa rica bibliografia de estudiosos polacos das mais diversas áreas como a história, a paleontologia, a antropologia, a sociologia, a geografia e a política, Tempski, reproduz em certo trecho de sua obra, o que escreveram J. Czekanowski, Kostrzewski, W. Antoniewicz, W. Surowiecki, W. Hensel, Kepinski, Labuda, Rajewski, Trawkowski e até Wolfgang Schultz, professor alemão de arqueologia da Universidade de Munique.
“Ao término do neolítico, os indo-europeus, então dispersos nas vastas regiões da Eurásia, já estavam divididos em vários grupos lingüísticos”. [...] No início do mesolítico, em meio das mais antigas comunidades indo européias, destacavam-se os balto-eslavos, isto porque já então apresentavam peculiaridades culturais bem distintas e definidas. [...] Em termos arqueológicos... a comunidade balto-eslava subsistiu entre os anos 2.000 a 1.200 anos antes de Cristo. [...] Entre os anos 1.400 a 1.200 a.C. os achados arqueológicos registrados, nas últimas décadas em vastas regiões da Europa Central, especialmente entre as bacias hidrográficas dos rios Odra (Oder em alemão) e Dniepr (atualmente no território da criada Ucrânia) confirmaram o predomínio de incontáveis elementos, que ausentes em épocas mais remotas, pelo seu volume e ineditismo, se constituíram num respeitável argumento para afirmar, de modo consagrador, e quem sabe definitivo, sobre a existência da comunidade proto-eslavo-polaca. [...] Em sua obra “Altgermanische Kultur in Wort und Bild”, editada em 1937 em Munique, o professor W. Schultz, publicou um interessante mapa do continente europeu, no qual, conforme podemos constatar, que a comunidade proto-eslava, ao se deslocar para o Ocidente se estabeleceu por longos séculos, não somente nas terras banhadas pelo rio Odra, mas bem mais longe, além da bacia hidrográfica do rio Elba. [...] Witold Hensel assim se pronunciou – a situação geográfica do habitat dos proto-eslavos mostra que ele tinha por vizinhos ao Noroeste os germanos, a Sudoeste as tribos proto-célticas, ao Sul as tribos ilirianas e em parte os proto-tracianos, a Nordeste os proto-baltos, a Leste os ugro-fineses, a Sudeste as tribos proto-tracianas e mais tarde as iranianas.[...] Na região denominada Luzice entre os rios Elba e Odra, somente em torno da vila de Budziszyn foram assinaladas setenta posições arqueológicas dos representantes da cultura que, em face de multisecular toponímia regional, ainda vigente, são denominados Luziczanie, Luzacien para os franceses e para a nossa comodidade lingüística- Luzacianos. [...] Ao findar a época do bronze de 1.000 a 800 a.C. era total a preponderância da cultura luzaciana em todas as regiões polacas. [...] Finalmente entre os anos 350 a 500 depois de Cristo, portanto, no transcurso das grandes migrações dos povos europeus, acentuaram-se e até já predominaram as evidências da cultura luzaciana em todo território polaco, e isso, pouco a pouco, de modo decisivo e definitivo para todos os séculos vindouros, tal como se os seus invasores deles se houvessem retirado para sempre.”
Na verdade, os luzacianos são os ancestrais diretos dos atuais polacos. E ao contrário do que afirmou Tempski, desde a formação do reino Polaco, em 966 depois de Cristo, o Oeste polaco sofreria várias outras invasões dos povos saxões, algumas vezes denominados teutônicos, prussos, ou germânicos... e mais recentemente como alemães.
Segundo Michał Tymowski, professor da Universidade de Varsóvia e da Universidade de Paris-IV Sorbonne, “os polanos, tribo que povoava a bacia do rio Warta, mais tarde denominados Piast”, fundaram o reino da Polônia. Por todo o século 10, os polanos, liderados pelos Piast, unificaram outras tribos eslavas, ou luzacianas, que habitavam as terras entre os rios Oder (a Oeste) e o Bug (a leste), do Báltico ao Norte, aos Cárpatos ao Sul. Os Piast “conquistaram sucessivamente, a tribo dos kuiavianos, com seu principal burgo em Kruszwica; dos mazovianos, com o burgo de Płock, a tribo dos lendianos com o burgo de Sandomierz; as tribos dos pomeranos com os burgos de Gdańsk e Wolin; a tribo dos vistulanos de Cracóvia, os silesianos de Wrocła, Opole e Legnica.”
Tymowski diz que o primeiro príncipe polaco, Mieszko I, criador do reino da Polônia, antes de se casar com a princesa Dąbrowa, da Bohemia, encontrou um dilema político que iria acompanhar toda a história seguinte dos polacos. “Qual deveria ser o relacionamento do Estado criado pelos Piast face ao Império Germânico e ao Papado. A expansão militar aniquiladora do Estado alemão nas terras acima do rio Elba, “subjugação das tribos eslavo-polacas, que as habitavam, colocaram o Estado polaco face a este vizinho potente, perigoso, mas ao mesmo tempo atraente pela sua civilização.[...] o batismo com a introdução, assim, da Polônia no círculo da civilização cristã européia e, ao mesmo tempo, o acerto das relações com o Império Germânico com base no princípio do reconhecimento relativo da supremacia do mesmo. "
Manter o território do Estado polaco para a nacionalidade polaca é certamente uma das maiores aventuras de um povo em todo o mundo ao longo de mais de mil anos. De um lado os saxões, do outro os suecos, do outro os russos, do outro os tártaros, do outro os austríacos, do outro os húngaros, do outro os turcos, do outro os cossacos, do outro, os rutenos tentando dizimar os polacos e a sua Polônia. Nação única no meio deste mundo de protestantes e ortodoxos por todos os lados, os polacos convertidos ao catolicismo apostólico romano tiveram que ouvir muitas mentiras sobre a sua existência contadas pela versão “oficial” do inimigo.

Sobre a questão se os atuais ucranianos são rutenos ou não, há que se considerar, que da mesma forma como o estado monárquico-parlamentar da Espanha considera o basco como espanhol, também os iugoslavos consideravam os sérvios, os croatas, os bósnios, os macedônios como sendo nacionais iugoslavos.

Para evitar discussão desnecessária por falta se subsídios ponderados, é imperioso manifestar o que significa ruteno, rutênia, ucraniano, ucraíno, ucrânia, rusyns e outras denominações criadas pelas mudanças geopolíticas impostas por aqueles que se consideram os donos do mundo, os donos de tudo, que abdicando a si o poder da presunção e da sapiência que não adquiridas na leitura e nos estudos da história, mas apenas na conveniência do momento criado, inventam versões.
Rutênia ou (Ruténia como grafam os portugueses) é nome geográfico e étnico-cultural de partes da Europa Oriental povoada por eslavos orientais, bem como para antigos Estados russos que existiram nesses territórios.
Essencialmente, a palavra é uma grafia latinizada para o antigo local-nome Rus. Hoje, o território histórico da Rus, em sentido amplo, é formado com partes das terras da Ucrânia, Bielorrússia, Rússia, uma pequena parte do nordeste da Eslováquia e ainda uma pequena faixa no Leste do atual território da Polônia.

O termo "Rutênia" tem significa diverso, dependendo a quem o termo se aplica e a quando, por que e para qual período. Rutênia tem ligação com a palavra eslava Rus, ou Ros. Esta, por sua vez, tem várias versões para sua origem. Uma delas diz que ela teria origem normanda, mais precisamente dos Varegues, povos que se fundiram no século 9 com a população eslava. Rus seria derivado do finlandês, cuja origem etimológica estaria no norueguês antigo roðs, ou roths. Esta palavra se referia a remadores, ou melhor aos varegos suecos. Ela ainda existe no idioma finlandês e em algumas palavras estonianas Ruotsi e Rootsi para designar a o país Suécia. Alguns estudiosos modernos usam a grafia Rutênia quando se referem à Idade Média em textos ingleses. Contudo, os antigos Estados da Rus não possuíam um nome próprio além da frase zemlya ruskaya e, portanto havia diferentes grafias para línguas diferentes.

O termo Ruteni apareceu primeiro na forma rex Rutenorum nos anais de Augsburgo do século 12. Fazia parte da tradição de batizar os povos bárbaros pelos escritores latinos. Assim, os dinamarqueses eram chamados de dácios e os atuais alemães de teutões. Os Rus passaram a ser denominados por estes autores latinos como Rutenos.
Em um documento sobre geografia latina do século 12, produzido na França, que diz que a Rússia é também chamada de Rutênia, segundo a frase de Lucano, “Polonia in uno sui capite contingit Russiam, quae et Ruthenia, de qua Lucanus: Solvuntur flavi longa statione Rutheni. " Anteriormente, a Rus tinha sido mencionada como Rugi (uma das primeiras tribos dos godos) e Rutuli (uma tribo itálica mencionada por Virgílio em Eneida). No final do século 12, a palavra Rutênia foi usada, como uma grafia alternativa para Ruscia e Rússia, nos documentos papais em latim para indicar as terras anteriormente dominadas pelo Principado de Kiev. No século seguinte, o termo se tornou a palavra mais usada para se refirir a Rus nos documentos em latim. No século 14, a Rússia de Kiev se fragmentou em vários principados. O Principado de Vladimir-Súzdal e a República de Novgorod, no Norte, foram usurpados pelos mongóis. O principado de Vladimir-Súzdal veio a ser mais tarde o principado de Moscou, que acabaria por assumiu o controle da maioria dos principados do Norte da Rus. O Principado de Moscou, por sua vez se constituiu mais tarde no Reino da Rússia.

Aquelas tribos que habitavam aquela região usavam outras formas da palavra Rus para caracterizá-los e diferenciar de russos, polacos, eslovacos e cossacos e algumas dessas formas também foram latinizadas. Os territórios da Galícia austríaca, da Volínia, de Kiev e outros no Sul foram assaltados pelos mongóis em 1320 e terminaram por se inserir na guarda dos reinos católicos romanos da Lituânia e da Polônia e justamente por isso passaram a ser denominados apenas pela palavra em latim de Rutênia, porque o Papa preferia esta grafia. Ele a usava, por exemplo, quando proclamou um dos príncipes locais, Danilo, como o "Rei da Rutênia".

No idioma polaco estas regiões eram grafadas como, Ruś Halicko-Wołyńska ( Halych-Volínia); Ruś Halicka (Halych); Ruś Biała (Rutênia Branca, Rússia Branca ou Bielorrússia); Ruś Czarna (Rutênia Negra, parte da atual Bielorrússia); Ruś Podkarpacka (Rutênia Subcarpática); Ruś Czerwona (Rutênia Vermelha, pequena faixa da Polônia, na região da cidade de Przemyśl) e a parte ocidental da atual Ucrânia (ou seja a Galícia do Império Austro-Húngaro).

A Polônia monárquica denominada toda aquela região como Voivodia da Rutênia. Os bielorrussos, ou russos brancos sempre foram uma etnia a parte, quando ainda não tinham um Estado, eles se auto-intitulavam litvins, ou seja lituanos. Isto porque, viviam no Grã-Ducado da Lituânia e a palavra rutenos, portanto, não era sempre aplicados a eles.

Contudo, logo após a Segunda Guerra Mundial, os bielorrussos da região de Kresy, na Polônia, que se encontravam em acampamentos formados por refugiados das zonas ocidentais ocupadas da Alemanha pós-guerra, evitar confusão com o termo "russo" e a conseqüente repatriação para a União Soviética (que anexou a região de Kresy depois da guerra), os termos rutenos brancos, e crivianos foram largamente usados. O último desses termos deriva do nome de uma antiga tribo eslava oriental chamada de Krivichs, que foi usado pelos habitantes da Bielorrússia.
E chegamos finalmente ao tema que tem despertado polêmica, mais pelo desconhecimento do método de análise conjuntural da história, do que por posição contrária ao pensamento que norteia este blog, ou seja, o de dar a César o que é de César, mas principalmente, o de dar a Polônia o que é da Polônia, e o de dar aos polacos, o que é dos polacos. Pois da versão dos vencedores, dos usurpadores, dos invasores a literatura mundial já está cheia de inverdades... E o que é pior, confundindo e tornando mentiras em verdades.
No caso da atual Ucrânia é necessário repetir que esta palavra só passou a ser usada, com o fim da segunda guerra mundial e da decisão do georgiano Józef Stalin de manter uma República Socialista Soviética em terras polacas. Antes a única denominação que existia era Rutênia. Quando o Império Austro-húngaro criou fez a Galícia, em 1772, com terras que eram polacas, os Habsburgos quiseram distinguir o povo eslavo local dos polacos e dos russos que habitavam aquela região. A palavra usada pelos habitantes locais em seu idioma, Rusyny, soava como a palavra alemã para russos, Russen. Então, os austríacos adotaram a designação Ruthenen, ou seja, rutenos e continuaram a usá-la oficialmente até a queda do império por volta de 1918.

Mas então de onde vem estas palavras Ucrânia e ucraniano, ou ucraíno?

A resposta está mais uma vez na análise conjuntural da história e não na oficialidade contemporânea dos nomes. Desde 1840, os nacionalistas rutenos encorajaram às pessoas a substituírem o nome "Pequena Rus" pelo de Ukrayina. Que teria o sentido de “em nosso país”.

Entre 1880 e 1900, a campanha daqueles nacionalistas começou a ganhar mais adeptos e paulatinamente Ucrânia foi substituindo a quase milenar Rutênia entre aquele povo que embora eslavo não era polaco, não era eslovaco, não era russo, não era bielorrusso, não era cossaco. Com a reafirmação da república socialista soviética, no pós-guerra, muitos rutenos se recusaram a ter uma nova denominação, eles não aceitaram o termo ucraniano e/ou ucraíno para defini-los, preferiram manter-se fiéis ao antigo nome.

Assim, acabaram por se constituir numa minoria dentro no estado criado impulsionado por Stalin, aqueles que não emigraram para a Polônia, Estados Unidos e outros países ficaram restritos à região da atual Ucrânia Ocidental, ou seja, na fronteira com a Polônia e conseqüentemente nas terras que milenarmente sempre pertenceram a Polônia. Ainda no período entre guerras, os rutenos, ou “Rusyns”, habitaram preferencialmente a região ao Sul da cadeia de montanhas Cárpatos, no Reino da Hungria, denominada Rutênia Subcarpática (que abrangia as cidades de Mukacheve/Mukachovo/Munkács, Uzhhorod/Ungvár e Presov), povoadas pelos Cárpato-Rusyns, grupo de montanheses eslavos orientais. Nessa época, os rusyns da Galícia aceitaram quase que totalmente serem denominados ucranianos, de modos que os cárpato-rusyns foram os últimos eslavos orientais a manterem seu nome histórico. A Rutênia Subcarpática fez parte do reino da Hungria desde o final do século 11, onde ela era conhecida por Kárpátalja. Em 1918, foi incorporada à Tchecoslováquia, como uma entidade autônoma. Depois desse ano, os rusyns foram divididos basicamente em três orientações. A primeira, daqueles que pensavam que os rusyns faziam parte da nação russa; a segunda, daqueles que pensavam que os rusyns faziam parte da nação ucraniana; e, finalmente, daqueles que diziam que os cárpato-rusyns formavam uma nação separada e queriam desenvolver o idioma e a cultura rusyn.

Em 1939, o presidente da Rutênia Subcarpática, Avhustyn Voloshyn, defensor de uma maior aproximação com a Rússia, declarou sua independência como Cárpato-Ucrânia. Em 15 de março de 1939, as tropas do Exército regular húngaro cruzaram novamente a fronteira em direção à Tchecoslováquia, agora o Estado da Cárpato-Ucrânia. O regime de ocupação húngaro era contrário a essa aproximação. Em 1944, o Exército soviético ocupou a Rutênia Subcarpática e em 1946, a anexou à República Socialista Soviética da Ucrânia. Oficialmente, não havia rusyns na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, pois para apagar as marcas do passado, também era imperioso acabar com os termos ruteno e rutênia. Políticos soviéticos e alguns modernos políticos rutenos autodenominados ucranianos, bem como o governo da Ucrânia afirmam que os rusyns são parte da nação ucraniana e evidentemente dizem com isso serem eles um outro povo. Com isto montam estatísticas, onde aparecem diferenciados ucranianos de rutenos.
Embora a maioria da população da oblast Transcarpátia (Zakarpats'ka "Oblast" = "Província") da atual Ucrânia se denominem ucranianos, há ainda uma minoria, que insiste em tentar preservar o idioma e a cultura rutena (rusyn). Uma minoria rusyn também permaneceu depois da Segunda Guerra Mundial no nordeste da Tchecoslováquia (atual Eslováquia). As pessoas da região rapidamente se identificaram com a cultura eslovaca, porque o seu idioma é muito próximo ao da Eslováquia e porque se recusaram a ser chamados de ucranianos, como o governo comunista, depois de 1953, desejava que fossem. O termo rutenos (embora todos os ucranianos sejam rutenos) é atualmente usado apenas para designar a nacionalidade e o idioma de quatro grupos principais de rutenos ( rusyn) que vivem nos Cárpatos.
Após um período de independência, quando conseguiram formar um Estado ajudados pelos revolucionários bolcheviques, entre 1917 e 1921, foi criada a Ucrânia, em 1922, como uma das Repúblicas Soviéticas fundadoras da URSS. O território da República Socialista Soviética da Ucrânia foi ampliado na direção Oeste após a Segunda Guerra Mundial e, novamente, em 1954, com a transferência da Criméia. A Ucrânia ganhou sua independência após o colapso da União Soviética em 1991, tornando-se pela primeira vez na história do povo ruteno um Estado soberano, com o nome de Ucrânia e seu povo com o nome de ucranianos.