quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Cracóvia: sol e frio



Fotos: Ulisses Iarochinski

O dia amanheceu mais quente hoje. Até o sol apareceu e o céu ficou azul. Então é aproveitar como se fosse um dia de verão e dar um passeio pelas margens do rio Vístula, que aqui não está congelado como em Płock e Varsóvia. Se bem que nas margens dá paa ver as pegadas das patinhas dos patinhos (redundância? não!) As marcas estão todas lá. Ah sim! a Igreja branca numa das margens é a de Santo Estanislau, o padroeiro da Polônia.
A temperatura? Na hora das fotos estava 1 negativo... Agora já baixou para 7 negativos e promete baixar mais de madrugada.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Charles visitará bisões na Polônia

Foto: Adam Wajrak

O príncipe Charles da Inglaterra, reconhecido pela sua defesa da natureza é esperado nos próximos dias na Polônia. Ele deverá visitar a última floresta original e intacta do continente europeu, que fica na região Podlaska, e ver o que restou dos Żubr (bisões), espécies raras e só encontradas na Polônia. Além da Floresta de Puszcza Białowieska de 100 km2, a 62 Km da cidade de Bialystok, eles são encontrados também em Niepołomice, nas cercanias de Cracóvia.
A floresta foi declarada propriedade do rei por Władysław Jagiełło que usou madeira dali para armar o exército polaco contra os saxônicos da maior guerra da idade média, a Batalha de Grunwald. Em 1538, o rei Sigismund baixou um decreto penalizando quem matasse os bisões da Floresta. Em 1541, o rei polaco declarou a floresta área de preservação permanente.
Durante a I Guerra mundial os alemães tentaram destruir a floresta e exterminar os bisões. Durante os três anos de ocupação germânica foram construídos ali 200 km de estrada de ferro.
A reserva foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial, em 1992, e reconhecida internacionalmente como uma Reserva da Biosfera no âmbito da UNESCO e no Programa O Homem e a Biosfera em 1993.
Ainda são encontrados em Białowieża estes representantes da flora original:
Asteraceae - 108 espécies
Poaceae - 85
Cyperaceae - 66
Rosaceae - 59
Fabaceae - 54
Caryophyllaceae - 43
Scrophulariaceae - 41
Lamiaceae - 41
Brassicaceae - 40

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A catedral de Płock







A catedral de Płock, a exemplo da catedral de Poznań e a do Wawel em Cracóvia guarda os corpos de reis. aqui estão dois deles: Władysław I Herman (morto em 1102) e Bolesław III (morto em 1138). Foi construída no século 9 e reformada em 1530.

Fotos: Ulisses Iarochinski

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Varsóvia: sorteados grupos Euro2012

Um sorteio realizado hoje em Varsóvia definiu os nove grupos da fase eliminatória da Eurocopa de 2012, torneio que será disputado na Polônia e na Ucrânia. As partidas da fase eliminatória acontecem entre setembro de 2010 e outubro de 2011. O líder da chave e o melhor segundo colocado entre os nove grupos vão diretamente para a etapa seguinte do torneio.
A atual campeã Espanha conheceu seus primeiros adversários rumo à defesa do título, tendo a seleção da República Tcheca como principal ameaça. Já a França escapou de um reencontro com a Irlanda após a polêmica da mão de Henry.
O torneio continental já tem participação garantida dos anfitriões Ucrânia e Polônia.

Grupo A
Alemanha
Turquia
Áustria
Bélgica
Cazaquistão
Azerbaijão

Grupo B
Rússia
Eslováquia
Irlanda
Macedónia
Arménia
Andorra

Grupo C
Itália
Sérvia
Irlanda do Norte
Eslovénia
Estónia
Ilhas Faroe

Grupo D
França
Roménia
Bósnia-Herzegovina
Bielorrússia
Albânia
Luxemburgo

Grupo E
Holanda
Suécia
Finlândia
Hungria
Moldávia
San Marino

Grupo F
Croácia
Grécia
Israel
Letónia
Geórgia
Malta

Grupo G
Inglaterra
Suíça
Bulgária
País de Gales
Montenegro

Grupo H
PORTUGAL
Dinamarca
Noruega
Chipre
Islândia

Grupo I
Espanha
Rep. Checa
Escócia
Lituânia
Liechtenstein

Ainda no gelo de Płock

O domingo amanheceu com muito sol e céu azul. Em compensação a temperatura desceu mais ainda. Com sol que queima o rosto, os moradores da cidade foram para as altas margens do rio Vístula contemplar o grande campo branco em que se transformou o leito do rio.



Estava tão frio que até a água benta da Catedral da cidade congelou. Todos que entraram e sairam da missa só puderam contar com a benção dos padres.



sábado, 6 de fevereiro de 2010

O Vístula congelou em Płock

Neste fim de semana vim conhecer a cidade de Płock. Fica a duas horas de ônibus, a Nordeste de Varsóvia. Aqui está enterrado na Catedral do século 12, dois dos reis polacos: Władysław I Herman (morto em 1102) e Bolesław III (morto em 1138). A presença judaica em Płock data de 1400. Em 1938, quase 25% da população era judia, fazendo de Płock uma das cidades da Polônia com maior percentual de presença judaica do país.
A cidade tem 126.675 habitantes. Também fica às margens do rio Vístula. Mas chegando aqui neste sábado de 9 negativos o mesmo rio que continua correndo em Cracóvia está escondido. Ficou tudo branco como os campos que cercam a cidade. As fotos foram feitas com diferença de meia hora. Nas primeiras ainda com claridade percebe-se o branco ao Sul e ao Norte da ponte que embeleza a cidade com suas luzes coloridas à noite. Tive como companhia a mais bela polaca que já conheci na Polônia, a "piękna" Kamila.






Fotos: Ulisses Iarochinski

Porque "Ano Chopin" em Curitiba

Por ocasião da abertura da 28ª Oficina de Música concedi entrevista sobre o porquê das comemorações dos 200 anos de nascimento de Chopin começarem por Curitiba.


se não abrir tentar pelo link do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=n4ZxY1PNQpE

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Um dia de frio em Cracóvia

Levantei com o sol posto. Fez um frio de 18 negativos na madrugada. Mas agora 11 da manhã já está bem quente. Faz zero grau. No ponto de ônibus do Przegorzaly já esperava um menino. Logo chegou o ônibus 239 e estranho... todos estavam concentrados na parte da frente. Sendo a maioria dos passageiros, idosos.
Logo descobri o porquê. Chegando na traseira vi um bêbado atravessado entre duas fileiras de bancos.
Quando chegamos no ponto final do Salwator. Todos desceram e o motorista foi acordar o bêbado deitado. Desci do ônibus e peguei o Tramwaj 1. Desci no ponto Rondo Grzegorzewski para ir até o departamento de imigração da Voivodia da Malopolska dar entrada no pedido de meu paszport polski... Ficará pronto daqui um mês. Finalmente! A carteira de identidade já está no bolso. Enquanto caminho vejo o totem de posters que expõe as atrações artísticas da cidade.
Voltei para o centro no mesmo tramwaj 1, no sentido contrário. Desci na praça de Todos os Santos e fui andando pela rua Grodzka em busca de um restaurante. Depois de passar pelo amontoado de neve... encontrei um restaurante novo.
Logo de entrada pedi uma Tyskie duza... ou seja, a cerveja mais vendida da Polônia, no momento. Pedi logo um copo de meio litro. O castiçal de madeira que sustenta a vela vermelha é lindo, não? O piwo... melhor ainda.
No "Restauracja Marmolada" pedi uma sopa cremosa de cogumelos e um prato de pierogi com recheio de repolho e cogumelos. Infelizmente esqueci de fotografar. Comi tudo muito rápido, pois estava mesmo muito delicioso.

Fotos: Ulisses Iarochinski

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Miriam atacou a Polônia


A maior nevasca do mês atingiu a Polônia, ontem, com ventos de até 90 km/h. Ela até recebeu o nome de Miriam. Na voivodia da Baixa Silésia 2 mil residências ficaram sem energia elétrica. Na hora desta foto estava caindo flocos grandes de neve e a temperatura era de 0º grau. Mas logo depois parou de nevar e quem caiu foi a temperatura. Chegou a 16º negativos. Até esta Miriam me pegou de surpresa. Na foto abaixo, com o Palácio PodBaranami em frente, dá para perceber que o céu já estava limpo, azul escuro e geladíssimo. Na foto de cima eram 15 horas, na debaixo e 16:20 horas.

Fotos: Ulisses Iarochinski

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Zakopane com menos esquiadores

Foto: Marek Podmokły

Nas férias de inverno deste ano em Zakopane estão menos concorridas. Cada vez menos turistas aparecem para esquiar nos Tatras. E os que vivem e exploram este período na capital do inverno polaco se perguntam por que? Ora, basta ver os preços praticados pelo comércio da cidade. Aí se incluem não só hotéis, mas pensões e até quartos em casas de família. Passando por restaurantes e aluguéis de equimentos para esquiar. Ok, a cidade é maravilhosa, com suas casas de madeira, suas pistas, seus vales e suas montanhas. Mas para o turista o que importa mesmo são os preços.
Os hotéis e pensões já contabilizam 20% a menos de reservas em relação ao inverno passado. Mas Andrzej Kawecki, diretor do Departamento de Promoção da cidade tem outra explicação para a baixa procura. Segundo ele a cidade precisa aumentar a infraestrutura para os esquiadores. "Precisamos de mais estações de esqui.", completa o prefeito Janusz Majcher.
Pelo jeito os turistas estão preferindo mesmo as montanhas da Silésia do que as da Małopolska. Em Szczyrk e Ustra são cada vez maiores os turistas em busca de um pista para esquiar.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sukienicce, ainda só a metade

Foto: Michał Łepecki

Há pelo menos uns 4 anos o Rynek Główny - a praça central de Cracóvia sofre com as reformas. Parece que as obras não terminam nunca. Primeiro foi o piso. Os trabalhos de escavação e embargos na justiça impetrados por empresas que perderam a concorrência, ou não receberam pelos serviços, deixou uma área bastante grande cercada durante muito tempo. Depois é o prédio da Sukiennice - o cartão postal mais famoso da cidade - ou mercado do tecido, que abriga além de uma das áreas do Museu Nacional, um mercado de artesanato. Tanto o térreo quanto o primeiro andar passam por reformas intermináveis.
Esta semana, o prefeito da cidade Jacek Majchrowski entregou metade da passagem onde estão os quiosques com o mais genuíno artesanato e lembranças polacas. O prefeito garantiu que até junho a outra metade também será entregue. bem como será aberto também a instalação sanitária com banheiros públicos no porão do edifício. Somente estas áreas estão sendo reformadas ao custo de 23,5 milhões de złotych.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

65 anos de liberação de Auschwitz


Idosos e crianças subnutridas sobre o gelo da neve encontradas pelo exército vermelho em Auschwitz

Há sessenta e cinco anos acabava o horror de Auschwitz. Em 27 de janeiro de 1945, após 4 anos dos mais horrendos crimes contra a humanidade, tropas do exército russo libertaram o mais representativos dos campos de concentração e exterminação alemão nazista. Auschwitz, localizado na cidade polaca de Oświęcin, tinha sido um antigo quartel das Forças Armadas da Polônia. Quando os nazistas chegaram e ocuparam a região de Cracóvia, aquelas instalações se tornaram o maior cemitério sem tumbas de todo o mundo. Foi lá que os primeiros prisioneiros foram mortos com o gas da morte, o ciclon B e logo após incinerados no crematório nº 1. Eram mais de 4 mil pessoas assassinadas só neste local.



Comemorações no antigo campo de Auschwitz-Birkenau II
* 9.00 - Conferência de Ministros da Educação (Centro para o Diálogo e Oração em Oświęcim. Foram convidados ministros de vários países, além de Polônia e Israel.
* 12.00 - Santa Missa na Igreja da Divina Misericórdia, no osiedle (condomínio) Rotmistrza W. Pileckiego.
* 12.30 a 13.30 - Abertura da exposição sobre a libertação russa de Auschwitz, no Bloco 14, no antigo campo Auschwitz I.
* 14.30 - A principal comemoração será realizada numa tenda climatizada no antigo campo de Birkenau (conhecido como FBII). Devido ao número limitado de lugares será necessária uma passagem separada de pessoas. (Para as pessoas que ficarem fora da tenda, a cerimônia será mostrada numa grande Tela de video.
* 16.00 - Saída da tenda para depositar velas no Monumento às Vítimas do Holocausto
* 16.20 - orações e dedicatórias de homenagem no Monumento às Vítimas.

Ontem, terça-feira, aconteceu às 18.00 um Concerto "em memória das vítimas de Auschwitz", na Igreja São José Operário em Oświęcim.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Entre os pianistas polacos

Foto: Alice Rodrigues

Na foto, este escrevente com os pianistas polacos Marian Sobula (centro) e Jan Krzysztof Broja, após o concerto em comemoração aos 200 anos de nascimento de Fryderyk Chopin, durante a 28ª Oficina de Música de Curitiba, no Canal da Música, no último dia 16 de janeiro.
O concerto nº 1 de Chopin, interpretado por Marian Sobula teve acompanhamento da Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba, regida pelo maestro paulista Wagner Polistchuk.
Na primeira parte do Concerto, Broja formou trio com o violinista siberiano Aleksander Trostiansky e o violoncelista bielorusso Aleksander Znachonak.

Foto: Alice Rodrigues

Broja foi responsável também pelo terceiro recital do Ano Chopin 2010 em todo o mundo. Os dois primeiros tinham acontecido em Varsóvia nos dias 1º e e 7 de janeiro. O concerto de Broja, interpretando os 24 prelúdios de Chopin aconteceu no dia 11 na Sala de Concertos Capela Santa Maria, em Curitiba.

Foto: Luiz Cequinel

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Muitos no escuro no Sul da Polônia


Sem energia acendem fogueiras de carvão - Foto: Mateusz Skwarczek

Muitas localidades e estradas da voivodia da Małopolska aparentam um panorama muito próximo a um cataclisma. 10.500 casas estão sem energia elétrica. Em muitas destas casas a energia se acabou há mais de 15 dias. Contudo, para 6 mil propriedades rurais a energia elétrica voltou neste fim de semana.
Com temperaturas entre 15 negativos e 2 negativos a situação para estas casas é gravíssima, pois não também o aquecimento ficou comprometido. Não houve até agora, felizmente, nenhum vítima fatal. Mas se a situação continuar, a previsão é trágica.
Na grande Cracóvia, que compreende várias localidades ao redor, 4 mil casas também estão sem energia elétrica. Os maiores problemas são nos ditritos de Jerzmanowice-Przeginia, Sułoszowa, Skała, Wielka Wieś.
Forte cerração e gelo causou descarrilhamento de um trem entre as cidades de Kalwaria Zebrzydowska a Wadowice (terra natal do Papa João Paulo II). Houve danos no sistema de esgotos e a água inundou a pista e logo congelou causando o acidente. Felizmente sem vítimas.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Ropa dos Rzypiela

Foto: Ulisses Iarochinski

Meu companheiro de palco, Lourival ainda não viu esta foto. Fiz em Ropa, localidade na zona rural de Gorlice, na voivodia da Malopolska, na região Sul da Polônia. Mas os parentes do meu amigo ator não assinam Gipiela como no Brasil, mas sim Rzypiela. Quem sabe um dia desses possa passar ao Lourival mais fotos do lugar de onde sairam seus ancestrais, no início do século 20 e emigraram para Araucária, no Paraná. Ah, sim! Estava fazendo 8 graus negativos e tudo era branco, céu e chão.
Ropa em idioma polaco é traduzido como Petróleo. No passado, nesta região ,polacos extraiam o ouro negro da terra e refinavam como gasolina e derivados. Hoje, nenhuma gota.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Palácio disputado em Cracóvia

Foto: Mateusz Skwarczek

Palácio na ulica (ulitssa-rua) Stefana Batorego, nr. 14, no centro de Cracóvia, que estava sendo disputado na justiça, agora tem um novo controlador: os militantes da SD - Fundação Governança e Democracia. Por outro lado, Paweł Piskorski, líder do partido político SD e que é o verdadeiro proprietário ainda não desistiu do imóvel avaliado em 17 milhões de złotych.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um grande colecionador em Araucária

Foto: Arquivo Mário J. Gondek

O leitor Mário José Gondek envia artigo publicado pela jornalista polaca Dominika Mierzwa, na revista "Wiedza i Zycie" de Varsóvia.

Milhões de pares de olhos, asas e barbatanas. Libélulas, besouros e borboletas, tamanduás, capivaras, cangurus. Trazidos para a Polônia durante 190 anos, vindos de todo o mundo. É uma das maiores coleções zoológicas da Europa. Atualmente aos cuidados do Museu e Instituto de Zoologia da Academia Polaca de Ciências em Varsóvia. Devemos uma parte considerável desta coleção a Józef Czaki.
É 11 de maio de 1934. Chega ao porto de Gdańsk o navio Dar Pomorza. Entre os passageiros estão os membros da expedição polaca naturalista, Wencesław Roszkowski – diretor do Museu Zoológico Nacional em Varsóvia e Janus Nasta – funcionário do museu. O meio científico aguarda com ansiedade a chegada do navio. As coleções naturalistas polacas serão enriquecidas com a chegada de exemplares únicos de plantas e animais da América do Sul, entre os quais milhares de insetos, répteis, pássaros e mamíferos acondicionados, fruto de 10 anos de trabalho de Józef Czaki, médico polaco residente no Brasil.
A sua generosidade com o meio naturalista polaco já era conhecida a tempo. Em janeiro de 1922, durante a expedição científica de Tadeusz Chrostowski ao Brasil, o doutor Czaki apresentou em torno de 20 mil amostras zoológicas – além das exposições da América do Norte, espécimes da Europa a muito tempo guardadas e conservadas. As coleções trazidas a Gdańsk no navio Lwów em março de 1924, levaram um ano para chegar a Varsóvia. A coleção do doutor Czaki era composta por aproximadamente 22 mil insetos, entre os quais 10 mil borboletas, 300 crustáceos, miriápodes, aracnídeos, 100 equinodermos, 200 moluscos marítimos, 100 peles de pássaros e outros vertebrados. Além disso, coleções botânicas, minerais, etnográficas e arqueológicas. O seu valor na época foi avaliado em 300 mil dólares.

Quem foi o doador?
Józef Czaki nasceu a 21 de dezembro do ano de 1857 em Sanniki. Os seus pais Jan e Joanna (da família Noskowski), obrigados a abandonar o país na época do levante do ano de 1863, entregaram o sexto filho aos cuidados da família mais próxima. Foi criado na aldeia “Rokitnica pod Brodnica”, na casa dos seus tios Niemojewski, juntamente com o filho Andrzej.
Aproximadamente pelo ano de 1877 viajou para Varsóvia para estudar medicina.
Nos anos de 1884 a 1886 praticou medicina nos hospitais de Varsóvia, e nos 10 anos seguintes trabalhou como médico em Sokołowka, Wapniarka e Balt na Podólia. Já naquela época organizava exposições naturalistas. A coleção entomológica desta época bem como as seguintes de vertebrados marítimos do Mar Negro e do Extremo Oriente ofereceu ao Museu da Indústria e Agricultura de Varsóvia.
Em 1895, Czaki assumiu o cargo de médico na Frota Comercial Russa. Trabalhou em Odessa, em Vladivostok bem como em Harbin. Em seguida foi designado para Manchúria, trabalhando como médico na construção da estrada de ferro transiberiana. O levante chinês dos boxers (1899-1901) encontrou Czaki em Djungari, onde foi testemunha contra a dinastia dominante Qing.
A situação piorou ainda mais com o estouro da epidemia da peste bubônica, a qual ceifou a vida de milhares de moradores da Manchúria e da China. Os restos mortais das pessoas eram enterrados ou queimados juntamente com os animais. Poucos médicos, entre os quais Czaki, examinavam os doentes e os mortos com a intenção de descobrir as causas da epidemia. Depois de alguns meses, quando a peste foi controlada, tinham morrido aproximadamente mil trabalhadores da estrada de ferro transiberiana.
Em 1906, Czaki foi preso por ter participado no levante revolucionário da Manchúria. Neste mesmo ano – depois de alguns meses de prisão – fugiu para o Japão, e dois anos mais tarde para os Estados Unidos. Relatou estes acontecimentos no livro “Lembranças da Manchúria”, cujo manuscrito enviado para o redator polaco, extraviou-se no ano de 1939.
A partir do ano de 1908, Czaki morou em Chicago, onde exerceu atividades médicas e educacionais entre a imigração polaca. Neste mesmo ano reconheceu o seu diploma de médico. Foi colaborador do “Diário do Povo”, membro da Comissão de Defesa Nacional e também co-fundador da Universidade Popular Polaca, em Chicago, onde lecionou durante seis anos. Ofereceu as numerosas coleções naturais recolhidas durante a estadia nos EUA, ao museu polaco em Chicago.
No ano de 1914, mudou-se para o Brasil. Morou consecutivamente em Curitiba, Ivaí, Cândido de Abreu, Ponta Grossa, Marechal Mallet. Finalmente fixou moradia em Araucária, onde além do trabalho médico, exercia atividades educacionais e culturais naquela comunidade polaca. Os resultados de seus trabalhos eram apresentados na imprensa polaca local e em periódicos educacionais.
Conduziu também pesquisas intensas em herpetologia. Mantinha contatos com cientistas brasileiros do Rio de Janeiro e de São Paulo, especialmente com o doutor Vital Brasil (fundador do Instituto Butantã em São Paulo), o qual fazia pesquisas com o soro contra picadas de cobras venenosas. Vital Brasil introduziu, entre outros, o emprego do soro do tipo antibotrópica contra picadas p.ex. de jararacas e surucucus e do soro anticrotálica (usado nos casos de picadas de cascavéis). Czaki, além de obter espécimes de cobras venenosas, ocupava-se igualmente com a atividade educacional – publicou nos anos de 1920-1929 o “Tratado popular sobre as serpentes e animais causadores de algumas doenças”, “Como lidar em situações desastrosas e como proceder, a fim de evitar as doenças” e “O que deveríamos saber sobre as serpentes da América do Sul”.
Enviou numerosos espécimes de répteis para o Museu Zoológico Nacional em Varsóvia. Em maio de 1928 recebeu o título honorário de correspondente deste museu. Durante a sua estadia no Brasil, Czaki conquistou um grande reconhecimento pela ajuda médica durante a epidemia de cólera em Uniao da Vitória, reconhecimento pela criação da escola da Casa do Povo (Dom Ludowy) e da Sociedade Atirador (Stowarzyszenie Strzelec) em Araucária. Foi agraciado pela Cruz dos Cavaleiros da Ordem do Renascimento da Polônia, pelas suas atividades sociais entre a imigração.
No final da vida, escreveu ainda alguns trabalhos educacionais, entre os quais, “O que diz a biologia sobre a vida e a morte?”, “A higiene nos países tropicais” bem como “O que pode influenciar no desenvolvimento sexual dos recém-nascidos?”. Trabalhos que deveriam ser publicados em revistas educacionais polacas, não chegaram até o leitor. A segunda guerra mundial rompeu toda a atividade educacional na Polônia, bem como os contatos de Czaki com a pátria natal. Já no final da vida escreveu ainda dois trabalhos: “Por que morremos?” bem como “Aspiração a uma vida longa”, no entanto não foram igualmente publicados e os manuscritos se perderam.
No ano de 1947, chegou até a residência de Czaki, a informação procedente do funcionário do Museu de Zoologia Stanisław Feliksiak sobre o incêndio, o qual estourou no edifício do Museu de Zoologia no ano de 1944. Perdeu-se uma grande parte das coleções, tanto da biblioteca quanto do museu, e o que parece a maior parte das coleções de Czaki. O que há de verdade nisto, não podemos saber ao certo. Se os espécimes foram realmente destruídos pelo incêndio, ou talvez roubados? É intrigante, por exemplo, que os besouros foram preservados, e não as atraentes borboletas, ou então que não resistiram ao incêndio os espécimes minerais resistentes ao fogo. E por que a carta chegou ao Brasil somente três anos após o incêndio? Em todo caso, Józef Czaki não ficou sabendo sobre a perca do patrimônio de toda uma vida. Faleceu no dia 23 de maio do ano de 1946 em Araucária.

DOMINIKA MIERZWA, Museu e Instituto de Zoologia, Academia Polaca de Ciências.
MÁRIO JOSÉ GONDEK, Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Araucária.
ANDRZEJ SZYMKOWIAK, Instituto Nacional de Geologia.
Os autores agradecem pela colaboração do Cônsul Geral da República da Polônia no Brasil, Jacek Perlin e a Rizio Wachowicz, presidente da organização polônica BRASPOL.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cracóvia vestida de branco à tarde

Foto: Ulisses Iarochinski

Embora a imprensa internacional venha noticiando que este é um dos invernos mais rigorosos do hemisfério Norte dos últimos anos, a verdade é que a temperatura deste inverno não tem sido tão diferente dos últimos três anos em Cracóvia. tem ficado entre -5º a +2º. Em que pese estar coberta de branco há semanas, a cidade continua agradável. É possível tomar uma cerveja Okocim, ou Warka (7% de álcool) às 16 horas, num dos muitos bares do Rynek e imediações. Esta foto foi tirada às 16:30 horas da tarde. Já é noite, sim! e a neve está caindo em grandes flocos. Mas a temperatura está em 2 negativos. Claro que dias atrás andou fazendo 25 negativos e até 30 negativos nas montanhas da região... mas na cidade continua agradável.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Socorro polaco no Haiti



Fotos: Tomasz Wiech

No sábado, médicos voluntários da Missão Polaca de Medicina, embarcaram um hospital de campanha para ser transportado esta segunda-feira ao Haiti.
Os médicos polacos que estão viajando para Port-au-Prince são cirugiões, anestesiologistas, além de enfermeiros e socorristas. Já se encontram no Haiti bombeiros de Nowa Huta, bairro de Cracóvia, no trabalho de resgate de vítimas em meio a escombros causados por uma das maiores tragédias na natureza no continente americano.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Brasil Polônia - Três comemorações em 2010

Belwedere em Varsóvia - Palácio Presidencial da Polônia 1920

Depois de aparecer no cenário mundial, pós Idade Média como a grande República das duas Nações, juntamente com a Lituânia, a Polônia, em 1792, foi invadida e ocupada, teve seus filhos dizimados e sua cultura ultrajada por 127 anos por russos, austríacos e prussos (os atuais alemães). Tudo por que ousou naquele mundo monárquico e tirano, propor uma Constituição para sua República, em 3 de maio de 1791. A segunda constituição do mundo moderno e a primeira da Europa daqueles tempos de reis hereditários. Um absurdo e mau exemplo, diziam seus poderosos vizinhos. Má conduta, inclusive, por parte da nobreza polaca que se opunha a Constituição e buscou ajuda nos inimigos da Pátria polaca, conflagrando assim a Confederação Targowica.
Aquela República de 1453, que estendia seus domínios do mar Báltico ao mar Negro, que libertou a Europa do perigo turco-otomano, no cerco de Viena; que venceu e subjugou o Principado de Moscou, em 1612; que inspirou norte-americanos e franceses na criação de suas repúblicas, no século 18; tinha sobrevivido por mais de três séculos.
Mas penou e chorou muito, principalmente no século 19, ao ver seus filhos emigrarem aos milhões para outros cantos do planeta. Gente de pele, cabelos e olhos claros que viajaram muitas léguas marinhas para colonizar terras dos Estados Unidos e do Brasil.
Foi neste período de abandono forçado de sua terra, que muitos polacos lutaram pela volta da Polônia ao mapa dos Estados europeus. Entre eles, o pianista, Fryderyk Chopin, o poeta Adam Mickiewicz e até brasileiros como o ministro das relações exteriores Rui Barbosa, que não poupou elogios e clamores em prol de uma Polônia Independente. Já em 1907, como embaixador brasileiro na Conferência de Haia, Barbosa se declarava a favor da independência da Polônia. São do Águia de Haia, estas palavras na Conferência de Petrópolis, em 17 de março de 1917: “Os polacos eram um povo que havia conquistado as sympathias do mundo pelas injustiças políticas que, ha mais de um século, os governos autocratas da Russia, da Allemanha e da Austria faziam cair sobre a sua cabeça”.
O Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer a independência da Polônia de 11 de novembro de 1918 (também dia do fim da primeira guerra mundial), e em 1920, o estabelecimento de relações diplomáticas com a Segunda República da Polônia. O Sul loiro e de olhos azuis do Brasil foi também a primeira terra a receber uma representação diplomática da Polônia independente, em todo o mundo.
O Consulado Geral da Polônia, em Curitiba, a capital de todos os paranaenses, também neste 2010, assim como os dois países comemoram o estabelecimento de suas relações diplomáticas, está completando seus 90 anos de existência.
A contribuição daqueles imigrantes e seus descendentes ao Brasil é inegável e inquestionável. Foram os polacos que introduziram novas técnicas agrícolas no Brasil, que trouxeram o carroção com rodas de aros e puxados a cavalo, em substituição aos antigos carros de boi portugueses, que cobriram o Sul do país com casas de troncos e mais tarde, de tábuas e sarrafos de madeira (portugueses construíam suas casas de estuque – mistura de barro e bambus - italianos construíam com pedras, alemães com tijolos de barro e travessões de madeira). Foram os imigrantes polacos, tecelões da cidade de Łódź, que introduziram em Brusque, a indústria têxtil do Estado de Santa Catarina. Entre os fundadores da primeira universidade do Brasil, a Universidade do Paraná, estava o médico polaco Szymon Kossobudski, patrono do ensino da cirurgia no Paraná. Como também foi a filha de um imigrante polaco analfabeto, a primeira mulher a se graduar médica, numa universidade brasileira, a do Paraná. Foi também aquela gente trabalhadora que introduziu o cooperativismo no Brasil e foi o mesmo professor e agrônomo polaco Czesław Bieżanko, que trouxe dois quilos de soja da Polônia e plantou em Guarani das Missões-RS. Ele foi até condecorado com a medalha do Cruzeiro do Sul pelo presidente Castelo Branco por ter sido o introdutor da oleaginosa, que transformou o Brasil em maior produtor mundial. A comemoração da Páscoa, bem como o Natal, nunca mais foi a mesma, no Brasil, depois da chegada dos primeiros imigrantes da Polônia. O Brasil dos portugueses só comemorava o “dia de Santos Reis”. Foram judeus nascidos na Polônia, os primeiros a mostrar suas tradições mercantilistas que influenciaram tanto a economia, a indústria e as artes brasileiras. E nesta é preciso salientar a revolução ocorrida no teatro brasileiro pelo ator polaco Zbigniew Ziembinski, - o pai do moderno teatro brasileiro. Costumes, iguarias, música, dança, teatro, cultura. São tantas e ao mesmo tempo desconhecidas dos brasileiros, as contribuições polacas para o país dos trópicos. Como os Morozowicz na dança e na música. Como o “sonho”, na verdade, o “pączek” polaco que é saboreado do Oiapoque ao Chuí. Doce genuinamente polaco e que os desavisados portugueses chamam de bola de berlim. Até o “choro”, ritmo musical que deu origem ao samba bebeu nas fontes da “polca”, ritmo da Bohemia, quando esta fazia parte do território da República das duas Nações. A própria Chiquinha Gonzaga reconhecia isto. Como reconheceu o mestiço Paulo Leminski em suas letras, poemas e livros. Aos 90 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Polônia ainda são muitas as coisas a se revelarem à grande população brasileira. Coisas e fatos que unem estas nações não só em Curitiba e Sul do Brasil, mas no país inteiro.

Concerto em homenagem aos 200 anos de nascimento de Fryderyk Chopin

Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba e Música de Câmara
I Parte
Música de Câmara
Programa: Fryderyk Chopin - Trio em Sol menor, Op. 8
Piano - Jan Krzisztof Broja (Polônia), Violino - Alexander Trostiansky (Rússia), Violoncelo - Alexander Znachonak (Bielorrússia)
II Parte
Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba
Fryderyk Chopin Concerto nº 1, em Mi menor. Op. 11
Piano - Marian Sobula (Polônia)
Regência : Wagner Polistchuk (Brasil)
Data: 15 de janeiro Horário: 20h30 Local: Canal da Música
Ingresso : R$ 10 ou R$ 5 mais um quilo de alimento não perecível.

Os músicos convidados são verdadeiros mestres em seus instrumentos. Todos são reconhecidos mundialmente e fazem recitais em vários países. Alexander Trostiansky é professor do Conservatório de Moscou. Alexander Znachonak atualmente reside em Portugal, onde é professor e chefe de naipe da Orquestra Filarmônica de Beiras. Jan Broja tem uma agenda intensa de recitais pela Europa. Ele colaborou como consultor musical na produção do filme “O Pianista”, de Roman Polański. Marian Sobula também realiza apresentações em todo o mundo, com o intuito de promover a Polônia e sua cultura. A vinda dos pianistas Jan Krzysztof Broja e Marian Sobula recebe o apoio cultural do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba.

Jan Krszysztof Broja pianista polaco

















Marian Sobula pianista polaco



















Aleksander Znachonak violoncelista Bielorusso














Aleksander Trostiansky violinista russo















Wagner Polistchuk regente brasileiro