sábado, 17 de novembro de 2018

Tuwin: O poeta polaco das crianças

Julian Tuwin conhecido pelo pseudônimo de "Oldlen" tinha origem judaica. Tuwim realizou outros trabalhos além da poesia, como na literatura infantil e na música junto com seu primo Kazimierz Krukowski. Tuwim, cujo nome deriva da palavra hebraica "טובים" ( "Tovim", que traduzido seria "bom"), 

Tuwin é considerado um dos autores mais importantes da literatura polaca e co-fundador do movimento literário "Skamander". Em 1935, ele recebeu o Laurel de Ouro da Academia Polaca de Literatura.

Em 1919, ele foi co-fundador e líder, juntamente com outros grandes poetas, como Jarosław Iwaszkiewicz e Antoni Słonimski, de um grupo de poesia experimental denominado "Skamander".

O poema "O Baile da Ópera" ("Bal w Operze") é considerado um suas obras-primas, juntamente com outros dedicados ao público infantil como "Lokomotywa" e "Kwiaty Polskie".

Ele também escreveu ensaios como "Do prostego człowieka" (Para um homem simples) e "My, Żydzi Polscy" (Nós, judeus polacos).

Durante a Segunda Guerra Mundial foi obrigado a emigrar para a Romênia e depois acabou no Brasil com alguns outros poetas polacos, como Jan Lechoń.

Retornou a Polônia, em 1946, quando o país estava sendo ocupado pelo regime soviético através de eleições fraudulentas.

Julian Tuwim nasceu em 13 de setembro de 1894, na cidade de Łódź, e faleceu em 27 de dezembro de 1953 (aos 59 anos) em Zakopane, na Polônia. A causa da morte diagnosticada foi parada cardiorrespiratória.

Seu corpo foi transladado para o Cemitério Militar de Powązki, em Varsóvia, onde foi sepultado. Era casado com Stefania Tuwimowa. Estudou em sua cidade natal até ingressar na Universidade de Varsóvia, onde se formou em direito e filosofia.

Um dos seus poemas:

OKULARY

Biega, krzyczy pan Hilary:
"Gdzie są moje okulary?"

Szuka w spodniach i w surducie,
W prawym bucie, w lewym bucie.

Wszystko w szafach poprzewracał,
Maca szlafrok, palto maca.

"Skandal! - krzyczy - nie do wiary!
Ktoś mi ukradł okulary!"

Pod kanapą, na kanapie,
Wszędzie szuka, parska, sapie!

Szuka w piecu i w kominie,
W mysiej dziurze i w pianinie.

Już podłogę chce odrywać,
Już policję zaczął wzywać.

Nagle zerknął do lusterka...
Nie chce wierzyć... Znowu zerka.

Znalazł! Są! Okazało się,
Że je ma na własnym nosie.

ÓCULOS

Corre, o Sr. Hilário grita:
"Onde estão meus óculos?"

Procura na calça e no sobretudo
No sapato direito, no sapato esquerdo.

Revira tudo no guarda-roupa
Roupão amassado, casaco amassado.

"Escândalo!" - ele grita - inacreditável!
Alguém roubou meus óculos!

Olha debaixo do sofá, no sofá,
Ele olha em todos os lugares, bufando, ofegando!

Procura na lareira e na chaminé
No buraco do rato e no piano.

Quer arrombar o assoalho,
Começa a chamar a polícia.

De repente, olha para o espelho ...
Não querendo acreditar ... Ele olha novamente.

Acabou. Ele encontrou! Está com ele!
Ele os tem em seu próprio nariz.

Desenho animado

O poema cantado, faz parte do DVD "MUZALINKI podróże małe i duże", produzido pelos Muzalinków, com as melhores músicas polacas para crianças - letras sábias e intemporais, com interpretações de pequenos artistas.



terça-feira, 13 de novembro de 2018

Cultura polaca no Uruguai

Não! Não existiu apenas o famoso goleiro Mazurkiewicz de polaco no Uruguai. Embora Ladislao Mazurkiewicz Iglesias tenho sido, um dos polacos mais famosos do mundo, por sua atuação no Mundial 70 do México, a quantidade de imigrantes da Polônia que chegaram a antiga Província Cisplatina é imensa.


O Governo do Uruguai declarou há poucos dias no âmbito das comemorações centenário da restauração da independência da Polônia a grande contribuição de imigrantes polacos para a cultura do país sul-americano.

A ministra da cultura e educação do Uruguai, María Julia Muñoz, recordou ainda os principais marcos na história do país europeu. Durante um evento, organizado pela Sociedade Polaca Marechal Józef Pilsudski para festejar 100º aniversário da restauração da independência da Polônia, ocorrida em 1918, a ministra destacou a importância da contribuição que fizeram para sociedade uruguaia, os migrantes polacos.

Muñoz explicou que, embora não se saiba muito sobre as histórias de vida dos polacos que chegaram no Uruguai entre a segunda metade do século XIX e início do século XX, as histórias de alguns são particularmente lembradas porque "os destinos foram fortemente unidos entre o polaco e o uruguaio".

A ministra Muñoz exemplificado especificamente com o caso das irmãs Paulina e Luisa Luisi Janicki, filhas de pai italiano e mãe polaca e cujos avós maternos foram exilados na França e na Argentina antes de se instalar em Montevidéu em 1887.

"Os Luisi Janicki eram uma família de trabalhadores e educadores de pensamento muito liberal para a época. As filhas cresceram em uma atmosfera de liberdade e rebeldia, todas estudaram magistério  e vários cursos universitários", disse Muñoz.

"Luisa era um jornalista, crítica literária e poeta (...) Paulina foi a primeira mulher uruguaia que obteve o título de doutor em medicina em 1908 e dedicou muita atenção ao estudo da influência das condições sociais e de trabalho sobre a saúde das pessoas uruguaias", acrescentou.

Nesse sentido, a ministra salientou que os uruguaios devem agradecer muito ao povo polaco por sua contribuição no ensino e na cultura uruguaia.

"Nós temos que dizer obrigado por terem vindo para nossas terras, graças por nos ensinar que os países antigos trouxeram para nós a sua cultura, sua arte, sua vocação científica e graças a eles por manter suas tradições, porque nos fazem ter uma visão mais ampla dos problemas mundiais", disse ela.

Por sua vez, o primeiro conselheiro e chefe do departamento de Política e Econômia da Embaixada da Polônia no Uruguai, Marceli Minc, em seu discurso fez um breve relato dos marcos históricos da Polônia.

Em particular, o diplomata destacou as realizações do primeiro governo depois de recuperar a independência em 1918, quando o primeiro chefe de Estado do país, Józef Pilsudski, introduziu reformas sociais importantes para a nação, como o voto das mulheres, sendo o primeiro país da Europa Central a permitir a participação das mulheres nos processos eleitorais.

"O primeiro governo socialista, foi muito curto, mas reformas muito importantes foram introduzidas como a jornada de trabalho de oito horas, a legalidade dos sindicatos e o direito à greve", disse Minc.

"O Marechal Pilsudski alguns dias após a tomada do poder por decreto estabeleceu a lei eleitoral, onde as mulheres passaram a ter os mesmos direitos que os homens, por isso, juntamente com a Segunda República, há cem anos as mulheres polacos receberam o direito de votar" reafirmou .

Resumindo, Minc avaliou que devido a estes avanços sociais, ainda no início dos anos 20 do século passado, a Polônia teve uma história turbulenta com inúmeras tentativas frustradas de recuperar seu status de nação independente após 123 anos de invasões e ocupações estrangeiras e os danos causados ​​pela Segunda Guerra Mundial, mas foi o povo que "unido" formou a nação que é hoje.

"Eu encontrei uma frase de Jorge Luis Borges, onde ele diz em uma ode que ninguém é a nação, mas todos juntos somos e acho que os polacos daquela época se comportaram dessa maneira", disse Minc.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

As comemorações da Recuperação da Independência da Polônia

Governantes da Polônia, no centenário da recuperação da independência do país marcham à frente de grupos de extrema-direita nas comemorações nas ruas da capital Varsóvia.
O banner  da frente diz “Marcha da Independência - Morte aos inimigos da pátria”
e o cartaz atrás "E cuidar das crianças e dos jovens que precisam especialmente de uma face renovada da terra ... o traidor da nação e da fé é aquele que gostaria de criar crianças e jovens com um copo de cerveja ou com um copo de vinho na mão. - Abençoe Markiewicz - Quem é com Deus
Foto: Radek Pietruszka/EPA - Shutterstock
O presidente da república que ordenou ao judiciário que derrubasse a medida da prefeita de Varsóvia para que os grupos neonazistas não desfilassem neste domingo - 11 de novembro - dia do centenário da recuperação da independência da Polônia, depois de 123 anos de invasão e ocupação do país pelas potências estrangeiras da época Reino da Rússia, Reino da Prússia (atual Alemanha) e Império da Áustria marchou junto com aqueles grupos de extrema-direita, que ano passado, neste mesmo dia, envergonharam a Europa e o mundo, fazendo da Polônia motivo de chacotas, anedotas e piadas.

O objetivo do presidente Andrzej Duda era promover a unidade e celebrar os sacrifícios das gerações passadas na criação da moderna nação polaca. Mas depois de dias de disputas e controvérsias, a comemoração do Dia da Independência do país, neste domingo, acabou destacando as profundas divisões da Polônia.

O presidente Duda e ministros caminharam na frente de uma manifestação patrocinada pelo governo nacional, pelas ruas de Varsóvia, atrás de uma enorme faixa vermelha e branca com a inscrição “Para você, Polônia”.

E Duda disse à multidão que "esta marcha deveria unir todos os polacos", acrescentando: "Que esta marcha seja para todos".

O presidente Andrzej Duda, ao centro, disse que a marcha "deve unir todos os polacos", mas a manifestação de Varsóvia escancarou as divisões do país.
Foto: Agata Grzybowska/Agencja Gazeta/ Reuters
Mas alguns metros atrás dos funcionários do PiS - Partido Direito e da Justiça, pertido do governo no poder estavam ativistas de extrema-direita conhecidos por promover slogans racistas, homofóbicos e supremacistas brancos.

Alguns exibiram mensagens a favor de uma Europa branca, contra refugiados e bandeiras da União Europeia foram queimadas. De um modo geral, porém, o grau de radicalização foi menor do que em anos anteriores, pois fora Varsóvia e Gdańsk onde três neonazistas foram presos, as demais cidades contaram apenas com a participação do povo que só desfilou e cantou os hinos e canções nacionais polacas, num ambiente de festa.

Apenas em Varsóvia, incetivados pela atitude descabida do presidente da república, centenas de fascistas encobertos em uma névoa vermelha provocada por chamas de sinalizadores, gritavam: "Use uma foice, use um martelo, esmague a ralé vermelha". Outros gritavam: "Polônia Branca".

Os neonazistas marcharam segurando uma bandeira polaca com o slogan "Deus, Honra, Pátria" e centenas de bandeirinhas da Polônia. Alguns usavam balaclavas e agitavam as bandeiras verdes do grupo ultranacionalista Revival Nacionalistas da Polônia. Também foram visíveis as bandeiras do Forza Nuova, um grupo neofascista italiano.

As faixas e bandeiras do extremistas de direita - Foto: 
Nenhum membro da oposição ou figuras públicas participaram do evento, que segundo a polícia atraiu 250 mil pessoas, e que os críticos disseram que foi uma rendição do Dia da Independência a grupos radicais. Um dos que não aceitaram participar da encenação do presidente Duda, foi o mítico Lech Wałęsa.

A passeata seguiu dias de turbulência judicial depois que a prefeita de Varsóvia baniu a Marcha da Independência organizada todos os anos por grupos de extrema direita. Entre eles estão o Campo Radical Nacional, que ativistas dos direitos humanos há anos afirmam que deveriam ser ilegais.

Enquanto a Polônia festejava seu centenário particular, em Paris, mais de 60 mandatários mundiais comemoravam o mesmo 11 de novembro, mas com outro significado: o fim da primeira guerra mundial.

A marcha polaca, que nos anos anteriores envolveu confrontos violentos com a polícia, ganhou as manchetes internacionais no ano passado, quando os manifestantes gritavam: “Polônia pura, Polônia branca” e “refugiados saiam!”

Um pequeno grupo fascista carregava banners com o slogan “Europa Branca das nações fraternas”.

Os organizadores da passeata fascista do ano passado contestaram a proibição da prefeita Hanna Beata Gronkiewicz-Waltz, e um tribunal de Varsóvia atendendo pedido do presidente da república tomou partido, chamando a decisão de “censura preventiva” da prefeita.

Antes dessa decisão, porém, as autoridades decidiram realizar uma passeata promovida pelo governo central no lugar da Marcha da Independência, provocando mais raiva dos nacionalistas.

Mas depois da raiva, grupos de extrema-direita e o governo acabaram concordando em caminhar juntos em uma manifestação dividida em duas partes - uma para os funcionários públicos e outra para os extremistas de extrema-direita.

Apesar das preocupações anteriores, a marcha de domingo foi até pacífica. Mas Andrzej Rychard, sociólogo da Academia Polaca de Ciências, denominou a situação de "mau sinal".

O governo de extrema-direita no poder, disse ele, agora se vê preso pelos grupos radicais depois de anos "flertar com eles".

"Como cidadão, estou indignado com o fato das autoridades terem sido incapazes de forçar os neonazistas a desistirem de suas próprias bandeiras e se ater apenas às bandeiras polacas", disse Rychard. "Eu também não entendo como aconteceu que estes - nacionalistas - que são politicamente irrelevantes, se tornaram um parceiro para o governo."

O cada vez mais eurocético partido do governo, que se desentendeu com a União Europeia pelas tentativas do partido de assumir o controle do Judiciário independente da Polônia, tornou-se o primeiro membro do bloco a iniciar um processo que poderá fazer com que o país perca seus direitos de voto nas instâncias da UE.

As divisões políticas também prejudicaram a cerimônia oficial no domingo, na Praça Pilsudski, em Varsóvia, batizada em homenagem ao general Józef Pilsudski, um dos pais da independência da Polônia, com a inauguração de uma estátua do Presidente da II República, Ignacy Mościcki, que governou o país de 1929 a 1939.

A principal delegação do evento foi liderada pelo presidente Andrzej Duda, pelo primeiro-ministro Mateusz Morawiecki e pelo líder do PiS - Partido  Direito e Justiça, Jarosław Kaczyński.

Mas Donald Tusk - o presidente do Conselho Europeu, ex-primeiro-ministro da Polônia e feroz oponente do atual governo - estava na parte de trás, pouco visível, aparentemente se distanciando dos políticos do partido conservador do governo disse: “Eu sei que muitas vezes discutimos sobre a forma do nosso país. Eu sei que às vezes fazemos isso intensamente”, disse Tusk enquanto se dirigia à multidão e pedindo: “Perdoe-nos, Polônia.”

Krystyna Skarzynska, professora de psicologia da Universidade de Varsóvia, disse que a dinâmica da cerimônia reflete "mesquinharia e hipocrisia" nos comentários dos principais líderes políticos. "Eles têm nos falado até a morte sobre essa necessidade de união, mas eles não receberam nem mesmo Donald Tusk durante a cerimônia", disse ela em uma entrevista.

"Eles não mencionaram Lech Wałęsa, que desempenhou um grande papel na independência da Polônia."

Wałęsa (pronuncia-se vauensa), ex-presidente e líder icônico do movimento social Solidariedade, tem sido durante anos um fervoroso crítico do Partido Direito e Justiça e se recusou a celebrar este aniversário com o atual governo.

Vídeo do jornal Gazeta Wyborcza marcando hora a hora as manifestações do dia e principalmente das manifestações dos neonazistas que ocorrem após às 15 horas:



MANIFESTAÇÕES NO RESTO DO PAÍS


Nas demais cidades, grandes, médias e pequenas a participação dos grupos de extrema-direita apoiados pelo presidente da República e pelo Primeiro-Ministro foi praticamente inexistente.

O povo polaco foi para as ruas manifestar sua alegria pela comemoração dos cem anos de recuperação de uma República que se consagrou na história como a primeira do mundo moderno, sendo instituída muito antes da francesa (1777) e da americana (1776).

A MARCHA E O ESPETÁCULO DE CRACÓVIA

A Marcha pela manhã - Foto: Jakub Porzycki

Foto: Jakub Porzycki
Foto: Jakub Porzycki

Foto: Jakub Porzycki
Em Cracóvia, no Rynek Główny (Praça do Mercado Principal) a festa foi o dia inteiro, encerrada com shows no palco armado em frente ao belíssimo prédio renascentista do Sukiennice (Mercado de Tecidos) artistas populares da Polônia.

Foto: Tomasz Kaleta

A Mazurka de Dąbrowski - Hino Nacional da Polônia - foi tocada ao meio-dia por um clarinetista da Torre da Basílica Mariacka para comemorar o centenário da recuperação da independência da Polônia.

O músico também chamado de Hejnalista (porque de hora em hora ele toca o Hejnal das quatro janelas do torre mais alta da igreja) depois de tocar o hino nacional soou a famosa corneta tradicional com o Hejnal.

Na Praça do Mercado - Rynek Głowny - o hino foi cantado pela multidão de cracovianos e turistas. Eles lotaram não só a Praça, mas também as ruas de acesso e adjacentes. Muitos cercaram o monumento ao poeta Mickiewicz e a parte superior do Palácio dos Tecidos (Sukiennice).


O espetáculo
O prefeito reeleito pela quinta vez, Jacek Majchowski (sem partido) junto com vários artistas abriu o espetáculo da noite.
Foto: Bogusław Świerzowski

Os artistas do Teatro Loch Camelot, liderados por Ewa Kornecka, juntamente com o público reunido no Rynek, cantaram as mais belas canções  e também as canções patrióticas polacas.



O concerto foi organizado pelo diretor da Biblioteca da Canção Polaca, Waldemar Domański. O gabinete do Prefeito da Cidade de Cracóvia preparou para esta ocasião 8.000 cópias em papel dos hinos e 4.000 das canções mais populares chamadas de krakusek.






LUBLIN MARAVILHOSA
Lublin comemorou excepcionalmente em alto e bom tom os 100 anos. As autoridades da cidade  quiseram chamar a atenção para o papel que Lublin desempenhou no processo de construção de um país livre - aqui, em 7 de novembro de 1918, foi formado o governo de Ignacy Daszyński, o primeiro governo da Polônia independente. E muito antes disso, em 1530, foi assinada nesta cidade a União das duas Nações, Polônia e Lituânia, que formaram conuntamente a primeira República do mundo pós-renascença.

Foto: Jakub Orzechowski

As principais celebrações ocorreram na Praça do Castelo. No programa, além de tocarem o hino nacional e levantarem a bandeira nacional, houve saudação de honra e desfile de batalhões da cavalaria. 


A celebração dos 100º aniversário da recuperação da independência não terminaram neste domingo, em Lublin, isto porque no próximo dia 19 de novembro, haverá o concerto da família "A to własznie Polska!" (com grupo de música e dança 'Lublin' de Wanda Kaniorowa que vai atuar junto com a orquestra filarmônica da cidade) e até 15 de dezembro deverão ocorrer outros encontros comemorativos organizados pela Academia da Independência de Lublin dirigidas a vários grupos etários (pelo Museu de Lublin).



CORRIDA DA INDEPENDÊNCIA EM POZNAŃ





O patrono da rua em um cavalo branco, pássaros com asas de prata, um aviador segurando enormes bandeiras brancas nas mãos e croissants tradicionais de São Martin - o santo padroeiro da cidade. Este foi o ponto alto das comemorações da capital do voivodia da Wielkopolska (Grande Polônia).

Multidões de pessoas comemoraram o 100º aniversário da recuperação da independência da Polônia e  também o santo do dia Święty Marcin, na rua com seu nome.

Um colorido desfile partiu da Feira Internacional de Poznań sob o slogan "Louvor da Liberdade". O desfile percorreu a rotatória Kaponiera até o palco montado na Praça Mickiewicz.

Animadores, artistas de rua, músicos, reconstrutores e representantes de organizações não-governamentais participaram do desfile.

POMBOS EM GDAŃSK

Os habitantes de Gdańsk encheram a rua Podwale Staromiejskie, onde começou o desfile. Os organizadores estimam que mais de 30.000 pessoas participaram das cerimônias. A passeata seguiu pelas ruas: Podmlyńska - Wielkie Młyny - Rajska - Jan Heweliusz - Korzenna - Kowalska, e chegou ao monumento de Jan III Sobieski no Mercado de Madeira.

Depois de breves discursos, incluindo o do prefeito de Gdańsk, Paweł Adamowicz, o povo reunido cantou a Mazurka Dąbrowskiego e foram soltos 1100 pombos no céu.
Foto: Dariusz Kula
O único indidente registrado na cidade foi a prisão de três homens de extrema-direita membros de grupos neonazistas. Em suas casas foram encontrados estiletes e porretes.

Fontes:Deutsche Welle, Reuters, AS/efe/dpa Gazeta Wyborcza e The New York Times  (Joanna Berendt)
Tradução e adaptação para o português: Ulisses Iarochinski

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Que Independência de 100 anos, a Polônia está comemorando?

11 de novembro de 1918, o comandante das legiões polacas e o marechal Józef Piłsudski são recebidos com um desfile em frente ao Hotel Bristol em Varsóvia - reprodução de imagem: Piotr Mecik/FORUM
Em 11 de novembro de 1918, a Polônia recuperou sua independência após 123 anos de divisão de seu território pelas invasões do Reino da Rússia, Reino da Prússia (atual Alemanha) e Império da Áustria.

SUBITAMENTE
Mas o que realmente aconteceu naquele dia histórico?
Dia em que também se comemora o fim da Primeira Grande Guerra Mundial.
17 de novembro de 1918, o Grande Desfile Nacional na (Rua) Ulica Krakowskie Przedmieście
Foto: PAP/CAF-ARCHIWUM
Como um grande país como a Polônia do entre-guerras reapareceu no mapa da Europa Central?
O que precisou acontecer em um determinado dia para torná-lo "Dia da Independência?"

Uma resposta um tanto bem-humorada a essa pergunta foi dada pelo próprio marechal Józef Piłsudski, o célebre líder polaco, que estava entre os que mais acreditavam em ganhar de volta a liberdade da Polônia:

Senhoras e senhores, em 1918 - assim como na música legionária - "de repente houve uma nova Polônia".

Embora jocosa, a citação aponta para duas questões importantes.

Em primeiro lugar, que o dia 11 é uma data arbitrária e, como tal, é um pouco "fora da cazinha". Claro, foi um dia excepcionalmente importante para a independência da Polônia, mas não se pode concordar que a independência realmente tenha sido restabelecida em um único dia. É um processo que levou muito tempo. Aconteceram muitas revoltas, como as de 1831 e a de 1863 para citar apenas duas.

E essa é a segunda questão que a citação aponta, mencionando as Legiões Polacas: forças armadas polacas na Primeira Guerra Mundial sendo lideradas por Piłsudski. A posição pró-independência das Legiões (originalmente criada pelos austro-húngaros para fortalecer suas próprias fileiras) levou muitos polacos a acreditar que uma Polônia livre era viável. As legiões lutaram por muitos anos sob mando de potências estrangeiras, antes da Polônia reaparecer no dia 11 de novembro de 1918, no mapa do mundo.

Congratulando com boas vindas a Józef Piłsudski, na estação de trem, em seu retorno a Varsóvia, após prisão em Magdeburg Reprodução de imagem: Piotr Mecik/FORUM
Em novembro de 1918, a Grande Guerra estava chegando ao fim com os poderes da divisão  imposta a Polônia por mais de um século enfraquecidos. A Polônia já desfrutava de soberania parcial: o Conselho Regêncial, um órgão temporário do governo polaco, estava funcionando em Varsóvia e estabelecendo as bases para a independência.

Mas ainda havia tropas alemãs na cidade, que os historiadores estimam em cerca de 30.000 soldados.

Em 10 de novembro de 1918, Piłsudski chegou em Varsóvia, libertado que foi de Magdeburgo pelos alemães. O general tinha sido preso depois de se recusar a lutar pela Alemanha - ed.]. No dia 11, ele assume o controle dos militares. No dia 14, ele recebe poder total. A discussão sobre qual data reconhecer como a recuperação formal da independência foi longa. Fonte: entrevista com Wiesław Wysocki, presidente do Instituto Piłsudski, publicada no periódico Niepodległość, 2017
Apesar do longo debate, apenas um ano depois, em 1919, é que o 11 de novembro começou a ser comemorado como o dia em que a Polônia recuperou sua independência. Mas a data só ganhou status de feriado nacional em 1937.


DEIXE-OS SAIR
Palácio Presidencial em Varsóvia - Foto: Marcin Białek /
Formalmente, Piłsudski tornou-se comandante-em-chefe do exército polaco no dia 11, por decisão do Conselho Regêncial. O primeiro passo do marechal foi obter o controle de Varsóvia, a ex e futura capital de uma Polônia Independente.

Isto foi conseguido através da tomada de lugares estratégicos como o quartel da polícia e os armazéns de armas das tropas alemãs. Tal operação seria arriscada e poderia facilmente levar a uma batalha a mais. Para evitar derramamento de sangue, Piłsudski se dirigiu a um comitê de soldados alemães naquela manhã em frente ao Palácio Presidencial na (Rua) Ulica Krakowskie Przedmieście.
Ele garantiu aos alemães segurança e evacuação pacífica. Em troca, pediu-lhes que entregassem o controle dos materiais sob sua guarda, abaixassem os braços e não provocassem os polacos. No mesmo dia, o Centro de Comando do POW (organização militar clandestina polaca, pró-independência) emitiu a seguinte ordem: "Evite lutas sangrentas com os soldados alemães. Ataques em guarnições estão fora de questão. Deixe-os em paz para seguirem para seu país depois de entregarem as armas e materiais técnicos às unidades da organização. Fonte: Quem desarmou os alemães em novembro, por Mirosław Maciorowski, Gazeta Wyborcza, 2016
Na tarde daquele mesmo dia, as tropas polacas começaram a assumir os pontos estratégicos da cidade. Compreensivelmente a excitação entre os cidadãos era enorme e até civis comuns ajudavam os soldados.

Milagrosamente, toda a operação foi realizada de forma relativamente pacífica - havia apenas um punhado de baixas em ambos os lados - impensável se comparado a como as coisas tinham sido até então. No final do dia, a maioria dos postos-chave estava em mãos polacas, embora os alemães ainda permanecessem na Cidadela do bairro de Żoliborz.

Nesse mesmo dia, a Alemanha assinou o Tratado de Paz com a Tríplice Entente (Rússia, França e Grã-Bretanha), encerrando assim a Primeira Guerra Mundial.

INDIVÍDUOS COMUNS PRETENSIOSOS
Desarmamento das tropas alemãs em Varsóvia - Foto: National Digital Archives, audiovis.nac.gov.pl (NAC)
A maneira pacífica como os polacoss assumiram o controle de Varsóvia foi, em grande medida, um efeito das ações de Piłsudski. Ele queria evitar um confronto com as numerosas tropas alemãs, um conflito que poderia potencialmente levar a baixas em massa.

De fato, foi precisamente a autoridade de Piłsudski entre os polacos e sua capacidade de conter o caos causado nos territórios polacos pelo fim da guerra, a razão principal dele ter sido libertado de Magdeburgo .

Mas para entender completamente por que os alemães se renderam em Varsóvia tão prontamente no dia 11, é preciso voltar no tempo. No dia 10, Piłsudski chegou à cidade em um trem pela manhã bem cedo. Depois de uma reunião com Zdzisław Lubomirski, membro do Conselho Regencial, ele foi para a (rua) ulica Moniuszki, nº 2 (que não existe mais), onde ficou por dois dias dormindo e tomando café da manhã em um dos apartamentos.

No estabelecimento, dirigido por Wanda, Halina e Maria Romanówna - três irmãs conspiradoras do POW (organização militar clandestina polaca, pró-independência) -  na verdade, prisioneiros de guerra, outras reuniões aconteceram, pois havia muitos assuntos prementes. Entre aqueles que eram recebidos por Piłsudski estava o jovem militar Józef Jęczkowiak.

O marechal contou a ele a inquietação que havia presenciado na Alemanha, onde soldados exaustos pela guerra se amotinavam e criavam comissões que defendiam a libertação do dever, um evento que os historiadores agora chamam de Revolução Alemã. Por essas situações é que Piłsudski queria enviar Jęczkowiak em uma missão para enfraquecer o moral das tropas alemãs em Varsóvia. Passando-se por um soldado alemão, Jęczkowiak juntamente com seus companheiros, rapidamente visitou um dos dormitórios do exército alemão e se dirigiu aos que ali estavam:

(...) Eu estava na mesa e em voz alta comecei a contar sobre a revolução na Alemanha e sobre o que eu ouvira de Piłsudski (…). As pessoas começaram a gritar, primeiro apenas algumas, mais tarde muitas delas: "faremos a mesma coisa", "viva a revolução". Eu não ouvi ninguém se opondo (...). Żródło:Był Czyn i Chwała! Wspomnienia Harcerza 1913-1918 by Józef Jęczkowiak, 2015. (Fonte: Ação e Glória! Memórias do Escoteiro de 1913-1918 por Józef Jęczkowiak, 2015)
Desarmamento das tropas alemãs em Varsóvia - Foto: National Digital Archives, audiovis.nac.gov.pl (NAC)
Os soldados alemães estacionados em Varsóvia também tiveram tempo suficiente da guerra e estavam mais do que ansiosos para ir para casa. Depois do discurso de Jęczkowiak, eles estabeleceram seu próprio comitê (aquele dirigido em frente ao Palácio Presidencial) que trabalhou com Piłsudski para a evacuação da cidade. O desarmamento já havia começado no dia 10, mas a maior parte ocorreu no dia seguinte. Como o moral dos soldados alemães havia sido minado com sucesso, a esposa do príncipe Zdzisław Lubomirski, a princesa Maria, pode escrever em suas memórias no dia 11:
Estamos livres! Nós conseguimos nos governar! Isso realmente aconteceu e de maneira tão inesperada (...) Os alemães estão estupefatos, resistem esporadicamente, mas se deixam desarmar não apenas pelos militares, mas também por caçadores civis comuns ... Coisas estranhas em nossa capital! Żródło:Pamiętnik Księżnej Marii Zdzisławowej Lubomirskiej 1914-1918 (The Memoirs of Countess Maria Zdzisławowa Lubomirska), 1997 (Fonte: Diário da Princesa Maria Zdzisławowa Lubomirska 1914-1918 (As Memórias da Condessa Maria Zdzisławowa Lubomirska), 1997)
INESQUECÍVEL E PLENO DE FELICIDADE
Maria Dąbrowska em seu apartamento - Foto: Lucjan Fogiel/East News
Outra descrição de uma testemunha dos acontecimentos daquele dia é da escritora Maria Dąbrowska.  Além de ressaltar que o tempo era "absolutamente lindo", ela também escreveu o seguinte em seu Dzienniki 1914-1945 (Memórias de 1914-1945), publicado em 2009:
De manhã cedo, oficiais alemães estão sendo desarmados em todas as esquinas. Mas a milícia não só está a desarmá-los como também a máfia (…) Ao longo do dia, os bens militares e as autoridades civis estão a ser retirados dos alemães. Durante todo o dia, as ruas estão cheias. Os bondes estão funcionando normalmente. Há carros com nossos soldados em todo lugar (…). No meio de tudo isso, a Polônia está crescendo. E ninguém pode ver como é lindo. Ninguém percebe nessa comoção. 
Talvez, devido a toda a empolgação, a beleza do clima e do Estado recém-renascido tenha realmente faltado uma maior atenção de alguns observadores. Sem dúvida, foi a independência da ocupação a qual a maioria das pessoas estava reagindo. O entusiasmo do momento foi muito bem expresso nas memórias acima mencionadas de Maria Lubomirska:
O presente é histórico, inesquecível, cheio de alegria e triunfante!
Retrato de Józef Piłsudski, criação de Stefan Norblin, em 1939, óleo sobre tela - Foto: Museu Nacional de Varsóvia

No entanto, a Polônia definitivamente seria notada por muitas pessoas em breve, não apenas no país, mas também em todo o mundo. A evacuação de Varsóvia e de outros territórios polacos geralmente estava indo bem - em questão de dias, todos os soldados alemães deixaram a capital. No dia 16, Piłsudski enviou um telegrama aos governantes dos EUA, Grã-Bretanha, Alemanha e outros países:

Como Comandante-em-Chefe do Exército Polaco, notifico governos e nações neutros e em guerra sobre a existência de um Estado Polaco Independente, abrangendo todas as terras da Polônia unificada. (…) O Estado polaco surge da vontade de toda a nação e deve basear-se em princípios democráticos. Do livro "11 de novembro - Dia Nacional da Independência", publicado pelo Clube Central de Soldados Polacos em 2012
A forma das fronteiras do país que reapareciam ainda precisariam ser determinadas, mas depois de recuperar sua capital e centro político no dia 11, não havia dúvida de que um Estado Polaco Independente passava a existir a partir daquele momento histórico. Depois de 123 anos de partilhas de território por nações estrangeiras invasoras, a Polônia estava livre novamente.

Fonte: Culture.pl
Texto: Marek Kępa
Tradução do idioma polaco para o português: Ulisses Iarochinski 

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Cidades polacas dizem não à extrema-direita

Foto: Jakub Porzycki/Agencja Gazeta
O partido que governa a Polônia, o PiS - Partido Direito e Justiça perdeu em Varsóvia, Cracóvia e outras grandes cidades do país. A derrota é um sinal de rejeição dos eleitores polacos a atitudes antidemocráticas e conflitos do governo central da Polônia de ideologia de extrema-direita com a União Europeia.

Os resultados das eleições municipais da Polônia, divulgados nesta segunda-feira (05/11), revelam que a legenda populista de extrema-direita Direito e Justiça (PiS), que governa o país, sofreu um forte revés, perdendo não apenas nas principais cidades como também em várias outras de tamanho médio e pequeno.

No primeiro turno da votação, no dia 21 de outubro, a coalizão opositora liderada pelo partido de centro o PO - Plataforma Cívica conquistou Varsóvia, além de cidades importantes, como Wrocław, Poznań e Łódź. No último domingo, no segundo turno de votação, a oposição venceu em outros municipíos importantes, como Gdańsk, Cracóvia e Kielce.

Enquanto os opositores festejavam, os líderes da legenda governista exaltavam o bom desempenho do partido nas votações para as assembleias regionais. Mas o resultado das eleições para prefeito nos principais centros urbanos do país refletem o aumento da rejeição ao PiS, acusado de colocar em risco a democracia com tentativas de subjugar os tribunais do país e transformar a imprensa estatal num veículo de propaganda oficial.

O governo da Polônia esteve em diversas ocasiões em rota de colisão com a União Europeia (UE), que denuncia práticas antidemocráticas adotadas pelo PiS em temas como imigração e preservação do Estado de Direito.

Apesar do resultado das eleições ser visto como um novo impulso ao PO - Plataforma Cívica e outros partidos de oposição, alguns analistas ressaltaram que uma parcela significativa da votação da oposição resulta da rejeição ao partido governista. Para terem uma chance de governar o país, essas legendas devem se tornar mais atraentes aos eleitores, e a derrota dos opositores para candidatos independentes em algumas regiões é um sinal dessa vulnerabilidade, afirmaram.

O editor-chefe do jornal Rzeczpospolita, Michal Szuldrzyński, afirmou que o resultado demonstra que o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki e o partido governista "fracassaram em reconquistar o centro moderado e ganhar o apoio da classe média". Segundo Szuldrzyński, um dos fatores que fizeram com que o governo perdesse apoio seria o "flerte" de Morawiecki com grupos radicais, com atitudes e palavras que visam agradar os nacionalistas de extrema direita.

Ele mencionou ainda os embates com a UE e um controverso discurso do primeiro-ministro no início do ano sobre o Holocausto, que gerou uma crise com Israel. O jornalista considera este episódio a mais grave crise diplomática do país desde o fim da União Soviética, da qual a Polônia fez parte por 40 anos como país satélite, em 1989.

O ex-primeiro ministro polaco Donald Tusk, que atualmente preside o Conselho Europeu, se declarou surpreso com as dimensões da derrota do PiS, que, segundo ele, devem servir de alerta ao governo na sua relação com a UE.

Tusk, que já foi um dos líderes da Plataforma Cívica, ressaltou que o governo polaco deve agir com bom senso e se conscientizar sobre seu lugar na Europa para evitar erros de cálculo políticos que possam resultar numa saída do país da UE. Ele lembrou que o ex-premiê britânico David Cameron não tinha a intenção de retirar seu país do bloco europeu, mas isso acabou acontecendo após um referendo convocado por ele.

"Não é determinante se [o líder do PiS] Jarosław Kaczyński de fato planeja deixar a UE ou se apenas inicia processos que poderão resultar nisso", disse Tusk. "A vontade [entre os Estados-membros] de manter a Polônia na UE é menor do que a de manter o Reino Unido", alertou.

OS ELEITOS
No segundo turno, 649 prefeitos, entre wójtów, burmistrzów e prezydentów miast (ou 44 prezydentów miast e 179 burmistrzów) foram eleitos.

Na Polônia, dependendo do tamanho da cidade, o cargo de prefeito tem três denominações diferentes: Wójt é o cargo de prefeito de cidade bem pequena, Burmistrz é o prefeito de cidade de média população e Prezydent Miast (presidente da cidade) é  prefeito de cidade grande.

Candidatos do Partido Direito e Justiça competiram em 25 segundos-turnos e perderam em 23 cidades. Os presidentes-de-cidade do PiS governarão apenas cinco cidades da Polônia.

O maior deles é Zamość (65.000 habitantes), onde Andrzej Wnuk venceu no primeiro turno.

A Coalizão Cívica venceu dez segundos turnos, melhorou o resultado do PO - Plataforma Cívica de quatro anos atrás e tem agora um total de 28 presidentes de cidade (prefeito de cidade grande). A participação no segundo turno foi menor do que no primeiro turno, mas chegou a 48,8%.

Resultados das eleições nas principais cidades:

BIAŁA PODLASKA - Michał Litwiniuk (Coalizão Cívica) derrotou o presidente Dariusz Stefaniuk do PiS. No segundo turno, Litwiniuk ganhou 53,1 por cento, Stefaniuk 46,9%.

BIELSKO BIAŁA - Jarosław Klimaszewski (Coalizão Cívica), recebeu 55,5% dos votos, ele ganhou do candidato do PiS Przemysław Drabek que obteve 44,5%.

BRZESZCZ -  Radosław Szot tornou-se o novo prefeito com 60,23% dos votos. Seu rival Robert Adamczyk (PiS) arrecadou 39,77% dos votos. Brzeszcze é o berço político da ex-primeiro ministro Beata Szydło do PiS.  Beata também foi diretora da Casa da Cultura da cidade, entre 1998-2005, também foi prefeita e vice-chefe do corpo de Bombeiros Voluntários.

BYTOM - Mariusz Wołosz (Coalizão dos Cívica) com 53,5% de apoio dos eleitores derrotou o atual presidente da cidade, Damian Bartilla (45.5%).

CHEŁM - Jakub Banaszek (ZP - Direita Unida) derrotou a atual presidente Agata Fisz. Banieszek fez 50,9% dos votos, enquanto Fisz fez 49.1%

GDANSK - Paweł Adamowicz (WG - Tudo para Gdańsk) foi eleito presidente da cidade pelo sexto mandato. Ele foi apoiado por 64,8% dos eleitores. No segundo turno derrotou o candidato da ZP -Direita Unida, Kacper Płażyński, que fez 35.2%.

JELENIA GÓRA - O ex-vice-prefeito George Luzniak (KO) derrotou Krzysztof Mroza, senador do PiS. Łuznia foi apoiado por 69,8% dos eleitores, Mroza por 30.2%

KIELCE - Bogdan Wenta (Świętokrzyskie Project - Projeto Santa Cruz) derrotou o atual presidente  de cidade Wojciech Lubawski. 61,3% foram dados à Wenta e em Lubawskiego 38.7%. O perdedor, após os resultados das pesquisas divulgou que está deixando a vida pública. Segundo Lubawski, a Polônia se dividiu de tal forma que ele, como candidato associado ao PiS, simplesmente não conseguiria vencer.

KONIN - Piotr Korytkowski (PO - Plataforma Cívica) derrotou Zenon Chojnacki (PiS). O candidato da Coligação Cívica obteve 55,8% de apoio, enquanto seu adversário 44.2%

CRACÓVIA - Jacek Majchrowski (sem partido) com o apoio de 61,9% foi eleito para seu quinto mandato.  Vai completar 20 anos como prefeito da segunda maior cidade da Polônia. Ele derrotou Małgorzata Wasserman (ZP - Direita Unida) que obteve 38,6%.

LEGNICA -  Tadeusz Krzakowski atual prefeito derrotou o candidato da Coalizão Cívica Jarosław Rabczenkę com 64,76% contra 35,24%

ŁOMŻA - O atual prefeito Mariusz Chrzanowski (comitê próprio, antes pertencia ao PiS) ganhou da candidata do PiS Agnieszka Muzyk com 76% contra 24% dos votos.

MYSŁOWICE - O candidato sem partido Dariusz Wójtowicz (No primeiro turno era da Coalizão Cívica) derrotou Wojciech Król. Wójtowicz teve 54,1% contra 45,84% dos votos dos eleitores.

NOWY SĄCZ - O candidato sem partido Ludomir Handzel com 58.3% dos votos derrotou o candidato da ZP - Direita Unida, Iwona Mularczyk que fez 41.7%. E isso apesar da candidatura da esposa do deputado Mularczyk ser apoiada pelo Presidente de República Andrzej Duda (PiS).

OLSZTYN - Piotr Grzymowicz ainda será o presidente da cidade. Ele fez campanha com seu próprio comitê e com o apoio dos partidos Nowoczesna, PO e PSL, e com isso obteve 54,5% dos votos. Ele ganhou com o ex-presidente Czesław Małkowski que fez 45,5%. Os dois políticos competiram um contra o outro pela terceira vez. Małkowski foi acusado de crimes sexuais contra quatro mulheres e em 2015 foi condenado a cinco anos de prisão por violação e tentativa de violação. Um ano depois, o Tribunal Distrital de Elbłąg ordenou uma reavaliação do caso. Devido ao fato de Małkowski não ter recebido uma decisão final, ele pode participar nas eleições municipais.

OSTROŁĘKA - Łukasz Kulik venceu com 64,5% votos. Seu rival, o atual prefeito Janusz Kotowski (PiS), obteve 35,5%. Após 12 anos de governo ininterrupto, o PiS perdeu poder nesta cidade. O derrotado Kotowski, tornou-se recentemente bastante conhecido nacionalmente devido a ter probido a exibição do filme "Kler", no cinema da cidade. "Kler" (Clero) é o filme polaco de maior bilheteria na história recente da Polônia.

OTWOCK - Ganhou o conselheiro municipal ligado ao PiS, Jarosław Margielski. Fez 55,2% dos votos, derrotando Ireneusz Paśniczka, que fez 44,8%.

RADOM - Radosław Witkowski (eleito com o apoio dos partidos KO, PSL, SLD e ambiente radomski) com 53,8% dos votos dos eleitores e continuará a ser o presidente (prefeito) desta cidade. Ele derrotou o candidato do PiS, Wojciech Skurkiewicz, que obteve 46,2%. Vencer em Radom daria uma vitória de prestígio para o PiS. No domingo, 28 de outubro, o PiS organizou uma convenção eleitoral em Radom, durante a qual Jarosław Kaczyński (líder nacional do PiS) assegurou que o candidato do seu partido "lida bem com a boca da oposição".

SANDOMIERZ - Marcin Marzec, apoiado pelo PSL e pela Coalizão Cívica obteve 58,52 por cento. votos e será o novo prefeito da bela cidade Sandomierz (uma das mais bonitas da Polônia). Ele derrotou o prefeito Jerzy Borowski, que teve 41,48%.

SIEDLCE - O candidato sem partido Andrzej Sitnik ganhou com 56% votos, derrotando o candidato do PiS Karol Tchórzewski, que fez 44%.

SZCZECIN - O presidente (prefeito da cidade) em exercício Piotr Krzystek (candidato sem partido) venceu Bartłomiej Sochański do PiS. Krzystek teve 78,2 % e o derrotado apenas 21,8%.

TARNÓW - Roman Ciepiela (Coalizão Cívica), com suporte de 58,1% dos votos dos eleitores ganhou de Kazimierz Koprowski (ZP - Direita Unida), que obteve 41,9%.

WŁOCŁAWEK - Marek Wojtkowski, candidato da Coalizão Cívica obteve 63% votos e ganhou de Jarosław Chmielewski do PiS que fez 37%.

CRACÓVIA, UM CASO A PARTE
Foto: Jakub Porzycki

Recorde de frequência na capital real da Polônia. Cracóvia teve o comparecimento 54,6% dos eleitores nas urnas.

O professor Jacek Majchrowski defendeu seu cargo contra Małgorzata Wassermann e venceu com 61,9% dos votos dos cracovianos, que deram apenas 38,6% para a candidata do governo nacional.

O predomínio do professor foi tão alto que sua vitória nunca esteve ameaçada. A experiência conquistada como se fosse um jovem autoconfiante. O Presidente de Cidade (denominação de prefeito de cidade grande) Majchrowski é um recordista, pois este será seu quinto mandato. Nenhum dos prefeitos históricos da cidade ficou tanto tempo na cadeira da segunda mais importante cidade do país (para muitos a mais importante).

Apenas Juliusz Leo, também professor na Universidade Iaguelônica e também não nascido em Cracóvia, ocupou o cargo por quase 16 anos no período que antecedeu o renascimento do Estado polaco independente. No entanto, cinco mandatos consecutivos para prof. Majchrowski significa que sua presidência de cidade pode cobrir um total de 21 anos, dos quais 16 anos ele já cumpriu, igualando Leo.

Jacek Maria Majchrowski nasceu em 13 de janeiro de 1947 na cidade de Sosnowiec. É advogado e professor da Universidade Iaguelônica (uma das mais antigas do mundo), professor de ciências jurídicas, historiador de doutrinas políticas e jurídicas, ex-membro do Tribunal de Estado. Um especialista na história da Segunda República da Polônia, documentando sua história, especialmente as atividades dos partidos de direita.

Majchrowski está no cargo de presidente da cidade de Cracóvia desde 2002. Mas sua vida está ligada, não só a história da cidade mas também da primeira universidade da Polônia, fundada em 1364.

Ele concluiu o mestrado em 1970 na Iaguielônica. Em 1974, obteve um doutorado na Faculdade de Direito e Administração e em 1988 obteve o título de professor associado de ciência jurídica. De 1987 a 1993, ele foi o catedrático da Faculdade de Direito e Administração.

Ele também fez parte do corpo docente Instituto de Ciências Políticas da Faculdade de Administração e Administração da Universidade Jan Kochanowski de Ciências Humanas e Naturais em Kielce.

A partir de 1965, ele foi membro do Partido dos Trabalhadores Unidos da Polônia.

Nos anos de 1996-1997, ele foi o voivoda de Cracóvia (quando a região da cidade foi também uma voivodia). Ele contribuiu, entre outros para a criação da Zona Econômica Especial de Cracóvia e para assinar um acordo inicial sobre a construção do Centro de Concerto e Congressos.

Ele também resgatou o Teatro Stu antes da liquidação.

Além disso, como o voivoda da Aliança da Esquerda Democrática (SLD), transferiu as sepulturas de soldados soviéticos enterrados no Parque Planty, perto do Barbacan (portal norte da cidade), para o Cemitério de Rakowicki. Assim terminou com o conflito agudo da cidade, marcado por muitas manifestações públicas de protesto contra estes túmulos no parque que circunda a cidade medieval de Cracóvia.

Ele foi membro do partido SLD (de esquerda) desde 1999, mas ele suspendeu sua filiação durante o mandato de prefeito de Cracóvia.

Membro da Sociedade Histórica Polaca, Sociedade Polaca de Ciências Políticas e sociedades científicas estrangeiras, ele é vice-presidente do Comitê Social para a Restauração dos Monumentos Históricos de Cracóvia.

Ele é autor de muitos estudos científicos e 14 livros históricos, principalmente sobre a Segunda República da Polônia, incluindo Forte-Curto-Pronto, Pensamento político no campo da União Nacional (1985), Grupos monarquistas nos anos da Segunda República Polaca (1988), O preferido César Bolesław Wieniawa-Długoszowski: esboço da biografia (1990).

Sob seu comando editorial também foi publicado em 1994 o livro Quem era quem na Segunda República da Polônia. Em 2010, o Presidente da República da Polônia, Lech Kaczyński, nomeou-o membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento. Em 2015, ele foi um dos fundadores do comitê eleitoral de Bronisław Komorowski na eleição presidencial.


Fontes: RC/rtr/ap/ Polityka

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Milhares estão assistindo filme polaco sobre pedofilia na igreja

Foto: Marek Strzelecki
Um filme polaco sobre os abusos cometidos por sacerdotes católicos está batendo recordes de público nas bilheterias do país.

"Kler", palavra em idioma polaco para a palavra clero, já atraiu mais de 935 mil espectadores somente no último final de semana, a melhor estreia no país nos últimos 30 anos, de acordo com a Associação de Cineastas Polacos.

 O filme, que explora temas como abuso infantil, ligações românticas, corrupção, ganância e alcoolismo por clérigos, tem sido duramente criticado pelo governo conservador de extrema direita polaco.

A estreia coloca em evidência o papel da Igreja na Polônia na ocultação de casos de pedofilia, uma questão que tem sido largamente ignorada no país de maioria católica (cerca de 95% da população, mesmo após protestos públicos em outros locais, como Irlanda e Estados Unidos.

Um tribunal de apelação na cidade polaca de Poznań confirmou nesta terça-feira a multa de 1 milhão de Złoty (cerca de R$ 1 milhão) imposta à Igreja Católica no caso de um padre condenado por sequestrar e estuprar uma menina de 13 anos por mais de dez meses — uma punição sem precedentes para a instituição religiosa no país. O dinheiro será destinado à compensação da vítima.

"O filme equivale a uma conversa muito séria com os polacos" (sobre a Igreja), disse a uma TV local, o ator Janusz Gajos, que interpreta um arcebispo no filme. "Deve ser um choque. Sabemos de muitos incidentes que são inimagináveis, que acontecem atrás das cortinas da Igreja e cujos perpetradores são protegidos".

O porta-voz de Direitos Humanos da Polônia está investigando se houve violação da Constituição por parte de uma decisão das autoridades locais em Ostrołęka, cidade no Nordeste da Polônia que se recusou a exibir o filme em um cinema do município. O filme superou “50 tons de Cinza” como a maior bilheteria do país.

O filme é dirigido e produzido por Wojciech Smarzowski conta o destino de três sacerdotes: Andrzej Kukuła (Arkadiusz Jakubik) Leszek Lisowski (Jacek Braciak) e Tadeusz Trybus (Robert Więckiewicz). A história de cada sacerdote está longe de imaginar que a maioria dos católicos tenha clérigos. Sua atitude também nada tem a ver com a vida de pobreza e o amor franciscano ao próximo promovido pelo Papa Francisco.

No filme de Smarzowski, padres amaldiçoam, dirigem carros caros, bebem álcool e, em geral, não veem que tantas vezes as palavras repetidas sobre o "bem da igreja" têm qualquer outra dimensão para elas que não o desejo de obter benefícios pessoais.

Conta ainda com o melhor ator polaco desde muito tempo, Janusz Gajos no papel do Arcebispo Mordowicz, Joanna Kulig como Hanka Tomala, Adrian Zaremba como vigário Jan, Magdalena Celówna-Janikowska como Natalia e Ignacy Klim como Rysiek Malinowski. O filme tem roteiro de Wojciech Smarzowski e de Wojciech Rzehak.

Janusz Gajos


Arkadiusz Jakubik
Jacek Braciak
Robert Więckiewicz
Joanna Kulig
O filme está em cartaz com muito bom público na Holanda, Inglaterra, Noruega, Estados Unidos, Alemanha e França.